༺ Zara Stevens ༻A chegada do meu filho deixou todo mundo eufórico. Todos queriam pegá-lo no colo, mas ainda era cedo demais para isso, e a enfermeira e o médico não permitiram. Pietra observava meu filho dormir, fascinada, e agradecia mentalmente pelo fato de Rafael ser uma criança muito calma.Minha mãe também observava Rafael alegremente. Era como se meu filho tivesse chegado trazendo a paz entre nós duas. Não conseguia sentir raiva dela naquele momento. Era como se meu coração estivesse derretendo aquela pedra de gelo que criei com a chegada do meu filho na minha vida. Não sei por que, mas senti-me desconfortável ao vê-la observando tudo de longe.Ainda tenho um longo caminho a percorrer para poder perdoar minha mãe. Não consigo esquecer tudo o que ela me fez. A dor de ser abandonada ainda é presente na minha memória. No entanto, tentarei viver em paz com ela. Não quero que meu filho perceba os atritos entre mim e minha mãe e me pergunte no futuro por que a trato tão mal. Sei que
༺ Rodrigo Garcez ༻Depois da chegada de Rafael, eu me sentia mais tranquilo e podia trabalhar sem me preocupar com o que aconteceria em casa. Zara continuava em repouso e havia contratado uma "babá" para ajudá-la a cuidar do nosso filho. Eu não queria que ela ficasse exausta.Eu deixei claro que não queria que Zara se preocupasse com assuntos relacionados à empresa até que passasse o período de seis meses. Eu só queria que ela curtisse nosso filho, e eu também queria passar bastante tempo ao lado dela, não perdendo nenhum minuto do crescimento do meu filho. Mas um de nós dois precisava trabalhar, então comecei a adiantar as coisas na empresa.No segundo dia em que cheguei na empresa, a dona Verônica ficou brava porque eu não havia enviado uma foto do meu filho para ela. Com toda a correria, acabei esquecendo, então mostrei algumas fotos que eu tinha no meu celular para ela. Ela ficou fascinada com meu filho e me deu parabéns. No dia seguinte, meu pai apareceu para ver o neto e também
༺ Yoko Muchin ༻O salão onde minha exposição está sendo realizada encontra-se movimentado, porém estou triste, acredito que minha filha não conseguirá vir para prestigiar meu trabalho. Temos conversado muito por telefone ultimamente, mas ainda não cheguei ao ponto dela me perdoar.Respirei fundo e coloquei aquela máscara de mulher poderosa. Aproximei-me de outros convidados que chegavam para prestigiar o evento. Muitas das obras já estavam praticamente vendidas, restando apenas exposições.A obra mais cara que vendi para um dos colecionadores tinha o nome "Uma dor que atormenta", inspirada no sentimento causado pela depressão. Muitas pessoas olhavam curiosas para aquela obra e me perguntavam como eu conseguia transmitir todos os sentimentos que essa doença causava. Apenas sorri e afirmei ser uma sobrevivente dela.Algumas pessoas me olhavam surpreendidas pela coragem de expor meus sentimentos mais escuros. A verdade é que nos últimos dias eu havia me inspirado na tristeza da rejeição
༺ Aaron Stevens ༻Finalmente havia chegado o grande dia do meu casamento com Pietra. Me encontrava ansioso. Aconteceu muita coisa. Yoko havia me dado o divórcio. Percebi que não adianta insistir em algo que não é recíproco de ambas as partes.Talvez ela tenha se tocado de que não adianta você ficar forçando algo que não é recíproco da outra parte. Tem horas em que precisamos entender que a vida segue seu curso, e não podemos prender uma pessoa que não deseja mais permanecer ao nosso lado.Ela também já estava com outra pessoa, e agora estava na hora de eu me unir à mulher que amava e contava os segundos para isso acontecer. Nada mais impedia a minha união com Pietra.Ando de um lado para outro, estou muito nervoso. Finalmente vou me casar. Sinto um frio na barriga, igual antigamente, pois lembro da sensação da primeira vez que me casei. Ao perceber isso, minha filha se aproxima, colocando a gravata borboleta no meu pescoço, e comenta séria enquanto ajusta meu terno.— Pai, pelo amor
