Capítulo 4: Firmando o contrato

Quando eu estava prestes a inventar uma desculpa para ir embora, a amiga dela chegou e nos puxou para a pista de dança. Vi as duas sussurrando algo, mas não consegui entender por causa da música alta.

— Você deveria se soltar mais e aproveitar a música — ela disse, se aproximando.

— Eu não sou muito bom nisso — respondi, sorrindo.

— Não tem problema, eu também não sou — ela respondeu.

Dançamos no ritmo da música, às vezes bem próximos. Aproveitei o momento para descobrir mais sobre ela. Repensei minhas atitudes; se uma mulher conseguia mexer assim com meus sentimentos, eu precisava aprender a lidar com isso para me proteger no futuro. Talvez, se ela concordasse, eu poderia usar essa experiência para me tornar imune a futuras tentativas de sedução.

— Eu queria te fazer uma proposta. Será que podemos ir a um lugar mais reservado? — perguntei, sussurrando para ela.

— Que tipo de proposta você quer fazer? — ela questionou, curiosa.

— É algo que pode beneficiar nós dois, mas não posso contar aqui. É algo sigiloso — respondi, e ela pareceu interessada.

Após concordar, fomos para uma área mais reservada da boate. Quando verifiquei que estávamos sozinhos, comecei a falar:

— Eu vou ser bem sincero. Eu preciso de ajuda para resolver um problema, mas só posso contar o que é se você prometer não falar sobre isso para ninguém — disse, observando sua reação para ver se podia confiar.

— Bom, nós mal nos conhecemos, mas se estiver ao meu alcance, eu posso tentar te ajudar. Também prometo não falar nada para ninguém sobre essa conversa, mesmo que eu não consiga te ajudar — ela disse, receosa.

— Você já conhece um pouco da minha fama, e o meu problema é justamente ela. Eu estava prestes a fechar um negócio muito importante com um empresário que pretende me colocar como administrador de sua rede de hotéis. No entanto, ele é muito conservador e está preocupado com as notícias que aparecem sobre mim na imprensa — expliquei, observando suas expressões.

— Você quer que eu use meus contatos para limpar sua imagem? — ela questionou, e realmente seria de grande ajuda, pensei.

— Na verdade, é mais complicado que isso, embora seria de grande ajuda se você fizesse isso — respondi.

— Então, o que você quer de mim? — ela insistiu.

— Acontece que, no meio da minha conversa com ele, eu acabei cometendo um erro. Falei que estava noivo de uma mulher, que estava apaixonado e iria casar com ela. Não me entenda mal, você é uma mulher bonita e inteligente, parece se encaixar perfeitamente na descrição que eu dei para ele. Então, se você concordar, ficaríamos noivos agora mesmo. Claro que seria um relacionamento apenas de fachada, e eu vou te pagar muito bem para atuar comigo e me ajudar a resolver esse problema. O que você me diz? — expliquei calmamente, fazendo a proposta.

— Você está brincando comigo, né? — ela perguntou, estupefata.

— Eu sei que parece loucura, mas eu realmente me meti nessa encrenca e preciso de ajuda. Se você me ajudar, faremos tudo direitinho e te pagarei cinco milhões no final do nosso casamento. O que você me diz? Você não vai sair perdendo — disse, tentando persuadi-la. Afinal, quem recusaria tanto dinheiro? Não conheci ninguém até agora que tenha feito isso.

— Me dê alguns minutos para eu pensar — ela pediu, e eu consenti, indo pegar uma bebida para nós.

Chegando no balcão, esperei alguns minutos e só então pedi uma bebida para mim e uma para ela, sem álcool, como eu a tinha visto pedindo antes. Reparei que ela estava bem reflexiva. Estava confiante de que ela aceitaria; parecia que meu plano fluiria de forma fácil. Ela parecia ter uma personalidade calma. Aproveitaria esse tempo para ficar ainda mais imune a sentimentos do coração. Não poderia ser melhor.

Voltei à mesa onde estávamos sentados, entreguei a bebida a ela e fiquei aguardando a resposta.

— Eu topo, mas tenho algumas condições — ela disse, com uma voz confiante.

— Quais condições? Cinco milhões não são suficientes? Posso subir para dez milhões, mas não mais que isso — disse, receoso de ela querer subir além disso.

— Não, minha condição é justamente o contrário. Ao invés de você me dar os cinco milhões, eu quero que você realmente aja como se fosse meu noivo e, futuramente, meu marido — ela respondeu, me deixando incrédulo.

— Tem certeza de que não quer aumentar? Se dez milhões não forem suficientes, posso subir para quinze milhões, mas essa é minha última oferta — disse, sentindo a facada que seria. Agir realmente como marido dela seria perigoso demais para mim, na verdade, inconcebível.

— Não, essa é a minha oferta. É pegar ou largar, e é para colocar tudo o que eu vou falar no contrato, com a cláusula de que eu posso rompê-lo se você não for um bom marido — ela disse, relutante.

— Eu sou um homem muito ocupado. Não tenho tempo para te dar atenção. Seria melhor se você aceitasse o dinheiro. Por que você não aceita? — questionei, já sem esperanças.

— Não se preocupe, eu não vou ser uma noiva muito exigente. Você deveria estar feliz. Afinal, vai conseguir fechar seu negócio sem percalços. Será benéfico para os dois — ela disse, com confiança.

— Eu não entendo. Qual é o seu objetivo fazendo isso? — questionei.

— Digamos que é uma espécie de laboratório de campo. Já te falei que sou escritora, né? Então... Estou começando a escrever um romance sobre uma mulher que vai viajar para o exterior e deixa seu amor para trás. Seria ótimo para melhorar minha escrita e deixar meu livro muito mais profundo — ela respondeu.

— Tudo bem, vamos fechar o acordo. Mande suas exigências por mensagem e eu colocarei no contrato — disse, após refletir um pouco.

Não deve ser difícil agradá-la. Já fui esse tipo de homem, posso fingir ser ele agora. Dei meu número e, alguns minutos depois, ela mandou a mensagem com suas exigências. Algumas eram estranhas, como levar flores todos os dias e fazer surpresas, até mesmo carrega-la no colo até a cama, após o casamento. Seria cansativo.

— Não tenho reclamações quanto à lista. Algum problema? — questionei, vendo seu olhar perdido.

— Não, é que vi minha amiga saindo com o rapaz que ela estava ficando e estou sem carona para casa — ela reclamou.

— Então deixe-me começar a fazer meu papel de noivo e te levar para casa — eu disse, e ela sorriu com um dos sorrisos mais brilhantes que já vi.

— Tudo bem, vamos! — ela disse, segurando minha mão. Eu realmente ainda era um homem tolo por isso ter mexido comigo. Preciso ser mais forte.

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