Isabella Duarte Ricci A noite estava fria, mas eu não sentia nada além da tempestade dentro de mim. Peguei as chaves do meu Bugatti, um dos carros mais caros e potentes do mundo. Meu pai me ensinou que poder não era apenas dinheiro, mas presença. E a minha presença sempre precisava ser marcante. O motor W16 com quatro turbo rugiu quando liguei o carro. O ronco grave ecoou pela garagem, vibrando nas paredes como uma fera despertando. O interior de couro preto com costuras vermelhas se moldava ao meu corpo, enquanto o painel digital brilhava com os detalhes prateados, exibindo a potência absurda daquele monstro sobre rodas. Acelerei, sentindo o volante esportivo se encaixar perfeitamente em minhas mãos. A estrada se abriu à minha frente como um convite à velocidade. A cada troca de marcha, o motor respondia com precisão, e a cidade se tornava apenas um borrão de luzes enquanto eu cruzava as ruas escuras da Itália. Meu destino? A mansão de Dimitri Carter.Ele era um mistério. Um
Isabella Duarte Ricci Saí da mansão de Dimitri sem olhar para trás. Meus passos eram firmes, mas dentro de mim tudo parecia desmoronar As palavras dele ecoavam na minha mente como facas cravadas na pele. "Você não vai me ter e não te desejo nem como uma submissa.” A raiva se queimava dentro de mim como fogo. Eu nunca fui de aceitar menos do que merecia.E naquele momento, eu percebi que merecia algo muito melhor do que Dimitri Carter. A noite estava fria quando cheguei ao meu carro. As luzes dos postes projetavam sombras longas no asfalto, e o motor do Bugatti rugiu quando eu o liguei. Mas, antes que pudesse acelerar, uma mão forte segurou meu braço. — Isabella.— Reconheci o toque antes mesmo de olhar. Era ele. Dimitri estava ali, os olhos tempestuosos, o maxilar travado, os punhos cerrados ao lado do meu corpo. — Tire as mãos de mim.— Minha voz saiu cortante, fria como o metal da minha arma. Mas ele não soltou. — Você atirou dentro da minha casa. Você destruiu um m
Dimitri Carter As palavras de Isabella ecoavam na minha mente como um eco cruel, repetindo-se sem trégua. Cada sílaba, cada palavra, estava em minha pele como uma lâmina afiada, reabrindo feridas que eu acreditava já estarem cicatrizadas. Que tolo. A dor nunca tinha me deixado, ela só estava adormecida, esperando o momento certo para ressurgir. Sentei-me na poltrona de couro do meu escritório, uma garrafa de vinho já vazia ao meu lado, enquanto a segunda já estava sendo aberta. O líquido vermelho escorria pela borda da taça, tingindo meus lábios com uma cor que me lembrava sangue. Um símbolo perfeito da minha alma: manchada, suja, irreparável. A noite lá fora parecia tão fria quanto o vazio dentro de mim. As estrelas brilhavam em um céu negro, indiferentes ao meu sofrimento, exatamente como o mundo foi quando tudo desmoronou há sete anos atrás. Eu bebi. Engoli o vinho como se fosse água, esperando que anestesiasse a dor, mas tudo o que ele fez foi avivar as lembranças. Lembra
Isabella Duarte Ricci O sol da manhã filtrava-se através das cortinas da sala de estar, banhando o chão frio de mármore com um brilho dourado. O silêncio da mansão era quebrado apenas pelo som ritmado dos meus saltos contra o piso, cada passo ecoando de forma quase solene. Eu não costumava acordar tão cedo, não por escolha, pelo menosas hoje era diferente. Hoje, eu estava pronta para partir. A mala de couro preta estava ao meu lado, elegante, discreta, mas pesada o suficiente para fazer qualquer um pensar que eu estava fugindo do país ao invés de apenas viajando para a Espanha. Respirei fundo, ajustando a alça e logo comecei a puxar a mala de carrinho, quando ouvi o som familiar da porta da frente se abrindo. —Isabella! — A voz de Luara soou animada demais para aquele horário. Virei-me e lá estava ela: Luara, com os cabelos loiros levemente desalinhados, ainda com uma expressão de quem mal dormiu. Provavelmente passou a noite toda na casa de Anthony,o que não era nenhu
