Giovanna Eu precisei de um esforço extra para me manter conectada à conversa à mesa de café-da-manhã. Minha cabeça ainda estava na conversa que eu tive com Matteo no escritório. Eu deveria ter contado tudo pra ele. A cada dia que passava ficava mais complicado falar a verdade e mais difícil seria ele me perdoar depois. Os clientes não estavam apenas de passagem, mas ficariam hospedados com as suas esposas por um par de dias no anexo da mansão que era utilizado para este fim. Com a ajuda de Guilhermina eu me desdobrei em atenção para com os convidados e organizei passeios e refeições.Felizmente Alícia se manteve distante, o que era um alívio pra mim. Mas de algum modo eu sabia que era uma questão de tempo até que ela me confrontasse. Ela não me parecia como alguém que aceita as coisas de bom grado. Eu ouvi boa parte da sua conversa com ele. Ela estava insinuando... Não. Ela disse com todas as letras que eu engravidei para segurar Matteo e que ele estava se casando comigo a
Exausta nem chegava perto de definir como eu me sentia. Apesar de Matteo se desdobrar para me poupar de tanta atividade, era impossível com três grandes eventos acontecendo em menos de dois meses. Faltava apenas dois dias para a Festa da Uva, dali a mais quinze dias seria o lançamento do meu livro e quinze dias depois seria o meu casamento. Sendo que no que diz respeito ao meu livro, era um sofrimento completamente solitário. Pois eu, apesar de tentar, não encontrei uma maneira de falar pra ele uma coisa aparentemente tão simples. Na maioria das vezes eu pensava que estava exagerando, mas então eu relia cada conversa no chat do Facebook e me sentia uma mentirosa e manipuladora. Eu definitivamente não me orgulhava do que eu fiz. No instante em que eu percebi que Matteo e Teo Pain eram a mesma pessoa, deveria, por uma questão de fato, ter dito a ele toda a verdade. Agora, eu me sentia a pior pessoa do mundo. Não ajudou o fato de ele ter que viajar a negócios por
- Qual o seu problema com Antony? – Perguntei a Penny dois dias depois. A festa estava sendo um sucesso. Havia em torno de duas centenas de convidados, sendo que pelo menos trinta deles estavam hospedados na propriedade. Isso sem contar os familiares de Matteo e meus. Felizmente a casa era imensa e havia um anexo apenas para os hóspedes. A nossa família estava hospedada no prédio principal e eu estava adorando toda aquela movimentação. Embora meus pés estivessem me matando e Matteo aproveitasse cada pequena oportunidade para me fazer sentar.- O problema – ela arqueou as sobrancelhas e deu um olhar mortal na direção dele – é que ele é um idiota.- Mas você era louca para pegar esse contrato.- Sim, por que era grande, desafiador, uma excelente experiência para a minha empresa que está apenas começando e precisava de um cliente de prestígio com a Mazza telecom. Além do mais, pagava bem e eu sabia que podia fazê-lo. Mas eu não tinha ideia do quanto era difícil trabalhar com esse... hom
Matteo - Bom dia, pessoal. – Um bom dia coletivo soou na varanda. Apesar de a festa ter ido até tarde a noite passada, a maioria dos nossos familiares acordaram cedo.- Querido, onde está Giovanna? – mamma quis saber.- ainda dormindo, mamma.- Eu também dormia bastante quando estava grávida – A mãe de Giovanna contou – e também enjoava bastante. Para mim foi a fase mais complicada – Então ela começou a contar um pouco sobre a sua própria gestação.Eu me sentei na outra extremidade da mesa, já que o meu pai sentou-se na outra ponta. O clima era bastante animado. O cheiro de café fresco impregnava o ar misturando-se ao dos ovos mexidos, suco de laranja e outras delícias. Havia chovido, o que podia ser perfeitamente comprovado pelo cheiro de terra molhada e pelas gotas de chuva que ainda caíam do beiral. Eu não podia deixar de pensar no tempo que eu não reparava nessas coisas. Durante anos eu apenas trabalhei e me lamentei. Eu só conseguia enxergar o quanto a minha vida era
