- Oddio! Você quase nunca sai de casa, mas quando faz... Minha nossa! Posso imaginar por que você vive confinada – Penélope exclamou depois de espremer cada detalhe da noite passada – Eu tenho que fazer milagre apenas para conseguir que aquele carrasco do Antony Mazza me dê um bom dia e então você apenas aparece e ele lhe pede para que o chame pelo primeiro nome e tem um sorriso idiota pra você. O irmão dele simplesmente faz um exame de amídalas em você depois de você ter insultado ele, sua casa e a sua família e a irmã dele só te idolatra. O homem ainda te oferece uma limusine para deixá-la na porta de casa. Eu apenas tive que me contentar com o bom e velho táxi. Não que eu quisesse qualquer coisa daquele carrasco – ela diz. Em seguida toma um longo gole do seu café – Você tinha que ver a troca de olhares entre Antonella e Anthony depois que vocês saíram. Parecia que viam uma santa. Mama mia!
Eu enchi uma xícara de café bem quente e me sentei do outro lado da mesa de cozinha – Você está exagerando. Antony e Antonella foram apenas educados. Além disso, eu te disse: ele praticamente surtou por ter me beijado. Foi constrangedor. Eu não quero vê-lo nunca mais. Felizmente nós somos de mundos completamente diferentes. E, por favor, não invente de me arrastar pra outros eventos como este.
- Você precisar sair mais. Você é linda e jovem tem que fazer mais da vida além de ficar confinada no meio de livros e na frente de um editor de texto. Pelo amor de Deus. A vida é uma só.
- Eu saio.
-Eu não estou me referindo a passeios matinais. Eu estou falando de sair à noite para dançar, jantar, ter encontros, conhecer caras. Quando foi a última vez que você foi pra cama com um cara.
Eu abri a minha boca pra responder, mas sabemos que eu não tinha uma data. Eu fechei a boca, mas então pensei que eu poderia dizer uma data qualquer. Quando os seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu exageradamente, eu sabia que eu tinha sido pega – Puta merda! Você nunca... você é virgem? Deus você já tinha beijado com exceção de ontem?
- Sim. Eu já beijei! – Exclamei indignada.
- Ok! Mas você nunca transou, não é.
- Quase – eu disse mas não era bem verdade. Eu beijei apenas três caras e um deles foi Matteo. Um foi o meu primeiro e único namorado. Ele me beijou no colégio e depois disso começamos a namorar, mas a coisa toda não durou mais do que um mês. Se eu sou tímida hoje, você pode imaginar na adolescência. Eu mal conseguia dizer uma palavra pra qualquer pessoa. Era absurdo. A coisa toda não durou mais do que um mês, quando ele viu que eu era um caso perdido. Na faculdade eu tentei sair com um cara uma vez, mas quando eu disse a ele que era virgem, ele apenas me largou lá e foi embora. Então eu desisti de tentar e me dediquei a estudar. Depois da faculdade eu estava praticamente confinada. Dedicando-me a escrever os meus livros e à leitura. Ao estudo de História da Arte e outras coisas.
- A pergunta é: você tem um hímen na sua vagina ou não.
- Deus, você tem que falar assim?
- Eu estou apenas sendo direta. É uma pergunta objetiva, a resposta é sim ou não. Não tem quase ou talvez.
-Sim – eu disse baixo de mais, na esperança de que ela não ouvisse.
- Puta merda! Inacreditável.
Eu comi meu sanduíche em silêncio, tentando ignorar os olhares incrédulos de Penélope em minha direção. Agora eu era oficialmente uma aberração – Deus! Quer parar de me olhar assim.
- Eu sinto muito. É que você é apenas... linda. Eu não consigo imaginar como ninguém nunca tentou...
- Podemos esquecer esse assunto.
- Eu vou tentar. Juro. Mas vai ser difícil.
Eu terminei rapidamente o meu café e fui para o meu quarto para fugir dos olhares incrédulos de Penélope. Eu podia imaginar ela fazendo uma campanha para arrumar possíveis candidatos para me deflorar. Era bem a cara dela.
