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Capítulo 3: Planos e sentimentos

Depois de pensar por muito tempo, não consegui chegar a nenhuma resposta sobre o que deveria fazer. Estava no meu escritório, revisando alguns documentos, quando meus pensamentos foram interrompidos por alguém batendo à porta. Era meu amigo Benício, ou Benny, como costumo chamá-lo.

— E aí? Como tem passado esses dias, meu amigo? — ele perguntou ao entrar.

— Com muito trabalho e um problemão para resolver — respondi, esfregando as sobrancelhas.

— Sério? O que seria? Se estiver ao meu alcance, posso te ajudar — ele disse com o mesmo sorriso travesso de sempre.

— Senta aí, para você eu posso contar, porque confio — disse, indicando a cadeira.

— Pode falar, sou todo ouvidos — ele brincou.

— Eu já te contei sobre aquele negócio com o Edgar Santos, né? O empresário que estava procurando alguém para administrar sua rede de hotéis? — questionei.

— Claro, você estava louco para conseguir isso. Sinceramente, nunca vi alguém mais fanático por trabalho que você. — ele disse rindo.

— Isso não vem ao caso. O problema é que ele é muito conservador e estava implicando com minha vida de solteiro, dizendo que eu ia manchar o nome da empresa dele, enfim, essa baboseira de velho. No meio da conversa, acabei falando que estava noivo, e ele disse que ia fechar negócio comigo só quando eu estivesse casado e com a imagem limpa. — expliquei calmamente.

— Eita, amigo! Por que você foi falar isso? Como vai arrumar uma noiva assim tão rápido? — ele perguntou, ficando mais sério.

— Não sei, por isso estou te contando. Quero que você me ajude a pensar em algo. — pedi.

— Você poderia ir naqueles encontros às cegas. Sempre tem uma desesperada que se apaixona no primeiro encontro — ele sugeriu, rindo da minha situação.

— Estou falando sério. Se não for ajudar, não dá ideia besta — reclamei, e minha expressão já mostrava meu descontentamento.

— Mas eu tô falando sério. Um tio meu foi a um desses encontros e casou uma semana depois — ele respondeu.

— Digamos que eu vá a um desses encontros e encontre alguém disposta a se casar comigo. Como vou garantir que ela não tente me enganar ou dar um golpe? — questionei, preocupado.

— Você poderia fazer um contrato, colocando condições e prazo de validade, essas coisas. Se quiser, eu faço isso para você — ele sugeriu com confiança.

Sendo um ótimo advogado, eu podia confiar em suas sugestões, então resolvi aceitar a ideia.

— Então vamos fazer isso. Você consegue marcar um desses encontros para mim? — perguntei.

— Claro, ainda hoje você terá seu primeiro encontro. Pode deixar tudo comigo — ele respondeu.

— Ótimo, sabia que podia contar com você — agradeci sinceramente.

Depois de uma decepção com meu melhor amigo, era difícil confiar em outras pessoas, mas Benny era alguém em quem eu podia pôr a mão no fogo. Já tinha testado a amizade dele algumas vezes devido ao trauma anterior, mas ele sempre se provou digno.

Ele então saiu para resolver o problema, e eu fiquei aguardando o fatídico encontro, torcendo para que algo produtivo resultasse. Não queria me envolver emocionalmente, então planejava oferecer uma quantia de dinheiro e pedir para ela apenas atuar. Se eu não me envolvesse intimamente, seria bem mais fácil contornar qualquer dificuldade.

O expediente de trabalho estava quase no fim quando Benny me enviou uma mensagem com todas as informações do encontro: uma loira com um olhar sensual e o corpo de uma modelo. Fui para casa me preparar, tomei um banho relaxante e vesti uma roupa mais casual.

Ao chegar pontualmente no restaurante, sentei-me e esperei a mulher. Ela entrou usando uma roupa provocante e caminhando como se estivesse numa passarela, o que me fez ver de imediato que aquilo não daria certo. Edgar jamais acreditaria que ela era a mulher discreta que eu havia mencionado.

Tentei ignorar os sinais, já que estávamos ali, mas todas as minhas suspeitas se confirmaram. Durante toda a conversa, ela demonstrou gostar de ostentar luxo. Inventei uma desculpa qualquer e saí de lá, decidido a ir para casa.

Mas ao passar em frente a uma boate, resolvi parar para esfriar a cabeça. O ambiente era animado, com pessoas de todas as idades. Sentei-me no balcão do bar e fiquei observando a pista de dança.

Meu olhar foi atraído por uma mulher ruiva que dançava alegremente. Seu cabelo era curto e, embora não tivesse nada de especial, seu sorriso era cativante. Diverti-me com seu jeito único e contagiante de dançar.

Ela parou e veio em direção ao balcão onde eu estava sentado. Pediu uma bebida sem álcool, o que achei estranho. Quem vai a uma boate para beber algo sem álcool? Tentei ignorar e disfarçar meus pensamentos.

Era incompreensível como ela mexia com meus sentimentos. Precisava ser racional naquele momento. Ela parecia ser alguém que Edgar acreditaria que eu estava apaixonado. Agora só precisava descobrir se eu estava certo.

Percebi que ela olhou para mim e desviou o olhar, parecendo um pouco envergonhada. Perguntei-me o que ela estava pensando e decidi ir em sua direção, sentando ao seu lado.

— Olá, meu nome é Julian. Eu estava observando você dançar. Você se incomoda se eu sentar aqui com você? — perguntei com um sorriso, percebendo que ela corou levemente.

— Eu sei quem você é. Sua fama é bem única — ela respondeu.

Já imaginava como seria a conversa. Pensei que ela se jogaria em cima de mim como todas as outras. Isso era cansativo.

— Meu nome é Vivian e não, não me incomodo que você sente, até porque, não comprei esse lugar. Mas não espere que eu vá ser mais uma das que você vai colocar na sua coleção — ela disse com irritação.

Confesso que essa atitude me surpreendeu. Fiquei ainda mais curioso sobre que tipo de mulher ela era. Coloquei meu melhor sorriso e ignorei a expressão dela.

— Você não deveria acreditar em tudo que vê por aí. Eu não sou esse homem que a mídia prega — sussurrei em seu ouvido.

— Você tem razão, me desculpe. Eles sempre exageram, não é? — ela falou, parecendo se sentir culpada.

Tentei disfarçar, mas estava adorando suas expressões. Ela com certeza não seria uma boa atriz, pois era fácil ver o que ela estava pensando. Naquele momento, pensei se valia a pena fazer a proposta para ela. Estava claramente sentindo algo, então o melhor era encerrar a conversa ali, antes que eu me envolvesse demais.

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