Capítulo 09

༺ Zara Stevens༻

Não sabia onde me esconder de tanta vergonha pelo fato do vice-presidente da empresa ter me flagrado naquela situação constrangedora com o Rodrigo. Com toda a certeza, pensará mal ao meu respeito. Eu também não estava entendendo por que seu Rodrigo estava agindo daquela maneira, me dando aquele olhar tão penetrante. Fico imaginando o que aconteceria se ele fosse até o final. Será que ele ia me beijar?

Estou tão perplexa com esta situação que nem sei como reagir. Vou ao bebedouro da empresa pegar um copo de água para aliviar este calor. Sinto meu corpo estranho e, ao perceber o meu desconforto, um dos funcionários, chamado Dimitri, se aproxima e pergunta preocupado:

— Você está se sentindo bem, Zara?

— Não se preocupe, estou bem! Por que está me perguntando isso? — o olhar que ele me dá revela uma certa preocupação. Ele responde coçando a cabeça.

— Bom, eu pensei que você estivesse passando mal! Seu rosto está tão ruborizado quanto um tomate...

Quando ele revela isso, sinto-me ainda mais envergonhada. Graças a Deus, ninguém pode ler meus pensamentos, pois se ele soubesse no que eu estava pensando, julgaria que sou uma sem-vergonha. Peguei outro copo d’água na tentativa de esconder minha timidez e respondi, desviando o olhar:

— Acho que deve ser o calor que está me deixando assim! Não acha que está quente hoje?

— Na verdade, eu acredito que o clima esteja bom, mas isso pode variar, certo? De como cada pessoa reage, você deve ser o tipo calorosa. — olhei para a janela e percebi que o tempo estava nublado e disfarcei novamente meio sem jeito e disse:

— Concordo que isso deve ser uma das razões! Bom, preciso retornar à minha sala, Dimitri. Depois conversamos.

Ele concordou, então fui diretamente para a minha sala. Tenho tantas responsabilidades para cuidar e não sei por que ainda fico pensando nessas coisas? Tento me concentrar nas atividades, mas o olhar e os lábios vermelhos do Rodrigo não saem da minha cabeça.

Estou talvez confundindo as coisas. Ele pode ter apenas segurado o meu queixo de forma amável para me passar segurança de que não é alguém mal. Fiz um gesto negativo com a cabeça e pensei: “Preciso focar em outras coisas! Qual é, Zara? Pare de fantasiar, esse cara não é para você.”

Estou certa de que um homem como Rodrigo é muito desejado pelas mulheres, agora imagina eu ter alguma chance com ele? Sendo eu uma capivara desengonçada e desastrada. Quem sabe ele não estava até tentando brincar com a minha pessoa pelo meu jeito tímido.

Respirei fundo e concentrei-me no que precisava fazer, era a melhor opção naquele momento. Já era tarde quando terminei de organizar os últimos arquivos. Tenho que organizar melhor o tempo e sair mais cedo, não é adequado andar até tarde por aqui, principalmente naquela rua escura e perigosa!

Como de costume, pego o elevador e nem reparo em quem está dentro. Só quero chegar em casa logo; o dia foi muito cansativo. Passei a mão na nuca para aliviar a tensão, quando senti mãos em meu ombro me fazendo uma massagem. Me virei assustada para ver quem era e lá estava ele novamente, o Rodrigo, com um sorriso divertido nos lábios. Ele então disse ao perceber o meu espanto.

— Perdão! Não tive a intenção de te assustar, percebi que você estava bastante tensa e apenas tentei ajudar.

— Não me leve a mal! Mas detesto que toquem em mim, sobretudo pessoas que não fazem parte do meu cotidiano ou são estranhas para mim. — afastei-me um pouco mais para trás enquanto ele permaneceu me olhando de forma sem graça e respondeu.

— Peço desculpas outra vez, Zara! Tenho até receio de que você pense que sou algum tarado ou pervertido, mas não se preocupe, é apenas uma forma descontraída de me aproximar das pessoas, sobretudo as que considero interessantes.

— Isso está ficando estranho! Por que você me acharia uma pessoa interessante ou se aproximaria de mim? — Rodrigo, misteriosamente, me olha e responde me examinando de cima a baixo.

— Porque você é uma pessoa fascinante! E, além disso, é bastante linda e inteligente, tenho certeza de que não sou o único a perceber isso aqui na minha empresa…

Não aguentei e ri quando ele me disse aquilo. Só podia ser uma brincadeira de mau gosto. Rodrigo era bastante cômico, isso eu tinha que admitir, ao perceber que ainda estou rindo do que ele falou. Ele continua sério me observando e pergunta-me.

— Por que está rindo? Alguma piada foi feita por mim, por acaso? Não estou compreendendo!

— Desculpe! Não pude deixar de rir quando o senhor disse que sou linda. Deve ser brincadeira, certo? — notei que ele passou a língua nos lábios de forma sedutora.

Céus, por que estou achando esse homem tão atraente de repente? A boca dele parece tão sexy e apetitosa.

— Não estou brincando com você, Zara! Acho você uma mulher muito linda. Deveria se olhar mais no espelho. Deve causar raiva nas outras funcionárias daqui, mesmo que você não perceba isso. Mas eu sou bastante observador.

— Só me faltava isso! Ser odiada por ser linda. Ah, seu Rodrigo, eu sempre fui uma pessoa sensata. Talvez eu seja bonitinha, agora, linda demais para causar inveja nas funcionárias. Isso já acho muito cômico. Até faço piada.

