Sexta-feira, 08 de Maio de 2015
Harold
Ela estava uma pilha, o que é compreensível. Eu mesmo não estou assim tão tranquilo, embora não deixe transparecer. Mesmo tendo uma ideia do resultado, eu insisti para que esperássemos o resultado geral para fazer qualquer pronunciamento. O que ela concordou.
Deus! Essa mulher me surpreendeu a cada volta do processo eleitoral nos últimos meses. Ela veio para Winchester comigo e nós passamos mais tempo aqui do que em Londres. Ela hoje é praticamente parte da cidade. Ela conheceu cada morador, conversou com eles, conheceu suas histórias e simplesmente os conquistou.
Eu já era uma figura conhecida em Winchester por causa dos meus pais, que são daqui, pelo fato de eu ter crescido aqui e convivido com a maioria dos moradores. Mas vendo como ela se portava no meio dessas pessoas eu poderia dizer que ela cresceu aqui também.
Eu tentei, durante todos esses meses, a tranquilizar. Explicando que era minha primeira candidatura e que eu sequer tinha ocupado um cargo de vereador ou prefeito como a maioria dos que estão no parlamento hoje. Existia, infelizmente, uma possibilidade considerável de eu não ganhar de primeira. Sempre que eu dizia isso ela apenas falava: Pra Deus nada é impossível. E agora, enquanto esperava o anúncio oficial eu me apegava a essa frase.
Ela olhou pra mim de onde estava. Em seguida, sorriu e se desculpou para o pequeno grupo com o qual conversava e caminhou em minha direção – Você está bem? – ela perguntou.
- Sim. Eu estou perfeitamente bem. Estava admirando você enquanto conversava com os nossos eleitores. Pensava que você parece que nasceu aqui.
- Gosto daqui.
- Mas voltaremos à Londres, você sabe.
- Sei. Mas sempre estaremos de volta.
- Sim. Sempre estaremos. Nervosa?
- Está dando pra notar?
Eu acariciei o seu rosto e dei um beijo suave em seus lábios – Sou seu marido. Conheço você melhor do que qualquer outra pessoa. Então, pra mim está claro que está nervosa.
- Sim – ela riu – queria gritar.
- Oh! Por favor, Misses Parker. Não assuste nossos eleitores.
As pessoas simplesmente se reuniram para esperar o resultado. Não precisamos convocar. Elas estavam aqui com bandeiras do partido e outras com meu nome e rosto, botons, abanadores e camisas.
Meu pai saiu correndo de dentro de uma das salas privadas onde pessoas estavam conectadas esperando o grande anúncio, seguido da minha mãe, Charlie, Richard, Marisa, Andrea, Michael e Andrea. Aliás esta última, minha competente assessora de imprensa caminhou com um sorriso nos lábios e eu apenas sabia – Preparado para o discurso da vitória, Deputado?
Carol soltou de uma única vez, todo o ar que estava prendendo e uma lágrima deslizou pelo canto dos seus olhos enquanto um sorriso dividia seu rosto. Eu a segurei ainda mais apertado em meus braços e dei-lhe um beijo cheio de significados. Havia amor, desejo, carinho, gratidão... tudo. Quando eu me afastei ela estava sem fôlego e eu também.
- Arrumem um quarto – Richard gritou.
Entre nós dois as palavras não se faziam necessárias neste momento. Nossos olhares dizia o suficiente. Em seguida, enquanto eu recebia os parabéns dos meus amigos e família, Andrea subiu no pequeno palco e, com uma batidinha no microfone, chamou a atenção dos presentes. Ela foi bastante objetiva e era isso que eu gostava nela: - Senhoras e Senhores eu gostaria de apresentar a vocês o seu representante na Câmara dos Comuns do Parlamento Britânico Sir. Harold Hill Parker.
Eu caminhei para o meu discurso da vitória em meio a gritos e aplausos, com a mão da minha esposa bem presa a minha. O que eu tinha de mais precioso estava aqui, na palma da minha mão. Minha esposa. Meu amor. Minha vida. Isso me deu um ânimo renovado. Eu era um filho da puta de sorte e eu queria aproveitar isso.
Finalmente de pé, diante de um sem-número de eleitores que acreditaram que eu poderia fazer a diferença, eu falaria pela primeira vez como membro eleito. Eu me senti desafiado e encorajado. Eu ia fazer isso e eu ia fazer bem. Bem, hora do show, porque o futuro começou.
