Capítulo 12

༺ Zara Stevens ༻

Após o desagradável encontro com Márcia em nossa mesa, prosseguimos a refeição em silêncio. Não posso acreditar na audácia dela de vir até nossa mesa e, ainda por cima, me dizer aquelas barbaridades. No início, fiquei até mesmo chateada, mas não tinha por que tolerar seu mau humor. Ao me ver ao lado de Rodrigo, ela parecia ter ficado com ciúmes.

Nunca deixaria que ela, e muito menos a mãe dela, dissessem qualquer coisa para me humilhar a partir de hoje. Sempre que ela me atacasse, eu faria dez vezes pior. Se há uma coisa que aprendi com elas, é como me defender de cobras em meu caminho, como as de sua espécie.

Por muito tempo, permiti que a mulher sebosa de sua mãe e ela me machucassem de todas as formas, principalmente me chamando de bastarda. A verdade é que quem não passava de uma bastarda era a própria Márcia, que veio como bagagem quando meu pai se casou com Madalene.

Mas desta vez, eu não seria mais o capacho de nenhuma delas. Quando a vida nos mostra que precisamos ser fortes, as mesmas pessoas que nos destruíram no passado nos fazem nos tornar monstros piores do que elas. Rodrigo percebeu meu silêncio e, ao notar que eu estava muito pensativa, chamou minha atenção.

— Pelo jeito, você está aborrecida, não é mesmo? Ficou calada depois de dizer aquelas palavras para a sua prima. Nossa, nunca pensei que a Márcia fosse tão venenosa assim. Ela sempre parecia ser uma menina dócil, mas eu sabia que era só uma máscara.

— Ela só é boa se tiver uma intenção por trás. Sem dúvida, deve ter dito à minha tia que você era muito rico, e aquela víbora velha deve tê-la convencido a dar o golpe da barriga, ou pior, arrancar dinheiro de você. É melhor você começar a tomar cuidado com essa mulher, Rodrigo. A Márcia é minha prima, mas não presta. Se pudesse, mudaria o fato de ela ter o mesmo sangue que eu. — nem me importei em denegrir a imagem da Márcia para ele.

Não sei o que Rodrigo vai pensar de mim, mas ele realmente precisa tomar cuidado. Só estou querendo alertá-lo.

— Sempre tive certeza de que ela não era uma boa pessoa! Vi essa intenção dela no dia em que o Patrick me apresentou a ela. Principalmente quando ele disse que eu era seu sócio. Notei nos olhos dela o espanto. Sei reconhecer a ganância nas pessoas pelo olhar, Zara.

— Isso é excelente! Você, pelo menos, não se ilude facilmente pelo fato dela ter um rosto bonito. Tenho certeza de que a Márcia tentará de todas as formas seduzi-lo. Sempre ouvi as conversas dela com a minha tia, em que planejavam dopar ou embebedar os homens para levá-los para a cama e engravidar. São mulheres sem objetivos, que não sabem viver por conta própria. — Rodrigo então apenas ficou me olhando sério, enquanto levava uma garfada de sua comida à boca. Depois, tomou um gole de vinho e disse:

— Você é uma mulher extraordinária! Foi por isso que me chamou bastante atenção, Zara. Não é o tipo de mulher que fica procurando homem rico para se casar. Só tem a minha admiração cada vez mais que te conheço...

— Sim, imagino como você deve estar cansada! Pedir uma sobremesa gelada deve aliviar esse seu calor... — Rodrigo sorri me observando intensamente. Estou até com medo de entrar no seu carro depois desse jantar.

— Espero que seja alguma coisa com chocolate! Amo chocolate, não me leve a mal.

Ele então coloca a mão sobre a minha e sinto novamente um calor me dominar. Meu Deus! Por que começo a sentir essas sensações estranhas no meu corpo? Principalmente meu coração parece que vai saltar pela boca quando ele sorri e faz movimentos sensuais mordendo os lábios.

Não consigo evitar olhar intensamente quando ele age dessa maneira. Parece que Rodrigo adora esse jogo de sedução! Novamente, ele acaricia minha mão e continua me observando. Santo Deus! Tomara que minha pressão não caia novamente. Então, retiro minha mão e respondo, disfarçando minha vergonha:

— Obrigada pelo elogio, Rodrigo. Bom, a comida está deliciosa, não acha?

— Sim, está maravilhosa! Inclusive, acabei de pedir uma sobremesa para nós. Por que seu rosto está tão vermelho de novo, Zara? — ele acaricia minha bochecha enquanto tento me recompor.

Parece que ele adora me deixar desconcertada. Dou um gole no meu suco e respondo:

— Estou um pouco quente hoje, sabe? Acredito que seja isso, e também estou cansada por causa do dia exaustivo.

— Sim, imagino como você deve estar cansada! Pedir uma sobremesa gelada deve aliviar esse calor... — Rodrigo sorri, me observando intensamente. Confesso que estou até com medo de entrar no carro dele depois desse jantar.

— Espero que seja algo com chocolate! Amo chocolate, não me interprete mal.

Ele apenas concorda com as minhas palavras. Então, a garçonete se aproxima, trazendo dois mousses de chocolate com morango em cima como decoração. Assim que dei a primeira colherada, não pude deixar de expressar satisfação. Como amo chocolate!

— Pela sua expressão, você gostou bastante! Ah, espera um momento, tem um pouquinho de chocolate aqui no canto da sua boca, deixe-me limpar.

Rodrigo passa seu dedo indicador para remover o chocolate e o leva à sua boca. Instantaneamente, meu rosto cora ainda mais. Não entendo por que ele precisa fazer isso. Agradeci, ainda desconcertada, observando de maneira sedutora a forma como ele chupa o dedo.

