Quando eu estava prestes a inventar uma desculpa para ir embora, a amiga dela chegou e nos puxou para a pista de dança. Vi as duas sussurrando algo, mas não consegui entender por causa da música alta.
— Você deveria se soltar mais e aproveitar a música — ela disse, se aproximando. — Eu não sou muito bom nisso — respondi, sorrindo. — Não tem problema, eu também não sou — ela respondeu. Dançamos no ritmo da música, às vezes bem próximos. Aproveitei o momento para descobrir mais sobre ela. Repensei minhas atitudes; se uma mulher conseguia mexer assim com meus sentimentos, eu precisava aprender a lidar com isso para me proteger no futuro. Talvez, se ela concordasse, eu poderia usar essa experiência para me tornar imune a futuras tentativas de sedução. — Eu queria te fazer uma proposta. Será que podemos ir a um lugar mais reservado? — perguntei, sussurrando para ela. — Que tipo de proposta você quer fazer? — ela questionou, curiosa. — É algo que pode beneficiar nós dois, mas não posso contar aqui. É algo sigiloso — respondi, e ela pareceu interessada. Após concordar, fomos para uma área mais reservada da boate. Quando verifiquei que estávamos sozinhos, comecei a falar: — Eu vou ser bem sincero. Eu preciso de ajuda para resolver um problema, mas só posso contar o que é se você prometer não falar sobre isso para ninguém — disse, observando sua reação para ver se podia confiar. — Bom, nós mal nos conhecemos, mas se estiver ao meu alcance, eu posso tentar te ajudar. Também prometo não falar nada para ninguém sobre essa conversa, mesmo que eu não consiga te ajudar — ela disse, receosa. — Você já conhece um pouco da minha fama, e o meu problema é justamente ela. Eu estava prestes a fechar um negócio muito importante com um empresário que pretende me colocar como administrador de sua rede de hotéis. No entanto, ele é muito conservador e está preocupado com as notícias que aparecem sobre mim na imprensa — expliquei, observando suas expressões. — Você quer que eu use meus contatos para limpar sua imagem? — ela questionou, e realmente seria de grande ajuda, pensei. — Na verdade, é mais complicado que isso, embora seria de grande ajuda se você fizesse isso — respondi. — Então, o que você quer de mim? — ela insistiu. — Acontece que, no meio da minha conversa com ele, eu acabei cometendo um erro. Falei que estava noivo de uma mulher, que estava apaixonado e iria casar com ela. Não me entenda mal, você é uma mulher bonita e inteligente, parece se encaixar perfeitamente na descrição que eu dei para ele. Então, se você concordar, ficaríamos noivos agora mesmo. Claro que seria um relacionamento apenas de fachada, e eu vou te pagar muito bem para atuar comigo e me ajudar a resolver esse problema. O que você me diz? — expliquei calmamente, fazendo a proposta. — Você está brincando comigo, né? — ela perguntou, estupefata. — Eu sei que parece loucura, mas eu realmente me meti nessa encrenca e preciso de ajuda. Se você me ajudar, faremos tudo direitinho e te pagarei cinco milhões no final do nosso casamento. O que você me diz? Você não vai sair perdendo — disse, tentando persuadi-la. Afinal, quem recusaria tanto dinheiro? Não conheci ninguém até agora que tenha feito isso. — Me dê alguns minutos para eu pensar — ela pediu, e eu consenti, indo pegar uma bebida para nós. Chegando no balcão, esperei alguns minutos e só então pedi uma bebida para mim e uma para ela, sem álcool, como eu a tinha visto pedindo antes. Reparei que ela estava bem reflexiva. Estava confiante de que ela aceitaria; parecia que meu plano fluiria de forma fácil. Ela parecia ter uma personalidade calma. Aproveitaria esse tempo para ficar ainda mais imune a sentimentos do coração. Não poderia ser melhor. Voltei à mesa onde estávamos sentados, entreguei a bebida a ela e fiquei aguardando a resposta. — Eu topo, mas tenho algumas condições — ela disse, com uma voz confiante. — Quais condições? Cinco milhões não são suficientes? Posso subir para dez milhões, mas não mais que isso — disse, receoso de ela querer subir além disso. — Não, minha condição é justamente o contrário. Ao invés de você me dar os cinco milhões, eu quero que você realmente aja como se fosse meu noivo e, futuramente, meu marido — ela respondeu, me deixando incrédulo. — Tem certeza de que não quer aumentar? Se dez milhões não forem suficientes, posso subir para quinze milhões, mas essa é minha última oferta — disse, sentindo a facada que seria. Agir realmente como marido dela seria perigoso demais para mim, na verdade, inconcebível. — Não, essa é a minha oferta. É pegar ou largar, e é para colocar tudo o que eu vou falar no contrato, com a cláusula de que eu posso rompê-lo se você não for um bom marido — ela disse, relutante. — Eu sou um homem muito ocupado. Não tenho tempo para te dar atenção. Seria