Fim
Felizmente o nosso jantar chegou no momento exato minimizando o mal-estar. Um homem perfeitamente paramentado em roupas de chef apareceu acompanhando o jantar. Ele deu um sorriso sincero em direção a Matteo. Parecia realmente feliz em vê-lo e ao mesmo tempo incrédulo – Meu amigo, eu estou feliz em vê-lo aqui depois de tanto tempo. Quando Martino me disse que você estava vindo eu não acreditei. Tinha que ver eu mesmo. – ele olhou pra mim, seu olhar especulando. Matteo ficou de pé no ato e os dois se abraçaram ligeiramente.- É bom ver você Gabriel. Deixe-me apresentar Giovanna, uma amiga. Giovanna este é Gabriel, um grande amigo e chef do restaurante. Se você não gostar da comida já sabe a quem deve culpar – Matteo brincou tentando descontrair. Gabriel me cumprimentou, mas ele parecia ainda não acreditar no que via. Ele olhava para Matteo e depois pra mim e era como se ele estivesse diante de algo estranho. Muito estranho.Por fim, ele pareceu recobrar a compostura – É um prazer conhec
Matteo “Que merda eu estou fazendo?” Era o que eu me perguntava enquanto assistia Giovanna dormir com a cabeça batendo no vidro lateral do carro. Deus! Como ela é linda. Realmente linda, doce, inteligente, com um toque de inocência encantadora e o mais interessante é que ela não tem a menor ideia disso. Mas quanto mais eu percebia essas qualidades nela, mas culpado eu me sentia. Eu não podia negar que me estava atraído por ela fisicamente e que estava encantado com o seu jeito, mas eu não acho que serei capaz de entregar meu coração a outra mulher. Não. Isso não é uma possibilidade. Eu nem mesmo acredito que poderia entregar meu corpo. Eu não estive com alguém desde muito tempo. Mesmo antes que Anabela se fosse, ela não estava em condições de ter relações sexuais e eu tampouco poderia pensar nisso. Tudo o que eu conseguia pensar naquela época era no quanto eu queria que ela ficasse, no quanto doía o medo, a insegurança. No quanto a vida era injusta e no quanto ela estava s
Giovanna Meus olhos ainda estavam fechados, mas eu estava acordada. Uma mão subia e descia pelo meu braço tão suavemente que me fez questionar se isso estava mesmo acontecendo. Eu podia sentir sua respiração na minha cabeça e meu corpo subia e descia no ritmo do seu peito. Eu sentia o batucar do seu coração e o seu cheiro. Não tinha dúvida de onde eu estava, sabia que estava nos braços de Matteo, apesar de não ter estado aqui tantas vezes assim. Apenas três breves momentos enquanto ele me assaltava com seus beijos, mas eu reconhecia. Seu cheiro, seu toque... Eu tentei controlar a minha ansiedade por alguns instantes, pois não queria que aquele acabasse. Porém, a parte racional em mim me disse que eu deveria terminar isso o quanto antes. Eu ignorei essa parte racional dos infernos, claro. Mesmo sabendo das consequências. Mesmo prevendo o mais distante que um relacionamento com este homem poderia me levar. Eu olhava além e o que eu via não era bom. Ao final dessa história eu
Matteo saiu do veículo e me ajudou a sair do carro. Eu não pude deixar de reparar nos seus modos. É difícil nos deparar com homens com tais maneiras nos dias atuais. Ônus da modernidade. Eu apreciei e agradeci a gentileza. Em seguida, retirei minha mão do seu contato e me afastei dele em alguns passos curtos. Olhando em volta, em seguida para o céu, permaneci muda.- Giovanna?- É perfeito, Matteo. Eu estava olhando o céu durante o percurso através do vidro do carro e estava bastante impressionada. No entanto, isso... – Apontei para o céu – é simplesmente incrível. Acho que as luzes da cidade ou a nossa pressa constante nos impede de admirar o céu com mais frequência. Agora aqui, no meio de toda essa natureza, eu me pergunto como pode alguém duvidar da existência de um Deus diante de tamanha beleza. É a mesma sensação que tenho quando estou de frente para o mar. Uma coisa tão perfeita e grandiosa não pode ser obra do acaso. Não mesmo. Eu me recuso a pensar de outro modo.- Então talve
