Lucian avançou em um borrão de movimento, o som profundo de seu rosnado ecoando pela clareira como uma tempestade se formando.Ivy mal teve tempo de processar o que estava vendo enquanto a fumaça se consolidava em figuras de aparência monstruosa — silhuetas humanoides, mas com extremidades alongadas e olhos brilhantes, como carvões em brasa. A primeira figura atacou com uma velocidade sobrenatural, lançando-se contra Lucian. Ele esquivou-se com uma destreza que beirava o impossível, agarrando o braço espectral da criatura e lançando-a contra o chão com força suficiente para causar uma pequena cratera na terra. No entanto, as sombras não pareciam seguir as leis naturais. A criatura que Lucian havia derrubado começou a se recompor, enquanto outras duas avançavam. Ivy prendeu a respiração, o som de seu coração martelando em seus ouvidos. — Lucian, cuidado! — ela gritou, ao ver uma das formas tentando atacá-lo por trás. Mas ele já sabia. Com um movimento fluido, Lucian girou e desferi
Lucian caminhava apressado pela trilha irregular, o corpo de Ivy aninhado em seus braços, mole e desconcertantemente leve. Cada passo parecia ecoar em sua mente junto com o som da respiração fraca dela.Ele apertou os dentes, desviando de galhos baixos que se estendiam como mãos tentando agarrá-lo.— Você tinha que se meter... — murmurou, o tom mais desesperado do que irritado. — Não podia simplesmente me deixar resolver, podia? Sempre precisa complicar as coisas.A mansão arruinada surgiu em sua visão, uma sombra imponente no meio da floresta que, agora, parecia mais viva e sufocante com o céu completamente nublado.As janelas quebradas daquela casa olhavam para ele como olhos acusadores.Lucian atravessou o portal aberto, o vento já começando a rugir atrás de si. O ambiente estava escuro, salvo por algumas frestas de luz morna das brasas que ainda resistiam na lareira da última vez que estivera ali.Ele colocou Ivy com cuidado no sofá coberto por uma manta antiga e desgastada.— Vam
Ivy piscou para Lucian, ainda assustada, mas não existia nela nenhuma energia para discordar. Sentia seu corpo e mente completamente exaustos.Mas, de qualquer modo, Lucian já estava decidido e, de alguma forma, sua presença parecia mais protetora do que ameaçadora naquele momento.No fundo da mente de Ivy, algo pulsava com intensidade. Algo que ela sabia ter mudado dentro dela desde o toque naquele baú. E o próximo trovão parecia marcar mais do que apenas o início de uma tempestade.Nesse momento, Lucian olhou para a mão pequena de Ivy que agarrava o tecido de sua camisa. Algo em sua postura rígida amoleceu. E sem pensar, ele deslizou sua capa em torno dela.— Vai ficar tudo bem. Tempestades passam. — ele diz, a voz baixa.Ivy assente, ainda que seus lábios estejam trêmulos e os olhos ainda estejam arregalados, em alerta.Lucian afastou-se de Ivy, com os ombros tensos e os passos lentos. Ela, no entanto, reagiu rápido, segurando o braço dele.— Aonde você vai? — perguntou ela, a voz
A luz bruxuleante da lareira lançava sombras que dançavam pelas paredes da sala, enquanto Ivy tentava ignorar o olhar fixo de Lucian. Ele parecia analisá-la, desvendando algo que ela ainda não tinha coragem de revelar.— Então, como exatamente você acendeu aquilo? — perguntou, indicando as chamas com um movimento sutil da cabeça. Seu tom era casual, mas o olhar carregava desconfiança.Ivy prendeu a respiração, tentando soar natural:— Acho que alguma brasa estava escondida ali, sabe? Talvez tenha reacendido sozinha com o vento...— O vento? — Lucian arqueou uma sobrancelha, sua incredulidade clara. — Dentro de uma casa fechada?Ela deu de ombros, tentando parecer desinteressada.— Coisas assim acontecem, não? Casas antigas, correntes de ar... A janela quebrada!Uma gota de suor escorreu pela nuca de Ivy enquanto ela evitava o olhar dele. O desconforto dela parecia só alimentar a curiosidade fria de Lucian, que finalmente deixou o silêncio se alongar por mais tempo do que deveria.Luci
— Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.— Juntos até o fim, sim. — Ivy finalmente responde. — Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva ete
Ivy tentou resistir, lutar contra as sensações que inundavam seu corpo. O cheiro de Lucian parecia invadir cada fibra de seu ser, enquanto a conexão que surgia entre eles pulsava como uma corda apertada ao redor de seu coração. Ela sentia o peso de sua fome, de sua fraqueza.E o seu corpo acabou por ceder, desabando como se finalmente estivesse entregando tudo o que tinha lutado para segurar nos últimos anos. As correntes em seus pulsos tilintaram quando ela caiu no chão de pedra, seu cabelo rubro se espalhando ao redor de seu rosto pálido.Antes que possa apagar completamente, Ivy sente braços fortes e calorosos amparando sua queda. Aquele toque, aquele calor enviam conjuntos de faíscas sobre todo o seu corpo frágil, a deixando ainda mais desnorteada. Lucian reage antes que qualquer outro pudesse se mover. Em um movimento rápido, ele a segurou antes que seu corpo atingisse o chão completamente. Sua mão firme a amparou, mas o toque fez o laço entre eles pulsar ainda mais forte. Era
Ivy emergiu, tossindo e completamente furiosa. Seus cabelos molhados grudaram no rosto enquanto ela o encarava com ódio puro.— Você é um tirano! Um monstro!— E você é teimosa. — Lucian cruzou os braços, observando-a com uma calma que só a irritou mais. — Agora, faça o que pedi, ou a próxima vez não será tão gentil.Ele saiu do banheiro antes que ela pudesse dizer outra palavra, deixando-a sozinha, molhada e cheia de raiva, mas sem opções. Ivy jurou que ele não venceria, mesmo que tivesse que lutar com cada fibra do seu ser.Ciente de que naquela altura do tempo, lutar contra Lucian seria uma imensa perca de tempo e ela precisava fazer o que ele ordenara, até certo ponto, para assim conseguir notícias do seu irmão, Ivy mergulha completamente.Não sabia que precisava de um banho e que se sentia tão suja até o momento em que saiu da banheira e se secou completamente. Se sentiu melhor, e um pouco mais determinada. Esticando as mãos, ela encontrou um vestido azul celeste ao lado do biomb
Ivy estava presa no grande salão, e naquele instante, tudo que ela desejava era desaparecer entre as sombras. O espaço era amplo, com paredes de pedra e tetos altos que amplificavam cada som, mas para ela, parecia sufocante. Porque ela sempre soubera que não era bem-vinda, e a hostilidade estava presente em toda a atmosfera.Principalmente naquele instante, quando aquela loba avançou suas garras afiadas contra ela, os olhos prateados e cobertos por um ódio cego e latente.O movimento foi rápido demais para Ivy reagir, e a garra daquela loba rasgou sua bochecha antes mesmo que ela pudesse chamar por sua loba. Aquela fêmea parece disposta a continuar com seu golpe e Ivy sente seu sangue gelar, porque percebe que não teria chance alguma contra ela. Principalmente com a situação deplorável e fraqueza que seu corpo se encontrava.— Você é tão covarde quanto os fracassados dos seus pais. — A loba volta a rosnar e se prepara para atacar Ivy novamente, que só desvia os olhos e espera pelo gol