melhor se você aceitasse o dinheiro. Por que você não aceita? — questionei, já sem esperanças. — Não se preocupe, eu não vou ser uma noiva muito exigente. Você deveria estar feliz. Afinal, vai conseguir fechar seu negócio sem percalços. Será benéfico para os dois — ela disse, com confiança. — Eu não entendo. Qual é o seu objetivo fazendo isso? — questionei. — Digamos que é uma espécie de laboratório de campo. Já te falei que sou escritora, né? Então... Estou começando a escrever um romance sobre uma mulher que vai viajar para o exterior e deixa seu amor para trás. Seria ótimo para melhorar minha escrita e deixar meu livro muito mais profundo — ela respondeu. — Tudo bem, vamos fechar o acordo. Mande suas exigências por mensagem e eu colocarei no contrato — disse, após refletir um pouco. Não deve ser difícil agradá-la. Já fui esse tipo de homem, posso fingir ser ele agora. Dei meu número e, alguns minutos depois, ela mandou a mensagem com suas exigências. Algumas eram estranhas, como levar flores todos os dias e fazer surpresas, até mesmo carrega-la no colo até a cama, após o casamento. Seria cansativo. — Não tenho reclamações quanto à lista. Algum problema? — questionei, vendo seu olhar perdido. — Não, é que vi minha amiga saindo com o rapaz que ela estava ficando e estou sem carona para casa — ela reclamou. — Então deixe-me começar a fazer meu papel de noivo e te levar para casa — eu disse, e ela sorriu com um dos sorrisos mais brilhantes que já vi. — Tudo bem, vamos! — ela disse, segurando minha mão. Eu realmente ainda era um homem tolo por isso ter mexido comigo. Preciso ser mais forte.Acho que esta foi uma das noites mais loucas que já tive em minha vida. Julian parecia um pouco estranho quando começamos a conversar, sempre cauteloso, como se estivesse investigando meu passado com suas perguntas. De certa forma, ele não parecia a pessoa que a mídia pregava.Eu estava até simpatizando com ele, mas me preocupou a forma como ele fez uma proposta tão complicada para alguém que ele mal conhecia. Não me parecia seguro. Não sei se ele não tinha pensado muito sobre isso ou se estava apenas desesperado, mas com certeza seria um desastre se ele fizesse essa proposta para a pessoa errada e ela resolvesse se aproveitar dele.Não que eu esteja duvidando de sua inteligência. Na verdade, eu nem deveria estar preocupada com ele, mas resolvi ajudá-lo. Se alguém precisava fazer aquilo, melhor que fosse eu, assim ele não teria que se machucar depois. Digamos que será minha última boa ação antes de eu ir embora.Percebo que ele ficou visivelmente receoso com minhas exigências, como se
Eu saí da casa daquela doidinha com os pensamentos muito confusos. Talvez eu tenha deixado uma má impressão sobre o tipo de pessoa que sou, mas não me importo; se ela desistir dessa história de romance, será melhor para mim.De qualquer forma, nada melhor que uma boa noite de sono para esfriar a cabeça e ajustar os pensamentos. Se eu conseguisse controlar a situação e cumprir meu objetivo, não me importava com qual sacrifício teria que fazer.Mas a noite se arrastava e o sono não vinha. Olhando para o teto, os pensamentos giravam em uma tormenta de ilusões, com sentimentos que eu não estava disposto a encarar. Eu me fazia perguntas, mas as respostas não satisfaziam minhas expectativas. Então o cansaço me venceu, e pude finalmente descansar.Ou pelo menos foi o que pensei. Pouco tempo depois, o alarme tocou, dando início a um novo dia de trabalho. Se alguém visse meu estado, pensaria que eu tinha passado a madrugada toda em alguma festa por aí. Mas tentei ignorar e, ainda relutante, fu
Sentada no sofá, eu esperava pacientemente Julian chegar, enquanto escrevia um pouco do meu próximo livro. Perguntava-me se ele realmente traria as flores. Não sei, vocês acham que ele lembraria disso no primeiro dia? Espero que sim, mas vou relevar se isso não acontecer. Nos outros dias, com certeza, vou cobrar.Não faltava muito para ele chegar, pelo menos se ele fosse pontual. Mas antes de concluir meu raciocínio; escutei a campainha tocando. Levanto-me, arrumo o vestido que estava um pouco amassado e vou até a porta atendê-lo.Para minha surpresa, ele carregava um grande buquê cheio das mais variadas flores. Fiquei encantada com a beleza delas. Ele me olha com um sorriso forçado, mas minha visão é capturada por seu olhar enigmático. Seus olhos são profundos e revelam mais do que ele tenta demonstrar, algo que poucos conseguiram ver. Sinto que ele talvez não seja tão durão quanto quer parecer.— Trouxe para você, conforme o combinado — disse ele, ressaltando o acordo.— Muito obrig
