Acho que esta foi uma das noites mais loucas que já tive em minha vida. Julian parecia um pouco estranho quando começamos a conversar, sempre cauteloso, como se estivesse investigando meu passado com suas perguntas. De certa forma, ele não parecia a pessoa que a mídia pregava.
Eu estava até simpatizando com ele, mas me preocupou a forma como ele fez uma proposta tão complicada para alguém que ele mal conhecia. Não me parecia seguro. Não sei se ele não tinha pensado muito sobre isso ou se estava apenas desesperado, mas com certeza seria um desastre se ele fizesse essa proposta para a pessoa errada e ela resolvesse se aproveitar dele. Não que eu esteja duvidando de sua inteligência. Na verdade, eu nem deveria estar preocupada com ele, mas resolvi ajudá-lo. Se alguém precisava fazer aquilo, melhor que fosse eu, assim ele não teria que se machucar depois. Digamos que será minha última boa ação antes de eu ir embora. Percebo que ele ficou visivelmente receoso com minhas exigências, como se alguém tivesse machucado seu coração, isso me deixou um pouco triste. Eu só espero que ele não se apaixone por mim no decorrer do tempo que vamos conviver; seria uma despedida muito trágica e não é o que desejo. Vi minha amiga saindo sem nem me avisar. Fiquei preocupada, já que tinha vindo com ela, então não sabia como iria voltar. Para minha sorte, Julian se ofereceu para me levar até em casa. O caminho para casa foi tranquilo. Falei para ele o endereço e seguimos. Ele ficou o tempo todo em silêncio, parecia irritado, mas estava se esforçando para não demonstrar. Eu penso se estava realmente fazendo a coisa certa, mas, de certa forma, também estava agindo de forma egoísta. A verdade é que eu tinha outro motivo para fazer aquilo. Eu estava doente e sentia que não tinha muito tempo de vida, ou talvez eu apenas tenha desistido de lutar. Mas, enfim, não quero que esse seja um momento triste, então ele não pode descobrir. Tudo que eu queria nesse momento era aproveitar um amor que eu nunca tinha vivido antes. Mesmo que não fosse real, eu estaria feliz. Então, talvez eu agisse um pouco de forma irritante. Se ele não me amasse, então ele não ficaria triste quando eu partisse. — Amanhã, no horário do almoço, eu trago o contrato para você assinar — ele disse quando chegamos. — Tudo bem! — eu respondi e fiquei aguardando ele abrir a porta para mim. Acho que ele não entendeu a dica, mas era engraçada a expressão que ele fazia. — Você não vai abrir a porta para mim? — questionei com um sorriso. — Claro! — ele respondeu resignado e saiu, dando a volta no carro. — Agora você tem que me levar até a porta — eu disse, apreciando o momento. — Eu tenho mesmo que fazer isso? Sabe, eu não vou me apaixonar por você ou nada do tipo, então seria bom não se iludir — ele disse com um tom sério, mas eu apenas ignorei. — Não se preocupe, como disse, é apenas para a minha pesquisa. Ou eu não sou bonita o suficiente? Por isso não quer entrar na história? — questionei. — Você é uma mulher linda, esse não é o problema — ele respondeu. — Então vamos apenas aproveitar o momento e, quando isso terminar, cada um segue sua vida, como se nada tivesse acontecido — digo, como se fosse uma sugestão muito óbvia. — Tudo bem! Então vamos fazer assim. Boa noite! — ele respondeu, já indo embora. — Não tá esquecendo nada? — eu questionei. — Não sei, estou? — ele replicou. — Claro, estamos noivos e você ainda não me beijou. Noivos se despedem com um beijo, ou estou errada? — retruquei, piscando para ele. Após alguns segundos de hesitação, ele voltou e me beijou. Confesso que sentir os seus lábios tocando os meus foi melhor do que imaginei: quente e macio, ao mesmo tempo acolhedor. Um beijo curto, mas que me trouxe um turbilhão de emoções. Ele, por outro lado, pareceu não ter gostado muito do beijo. Fiquei me questionando se eu não beijava muito bem, mas não era como se eu fosse uma especialista na área. Ele se despediu de mim com um sorriso forçado e saiu, acelerando o carro. Entrei em casa com um misto de sentimentos em meu coração. Sei que estou apenas me iludindo, acreditando em uma fantasia criada por mim, mas quem pode me julgar? Acho que não é tão errado assim querer viver um amor, né? Bom, de qualquer forma, eu já tinha feito minha escolha, só restava esperar pelo desenrolar da história. Deitada na cama, enquanto tentava dormir, meus pensamentos convergiam em apenas uma direção: Julian. O sabor de seus lábios ainda estava ali e eu podia sentir a mesma emoção que sentira na hora. Acho que estou parecendo muito boba e talvez você tenha razão de pensar isso sobre mim, mas acho que a felicidade era maior que qualquer julgamento que até eu mesma possa estar fazendo. O doce manto da noite