Enquanto meus irmãos e Penélope saíram para cavalgar, meus pais levaram os meus futuros sogros para um passeio pela vinícola. Embora eu adorasse fazer isso, eu adorava ainda mais, ficar com Giovanna. Sobretudo quando ela não está falando comigo. Quando todos saíram, ela se levantou, mexeu na pilha de correspondência, pegou um embrulho e entrou na casa sem dizer uma palavra. Eu esperei alguns minutos para que ela se acalmasse e só então fui atrás dela.O embrulho estava sobre a mesinha lateral e ela estava deitada de lado olhando para ele.- Oi – eu comecei, por que não sabia como agir quando ela estava assim. em regra, ela era calma, doce, nãos e irritava com facilidade. Eu não estava habituado a lidar com Giovanna temperamental.- Oi – ela respondeu secamente.- O que é isso?- Apenas um livro.- Você não vai abrir.- Mais tarde.Eu caminhei até a cama e sentei-me na beira da cama – Posso ver?Ela hesitou um pouco e eu imaginei que ela deveria estar com muita raiva para não querer fa
Bem, eu estava quebrada, mas iria juntar cada pequeno pedaço e ficaria forte para o meu filho – O carro está aí – ela anunciou. E pegou a minha bolsa que estava sobre a penteadeira e me entregou. Eu dei uma última olhada no meu reflexo no espelho e não me reconheci. Aquele rosto perfeitamente maquiado contrastava com a minha alma. Eu não escolhi nada, nem o vestido azul, nem sapatos prateados, nem o modo como meu cabelo estava arrumado em um penteado meio preso meio solto, nem a cor do lápis de delineava os meus olhos. Nada. Penélope, Lucy e Antonella juntas, que por sinal haviam se tornado boas amigas durante o período em que se revezavam para cuidar de mim, foram as únicas a escolher tudo. Quando Matteo deixou o seu quarto, no dia em que o mundo desabou sobre a minha cabeça, Tony o seguiu me deixando para trás com Penélope e Antonella. Eu não tinha energia para explicar tudo o que havia acontecido. Então, apenas peguei o novo livro que estava em cima da mesinha de cabeceira e mostr
Olhar o ir e vir das pessoas sempre me inspirava. Fazia com que as ideias borbulhassem. Embora, em outro momento, o silêncio me ajudasse a aperfeiçoar essas ideias. Antes eu achava que aquela cena típica, onde um escritor se sentava em um café, era clichê demais. Estereotipada, eu diria. Hoje vejo que tudo é uma questão de adaptação e que algumas coisas podem não te servir hoje e serem imprescindíveis amanhã. Pois bem, agora aquele café estava incorporado a minha rotina. Todos os dias pela manhã eu me dirigia até ele e me sentava no mesmo local, de onde tinha uma visão privilegiada de todo o lugar, bem como da rua. Eu gostava de imaginar o que cada uma dessas pessoas fazia ao longo do dia. Do que elas gostavam? Quem eram? Que tipo de vida elas levavam? Para quem era aquele copo extra de café com leite que a loira vestida com uma saia lápis e saltos de dez centímetros levava todos os dias? E o que aquela mulher com pinta de executiva viu naquele homem que se vestia e se comportava co
Mais tarde, eu estava na parte do vinho quando a porta se abriu e uma Penélope animada entrou. Quando ela chegava assim era algo para se preocupar porque ela tinha um plano. E, devo dizer, ela não costuma ser muito criativa sobre eles. Então eu poderia deduzi-los. Quase sempre terminava com ela me arrastando para algum lugar ou tentando me salvar de mim mesma, como ela costumava dizer.- Eu vou querer uma dessas - disse sem preâmbulo. Sinalizando para a minha taça.- Olá pra você também.- Olá, Giovanna. Tenho uma ótima notícia: Consegui a conta da Mazza.- Que boa notícia. Parabéns. - Eu enchi uma taça de vinho e deslizei por cima do balcão - Só me explique: Essa empresa Mazza a qual você se refere tem alguma coisa a ver com a Mazza Telecom?- A mesma. E você não devia estar me perguntando isso. Pelo menos, não se você esteve prestando atenção sobre o que eu falava nas últimas duas semanas.- Eu estava prestando atenção. Só queria ter certeza. E devo dizer: Isso é incrível.- Incrív