༺ Zara Stevens ༻Observo serenamente o padre molhando a cabeça do meu filho, enquanto Pietra o segura em seus braços, e do outro lado está o irmão de Rodrigo segurando a vela como padrinho. Finalmente, o batizado do meu filho havia acontecido. Hoje era um dia muito feliz e especial para nós.O padre continua orientando Pietra a dizer as palavras. Meu pai olha tudo emocionado, minha mãe, nem se fala, está tão chorosa. Eu me controlo, mas confesso que, por dentro, estou me sentindo abobalhada com tudo. Assim que o padre termina, ele dá a última bênção.— Que Deus abençoe essa criança e traga muita felicidade para sua vida. Você foi apresentado hoje à casa de Deus e batizado pelo Espírito Santo!Assim que o batizado termina, Pietra me entrega meu filho, emocionada. Talvez ela não esperasse se tornar madrinha de um filho meu tão cedo.— Aqui está o meu afilhado. Agora é oficial, meu amor. Sou sua dinda. Obrigada por me deixar participar desse momento tão emocionante, amiga!— Foi como eu
༺ Zara Stevens ༻ — Você é estúpida! Como ousa manchar meu vestido assim? Meu Deus, você é completamente inútil e não serve para nada! — exclamou Madalene, com raiva. Antes que eu pudesse responder, senti o estalo da mão dela no meu rosto. A bofetada foi tão forte que me fez cair instantaneamente no chão. Além de ser injustamente punida por algo que não fiz, ela jogou a roupa sobre o meu rosto, me humilhando ainda mais. Respirei fundo e controlei as lágrimas que agora estavam misturadas com raiva, antes de dizer algo. Eu não aguentava mais viver assim ao lado dessa mulher nesta casa. — Madalene, pode me explicar o que houve desta vez? — perguntei, tentando manter a calma. — Você está cega? Não está vendo essa mancha enorme no meu vestido? Você é completamente incompetente, garota! Nunca faz as coisas do jeito certo. Seu pai vai saber disso, pois você estragou um dos meus melhores vestidos. — disse ela, ainda irritada. Desde que meu pai se casou com essa megera e me deixou sob sua
༺ Zara Stevens ༻ Continuei observando o homem com seriedade, mas ele imediatamente alterou sua expressão rígida para uma mais delicada. Desviei meu olhar e notei que ele parecia até constrangido por ter me tratado de maneira grosseira. Com certo constrangimento, ele se desculpou: — Me desculpe, não pretendia tratá-la de forma inadequada. Ocorre que estou bastante nervoso, tenho uma reunião em breve e, como ainda não tenho uma assistente para me auxiliar, acabo ficando estressado. — Não precisa se desculpar, senhor. A culpa foi minha, não mantive o equilíbrio. Realmente, sou um tanto desastrada... Comecei a rir nervosamente e ele riu junto comigo. Ele tem um sorriso tão dócil, é encantador e cativante. No entanto, minha distração foi interrompida quando vi a mulher da recepção se aproximar dele e entregar-lhe uma nova vestimenta. Ela se virou para mim e disse: — Boa tarde, você deve ser a candidata para a vaga de assistente, correto? A sala 07, terceira porta à esquerda, dona Verôn
༺ Rodrigo Garcez ༻ Meu dia não começou bem. Estava atrasado para uma reunião quando, acidentalmente, recebi um banho de café de uma garota desastrada no caminho para o elevador. Inicialmente, briguei com ela, mas ao ver seu rosto lindo e sua expressão arrependida, rapidamente me acalmei. Seu rosto de anjo e aqueles olhos verdes tristonhos me fizeram sentir pena de ter agido assim. Ela tentou me ajudar, mas só piorou a situação na minha roupa. Felizmente, sempre ando com um paletó reserva, e uma secretária me ajudou trazendo a trocar de roupa. Não posso faltar à reunião. É crucial para o Grupo Garcez. Foram meses de negociação com esses empresários australianos para conquistar este contrato de investimento em petróleo. Preciso ser convincente e convencê-los a assinar conosco. Cheguei ao prédio onde ocorreria a reunião e respirei aliviado. Estava marcado em um restaurante chique de Nova York, com uma vista deslumbrante. Meu sócio, ao meu lado, cumprimentou os empresários e iniciou a