Tirei a roupa e peguei meu laptop na bolsa. Apesar de exausta, não havia maneira de eu conseguir dormir nesse momento. Não depois de tudo. Talvez trabalhar um pouco trouxesse o sono de volta. Eu subi na cama enorme de madeira trabalhada e me contive de passar a mão em cada parte divinamente esculpida. Nos primeiros quinze minutos eu me distraí respondendo algumas mensagens enviadas para “Gi” até que eu percebi que “Pain” havia ficado on line. Surpreendi-me com isso por que já era muito tarde e logo amanheceria.“Acordada?” Ele começou.“Sim. Mas achei que estaria sozinha por aqui”.“Não. Você não está sozinha. Mais alguém não consegue dormir.”“Quer falar sobre o que te incomoda?”“Não sei” Ele disse simplesmente e eu não falei de novo. Dei-lhe algum tempo para decidir. E deu certo “Alguma vez você quis tanto algo mesmo sabendo que é errado?”“Estamos falando de algo ou de alguém?” perguntei sem lhe responder efetivamente.“Garota esperta. Estamos falando de alguém.”“Por que você não
Eu desci para o café da manhã por volta das oito horas. Fiquei longas horas pensando sobre a possibilidade de Teo e Matteo serem a mesma pessoa antes de adormecer e me sentia extremamente cansada nesta manhã. Apesar de empolgada por conhecer a propriedade, eu estava igualmente apreensiva sobre o Matteo que encontraria esta manhã. Nossa despedida não foi das melhores a noite passada e eu receava tanto quanto almejava por esse encontro. Era incrível como tudo era confuso entre nós. Desde a forma como nos conhecemos até os eventos que me colocaram aqui neste lugar.Ao chegar ao piso inferior parei, indecisa sobre por qual caminho seguir. Eu sabia que, se seguisse para a direita chegaria até a cozinha, onde estive a noite passada. Após titubear um pouco, segui por esse caminho. Estava bem perto do meu destino quando ouvi duas vozes femininas que conversavam animadamente. Eu parei por um instante na entrada, observando a cena. Uma mulher mais jovem, a qual eu supus ser Guilhermina, tendo e
Nós terminamos de comer e Matteo pegou no bolso de trás da sua calça um tubo de protetor solar. Foi um momento íntimo, apesar inocência do gesto, quando ele passou o protetor no meu rosto e nos meus braços. Em seguida, nós descemos as escadas que dava acesso ao terreno onde havia uma picape parada a nossa espera. Um homem se aproximou e nos entregou chapéus, um de palha com aba larga que protegia muito bem do sol o meu rosto e parte dos meus ombros e a Matteo foi dado um boné branco. Nós entramos no veículo e nos dirigimos à parte de trás da mansão e depois seguimos em frente em direção aos vinhedos. A casa ficava em uma parte alta da extensa propriedade e dava pra ver muito à nossa volta. Mesmo assim, eu não podia dizer onde ficavam os limites da vinícola. Tudo que eu via era o verde dos vinhedos e montanhas. Matteo estacionou e nós caminhamos por diversos corredores de videiras enquanto ele me explicava todo o processo de preparo da terra, plantio, colheita, separação das uvas que s
Nós nos despedimos, eu fechei o notebook e coloquei sobre a mesa lateral. De pé, corri para o banheiro e tomei um banho rápido. Eu queria estar pronta para quando Matteo chegasse em casa e, caso ele não viesse, eu iria atrás dele no escritório oi no meio daquelas uvas. Eu estava no quarto, decidindo que roupa vestir, quando uma batida na porta me interrompeu. Eu amarrei firmemente a tira do roupão e caminhei até a porta para abrir. Eu torcia para que fosse ele e não Guilhermina ou qualquer um dos seus funcionários – Oi – Eu saudei quando vi Matteo parado na porta. Ele estava tenso, eu podia ver isso, mas também parecia decidido. Eu não tinha ideia se isso era bom ou ruim. Nem sabia até onde as minhas palavras mexeram com ele – Achei que tivesse voltado para Milão sem mim. – Brinquei.- Oi. Sinto muito. Eu precisava de um tempo para... resolver algumas coisas.- Entendo. – Eu abri a porta até o final. – Entre – Convidei e ele hesitou um pouco. Mas em seguida entrou no quarto. Olhando e