༺ Yoko Muchin ༻O salão onde minha exposição está sendo realizada encontra-se movimentado, porém estou triste, acredito que minha filha não conseguirá vir para prestigiar meu trabalho. Temos conversado muito por telefone ultimamente, mas ainda não cheguei ao ponto dela me perdoar.Respirei fundo e coloquei aquela máscara de mulher poderosa. Aproximei-me de outros convidados que chegavam para prestigiar o evento. Muitas das obras já estavam praticamente vendidas, restando apenas exposições.A obra mais cara que vendi para um dos colecionadores tinha o nome "Uma dor que atormenta", inspirada no sentimento causado pela depressão. Muitas pessoas olhavam curiosas para aquela obra e me perguntavam como eu conseguia transmitir todos os sentimentos que essa doença causava. Apenas sorri e afirmei ser uma sobrevivente dela.Algumas pessoas me olhavam surpreendidas pela coragem de expor meus sentimentos mais escuros. A verdade é que nos últimos dias eu havia me inspirado na tristeza da rejeição
༺ Aaron Stevens ༻Finalmente havia chegado o grande dia do meu casamento com Pietra. Me encontrava ansioso. Aconteceu muita coisa. Yoko havia me dado o divórcio. Percebi que não adianta insistir em algo que não é recíproco de ambas as partes.Talvez ela tenha se tocado de que não adianta você ficar forçando algo que não é recíproco da outra parte. Tem horas em que precisamos entender que a vida segue seu curso, e não podemos prender uma pessoa que não deseja mais permanecer ao nosso lado.Ela também já estava com outra pessoa, e agora estava na hora de eu me unir à mulher que amava e contava os segundos para isso acontecer. Nada mais impedia a minha união com Pietra.Ando de um lado para outro, estou muito nervoso. Finalmente vou me casar. Sinto um frio na barriga, igual antigamente, pois lembro da sensação da primeira vez que me casei. Ao perceber isso, minha filha se aproxima, colocando a gravata borboleta no meu pescoço, e comenta séria enquanto ajusta meu terno.— Pai, pelo amor
༺ Zara Stevens ༻Observo serenamente o padre molhando a cabeça do meu filho, enquanto Pietra o segura em seus braços, e do outro lado está o irmão de Rodrigo segurando a vela como padrinho. Finalmente, o batizado do meu filho havia acontecido. Hoje era um dia muito feliz e especial para nós.O padre continua orientando Pietra a dizer as palavras. Meu pai olha tudo emocionado, minha mãe, nem se fala, está tão chorosa. Eu me controlo, mas confesso que, por dentro, estou me sentindo abobalhada com tudo. Assim que o padre termina, ele dá a última bênção.— Que Deus abençoe essa criança e traga muita felicidade para sua vida. Você foi apresentado hoje à casa de Deus e batizado pelo Espírito Santo!Assim que o batizado termina, Pietra me entrega meu filho, emocionada. Talvez ela não esperasse se tornar madrinha de um filho meu tão cedo.— Aqui está o meu afilhado. Agora é oficial, meu amor. Sou sua dinda. Obrigada por me deixar participar desse momento tão emocionante, amiga!— Foi como eu
༺ Zara Stevens ༻ — Você é estúpida! Como ousa manchar meu vestido assim? Meu Deus, você é completamente inútil e não serve para nada! — exclamou Madalene, com raiva. Antes que eu pudesse responder, senti o estalo da mão dela no meu rosto. A bofetada foi tão forte que me fez cair instantaneamente no chão. Além de ser injustamente punida por algo que não fiz, ela jogou a roupa sobre o meu rosto, me humilhando ainda mais. Respirei fundo e controlei as lágrimas que agora estavam misturadas com raiva, antes de dizer algo. Eu não aguentava mais viver assim ao lado dessa mulher nesta casa. — Madalene, pode me explicar o que houve desta vez? — perguntei, tentando manter a calma. — Você está cega? Não está vendo essa mancha enorme no meu vestido? Você é completamente incompetente, garota! Nunca faz as coisas do jeito certo. Seu pai vai saber disso, pois você estragou um dos meus melhores vestidos. — disse ela, ainda irritada. Desde que meu pai se casou com essa megera e me deixou sob sua