finalmente me cobriu, levando-me para um mundo de sonhos onde eu poderia ter uma vida longa e perfeita. Tudo o que eu queria era estar longe e livre de toda essa dor. Eu estava quase chegando na porta quando uma voz ressoou meu nome. Que bobagem, ele jamais faria isso. Não pense muito, eu dizia para mim mesma. Acordei cedinho, um pouco cansada, mas nada para se preocupar. Como ele viria para o almoço, resolvi fazer algo para comermos. Mandei uma mensagem avisando e perguntando se ele tinha alguma alergia ou preferência. Ao receber a resposta, fui até o mercado comprar os itens necessários para fazer o almoço. Modéstia à parte, eu sou uma excelente cozinheira. Nada comparado a chefs de cozinha, obviamente, mas ninguém reclamou até agora. Ele disse que não tinha nenhuma alergia ou preferência, então resolvi fazer uma comida caseira. Espero que não seja muito simples. Imagino que ele deve ter um chef particular de tão rico que é. Fiquei imaginando ele sentado em uma mesa gigante sendo servido por empregados. Deve ser uma cena engraçada, pensei, rindo sozinha. As pessoas no supermercado deviam achar que sou louca. Após pagar pelas compras, voltei para casa e dei o meu melhor para fazer uma comida gostosa. Espero que ele goste; pelo menos está ficando cheiroso. Terminando de preparar a comida, fui tomar um banho relaxante para esperá-lo. Coloquei um vestido azul e usei uma maquiagem simples. Sei que é apenas para assinar um contrato, mas queria estar bonita.Eu saí da casa daquela doidinha com os pensamentos muito confusos. Talvez eu tenha deixado uma má impressão sobre o tipo de pessoa que sou, mas não me importo; se ela desistir dessa história de romance, será melhor para mim.De qualquer forma, nada melhor que uma boa noite de sono para esfriar a cabeça e ajustar os pensamentos. Se eu conseguisse controlar a situação e cumprir meu objetivo, não me importava com qual sacrifício teria que fazer.Mas a noite se arrastava e o sono não vinha. Olhando para o teto, os pensamentos giravam em uma tormenta de ilusões, com sentimentos que eu não estava disposto a encarar. Eu me fazia perguntas, mas as respostas não satisfaziam minhas expectativas. Então o cansaço me venceu, e pude finalmente descansar.Ou pelo menos foi o que pensei. Pouco tempo depois, o alarme tocou, dando início a um novo dia de trabalho. Se alguém visse meu estado, pensaria que eu tinha passado a madrugada toda em alguma festa por aí. Mas tentei ignorar e, ainda relutante, fu
Sentada no sofá, eu esperava pacientemente Julian chegar, enquanto escrevia um pouco do meu próximo livro. Perguntava-me se ele realmente traria as flores. Não sei, vocês acham que ele lembraria disso no primeiro dia? Espero que sim, mas vou relevar se isso não acontecer. Nos outros dias, com certeza, vou cobrar.Não faltava muito para ele chegar, pelo menos se ele fosse pontual. Mas antes de concluir meu raciocínio; escutei a campainha tocando. Levanto-me, arrumo o vestido que estava um pouco amassado e vou até a porta atendê-lo.Para minha surpresa, ele carregava um grande buquê cheio das mais variadas flores. Fiquei encantada com a beleza delas. Ele me olha com um sorriso forçado, mas minha visão é capturada por seu olhar enigmático. Seus olhos são profundos e revelam mais do que ele tenta demonstrar, algo que poucos conseguiram ver. Sinto que ele talvez não seja tão durão quanto quer parecer.— Trouxe para você, conforme o combinado — disse ele, ressaltando o acordo.— Muito obrig
Até que ir almoçar com aquela doidinha não foi de todo mal. Quando ela me recebeu, usava um delicado vestido azul que destacava suas curvas, o que me deixou um pouco nervoso, mas tentei não demonstrar. Sua casa, apesar de pequena, era realmente encantadora.Eu conseguiria viver ali tranquilamente. As paredes eram pintadas de um leve tom de rosa, havia poucos móveis na sala, um armário com alguns livros, uma mesinha e um sofá. Sobre o sofá, repousava seu notebook ainda aberto. Não sei por qual motivo, mas ela correu para guardá-lo. Talvez fosse uma daquelas escritoras que não gostam de mostrar seus textos até estarem prontos, mas não é como se eu quisesse ler.Sentado no sofá, fiquei a observar as janelas perfeitamente posicionadas, uma na sala de entrada e a outra na sala de jantar. Não havia uma parede dividindo os ambientes, então dava para ver tudo perfeitamente. Era bem confortável ficar sentado ali. Pensei que poderia fingir estar com trabalho acumulado quando viesse visitá-la, a
