Capítulo 06

༺ Madalene Muchin ༻

Minha relação com Aaron não estava boa. Ele apareceu de surpresa e, ao questionar sobre a filha, acabamos discutindo. Eu nunca suportei a garota, especialmente depois de ter me casado com ele e ela ter vindo como um "brinde" no meu casamento. Foi difícil me livrar da mãe dela, mas por sorte Zara sobreviveu ao acidente! Yoko, minha irmã, sempre foi um obstáculo no meu caminho para ficar com Aaron. Ela sempre soube que eu era apaixonada por ele, mesmo assim decidiu se casar com ele. Que bela irmã eu tinha - uma falsa.

É claro que eu nunca contei nada, pois eu e Aaron estudamos juntos no colégio. Ele sempre foi muito desejado pelas garotas e, como todas elas, eu também era apaixonada por ele. No entanto, seus olhares eram apenas para Yoko. Parecia que ela havia conquistado o coração dele desde o começo. Eu ainda planejava confessar meus sentimentos por ele, mas quando ela me disse que estava em um relacionamento sério com Aaron, meu mundo desabou.

Comecei a odiar minha própria irmã por ter me tirado o amor da minha vida. Quando ela anunciou seu casamento e, mais tarde, engravidou, mesmo tendo dificuldades para conceber, senti inveja e tristeza pela felicidade que deveria ter sido minha. Por ironia do destino, acabei escolhendo um homem horrível para ser pai da minha filha. Ele me batia e tinha vícios em jogos e bebida. Mas a vida me livrou dele cedo, deixando-me apenas com uma casa e algum dinheiro no banco, que foi tomado pelos seus credores.

Minha irmã, como uma verdadeira boa samaritana, me ajudou abrigando em sua casa. No entanto, frequentemente ouvia suas discussões com Aaron, pois ele não tinha tempo suficiente para ela e sua filha. Eu fingia ser uma boa amiga e ouvinte, mas secretamente planejava tirá-la do meu caminho.

Eu contratei um bandido para sabotar o carro de Yoko e causar um acidente fatal. Sei que foi cruel demais, mas eu odiava Yoko por ter me tirado o amor da minha vida. No dia em que ela disse que levaria Zara ao hospital porque a garota estava passando mal, eu apenas concordei e disse que não iria com ela porque minha filha estava dormindo e eu precisava cuidar dela.

Horas depois, as notícias chegaram de que Yoko havia falecido, mas a garota tinha sobrevivido. Para mim, isso não seria um problema, já que alguns dias depois, consegui seduzir Aaron e, é claro, ele, como um homem respeitoso, decidiu se casar comigo. No entanto, ele nunca me deu a atenção que eu merecia, passando meses trabalhando no exterior, enquanto eu ficava cuidando da sua filha.

Eu já suportei tanta coisa para estar ao lado desse homem. Quando pensei que ele finalmente me daria atenção depois de meses longe, acabei recebendo uma bronca porque sua filha não estava sob meus cuidados. Francamente, ela era maior de idade e fazia o que bem entendia da sua vida. Eu não gosto de ser babá nem mesmo da minha própria filha, imagina de alguém que apenas tem o meu sangue.

Agora, ele saiu atrás dela, me deixando sozinha novamente. Observo quando a porta da sala abre bruscamente e Aaron passa por ela furioso. Eu permaneço calada no meu lugar. Não vou mais discutir com ele. Ele se aproxima sério de mim e diz:

— Levante-se desse sofá! Quero que você pegue suas coisas e saia da minha casa agora.

— Calma aí! As coisas não funcionam assim, Aaron. Eu sou casada com você e sei dos meus direitos. — estava completamente indignada por ser expulsa dessa maneira, sem que ele se importasse para onde eu iria ou se teria como me sustentar.

— Casamento? Você acha que eu seria tolo de me casar com você, Madalene? Foi por isso que escolhi sua irmã anos atrás. Depois de ouvir o que você fez com minha filha, tive a certeza de que não quero uma mulher como você na minha vida.

— Sempre te amei mais do que a minha irmã, Aaron. Não vou sair dessa casa. Sou casada com você e não tenho emprego para ir para outro lugar. — Aaron riu e respondeu:

— Qual parte você não entendeu? Não existe casamento, Madalene.

— Como assim? Nós nos casamos e assinamos uma certidão de casamento! — Ele riu novamente e respondeu:

— Você realmente acredita, Madalene, que eu deixaria tudo o que tenho para você colocar as mãos na metade? Você não tem direito a nada. Tudo o que eu construir pertencerá somente à minha filha.

— Somos casados, e eu tenho direito à metade dos bens por ser sua esposa. — Ele respondeu, observando-me sério.

— Eu não sou tolo a ponto de me casar novamente e assinar outra certidão. O único amor da minha vida foi Yoko, e até agora não encontrei uma mulher que despertasse essa paixão em mim novamente. Aquele juiz era falso, ele era um ator que contratei para te enganar. Nós não estamos casados legalmente, Madalene. Pegue o que é seu e vá embora.