༺ Zara Stevens ༻ Continuei observando o homem com seriedade, mas ele imediatamente alterou sua expressão rígida para uma mais delicada. Desviei meu olhar e notei que ele parecia até constrangido por ter me tratado de maneira grosseira. Com certo constrangimento, ele se desculpou: — Me desculpe, não pretendia tratá-la de forma inadequada. Ocorre que estou bastante nervoso, tenho uma reunião em breve e, como ainda não tenho uma assistente para me auxiliar, acabo ficando estressado. — Não precisa se desculpar, senhor. A culpa foi minha, não mantive o equilíbrio. Realmente, sou um tanto desastrada... Comecei a rir nervosamente e ele riu junto comigo. Ele tem um sorriso tão dócil, é encantador e cativante. No entanto, minha distração foi interrompida quando vi a mulher da recepção se aproximar dele e entregar-lhe uma nova vestimenta. Ela se virou para mim e disse: — Boa tarde, você deve ser a candidata para a vaga de assistente, correto? A sala 07, terceira porta à esquerda, dona Verôn
༺ Rodrigo Garcez ༻ Meu dia não começou bem. Estava atrasado para uma reunião quando, acidentalmente, recebi um banho de café de uma garota desastrada no caminho para o elevador. Inicialmente, briguei com ela, mas ao ver seu rosto lindo e sua expressão arrependida, rapidamente me acalmei. Seu rosto de anjo e aqueles olhos verdes tristonhos me fizeram sentir pena de ter agido assim. Ela tentou me ajudar, mas só piorou a situação na minha roupa. Felizmente, sempre ando com um paletó reserva, e uma secretária me ajudou trazendo a trocar de roupa. Não posso faltar à reunião. É crucial para o Grupo Garcez. Foram meses de negociação com esses empresários australianos para conquistar este contrato de investimento em petróleo. Preciso ser convincente e convencê-los a assinar conosco. Cheguei ao prédio onde ocorreria a reunião e respirei aliviado. Estava marcado em um restaurante chique de Nova York, com uma vista deslumbrante. Meu sócio, ao meu lado, cumprimentou os empresários e iniciou a
༺ Zara Stevens ༻ O comentário feito pelo meu chefe foi um tanto estranho. Ele me questionou se eu era solteira, o que não havia sido mencionado na minha entrevista. Pensei que talvez ele estivesse tentando flertar comigo, mas logo julguei que fosse mera bobagem da minha cabeça, afinal, alguém como eu não chamaria a atenção dele. Devo parar de pensar nisso e focar no meu trabalho. Dirigi-me à minha sala para cuidar de outras tarefas quando Dona Verônica surgiu no corredor e veio em minha direção me cumprimentando. Ela perguntou como eu estava me adaptando e nós conversamos até chegarmos à minha sala. Curiosa, perguntei-lhe sobre algo ao sentar na minha cadeira. — Dona Verônica, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta: o senhor Rodrigo tem o costume de perguntar sobre a vida pessoal dos funcionários? Dona Verônica olhou para mim com curiosidade, talvez surpresa em saber sobre isso. Realmente, eu estava certa, não era paranoia da minha cabeça. Ela me questionou curiosa: — Como assim, Z
༺ Aaron Stevens ༻ Passei anos no exterior expandindo minha empresa e focando apenas no trabalho, me distanciando cada vez mais da minha filha. Foi necessário um longo tratamento psicológico para que eu entendesse que Zara não teve culpa do acidente que vitimou sua mãe. A culpa era minha por nunca ter dado atenção à minha esposa e a ela, e naquele dia, por ignorar a ligação de Yoko quando ela levava Zara ao médico. Horas depois, recebi a notícia de que Yoko havia falecido e minha filha sobreviveu com várias escoriações. Nunca entendi o que aconteceu com o carro. O laudo dizia que Yoko perdeu a direção do veículo, capotou várias vezes e bateu em um poste. Depois de sofrer muito, decidi me casar com a irmã de minha falecida esposa, Madelene. Mas nunca a amei da forma que ela merecia. Agora que resolvi meus problemas, quero passar mais tempo com minha filha, mesmo que isso signifique encarar a culpa pelo acidente da mãe. Quando cheguei em casa, Madelene veio me receber com um sorriso n