Assim que aquelas palavras deixaram a boca de Ivy, Lucian arrancou com o carro. Percebeu que não adiantava continuar ali, discutindo com uma mulher que era teimosa como o diabo.Por isso, aquela viagem começou em silêncio. Lucian dirigia como se quisesse deixar o mundo para trás, e Ivy podia sentir a raiva que ainda pulsava em cada movimento seu. O motor do carro rugia baixo, combinando com a aura intensa que ele exalava.Ivy olhava pela janela, absorvendo o cenário que mudava rapidamente. Eles deixavam para trás a floresta sombria e entravam em um terreno mais amplo, com colinas suaves iluminadas pela luz dourada do entardecer.— Para onde estamos indo? — Ivy quebrou o silêncio, mais por curiosidade do que por necessidade de saber.— Para onde estou indo. — Ele corrigiu. — Porque não a convidei para se juntar a mim.Ivy revira os olhos e está muito cansada para rebater qualquer insulto daquele homem vil.— Então, para onde você está indo? — ela refaz a pergunta simplesmente.O fato d
O ar parecia pesar entre os dois enquanto Ivy ainda digeria a revelação. Aquele silêncio carregado que se formara só aumentava as perguntas que pipocavam em sua mente. Ela cruzou os braços, tentando manter o tom firme, apesar do turbilhão de emoções.— Como é possível, Lucian? — Sua voz finalmente quebrou a tensão. — Você me disse... insinuou... que eu sou sua companheira. Então como poderia ter havido outra antes de mim?Lucian continuou de costas, o olhar fixo nas sombras ao redor da mansão em ruínas, como se buscar a escuridão fosse menos desconfortável do que encarar Ivy.— Não importa.— Claro que importa! — Ivy avançou um passo, sua frustração transbordando. — Porque isso não faz nenhum sentido! Se eu sou a sua companheira... isso significa que ela não era? Que por alguma razão o destino se “enganou” com vocês?Lucian finalmente virou-se, os olhos âmbar faiscando sob a luz fraca do entardecer.— Não há enganos nesse vínculo. Flora foi escolhida como minha companheira. — Sua voz
A fumaça parecia dançar no horizonte, uma fina trilha cinzenta que contrastava com o céu alaranjado. Ivy permaneceu imóvel por um momento, processando tudo.Lucian havia desaparecido rapidamente entre as árvores, deixando-a com instruções claras, mas a curiosidade queimava em seu peito, misturada com o medo do que ele poderia encontrar.Ela sabia que deveria seguir as ordens dele, mas algo a empurrava em outra direção. Não era apenas curiosidade; era a sensação incômoda de que aquilo era mais do que parecia.Ivy caminhou até a mansão em ruínas em sua frente, entrou naquela casa e em seguida, trancou a porta como Lucian havia ordenado. No entanto, ela não conseguia se afastar da janela que dava para as montanhas. Seus olhos estavam fixos na fumaça. E se aquilo fosse algo que colocasse todos em perigo? E se Lucian...— Pare com isso, Ivy. — ela murmurou para si mesma, apertando a o peitoril da janela. Mas seu coração estava disparado, a intuição gritando mais alto do que a razão.E sen
Lucian avançou em um borrão de movimento, o som profundo de seu rosnado ecoando pela clareira como uma tempestade se formando.Ivy mal teve tempo de processar o que estava vendo enquanto a fumaça se consolidava em figuras de aparência monstruosa — silhuetas humanoides, mas com extremidades alongadas e olhos brilhantes, como carvões em brasa. A primeira figura atacou com uma velocidade sobrenatural, lançando-se contra Lucian. Ele esquivou-se com uma destreza que beirava o impossível, agarrando o braço espectral da criatura e lançando-a contra o chão com força suficiente para causar uma pequena cratera na terra. No entanto, as sombras não pareciam seguir as leis naturais. A criatura que Lucian havia derrubado começou a se recompor, enquanto outras duas avançavam. Ivy prendeu a respiração, o som de seu coração martelando em seus ouvidos. — Lucian, cuidado! — ela gritou, ao ver uma das formas tentando atacá-lo por trás. Mas ele já sabia. Com um movimento fluido, Lucian girou e desferi
Lucian caminhava apressado pela trilha irregular, o corpo de Ivy aninhado em seus braços, mole e desconcertantemente leve. Cada passo parecia ecoar em sua mente junto com o som da respiração fraca dela.Ele apertou os dentes, desviando de galhos baixos que se estendiam como mãos tentando agarrá-lo.— Você tinha que se meter... — murmurou, o tom mais desesperado do que irritado. — Não podia simplesmente me deixar resolver, podia? Sempre precisa complicar as coisas.A mansão arruinada surgiu em sua visão, uma sombra imponente no meio da floresta que, agora, parecia mais viva e sufocante com o céu completamente nublado.As janelas quebradas daquela casa olhavam para ele como olhos acusadores.Lucian atravessou o portal aberto, o vento já começando a rugir atrás de si. O ambiente estava escuro, salvo por algumas frestas de luz morna das brasas que ainda resistiam na lareira da última vez que estivera ali.Ele colocou Ivy com cuidado no sofá coberto por uma manta antiga e desgastada.— Vam
Ivy piscou para Lucian, ainda assustada, mas não existia nela nenhuma energia para discordar. Sentia seu corpo e mente completamente exaustos.Mas, de qualquer modo, Lucian já estava decidido e, de alguma forma, sua presença parecia mais protetora do que ameaçadora naquele momento.No fundo da mente de Ivy, algo pulsava com intensidade. Algo que ela sabia ter mudado dentro dela desde o toque naquele baú. E o próximo trovão parecia marcar mais do que apenas o início de uma tempestade.Nesse momento, Lucian olhou para a mão pequena de Ivy que agarrava o tecido de sua camisa. Algo em sua postura rígida amoleceu. E sem pensar, ele deslizou sua capa em torno dela.— Vai ficar tudo bem. Tempestades passam. — ele diz, a voz baixa.Ivy assente, ainda que seus lábios estejam trêmulos e os olhos ainda estejam arregalados, em alerta.Lucian afastou-se de Ivy, com os ombros tensos e os passos lentos. Ela, no entanto, reagiu rápido, segurando o braço dele.— Aonde você vai? — perguntou ela, a voz
A luz bruxuleante da lareira lançava sombras que dançavam pelas paredes da sala, enquanto Ivy tentava ignorar o olhar fixo de Lucian. Ele parecia analisá-la, desvendando algo que ela ainda não tinha coragem de revelar.— Então, como exatamente você acendeu aquilo? — perguntou, indicando as chamas com um movimento sutil da cabeça. Seu tom era casual, mas o olhar carregava desconfiança.Ivy prendeu a respiração, tentando soar natural:— Acho que alguma brasa estava escondida ali, sabe? Talvez tenha reacendido sozinha com o vento...— O vento? — Lucian arqueou uma sobrancelha, sua incredulidade clara. — Dentro de uma casa fechada?Ela deu de ombros, tentando parecer desinteressada.— Coisas assim acontecem, não? Casas antigas, correntes de ar... A janela quebrada!Uma gota de suor escorreu pela nuca de Ivy enquanto ela evitava o olhar dele. O desconforto dela parecia só alimentar a curiosidade fria de Lucian, que finalmente deixou o silêncio se alongar por mais tempo do que deveria.Luci
— Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.— Juntos até o fim, sim. — Ivy finalmente responde. — Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva ete