— Isso é mentira sua! Eu não acredito nas suas palavras. Procurarei um advogado, e desta casa eu não sairei. — Ele me lançou um sorriso sarcástico e respondeu.

— Sua casa? Isto aqui sempre pertenceu à minha filha! Aqui você não tem nada, sua interesseira. Vou te avisar que, se quiser continuar, terá que dar conta de tudo junto com a sua filha nos serviços desta casa daqui para frente, entendeu? Ah, Madalene, sua vida se tornará um inferno. Você pagará por tudo que fez com Zara nesses últimos anos, e principalmente vou querer um reembolso do dinheiro que você pegava que eu deixava para as despesas pessoais dela, sua desgraçada...

— Eu merecia esse dinheiro muito mais do que ela, e você sabe disso! Para ser uma mulher bonita e impecável, a beleza custa caro. — Aaron se aproximou de mim, segurou meu pescoço e me empurrou sobre o sofá, respondendo:

— Você ganhava o suficiente como minha esposa! Inclusive, eu até pagava uma mesada também para aquela sua bastarda. Mas eu não perdoarei o que você fez com minha filha, Madalene, disso você pode ter certeza. Zara está com ódio de mim, não quer nem que eu chegue perto dela, e quem vai me pagar por isso será você.

— Agora você quer me culpar por ser um pai ausente? Quando decidiu se dedicar ao trabalho e deixar a garota comigo, você não pensou que poderia ter consequências mais tarde, não é, Aaron? — ele me observou seriamente. Como eu odiava gostar da aparência desse homem, mesmo quando ele estava bravo.

— Se eu me dediquei ao trabalho, do que você está reclamando? Acha que é fácil sustentar essa vida luxuosa que você leva? As roupas caras que costuma usar, sabe muito bem, Madalene, que uma mulher com filho, nenhum homem assumiria. Eu ainda fui bondoso em fingir um casamento com você.

Quando ele diz essas coisas, sinto-me profundamente ofendida e não me contenho, me aproximando dele para lhe dar um tapa. No entanto, ele segura minha mão com firmeza e aperta meu pulso, me jogando no sofá e dizendo:

— Nunca mais ouse levantar a mão para me bater. Entenda uma coisa: sou o homem desta casa. Já lhe dei liberdade demais, mas desta vez aprenderá o seu lugar. Agora, levante-se e vá trabalhar. Quero aquela calçada limpa e impecável, e se não estiver perfeita hoje, você dormirá do lado de fora.

Ele me empurra para fora da casa, e eu fico completamente perplexa. Ele volta para dentro da casa e, depois de alguns minutos, volta com um balde, sabão e uma escova, jogando tudo sobre o meu peito e dizendo:

— Como eu disse antes, ou você limpa essa área para ficar impecável e limpa, ou não dormirá dentro de casa. De agora em diante, você passará pelo mesmo inferno que causou na vida da minha filha. Não ouse me desafiar, pois tenho coragem de te deixar dormir lá fora.

— Você está sendo estúpido comigo, não pode fazer isso, não tem esse direito! — os olhos dele ficam ainda mais frios e com uma tonalidade verde escuro enquanto me responde.

— Já lhe disse para não testar minha paciência! Se continuar assim, vou mandar a empregada colocar suas roupas na mala e te expulsar daqui com todas as suas coisas. Pense em todas as vezes que Zara teve que limpar essa enorme área que você sujou. Prove do seu próprio veneno, sua cobra-cascavel.

Ele fecha a porta bruscamente, deixando-me sozinha do lado de fora. Não consigo acreditar que estou passando por esse inferno. Agora, começo a sentir a consciência pesar. Eu não deveria ter feito isso com Zara, e o pior é que, se Aaron estiver falando a verdade sobre nosso casamento, terei que depender dele por muito tempo até conseguir um bom emprego. Que droga!

Preciso dar um jeito de sair dessa enrascada que eu mesma me coloquei. Talvez eu possa bancar a boa samaritana com aquela infeliz. Se eu fingir que estou arrependida, provavelmente ela vai me perdoar. Ela é tão boazinha como a mãe, e assim Aaron vai me perdoar por tudo se acreditar que está tudo bem entre mim e sua filha.

Respirei fundo e comecei a jogar água na área de serviço. Em seguida, peguei o balde com sabão e fui escovando com a escova. Meu Deus, quanta humilhação estou passando. É doloroso demais sentir as lembranças do passado retornando com força total. Foram tempos muito difíceis quando Márcia era pequena e eu tive que me sujeitar a ser faxineira para que minha filha não morresse de fome. Eu não vou voltar para essa vida novamente. Tenho que encontrar um jeito de ganhar a confiança de Aaron.

Prometi a mim mesma que nunca mais passaria necessidade. Por isso, sempre incentivo minha filha a arrumar um homem rico e tirar o máximo que puder dele e, se necessário, até mesmo engravidar para garantir seu futuro.

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