Ri mais uma vez e me apoiei na parede do elevador. Ele então se aproximou, colocando uma das mãos na parede e a outra em mim, olhando-me sério. De repente, percebi que ele não estava brincando. Esse contato tão próximo me faz sentir a respiração ofegante, sobretudo ao observar a sua boca, tão avermelhada, e esses olhos azuis tão penetrantes que parecem furar minha carne da maneira que ele me olha.

— Sabe, Zara? Não costumo brincar com certos comentários. Quando falo, é porque tenho certeza. Você é a funcionária mais bonita que já trabalhou na minha empresa. E claro, não precisa de tanta maquiagem para ficar impecável. Sua beleza é única e tem me atraído. Isso eu não posso esconder de você.

— Senhor Rodrigo, eu… Eu… Pare com isso. Está me deixando desconfortável! — ele aproxima-se mais e o meu corpo fica colado ao dele.

Uma onda de calor toma conta do meu corpo. Ele sorri ao observar a coloração no meu rosto e passa a língua entre os lábios de maneira sedutora.

— Tem uma coisa que reparei em você desde que começou a trabalhar aqui. Suas bochechas sempre ficam bastante vermelhas quando eu me aproximo de você. Pode me dizer o motivo?

— Eu… Eu… Nem consigo explicar exatamente o motivo, mas sinto-me quente. Não estou habituada a passar por situações como essas. — ele coloca uma de suas mãos sobre o meu rosto e acaricia minha bochecha.

Respiro fundo quando ele sorri ainda mais me observando. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Sinto-me mole. Parece que vou desmaiar. Não sei explicar o que estou sentindo.

— Calma, Zara! Apenas respire. Isso que você sente por mim é atração, e tenho que te confessar que ela é correspondida. Estou louco para beijá-la.

Ele então morde os lábios, se aproximando com a sua boca mais da minha. Céus, sinto que meu coração vai saltar do meu peito de tanto nervosismo. Acabo me sentindo ainda mais mole e, de repente, tudo escurece na minha frente, enquanto apenas ouço por um momento ele me chamar preocupado.

Não sei quanto tempo se passou, mas acabo recobrando a consciência e tento me lembrar do que aconteceu. Percebo que estou dentro de um carro. Depois de alguns segundos, me dou conta do que havia acontecido no elevador. Meu Deus, desmaiei bem na hora em que ele iria me beijar? Sinceramente, eu conseguia ser uma burra de primeiro escalão.

Enquanto vou me sentando de forma certa no banco do carro, ao virar para trás, percebo que o senhor Rodrigo está me olhando de maneira preocupada! Ele está com uma garrafa de água e me entrega, dizendo:

— Finalmente, você acordou! Já estava começando a me preocupar e pensava em levá-la para o hospital. Você está assim há quase 45 minutos...

— Não tenho ideia do que aconteceu. Suponho que a minha pressão acabou ficando baixa demais e me fez desmaiar. Hoje não tive tempo de almoçar. — Rodrigo me olha de maneira preocupada.

Então, realmente me lembro que não saí para efetuar minha refeição.

— Olha, Zara, eu sei que você tem muito trabalho para finalizar na empresa. Porém, não deixe de lado sua saúde, especialmente de se alimentar. Não será proveitoso se você ficar doente, pois eu acabarei perdendo uma ótima funcionária. Você aprende rápido, então peço que comece a se cuidar mais.

— Não se preocupe. Da próxima vez, vou me alimentar direito. É que eu estava querendo terminar mesmo de organizar aqueles arquivos. A última funcionária deixou tudo uma verdadeira bagunça, mas essa foi a última vez que eu me descuidei assim! — ele concorda com as minhas palavras e responde ligando o carro.

— Está certo! Entendo que você queira deixar tudo organizado, mas não precisa se matar por isso. Se tem algo que aprendi muito com a minha mãe foi que temos que aproveitar o tempo que possuímos da melhor forma possível. A vida é um sopro, Zara. Bom, vou te levar para comer alguma coisa em um restaurante por aqui...

— Não se preocupe, senhor. Posso muito bem fazer alguma coisa para eu comer quando chegar em casa. Não posso ficar gastando. Preciso economizar. — ele me lançou um sorriso sarcástico, como se eu estivesse fazendo deboche da cara dele, e respondeu me olhando.

— Mas eu não disse que você vai pagar alguma coisa! Estou a convidando para jantar comigo, pois eu também não comi nada ainda. Nem adianta me dar um "não" como resposta, porque não aceito.

Ele me deu uma piscadela e continuou dirigindo, mas eu não entendia por que essa insistência do seu Rodrigo em mim. Acredito que Verônica estava certa em pensar que eu teria chamado a atenção dele assim tão repentinamente, já que ele não costumava ligar para nenhuma funcionária.

Então, apenas respirei fundo, pois tinha certeza de que aquela discussão não iria dar em nada. Vamos ver no que dará esse jantar ao lado dele. Sinto vergonha só de pensar que acabei desmaiando quando esse homem tão bonito estava prestes a me beijar.

" Será que teria sido bom? Pergunto-me se isso acontecerá novamente. Ele tentará uma nova aproximação ou desistiu depois que desmaiei? Céus, quando eu contar isso a Pietra, ela vai me chamar de idiota e sabe-se lá mais o quê por agir assim em minha primeira paquera.

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