Isabella Duarte Ricci O barulho suave dos motores do avião particular preenchia o silêncio enquanto eu subia as escadas, cada degrau ecoando mais alto do que eu gostaria. O vento da manhã bagunçava meus cabelos, mas minha mente estava distante demais para me importar. Luara estava logo atrás de mim, falando ao telefone com Anthony, enquanto eu entrava na cabine luxuosa do avião. Poltronas de couro impecáveis, cortinas finas balançando levemente e uma mesa de vidro ao centro tudo tão sofisticado e frio, como se o luxo ao meu redor não combinasse em nada com o turbilhão que acontecia dentro de mim. — Gostou? — Luara perguntou ao entrar, jogando sua bolsa em um dos assentos e desabando ao meu lado. — Não é a primeira vez que você voa em um avião, mas sempre parece surpresa. Eu não respondi. Apenas deslizei a bolsa pelo meu colo e retirei o envelope que, até agora, parecia queimar meus dedos. O papel timbrado ainda estava impecável, como se nada pudesse manchar a seriedade do q
Dimitri Carter A manhã chegou como um peso sobre meus ombros. O sol atravessava as cortinas pesadas do meu quarto, mas sua luz parecia distante, quase artificial. Era sempre assim dias começavam, noites terminavam, e eu continuava aqui, preso entre o ontem e o hoje. Levantei-me, sentindo o chão frio sob meus pés descalços. O silêncio da casa ecoava em cada parede, como um lembrete cruel da solidão que escolhi carregar. O banheiro estava tomado por um vapor leve quando abri o chuveiro. A água quente escorreu pelo meu corpo, mas não levou nada embora, nem a tensão, nem os pensamentos que, ultimamente, tinham um nome e um rosto: Isabella. Fechei os olhos, mas em vez de encontrar paz, vi a imagem dela,seus cabelos caindo,os olhos faiscando quando me desafiava, aquele sorriso meio travesso, meio doce. Isabella tinha o dom de entrar onde não devia, na minha cabeça, no meu espaço, no que restava do meu coração. — Maldição… — murmurei, passando a mão pelo rosto enquanto a água cont
Isabella Duarte Ricci A Espanha tinha um cheiro próprio. Um misto de café forte, ruas antigas e aquela brisa que refrescava e ao mesmo tempo esquentava.Quando saí do avião particular, me vi envolta por um calor suave, o tipo de calor que não queima, mas acaricia. Luara e eu seguimos para o hotel, um lugar elegante, com paredes de vidro que refletiam a cidade vibrante ao nosso redor. Eu mal conseguia apreciar a beleza ao meu redor minha mente estava longe, perdida em um certo magnata frio e irritante. Por que eu estava pensando nele mais do que qualquer outra coisa? Afundei-me na cama macia do quarto, ainda vestida, olhando para o teto como se ele fosse me dar respostas. O ar-condicionado sussurrava baixinho, e, por um momento, o silêncio pareceu gritante. Será que ele notou minha ausência? A ideia me fez rir sozinha. Dimitri parecia o tipo de homem que ficaria feliz por alguém desistir dele, como se isso provasse o ponto que ele sempre tentava martelar: que era intocáv
Anny CeliKQuando acordei naquele hospital, o rosto dele foi a primeira coisa que vi. Miguel Ylmaz. Tão perfeito e imponente quanto um deus grego, com olhos profundos que pareciam ler minha alma. Ele segurava minha mão, mas seu toque era frio. Não parecia o toque de alguém que amava, mas eu não sabia disso na época. Naquele momento, acreditei que ele era meu tudo.— Sou seu noivo, Anny. Você sofreu um acidente, mas vai ficar bem. — Suas palavras soaram gentis, mas vazias, como se fossem ensaiadas.Eu não percebi. Minha memória havia sido apagada pelo impacto do acidente, e a ideia de que esse homem era meu noivo parecia perfeita demais para questionar.O casamento veio rápido, quase como uma formalidade. Eu mal conhecia minha nova vida, mas estava cega pela ideia de amor. Miguel, o homem mais poderoso da Turquia, estava se casando comigo. Era uma história digna de um conto de fadas, ou assim pensei. Na verdade, era uma tragédia em formação.Durante a cerimônia, ele não sorriu. Sua mão