Dimitri Carter A manhã chegou como um peso sobre meus ombros. O sol atravessava as cortinas pesadas do meu quarto, mas sua luz parecia distante, quase artificial. Era sempre assim dias começavam, noites terminavam, e eu continuava aqui, preso entre o ontem e o hoje. Levantei-me, sentindo o chão frio sob meus pés descalços. O silêncio da casa ecoava em cada parede, como um lembrete cruel da solidão que escolhi carregar. O banheiro estava tomado por um vapor leve quando abri o chuveiro. A água quente escorreu pelo meu corpo, mas não levou nada embora, nem a tensão, nem os pensamentos que, ultimamente, tinham um nome e um rosto: Isabella. Fechei os olhos, mas em vez de encontrar paz, vi a imagem dela,seus cabelos caindo,os olhos faiscando quando me desafiava, aquele sorriso meio travesso, meio doce. Isabella tinha o dom de entrar onde não devia, na minha cabeça, no meu espaço, no que restava do meu coração. — Maldição… — murmurei, passando a mão pelo rosto enquanto a água cont
Isabella Duarte Ricci A Espanha tinha um cheiro próprio. Um misto de café forte, ruas antigas e aquela brisa que refrescava e ao mesmo tempo esquentava.Quando saí do avião particular, me vi envolta por um calor suave, o tipo de calor que não queima, mas acaricia. Luara e eu seguimos para o hotel, um lugar elegante, com paredes de vidro que refletiam a cidade vibrante ao nosso redor. Eu mal conseguia apreciar a beleza ao meu redor minha mente estava longe, perdida em um certo magnata frio e irritante. Por que eu estava pensando nele mais do que qualquer outra coisa? Afundei-me na cama macia do quarto, ainda vestida, olhando para o teto como se ele fosse me dar respostas. O ar-condicionado sussurrava baixinho, e, por um momento, o silêncio pareceu gritante. Será que ele notou minha ausência? A ideia me fez rir sozinha. Dimitri parecia o tipo de homem que ficaria feliz por alguém desistir dele, como se isso provasse o ponto que ele sempre tentava martelar: que era intocáv
Anny CeliKQuando acordei naquele hospital, o rosto dele foi a primeira coisa que vi. Miguel Ylmaz. Tão perfeito e imponente quanto um deus grego, com olhos profundos que pareciam ler minha alma. Ele segurava minha mão, mas seu toque era frio. Não parecia o toque de alguém que amava, mas eu não sabia disso na época. Naquele momento, acreditei que ele era meu tudo.— Sou seu noivo, Anny. Você sofreu um acidente, mas vai ficar bem. — Suas palavras soaram gentis, mas vazias, como se fossem ensaiadas.Eu não percebi. Minha memória havia sido apagada pelo impacto do acidente, e a ideia de que esse homem era meu noivo parecia perfeita demais para questionar.O casamento veio rápido, quase como uma formalidade. Eu mal conhecia minha nova vida, mas estava cega pela ideia de amor. Miguel, o homem mais poderoso da Turquia, estava se casando comigo. Era uma história digna de um conto de fadas, ou assim pensei. Na verdade, era uma tragédia em formação.Durante a cerimônia, ele não sorriu. Sua mão
Miguel Ylmaz AksoyDiana havia chegado de Paris naquela tarde e me visitou após quatro anos, após ela ter se casado, decidi me casar com Anny, apesar de nunca sentir nenhum tipo de amor por ela.Anny apareceu no meu trabalho no começo da tarde e pediu o divórcio, ao me ver com Diana, era o que eu sempre esperava, toda minha indiferença diante dela, só a fazia continuar tentando se aproximar de mim, até hoje, ela pedir o divórcio.Levei a Diana para minha casa, ela ficaria hospedada lá por um tempo, finalmente eu teria uma chance de estar ao lado da mulher que amei por muito tempo, e a conheço desde a minha infância, deixei Diana no quarto de hóspedes e fui até o meu quarto, tomei um banho e depois desci, foi então que todo caos começou.Eu nunca achei que uma noite pudesse explodir em tamanha confusão, mas ali estava eu, segurando Diana no chão da sala. Ela soluçava, lágrimas escorrendo pelo rosto enquanto eu a ajudava a se levantar. Meu coração disparava, uma mistura de raiva e preoc