Sozinha em meu quarto, eu decidi retomar o contato com as pessoas sobre o meu livro. Eu me estive distante na última semana e era importante manter o contato frequentemente. Eu não havia recebido mais nenhuma notícia do “estranho do f******k” como eu o chamava agora. Mas me vi extremamente temerosa e ao mesmo tempo excitada ao receber uma mensagem dele no final da tarde. Eu fiquei cerca de meia-hora tentando decidir se eu deveria abrir ou não a janela da mensagem. Eu poderia simplesmente ignorá-lo de agora em diante e deixar que ele pensasse o que quisesse sobre mim. Mas, de repente, era importante que eu conseguisse mostrar-lhe o meu ponto de vista. Minhas boas intenções. Incomodava-me o fato de que alguém pensasse tão mal de mim. Eu queria mudar isso. Queria convencê-lo. Então eu abri a sua mensagem:
“Eu sinto muito” Foi como ele começou e eu não pude deixar de me lembrar de Matteo. Eu acho que pelo resto da minha vida eu irei associar essa expressão a ele. Não importa quanto tempo passe. Três beijos incríveis, três manifestações de arrependimento. Afastei sua imagem da minha mente e continuei a ler “Não quero que me odeie. Pelo menos, não quero dar-lhe motivos para isso. A vida não tem sido tão generosa comigo. Talvez ela tenha sido pra você. Talvez seja por isso que você se sente tão à vontade para falar sobre as coisas boas da vida. Eu não me sinto assim. Sinto como se em algum momento, o chão tenha sido tirado debaixo dos meus pés e no lugar do chão, apenas um vazio ficou, como uma ameaça constante de queda. Imagine cair em um grande abismo e se manter continuamente em queda. Inicialmente você vai gritar, se debater, chorar, desesperar-se, mas quando isso for tudo o que acontece, você vai parar de lutar e apenas cair. Esperar que um dia o chão chegue e acabe com a incerteza eterna. Recentemente, tive a sensação de parar de cair, mas foi apenas uma sensação. Foi tão rápido. Tão efêmero. Foi-se. E, a certeza de que eu continuava caindo fez doer ainda mais. Antes eu não tivesse me permitido sonhar com o chão. Porque, a constatação de que ele não é real, apenas dói mais. Eu sinto muito por ter magoado você. Eu tenho feito isso com as pessoas a minha volta. Elas simplesmente não sabem como lidar com a minha dor. Eu tampouco. Espero que possa me perdoar. Queria ouvir você. Qualquer coisa.”
Eu fiquei lendo e relendo o seu texto por alguns minutos e pensando sobre ele. Outra mensagem sua chegou:
“Sei que você está aí. Por favor, fale comigo.”
“Oi” eu digitei e pensei sobre o que eu poderia escrever mais “eu não odeio você. Bem, talvez eu tenha odiado um pouco. Mas eu não guardo rancor por muito tempo. Entendo que as pessoas podem pensar de modo diferente de mim. Mas, magoou-me o fato de você me julgar sem me conhecer. Apenas baseado em uma das minhas histórias. A história de Meg e Ryan, fala de amor, de superação, de dificuldade e também de conquistas. Como você disse: A vida não tem sido generosa com você, mas belas histórias de amor existem na vida real, mas mesmo as histórias de amor dos livros falam de dificuldades, inseguranças, incertezas e dores. Mas isso não muda o que as pessoas sentem umas pelas outras nem nos livros, nem na vida real e, quando mudam, simplesmente não era amor. Eu sou uma boa observadora. Nem sempre eu falo do que eu vivo. Mas falo do que eu vejo, do que eu consigo captar das pessoas a minha volta ou sobre o que eu desejaria de bom para elas. Talvez a vida não tenha sido generosa pra mim também, mas ainda assim eu continuo tentando colher o melhor dela. Eu não sou uma mentira. Sou apenas alguém que escolheu não ser uma vítima, mesmo que eu tenha algum motivo pra isso. Tem uma diferença. Desejo que você escolha um papel melhor pra você. Eu gostaria de escrever coisas boas sobre a sua vida. Gostaria de mudar o seu nome pra começar. Mas se esse é o papel que escolheu para si, ou, mesmo que não tenha escolhido, mas o aceitou, então que seja, Pain.
Ele não respondeu de imediato e eu também decidi trabalhar um pouco e deixar de lado o estranho do f******k e a imagem dos beijos de Matteo. O primeiro foi fácil, mas o segundo foi uma luta. Eu ainda podia sentir o toque dos seus lábios sobre os meus, o calor da sua mão na base das minhas costas, o aperto firme dos seus dedos no meu cabelo. Uma hora diante do computador e eu não consegui digitar uma linha. Fechei o meu notebook e resolvi ler um pouco e esquecer os três: Pain, Matteo e o trabalho.