Até que ir almoçar com aquela doidinha não foi de todo mal. Quando ela me recebeu, usava um delicado vestido azul que destacava suas curvas, o que me deixou um pouco nervoso, mas tentei não demonstrar. Sua casa, apesar de pequena, era realmente encantadora.Eu conseguiria viver ali tranquilamente. As paredes eram pintadas de um leve tom de rosa, havia poucos móveis na sala, um armário com alguns livros, uma mesinha e um sofá. Sobre o sofá, repousava seu notebook ainda aberto. Não sei por qual motivo, mas ela correu para guardá-lo. Talvez fosse uma daquelas escritoras que não gostam de mostrar seus textos até estarem prontos, mas não é como se eu quisesse ler.Sentado no sofá, fiquei a observar as janelas perfeitamente posicionadas, uma na sala de entrada e a outra na sala de jantar. Não havia uma parede dividindo os ambientes, então dava para ver tudo perfeitamente. Era bem confortável ficar sentado ali. Pensei que poderia fingir estar com trabalho acumulado quando viesse visitá-la, a
Julian me mandou uma mensagem marcando um encontro com Edgar. Fui tomada por uma ansiedade misturada com nervosismo, mas não sabia se o pior era o encontro ou ele ter falado que eu ia fazer compras com a irmã dele. Não achei que fosse conhecer sua família assim tão cedo.Vocês acham que ela iria gostar de mim? Eu não sei, mas estava com um péssimo pressentimento sobre a noite. Me arrumei e fiquei aguardando o motorista que ele havia falado que ia me levar até o shopping. Ele chegou pontualmente, parecia ter uns 40 anos, com um sorriso amigável, abriu a porta para mim e partimos.O shopping era bem grande. O motorista me instruiu onde era a loja em que eu iria comprar minha roupa, e eu fui até lá. Era uma loja muito elegante. Uma das vendedoras veio me atender, muito educada, e me mostrava as roupas com muita paciência. A irmã de Julian ainda não tinha chegado, então apenas fiquei observando as roupas que ela ia me mostrando.Vi um vestido muito bonito, vermelho e com um decote discret
"Sou uma pessoa de sorte", foi o que pensei depois de apresentar Vivian a Edgar. Ele não desconfiou de nada.— Fico feliz que você tenha encontrado alguém para amar. Sei que você entenderá o que falo para você depois — ele disse com um sorriso brilhante.— Com certeza, senhor Edgar — respondi.Após nos receber, ele chamou um dos empregados, que nos conduziu até nossa mesa. O ambiente era elegante, como esperado de todos os jantares que Edgar organizava. E pense em um homem que gostava de festas: era ele. Um pouco depois, sua esposa, Elizabete, também apareceu para nos cumprimentar. Eles formavam um belo casal, isso eu tinha que admitir.— Espero que nosso amor seja tão forte e duradouro quanto o de vocês — disse, demonstrando admiração.— Tenho certeza que será. Posso ver nos seus olhos que os dois se amam de verdade — ela disse empolgada.— Isso é verdade. Eu o amei desde a primeira vez que o vi e sinto que esse amor vai durar para sempre — Vivian afirmou olhando para mim.Naquele mo
Muitas vezes, a felicidade daqueles que estão ao nosso redor acaba se tornando mais prazerosa que a nossa própria felicidade. Ver o sorriso de Julian, vendo que seus planos estavam dando certo, me deixou extremamente animada; seus olhos tinham um brilho especial.Sob a luz das estrelasO brilho de seu olharSob o manto do céuMeu coração a palpitarAcho que esse jantar me trouxe grandes inspirações. Por mais que o conhecesse há apenas poucos dias, eu já estava começando a sentir uma pequena conexão entre nós. Um laço fraco, construído através de uma mentira, mas que me fazia sentir um pouco mais viva.Mas esse sentimento não iria durar muito. No dia seguinte, eu teria que ir para a minha primeira sessão de quimioterapia e isso com certeza iria me destruir. Sinceramente, eu já estava cansada de tudo isso, mas deixemos para lá, não quero transformar isso em uma lembrança ruim.Voltando à noite, o que mais me chama a atenção em Julian é que, apesar de por fora ele demonstrar frieza e fal
Após algumas horas que pareciam intermináveis, finalmente terminamos todos os procedimentos do dia. Eu estava me sentindo acabada, cansada, enjoada; só queria chegar em casa e deitar. No caminho de volta, não falamos muito. Bruno entendia perfeitamente o quanto eu ficava exausta depois da sessão de quimioterapia e não insistiu em conversar. Quando chegamos, ele me ajudou a entrar em casa, pois eu estava um pouco tonta, mas sem querer acabei vomitando em toda a sua roupa. — De... Desculpa — disse, afastando-me dele. Já tinha acontecido outras vezes, mas é sempre constrangedor. — Hey, você sabe que não precisa se preocupar — disse ele, ajudando-me a sentar no sofá — Vou te dar o seu remédio para enjoo, aí tomo um banho. Rapidamente ele foi até a cozinha, trazendo meu remédio, um copo de água e um lenço para eu me limpar. Eu tinha sorte de ter um irmão tão bom e compreensivo. Desde que me lembro, ele sempre foi assim, ajudando-me com toda a paciência do mundo, e eu era grata por i