O ar da noite era morno, perfumado pelo aroma das flores do jardim da alcateia. A lua cheia pairava alta no céu, sua luz prateada iluminando tudo com um brilho mágico e quase irreal.Ivy caminhava ao lado de Alaric, o coração inquieto, ora observando o homem que parecia impenetrável, ora se perdendo na beleza do cenário.— Não esperava que o jardim fosse tão... calmo — Ivy comentou, tentando quebrar o silêncio enquanto seus passos ecoavam em uníssono no caminho de pedra.— Surpreendente vindo de Lucian, não acha? — Alaric replicou, a voz carregada de uma ironia sutil, que fez Ivy desviar os olhos, sem saber como reagir.Eles atravessaram um caminho lateral e passaram diante de uma sala anexada à casa principal. As janelas estavam entreabertas, e Ivy mal pôde conter o susto ao ouvir a voz grave e autoritária de Lucian de dentro.— ... deixe que ele faça isso. Se é guerra que ele está pensando em criar, vai ter. Minha palavra segue imutável. Vamos aguardar, mas, se for necessário que ha
Alaric deu um passo para trás, ainda sorrindo, mas seus olhos brilharam com algo mais. Algo que Lucian não parecia ter percebido.— Interessante... — murmurou Alaric antes de se virar para Ivy, dando-lhe um olhar de despedida que a fez estremecer. — Conversaremos em outra ocasião. Boa noite, Ivy.Ele saiu sem pressa, deixando Lucian e Ivy a sós sob a luz prateada da lua. E, enquanto Ivy encarava o alfa, que parecia pronto para explodir, seu coração batia descontrolado.O que quer que estivesse acontecendo ali, ela sabia que estava no centro de algo muito maior do que poderia imaginar.Lucian não dissera mais nada, enquanto a noite parecia ainda mais escura enquanto ele guiava Ivy de volta à mansão principal.Ele permaneceu em silêncio, mas a fúria em cada passo seu falava mais do que qualquer palavra. Ivy quase podia ouvir o zumbido de sua raiva contida.O ar de dentro da mansão estava diferente, carregado, como se refletisse o humor de Lucian. Quando chegaram ao corredor, em direção
Capítulo 13A mansão estava envolta em um silêncio inquietante, interrompido apenas pelos estalos das madeiras antigas e o uivo ocasional do vento lá fora. Ivy caminhava de um lado para o outro no grande salão, sua inquietação evidente enquanto olhava repetidamente para a porta principal. Barulhos vindos da floresta haviam perturbado sua noite, sons que não pareciam naturais, como rosnados e gritos abafados.Ela estava ansiosa e cheia de medo, seus pensamentos eram um turbilhão. Algo estava acontecendo, e a ausência de Lucian tornava a espera ainda mais insuportável.Horas mais tarde, a porta da frente se abriu.Lucian entrou como uma tempestade, e a visão dele fez Ivy parar no meio do salão, enquanto seu coração parava por um momento ao vê-lo. Ele estava coberto de sangue, sujeira e folhas, os olhos dourados brilhando com uma intensidade assustadora, como brasas sob a pouca luz.— Lucian! — Ivy exclamou, correndo até ele, embora hesitasse antes de se aproximar completamente. — O que
— Você é impossível! — Ivy exclamou, o coração acelerado e a voz embargada pela mistura de indignação e... algo mais que ela não ousava nomear.Lucian apenas riu baixinho enquanto Ivy corria, para longe dele e daquele quarto.Quando já estava distante, Ivy sentiu o sangue subir ao rosto, a respiração ainda agitada. O olhar de Lucian estava gravado em sua mente, tão intenso e desafiador que quase a fez derreter no lugar.Ela desceu as escadas em silêncio, tentando manter a compostura, o coração batendo descontrolado, e Ivy levou a mão até o peito. O calor que se instalou em seu corpo era inusitado, e um tipo de excitação que ela não sabia como explicar se espalhou por ela.Era uma sensação quase absurda, e ela se odiava por isso.Se odiava por ter, mesmo que por um segundo, se sentido atraída por um homem tão cruel, tão autoritário, que não parecia ver nada além de seu próprio domínio.Ivy afastou esses pensamentos. Não queria sentir aquilo. Não podia.***No dia seguinte, Ivy acordou