No dia seguinte, eu saí de casa a caminho da cafeteria. Eu me sentei em meu lugar predileto e pedi o de sempre. Enquanto comia, observava tudo a minha volta. A mulher com pinta de executiva estava sozinha. O rapaz que costumava acompanhá-la não estava com ela e eu me perguntava se isso era um fim. Eu sempre achei que eles não combinavam e não era apenas as roupas, era tudo: o jeito, o gosto... mas então eu me perguntei o que isso dizia sobre o seu relacionamento. Tirar conclusões era o mal da humanidade. E daí que ele não andasse com um terno caro para fazer par com ela, Deus sabe o quanto ele poderia ser bom pra ela mesmo com seus jeans surrados e sua pinta de bad boy. Deus sabe o quanto ele poderia ser um companheiro, amigo, amante, dedicado e prestativo. Mas então vinha eu e julgava o que era o seu relacionamento, baseada na sua roupa ou no fato dele parecer descompromissado e tomar um café “nada a ver” com o dela. Isso e a conversa que eu tive com Pain na noite passada me deram al
Sexta-feira, 08 de Maio de 2015HaroldEla estava uma pilha, o que é compreensível. Eu mesmo não estou assim tão tranquilo, embora não deixe transparecer. Mesmo tendo uma ideia do resultado, eu insisti para que esperássemos o resultado geral para fazer qualquer pronunciamento. O que ela concordou.Deus! Essa mulher me surpreendeu a cada volta do processo eleitoral nos últimos meses. Ela veio para Winchester comigo e nós passamos mais tempo aqui do que em Londres. Ela hoje é praticamente parte da cidade. Ela conheceu cada morador, conversou com eles, conheceu suas histórias e simplesmente os conquistou.Eu já era uma figura conhecida em Winchester por causa dos meus pais, que são daqui, pelo fato de eu ter crescido aqui e convivido com a maioria dos moradores. Mas vendo como ela se portava no meio dessas pessoas eu poderia dizer que ela cresceu aqui também.Eu tentei, durante todos esses meses, a tranquilizar. Explicando que era minha primeira candidatura e que eu sequer tinha ocupado
Felizmente o nosso jantar chegou no momento exato minimizando o mal-estar. Um homem perfeitamente paramentado em roupas de chef apareceu acompanhando o jantar. Ele deu um sorriso sincero em direção a Matteo. Parecia realmente feliz em vê-lo e ao mesmo tempo incrédulo – Meu amigo, eu estou feliz em vê-lo aqui depois de tanto tempo. Quando Martino me disse que você estava vindo eu não acreditei. Tinha que ver eu mesmo. – ele olhou pra mim, seu olhar especulando. Matteo ficou de pé no ato e os dois se abraçaram ligeiramente.- É bom ver você Gabriel. Deixe-me apresentar Giovanna, uma amiga. Giovanna este é Gabriel, um grande amigo e chef do restaurante. Se você não gostar da comida já sabe a quem deve culpar – Matteo brincou tentando descontrair. Gabriel me cumprimentou, mas ele parecia ainda não acreditar no que via. Ele olhava para Matteo e depois pra mim e era como se ele estivesse diante de algo estranho. Muito estranho.Por fim, ele pareceu recobrar a compostura – É um prazer conhec
Matteo “Que merda eu estou fazendo?” Era o que eu me perguntava enquanto assistia Giovanna dormir com a cabeça batendo no vidro lateral do carro. Deus! Como ela é linda. Realmente linda, doce, inteligente, com um toque de inocência encantadora e o mais interessante é que ela não tem a menor ideia disso. Mas quanto mais eu percebia essas qualidades nela, mas culpado eu me sentia. Eu não podia negar que me estava atraído por ela fisicamente e que estava encantado com o seu jeito, mas eu não acho que serei capaz de entregar meu coração a outra mulher. Não. Isso não é uma possibilidade. Eu nem mesmo acredito que poderia entregar meu corpo. Eu não estive com alguém desde muito tempo. Mesmo antes que Anabela se fosse, ela não estava em condições de ter relações sexuais e eu tampouco poderia pensar nisso. Tudo o que eu conseguia pensar naquela época era no quanto eu queria que ela ficasse, no quanto doía o medo, a insegurança. No quanto a vida era injusta e no quanto ela estava s