Julian me mandou uma mensagem marcando um encontro com Edgar. Fui tomada por uma ansiedade misturada com nervosismo, mas não sabia se o pior era o encontro ou ele ter falado que eu ia fazer compras com a irmã dele. Não achei que fosse conhecer sua família assim tão cedo.Vocês acham que ela iria gostar de mim? Eu não sei, mas estava com um péssimo pressentimento sobre a noite. Me arrumei e fiquei aguardando o motorista que ele havia falado que ia me levar até o shopping. Ele chegou pontualmente, parecia ter uns 40 anos, com um sorriso amigável, abriu a porta para mim e partimos.O shopping era bem grande. O motorista me instruiu onde era a loja em que eu iria comprar minha roupa, e eu fui até lá. Era uma loja muito elegante. Uma das vendedoras veio me atender, muito educada, e me mostrava as roupas com muita paciência. A irmã de Julian ainda não tinha chegado, então apenas fiquei observando as roupas que ela ia me mostrando.Vi um vestido muito bonito, vermelho e com um decote discret
Durante muitos anos, amei uma mulher com toda a alma e coração. Passar os dias com ela era um bálsamo para minha vida. Viagens, joias, roupas... nada parecia suficiente. Sempre a mimava e sonhava com o dia em que teríamos um filho, fruto do nosso amor.Para mim, não existia mulher mais perfeita. Ela era bonita, íntegra, de coração puro e sempre tinha a palavra certa para fazer meu coração palpitar.Mas um dia, descobri que tudo não passava de um delírio dos meus pensamentos. Esther Torres nunca foi uma pessoa boa e honesta, muito pelo contrário.Ela usava suas doces palavras para manipular meu coração. Como descobri isso? Alguns dias antes do nosso casamento, peguei-a na cama com meu melhor amigo. Naquele momento, só queria sair dali. Olhar para suas expressões de pavor, tentando se justificar, era o cúmulo do ridículo para mim.Mas logo suas máscaras caíram, revelando a verdade suja: ela nunca me amou, e ele nunca foi meu amigo. Eu estava destruído por dentro, e isso fez meu coração
Meu nome é Vivian Rocha, tenho 25 anos e sou formada em publicidade. No entanto, descobri minha verdadeira vocação ao escrever livros. Ainda faço alguns trabalhos publicitários, mas nada relevante. Sempre vivi conforme a minha vontade, sem me importar com os julgamentos alheios.Eu sei o que você pode estar pensando, mas minha vida era bastante comum. Vivia com o pouco dinheiro que ganhava dos meus livros e dos meus bicos com publicidade. Nada para exaltar, mas o suficiente para manter um padrão de vida confortável.Cresci em uma família simples, mas todos eram gentis e amáveis, especialmente meu irmão, Bruno. Ele era superprotetor por ser mais velho e sempre achou que era responsável por mim. Às vezes, era um pouco sufocante, mas reconfortante saber que tinha alguém para me apoiar sempre que eu precisasse.Agora, estou passando por um momento difícil. Sinto que terei que fazer uma longa viagem em breve e talvez nunca mais volte, mas não quero falar sobre isso agora. Decidi aproveitar
Depois de pensar por muito tempo, não consegui chegar a nenhuma resposta sobre o que deveria fazer. Estava no meu escritório, revisando alguns documentos, quando meus pensamentos foram interrompidos por alguém batendo à porta. Era meu amigo Benício, ou Benny, como costumo chamá-lo.— E aí? Como tem passado esses dias, meu amigo? — ele perguntou ao entrar.— Com muito trabalho e um problemão para resolver — respondi, esfregando as sobrancelhas.— Sério? O que seria? Se estiver ao meu alcance, posso te ajudar — ele disse com o mesmo sorriso travesso de sempre.— Senta aí, para você eu posso contar, porque confio — disse, indicando a cadeira.— Pode falar, sou todo ouvidos — ele brincou.— Eu já te contei sobre aquele negócio com o Edgar Santos, né? O empresário que estava procurando alguém para administrar sua rede de hotéis? — questionei.— Claro, você estava louco para conseguir isso. Sinceramente, nunca vi alguém mais fanático por trabalho que você. — ele disse rindo.— Isso não vem
Quando eu estava prestes a inventar uma desculpa para ir embora, a amiga dela chegou e nos puxou para a pista de dança. Vi as duas sussurrando algo, mas não consegui entender por causa da música alta.— Você deveria se soltar mais e aproveitar a música — ela disse, se aproximando.— Eu não sou muito bom nisso — respondi, sorrindo.— Não tem problema, eu também não sou — ela respondeu.Dançamos no ritmo da música, às vezes bem próximos. Aproveitei o momento para descobrir mais sobre ela. Repensei minhas atitudes; se uma mulher conseguia mexer assim com meus sentimentos, eu precisava aprender a lidar com isso para me proteger no futuro. Talvez, se ela concordasse, eu poderia usar essa experiência para me tornar imune a futuras tentativas de sedução.— Eu queria te fazer uma proposta. Será que podemos ir a um lugar mais reservado? — perguntei, sussurrando para ela.— Que tipo de proposta você quer fazer? — ela questionou, curiosa.— É algo que pode beneficiar nós dois, mas não posso cont