Ivy entrou em seu quarto e fechou a porta atrás de si com um movimento rápido. Seu corpo parecia pesado, como se carregasse o peso de algo que não entendia.Ela se jogou na cama, os pensamentos girando sem controle.– O que foi isso? – murmurou para si mesma, as mãos cobrindo o rosto.Defendeu uma alcateia que, semanas atrás, ainda a tinha como prisioneira. Falou com tanta convicção sobre ser a Luna de um homem que desprezava. O peito dela apertava com as lembranças da sua explosão.Lentamente, Ivy se sentou e olhou para o vazio. A lembrança da conversa no carro com Lucian veio à tona, quando Lucian dissera que ao tocar no báu, Ivy não adquiriu apenas memórias que não eram delas, mas também fragmentos de outras pessoas.– Não foi apenas coragem minha. – Ivy murmura. – Ao tocar no baú, eu adquiri fragmentos... partes de algo maior. Fragmentos de outra pessoa.Ela estreitou os olhos, algumas peças encaixando em sua cabeça. Talvez o que Ivy fizera não fora algo totalmente seu, mas inf
Capítulo 26Lucian cruzou os braços e permaneceu onde estava, observando Alaric com olhos penetrantes. Sua postura era rígida, o tom da voz tão frio quanto a tensão no ar. – Eu não vou negar que há motivos reais para eu ter permitido que você permanecesse na alcateia – começou Lucian, a voz firme e calculada. – Mas isso não te dá liberdade para ficar vagando pela casa, e muito menos rondando a Ivy.Alaric permaneceu em silêncio, seus olhos encontrando os de Lucian por um instante antes de desviar ligeiramente para Ivy. A surpresa de Lucian – e de Ivy – foi evidente quando, sem qualquer defesa ou resposta sarcástica, Alaric inclinou a cabeça levemente em sinal de respeito. – Com licença.Sua voz foi tranquila, quase como se ele tivesse esperado o confronto. Alaric virou-se e saiu da biblioteca em passos seguros e medidos, deixando para trás o cheiro leve de madeira queimada que parecia sempre acompanhá-lo. Quando Alaric fechou a porta atrás de si, o silêncio na biblioteca tornou-se
O choque nos olhos de Ivy deu lugar a uma explosão de indignação.– Hoje à noite?! Como assim? Eu... eu nem sequer concordei com isso!Lucian deu um passo à frente, aproximando-se dela.– Não é sobre concordar ou não. É sobre o que deve ser feito. Já era esperado que acontecesse mais cedo ou mais tarde, e os anciãos decidiram que agora é o momento certo.Ela passou as mãos pelos cabelos, tentando conter a frustração que subia como uma onda.Ivy fechou os olhos por um instante, tentando conter o turbilhão de pensamentos que a consumia. "Eu não sou essa pessoa", pensou, a respiração acelerada. "Não sou alguém que simplesmente segue ordens sem questionar. Eles não entendem o que isso significa para mim... o que significa perder mais uma escolha."Mas, no fundo, uma voz traiçoeira sussurrava: e se isso for exatamente o que você nasceu para fazer?– Você não pode simplesmente decidir isso por mim, Lucian. Não pode jogar essa responsabilidade em cima de mim como se fosse um peso qualquer!
Ivy congelou, sentindo a mente girar em confusão. O ar parecia mais denso, carregado com a intensidade das palavras de Alaric.Ele deu um passo à frente, e ela quase recuou, mas parou a si mesma, incapaz de mostrar fraqueza. – Minha... companheira? – repetiu ela, como se as palavras fossem fragmentos de um idioma estranho que precisasse decifrar. – Você tem ideia do que está dizendo? Alaric inclinou ligeiramente a cabeça, sua postura uma mistura de autoridade e vulnerabilidade. – Não estou aqui para pedir permissão, Ivy. Estou aqui para te mostrar a verdade que eles tentaram esconder.A revelação pendurou-se no ar, deixando Ivy congelada.Seus olhos buscaram os dele, tentando decifrar o que significavam aquelas palavras, mas Alaric parecia completamente sério, suas feições tensas e concentradas.Ela buscou alguma resposta, mas só conseguiu balbuciar uma pergunta que soava mais como um sussurro. – O que... você está dizendo? Como assim, sua companheira? – perguntou Ivy, a voz baixa
Ivy encarou o rosto da mulher, que esperava sua resposta ansiosa.Com os corações aos pulos e temendo fraquejar e desistir de tudo em questões de instantes, Ivy proferiu:– Por favor, informe que eu já estou chegando.No mesmo instante, Alaric a encarou, havia decepção e fúria em seu olhar.– Você não pode fazer isso – disse Alaric, a voz carregada de urgência.Ivy cruzou os braços, tentando recuperar o controle da situação.– E por que não, Alaric? Por que não seria possível?Ele hesitou, como se cada palavra tivesse que atravessar uma barreira interna antes de ser pronunciada.– Porque se Lucian te marcar, você vai quebrar o equilíbrio. Você é minha, Ivy. Sempre foi.O silêncio que se seguiu foi cortante, preenchido apenas pela respiração ofegante de ambos. A luz pálida que atravessava as janelas lançava sombras delicadas no rosto de Alaric, que estava sério e intensamente focado nela. Ivy sabia que precisava se afastar, mas a raiva estampada nos olhos dele segurava seu corpo no lu
A marca ainda ardia na pele de Ivy enquanto os murmúrios de celebração tomavam conta do salão. Todos se moviam, sorrindo, brindando, e pareciam ignorá-la completamente. Ela era invisível, ou assim parecia."Como posso ser Luna de uma alcateia que sequer me enxerga?" A pergunta ecoava em sua mente enquanto dava passos incertos em direção à saída.Ao passar perto de uma mesa repleta de taças e vinhos caros, ninguém se virou para ela, nem mesmo para oferecer um brinde. Talvez fosse melhor assim.Mas antes que pudesse dar mais um passo, sentiu uma mão firme em seu braço.– Ivy. – A voz grave de Lucian era inconfundível.Ele a virou suavemente para que o encarasse. Seus olhos pareciam duros, mas havia algo mais ali, um traço de preocupação.– Por que você está saindo assim?Ivy respirou fundo, tentando compor seu tom. O sarcasmo foi sua armadura.– Talvez porque seja estranho me celebrar sozinha, enquanto todos parecem estar em uma festa que não me inclui? – Ela ergueu uma sobrancelha, des
Enquanto corria Ivy ainda conseguia enxergar aquela cena terrível girando em sua mente; agora com mais clareza.Ela relembra perfeitamente tudo que ocorreu antes do momento que ela começou a fugir.Ivy aperta os punhos enquanto, ainda de longe, observava os dois no pequeno quarto. Lucian estava de costas para a porta, mas Flora o encarava com um olhar carregado de intenções.A postura dela era relaxada, quase casual, mas havia algo no sorriso dela que Ivy achou insuportavelmente familiar — o mesmo sorriso que ela já vira em várias ocasiões quando alguém estava tentando conquistar o alfa.A voz de Flora era suave, mas afiada, como uma lâmina envolta em seda.A de Lucian era baixa, mas firme o suficiente para mostrar que Flora o afetava.Antes que Ivy pudesse assistir tudo que estava ocorrendo entre eles, o rangido da porta ecoou pelo quarto, revelando-a.E naquele instante, o mundo de Ivy pareceu parar quando seus olhos focaram a cena à sua frente. O riso suave de Flora parecia ecoar
— Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.— Juntos até o fim, sim. — Ivy finalmente responde. — Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva ete