Giovanna Meus olhos ainda estavam fechados, mas eu estava acordada. Uma mão subia e descia pelo meu braço tão suavemente que me fez questionar se isso estava mesmo acontecendo. Eu podia sentir sua respiração na minha cabeça e meu corpo subia e descia no ritmo do seu peito. Eu sentia o batucar do seu coração e o seu cheiro. Não tinha dúvida de onde eu estava, sabia que estava nos braços de Matteo, apesar de não ter estado aqui tantas vezes assim. Apenas três breves momentos enquanto ele me assaltava com seus beijos, mas eu reconhecia. Seu cheiro, seu toque... Eu tentei controlar a minha ansiedade por alguns instantes, pois não queria que aquele acabasse. Porém, a parte racional em mim me disse que eu deveria terminar isso o quanto antes. Eu ignorei essa parte racional dos infernos, claro. Mesmo sabendo das consequências. Mesmo prevendo o mais distante que um relacionamento com este homem poderia me levar. Eu olhava além e o que eu via não era bom. Ao final dessa história eu
Matteo saiu do veículo e me ajudou a sair do carro. Eu não pude deixar de reparar nos seus modos. É difícil nos deparar com homens com tais maneiras nos dias atuais. Ônus da modernidade. Eu apreciei e agradeci a gentileza. Em seguida, retirei minha mão do seu contato e me afastei dele em alguns passos curtos. Olhando em volta, em seguida para o céu, permaneci muda.- Giovanna?- É perfeito, Matteo. Eu estava olhando o céu durante o percurso através do vidro do carro e estava bastante impressionada. No entanto, isso... – Apontei para o céu – é simplesmente incrível. Acho que as luzes da cidade ou a nossa pressa constante nos impede de admirar o céu com mais frequência. Agora aqui, no meio de toda essa natureza, eu me pergunto como pode alguém duvidar da existência de um Deus diante de tamanha beleza. É a mesma sensação que tenho quando estou de frente para o mar. Uma coisa tão perfeita e grandiosa não pode ser obra do acaso. Não mesmo. Eu me recuso a pensar de outro modo.- Então talve
Tirei a roupa e peguei meu laptop na bolsa. Apesar de exausta, não havia maneira de eu conseguir dormir nesse momento. Não depois de tudo. Talvez trabalhar um pouco trouxesse o sono de volta. Eu subi na cama enorme de madeira trabalhada e me contive de passar a mão em cada parte divinamente esculpida. Nos primeiros quinze minutos eu me distraí respondendo algumas mensagens enviadas para “Gi” até que eu percebi que “Pain” havia ficado on line. Surpreendi-me com isso por que já era muito tarde e logo amanheceria.“Acordada?” Ele começou.“Sim. Mas achei que estaria sozinha por aqui”.“Não. Você não está sozinha. Mais alguém não consegue dormir.”“Quer falar sobre o que te incomoda?”“Não sei” Ele disse simplesmente e eu não falei de novo. Dei-lhe algum tempo para decidir. E deu certo “Alguma vez você quis tanto algo mesmo sabendo que é errado?”“Estamos falando de algo ou de alguém?” perguntei sem lhe responder efetivamente.“Garota esperta. Estamos falando de alguém.”“Por que você não
Eu desci para o café da manhã por volta das oito horas. Fiquei longas horas pensando sobre a possibilidade de Teo e Matteo serem a mesma pessoa antes de adormecer e me sentia extremamente cansada nesta manhã. Apesar de empolgada por conhecer a propriedade, eu estava igualmente apreensiva sobre o Matteo que encontraria esta manhã. Nossa despedida não foi das melhores a noite passada e eu receava tanto quanto almejava por esse encontro. Era incrível como tudo era confuso entre nós. Desde a forma como nos conhecemos até os eventos que me colocaram aqui neste lugar.Ao chegar ao piso inferior parei, indecisa sobre por qual caminho seguir. Eu sabia que, se seguisse para a direita chegaria até a cozinha, onde estive a noite passada. Após titubear um pouco, segui por esse caminho. Estava bem perto do meu destino quando ouvi duas vozes femininas que conversavam animadamente. Eu parei por um instante na entrada, observando a cena. Uma mulher mais jovem, a qual eu supus ser Guilhermina, tendo e