— Obrigada, vou tentar ser mais cuidadosa da próxima vez! Às vezes, acabo me empolgando quando se trata de chocolate.

— Entendo, eu também amo chocolate! Principalmente quando uso em outras atividades prazerosas. — ele leva a colher à boca de maneira sensual, olhando-me intensamente.

Passei a mão no meu rosto, tentando me acalmar. Precisava parar com aquilo, mas era difícil resistir a toda aquela provocação!

Olhei ao redor e percebi que algumas pessoas nos observavam com curiosidade. É claro, fiquei ainda mais envergonhada e me recompus, continuando a comer o meu mousse. Ao notar meu constrangimento pelo olhar das pessoas, ele também decide se comportar e termina sua sobremesa. Quando finalmente terminamos a refeição, ele pede a conta e a paga para que possamos ir embora.

Assim que entramos no carro, Rodrigo fecha as janelas do veículo. Estou bastante nervosa por estar naquela situação com ele. Não faço ideia do que ele planeja fazer em seguida. Passei a mão pelos meus cabelos nervosamente. Ele então diz, me observando:

— Acredito que agora podemos ficar mais à vontade e retomar aquela conversa que foi interrompida pelo meu sócio no meu escritório mais cedo, certo?

— Que conversa? Eu pensei que já tivéssemos nos entendido! — não consigo esconder o quanto estou nervosa por estar naquele carro sozinha com ele.

Meu Deus! Meu coração parece que vai saltar pela boca. Ele acaricia meu braço e responde, olhando-me novamente de forma intensa:

— Zara, não finja ser ingênua. Aqui, nenhum de nós dois é uma criança. Eu sei que você deseja isso tanto quanto eu. Por que você está fugindo tanto?

Cada vez ele me encurralava mais e engolia em seco, observando-o. Meu Deus, será que ele estava esperando que eu agisse e tomasse a iniciativa de beijá-lo ou algo assim? Eu não ia fazer isso, até porque não sou uma mulher oferecida. Talvez ele pense que eu seja uma dessas mulheres modernas. No entanto, me recomponho e respondo:

— Olha, eu não sei o que você está esperando de mim. Já disse que não estou acostumada a ficar com homens e muito menos a me relacionar. Isso é tudo novo para mim.

— Você pode até não saber tomar a iniciativa do que quer, mas não pode esconder o quanto me deseja. Você quer que eu te beije, não é, Zara? Você anseia por isso tanto quanto eu. Peça para eu te beijar. — Rodrigo continua me olhando de maneira sedutora enquanto eu não sei como agir.

Como vou pedir para ele me beijar se nunca dei um beijo na minha vida? Nossa, isso é até vergonhoso pela minha idade.

— Eu não posso fazer isso! Na verdade, nem sei como agir diante de uma situação assim. Ah, meu Deus do céu, isso é tão embaraçoso...

— Como assim? Eu não estou entendendo. Você não quer me beijar? É isso que está dizendo!? — quando ele me pergunta isso, meu rosto fica ainda mais vermelho.

Então, baixo a cabeça e respondo, desviando o olhar.

— Na verdade, eu não posso! Porque nunca beijei um homem na minha vida e nem sei como conduzir isso. Me desculpe.

Sinto tanta vergonha de revelar isso a Rodrigo. Ele me olha incrédulo. Talvez seja difícil para ele acreditar pela minha idade, mas eu nunca tive muito tempo para namorar ou algo assim. Sempre me concentrei nos meus estudos, em conseguir meu apartamento para me livrar daquelas duas víboras. Ele então diz novamente, segurando meu queixo para me encarar.

— Você está me dizendo que nunca beijou alguém na vida? Mas, Zara, você tem 23 anos. É até um pouco difícil de acreditar. Então, você também é...

— Sim, eu sou! Mas, por favor, não me deixe constrangida com esse tipo de pergunta. Acredito que seja melhor você me levar para casa, ou pegarei um táxi. Essa conversa não está indo muito bem, sabe?

Ele ainda me olha seriamente por um momento. Quando percebo que ele não tem qualquer reação, decido sair do carro. No entanto, percebo que Rodrigo trava a porta. Olho para ele sem entender. Então, ele me puxa de repente e me beija.

Nossas línguas se entrelaçam em perfeita sintonia. A sensação da boca dele na minha é incrível. Não faço ideia de como será a minha nota para essa experiência de beijo. No entanto, a sensação é maravilhosa. Eu nunca havia experimentado algo assim.

Quando ele parou o beijo, eu estava ofegante e ele continuava me observando, sorrindo. Percebo que seus lábios estão inchados. Eu também sinto a mesma sensação de formigamento nos meus. Olho ainda mais vermelha para ele, enquanto ele acaricia meu rosto e confessa:

— Adoro ver essa coloração do seu rosto! Principalmente sabendo que sou eu o causador dela. Você fica ainda mais fofa.

— Eu não sei exatamente como agir perto de você quando você me olha desse jeito intimidador! Mas confesso que a experiência do beijo foi boa... — Sinto meu rosto esquentar ainda mais ao revelar isso. Rodrigo apenas ri, me puxa novamente e me beija.

Tinha que admitir que ele tem um poder sobre mim que não consigo explicar. Mesmo com toda a minha timidez, me sinto completamente à vontade para ser eu mesma ao seu lado. É como se Rodrigo me transmitisse confiança e eu não sentisse medo de me entregar ao momento.

Em uma coisa, tenho que admitir que dona Verônica estava certa o tempo todo. O interesse de Rodrigo ia além de eu ser apenas sua secretária. Só espero que ele não me machuque com o tempo e que não seja apenas uma paquera para ele, para depois eu me apaixonar e sofrer.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo