Capítulo 8: Entre verdades e mentiras

Até que ir almoçar com aquela doidinha não foi de todo mal. Quando ela me recebeu, usava um delicado vestido azul que destacava suas curvas, o que me deixou um pouco nervoso, mas tentei não demonstrar. Sua casa, apesar de pequena, era realmente encantadora.

Eu conseguiria viver ali tranquilamente. As paredes eram pintadas de um leve tom de rosa, havia poucos móveis na sala, um armário com alguns livros, uma mesinha e um sofá. Sobre o sofá, repousava seu notebook ainda aberto. Não sei por qual motivo, mas ela correu para guardá-lo. Talvez fosse uma daquelas escritoras que não gostam de mostrar seus textos até estarem prontos, mas não é como se eu quisesse ler.

Sentado no sofá, fiquei a observar as janelas perfeitamente posicionadas, uma na sala de entrada e a outra na sala de jantar. Não havia uma parede dividindo os ambientes, então dava para ver tudo perfeitamente. Era bem confortável ficar sentado ali. Pensei que poderia fingir estar com trabalho acumulado quando viesse visitá-la, assim ficaria mexendo no meu notebook e me pouparia de ter que gastar meu tempo conversando com ela.

Ela demorou menos tempo do que eu imaginava. Vi quando ela colocou um vaso com flores em um móvel na sala de jantar, mas o que mais chamava minha atenção era o cheiro da comida. Parecia realmente bom, espero que não seja apenas o cheiro.

Ela preparou uma refeição caseira simples, mas a riqueza de sabores que senti ao provar era inegável. Os temperos estavam na medida certa, revelando seu talento singular. Era, sem dúvida, uma mulher especial. Tentei elogiá-la, mas notei que ela não parecia ter uma boa opinião sobre mim. Imagino que a maioria das pessoas compartilhe dessa mesma visão, mas não as culpo. Nunca fiz esforço para desmenti-las e, de fato, a opinião dos outros nunca me importou.

Ou pelo menos é o que eu pensava. Algo em mim queria que ela tivesse uma ideia melhor sobre o tipo de pessoa que eu sou. Para minha sorte, ela me lembrou que não precisamos nos importar com esse tipo de coisa, e ela está certa. Agora, mais consciente do meu propósito, comecei minha atuação de mestre, sendo gentil e afetuoso, assim como estava no contrato, mesmo que ainda não tenhamos assinado. É melhor colocar em prática.

Ao ver o pudim que ela trouxe, lembrei das sobremesas que minha mãe preparava para mim quando eu ainda era criança. Eram boas lembranças, de um tempo em que eu só pensava em brincar; a vida não era tão complicada.

Quando ela assinou o contrato, fiz um pedido de casamento da forma mais apaixonada possível. Sinceramente, acho que eu merecia um Oscar de tão boa que foi minha atuação. Quanto a isso, acho que ela não vai ter do que reclamar, e percebi que posso passar por tudo isso sem alimentar sentimentos tolos. Seria bem fácil.

Terminado tudo o que precisava fazer, voltei para meu escritório. O dia ainda seria longo para mim. Chegando lá, mandei uma mensagem para Edgar para saber quando ele teria um horário livre. Ele disse que estaria fazendo uma pequena festa no dia seguinte e nos convidou para ir.

Isso era ótimo. Seria perfeito para mostrar a todos minha noiva, mas eu precisava dar um banho de loja nela. Nada contra suas roupas, mas eram muito simples. Eu não entendia muito de roupas femininas, mas conhecia alguém perfeito para essa missão.

— Oi, irmãozinho lindo do meu coração, o que deseja? — Ingrid disse ao atender a chamada.

— Você não queria conhecer minha noiva? É sobre isso. Vamos ter que ir a uma festa de negócios e preciso que você vá fazer algumas compras com ela. Gaste tudo o que for preciso — respondi.

— Olha, que generoso! Você falou a palavra certa, maninho. Só marcar o horário que eu estarei no shopping para deixar minha cunhadinha bem chique — ela disse, sem conter o entusiasmo.

— Ótimo, então vou te mandar o endereço com o horário e uma foto dela. Tente não se atrasar — informei.

— Eu me atrasar para compras? Jamais — ela brincou e desligou a chamada logo em seguida.

Para não perder tempo, enviei uma mensagem perguntando se ela estaria livre para fazer compras. Ela questionou o que havia de errado com suas roupas. Expliquei, com uma paciência que nem sabia possuir, o motivo do encontro. Por fim, pareceu que ela finalmente tinha entendido.

Após informar que um motorista ia buscá-la, retornei ao meu trabalho. Me irritava quanto tempo eu estava perdendo com aquilo, mas se eu conseguisse o que desejava, já era o suficiente.

Quando terminei o expediente de trabalho, já era tarde. Fui para casa sem pensar muito. Como não tinha dormido bem na noite anterior, adormeci rapidamente, o que foi um alívio, pois no outro dia acordei revigorado com os primeiros raios de sol. Até tive ânimo para fazer meus exercícios matinais. Ter uma academia particular na minha própria casa era uma vantagem.

Não que eu fosse um homem com um porte atlético muito forte, mas eu estava contente em manter minha saúde em dia. Durante minha rotina, não tinha muito tempo para fazer atividades físicas, então tentava vir na academia pela manhã ou antes de dormir.

O dia passou rápido, mas eu estava nervoso para saber se Edgar iria cair na minha atuação. Não era hora para ficar pensando nisso; o que está feito está feito. Então me arrumei rapidamente e fui buscar a doidinha. Minha irmã tinha mandado uma mensagem dizendo que tinha sido um sucesso, mas que elas tinham encontrado minha ex lá. Espero que nada de errado tenha acontecido.

Não quero ter que lidar com essa mulher reaparecendo em minha vida. Não sei por que ela voltou para a cidade. Poderia ficar para sempre no exterior, mas não, com certeza vai vir encher meu saco tentando voltar, falando que era inocente. Ela realmente acha que sou bobo.

Quando cheguei para levá-la até a festa de Edgar, ela me recebeu com um sorriso radiante. Tenho que admitir que Ingrid fez um trabalho excelente com ela; estava linda, bem mais do que eu achei que estaria. Por alguns instantes, até fiquei sem palavras.

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