Anny CelikCheguei em casa com o coração apertado e uma sensação de vazio tão grande que parecia me engolir. Cada canto daquela mansão gritava o desprezo de Miguel, e ainda assim, ela havia sido o único lar que conheci nos últimos anos. Meu lar, e ainda assim nunca foi realmente meu.Subi para o quarto, respirando fundo, tentando não desabar. Quando entrei, senti um nó na garganta ao olhar para a cama onde tantas noites chorei em silêncio. Respirei fundo, abri o armário e comecei a tirar minhas roupas. Coloquei peça por peça nas malas, com mãos trêmulas.Eu queria ser forte, mas quando vi meu vestido de noiva pendurado lá, como um lembrete cruel de tudo que perdi, minhas forças me abandonaram. Minhas pernas cederam, e eu caí de joelhos no chão, segurando o vestido com tanta força que os dedos doíam. As lágrimas vieram sem controle, uma torrente que eu não conseguia parar.— Por quê? — sussurrei, minha voz ecoando pelo quarto vazio. — Por que ele nunca me amou?Mas eu não tinha respost
Miguel Yılmaz Aksoy Eu não estava esperando visitas naquela manhã. Eu tinha acabado de me sentar no escritório, revisando documentos sobre as clínicas que a rede de hospitais planejava adquirir, quando ouvi a campainha soar. Antes que o mordomo pudesse atender, eu mesmo me levantei, intrigado. Quando fui até a porta, encontrei Marc. Meu sobrinho, que crescemos juntos como irmãos. Vestido em um terno impecável, carregava aquele sorriso confiante que sempre o acompanhava. Ele estava com uma mala ao lado, claramente vindo direto do aeroporto. — Marc? O que faz aqui tão cedo?— perguntei, surpreso, mas genuinamente feliz.. — Cheguei mais cedo para o Natal! — respondeu ele, abraçando-me brevemente. — E tenho boas notícias. Mas antes de tudo... onde está Anny? O nome dela foi como um soco. Meu sorriso vacilou por um instante, mas recuperei a compostura rapidamente. — Ela deve estar no quarto. Vou chamá-la.— Não era mentira, mas a situação era bem mais complicada do que ele imagina
Miguel Ylmaz Aksoy Desci com a Anny e logo nos juntamos a Diana e Marc para o café da manhã que parecia um estranho, apesar de nós quatro nos conhecermos desde a infância, já que Diana e Anny eram nossas vizinhas por muito tempo. Marc estava sentado à mesa comigo, Diana e Anny. Havia algo nele, em como olhava para ela, que me incomodava profundamente, embora eu não conseguisse entender exatamente o porquê. — Você está linda hoje, que bom que consegui passar o natal com vocês, podemos ir juntos Anny até a casa da nossa família, tenho algo para lhe dar que está lá na mansão dos meus pais— ele disse para Anny, com um sorriso que me irritou imediatamente. Anny agradeceu, sem dar muita importância, mas aquilo me fez cerrar os dentes. Não era como se ela estivesse errada por aceitar o elogio, mas o tom casual de Marc me provocava de um jeito que eu não sabia explicar. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Marc a convidou para sair. — Vamos até a casa da minha família.Ten
Anny CelikAcordei com os primeiros raios de sol invadindo o quarto. Quando abri os olhos, encontrei Miguel dormindo ao meu lado. Era estranho estar tão perto dele, como nunca estive em anos, mas decidi não pensar muito sobre isso. Levantei da cama sem fazer barulho, tomei um banho quente e me vesti com um vestido azul simples, que acentuava meu tom de pele. Passei uma maquiagem leve para esconder qualquer sinal de cansaço e desci para a cozinha. Marc já estava lá, sentado à mesa, com um café na mão e um sorriso caloroso no rosto. — Bom dia, Anny. Dormiu bem? — ele perguntou. — Dormi, sim. Obrigada. E você? — Melhor agora — respondeu, com um brilho nos olhos que me fez desviar o olhar. Antes que eu pudesse dizer algo, ouvi os passos de Miguel descendo as escadas. Ele apareceu na sala de estar com uma expressão séria, mas seus olhos me analisaram rapidamente antes de se sentar ao meu lado. — Onde vocês vão? — perguntou ele, a voz carregada de curiosidade e uma pitada de ir