O rosto de Lucian permaneceu impassível quando aquela mulher entrou, mas havia algo em seus olhos — uma mistura de reconhecimento e... irritação?Ivy não sabia dizer ao certo, mas sentiu seu coração apertar ainda mais. Quem era ela e qual sua relação com Lucian?— Então sou eu o quê? — Ivy se volta para a mulher em sua frente, agora menos intimidada do que antes, coberta de irritação e determinação. — Eu deveria conhecer você?Os olhos daquela mulher escanearam Ivy sem qualquer disfarce e cheios de indiferença, antes de se voltarem para Lucian, que continuava imóvel na varanda.Um sorriso quase imperceptível surgiu no canto dos lábios dela, enquanto declarava em alto e bom som:— Espero não ter chegado em um momento inconveniente. Parece que as coisas aqui andam... movimentadas.Lucian não reage de imediato ao que aquela mulher falara, pelo contrário, parecia calcular friamente quais seriam os seus próximos passos.Ivy espera que ele faça algo, ou que aquela mulher também reaja e fale
Assim que aquelas palavras deixaram a boca de Ivy, Lucian arrancou com o carro. Percebeu que não adiantava continuar ali, discutindo com uma mulher que era teimosa como o diabo.Por isso, aquela viagem começou em silêncio. Lucian dirigia como se quisesse deixar o mundo para trás, e Ivy podia sentir a raiva que ainda pulsava em cada movimento seu. O motor do carro rugia baixo, combinando com a aura intensa que ele exalava.Ivy olhava pela janela, absorvendo o cenário que mudava rapidamente. Eles deixavam para trás a floresta sombria e entravam em um terreno mais amplo, com colinas suaves iluminadas pela luz dourada do entardecer.— Para onde estamos indo? — Ivy quebrou o silêncio, mais por curiosidade do que por necessidade de saber.— Para onde estou indo. — Ele corrigiu. — Porque não a convidei para se juntar a mim.Ivy revira os olhos e está muito cansada para rebater qualquer insulto daquele homem vil.— Então, para onde você está indo? — ela refaz a pergunta simplesmente.O fato d
O ar parecia pesar entre os dois enquanto Ivy ainda digeria a revelação. Aquele silêncio carregado que se formara só aumentava as perguntas que pipocavam em sua mente. Ela cruzou os braços, tentando manter o tom firme, apesar do turbilhão de emoções.— Como é possível, Lucian? — Sua voz finalmente quebrou a tensão. — Você me disse... insinuou... que eu sou sua companheira. Então como poderia ter havido outra antes de mim?Lucian continuou de costas, o olhar fixo nas sombras ao redor da mansão em ruínas, como se buscar a escuridão fosse menos desconfortável do que encarar Ivy.— Não importa.— Claro que importa! — Ivy avançou um passo, sua frustração transbordando. — Porque isso não faz nenhum sentido! Se eu sou a sua companheira... isso significa que ela não era? Que por alguma razão o destino se “enganou” com vocês?Lucian finalmente virou-se, os olhos âmbar faiscando sob a luz fraca do entardecer.— Não há enganos nesse vínculo. Flora foi escolhida como minha companheira. — Sua voz
A fumaça parecia dançar no horizonte, uma fina trilha cinzenta que contrastava com o céu alaranjado. Ivy permaneceu imóvel por um momento, processando tudo.Lucian havia desaparecido rapidamente entre as árvores, deixando-a com instruções claras, mas a curiosidade queimava em seu peito, misturada com o medo do que ele poderia encontrar.Ela sabia que deveria seguir as ordens dele, mas algo a empurrava em outra direção. Não era apenas curiosidade; era a sensação incômoda de que aquilo era mais do que parecia.Ivy caminhou até a mansão em ruínas em sua frente, entrou naquela casa e em seguida, trancou a porta como Lucian havia ordenado. No entanto, ela não conseguia se afastar da janela que dava para as montanhas. Seus olhos estavam fixos na fumaça. E se aquilo fosse algo que colocasse todos em perigo? E se Lucian...— Pare com isso, Ivy. — ela murmurou para si mesma, apertando a o peitoril da janela. Mas seu coração estava disparado, a intuição gritando mais alto do que a razão.E sen