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Capítulo 2. Divórcio

Donald franziu as sobrancelhas e olhou de um para o outro, sem saber o que dizer e foi o próprio Thomas quem respondeu: 

— Estamos decidindo coisas importantes, senhora, não é coisa para mulheres.

Se pudesse arregalar mais os olhos e a boca, ela teria arregalado, tal o espanto que teve com a fala machista do homem. Adicionou mais dois termos aos xingamentos que sempre fazia a ele em sua mente: machista e porco chauvinista.

— Charles, chame os seguranças e tire esse homem daqui. — ordenou ela.

— Nem pensar, Renata, sou eu quem estou fazendo negócio com ele, não se meta, ele está certo. 

Ela ficou paralisada com a atitude de Donald e olhou seriamente para ele, se perguntando se ele lembrou que todos os contratos feitos na empresa tinham que ter a assinatura dela. 

— Agora, senhora, retire-se para que os homens de negócio possam trabalhar. — ordenou Thomas.

— Nem pensar… 

Muito subitamente, ela foi agarrada pelo homem, que a levou até a porta e a jogou do lado de fora, fechando a porta atrás de si. Jogada mais uma vez no chão por aquele homem, Renata se indignou e resolveu não fazer nada, por enquanto. 

Eles levariam um susto quando vissem que não poderiam fazer acordo nenhum depois de discutirem tantas cláusulas e se entenderem sobre o assunto. Charles, que estava chocado, ajudou-a a levantar-se e desculpou-se: 

— Desculpe, senhora, a culpa foi minha por não falar a ele sobre o memorando. 

— Só quero que você preste bem atenção no que eles estão planejando para ver se terão algum acordo por fora. Já que não pode haver contrato na empresa sem a minha assinatura, estão discutindo à toa. 

— Sim, senhora.

Dois anos depois

Renata estava casada com seu amigo de infância há três anos e além de cuidar de sua firma UNO, de propaganda e marketing, fazia questão de cozinhar e cuidar pessoalmente da aparência do marido. Pela manhã, era ela quem escolheria o terno dele e o ajudava com a gravata. 

Depois do primeiro ano de casados, tiveram sua primeira briga de casal de empresários, tudo por conta de Thomas Prentiss. Porém, quando ela contou a ele o que tinha se passado nos encontros que tiveram antes daquela reunião, ele compreendeu que não podia deixar passar as agressões contra sua esposa e assim, aceitou desfazer o contrato, mesmo porque, ela não assinaria.

Ficaram bem e a Empresa cresceu, porém, nos últimos dois meses, ela notou uma diferença no comportamento do marido. Primeiro, ele não a procurava mais na cama como antes. Segundo, não se despedia dela com um beijo como fazia sempre ao sair, mesmo quando saíam juntos, na garagem, ele sempre se aproximava e beijava-a.

Agora, ela estava no escritório da ONE e ele ligou para ela: 

— Alô, querido, está tudo bem?

— Sim, estou ligando para avisar que chegarei mais tarde hoje, pois tenho um jantar de negócios. Não me espere. 

— Não quer que eu lhe acompanhe? 

Geralmente, nos jantares de negócios, os empresários solicitam a presença dela como a gerente de marketing. Estranhou ele não tê-la convidado para ir e apenas avisado. 

— Não será necessário, darei conta de tudo. Você pode aproveitar para descansar, tenho te achado bem abatida ultimamente. 

Mais uma vez ela estranhou, pois estava muito bem. Havia começado a levantar mais cedo e frequentar a academia do condomínio. Ele é quem ficava dormindo e não a via ir e voltar. 

— Está bem.

Despediu-se e imediatamente, ligou para sua amiga advogada, pediu a ela o contato de um bom investigador e logo em seguida o contratou. Naquele dia mesmo, o detetive, especialista em flagrantes de adultério, entrou em ação.

Não foi surpresa para Renata, descobrir que quem acompanhou seu marido foi sua mais nova e linda secretária. Charles havia sido transferido e não podia contar com ele. Pelas fotos que o detetive lhe entregou, notava-se o esmero com que ela estava vestida, inclusive o colar de safiras azul, combinando com o par de brincos.

Pediu ao detetive que investigasse a procedência daquelas joias, pois tinha certeza que tinham sido presentes de seu marido. Forneceu até o nome da loja onde ele costumava comprar joias para ela e há um ano não lhe deu mais nada e até esqueceu seu aniversário.

Ela foi juntando as provas e um mês depois, quando ele disse que viajaria e ficaria uma semana fora, foi a cereja do bolo e o investigador foi junto. Enquanto Renata cuidava dos trâmites legais da empresa, sua amiga advogada fez o contrato de divórcio e sua sócia especialista em direito empresarial, cuidou do cancelamento dos contratos entre as empresas. 

Ela teve paciência em esperar que o contrato que tinha com a empresa têxtil, estivesse terminado. Sempre foi muito prudente com seus negócios, conhecia muitas mulheres que perderam tudo por não se precaver durante o casamento e tornaram-se mulheres sozinhas, amargas e endividadas. 

Por isso, fez o contrato com restrição de tempo e foi a melhor decisão que tomou. Seu marido viajou, passou uma semana fora, mas antes de voltar, o detetive lhe trouxe as provas da infidelidade e ela usou, imediatamente, para requerer o divórcio perante a justiça.

Quando Donald voltou, seu advogado já o esperava com o pedido de divórcio e as fotos do seu adultério. 

— Como isso aconteceu? Ela pode solicitar o divórcio sem a minha assinatura?

— Sim, é um direito dela não querer mais estar casada com um adúltero. Sugiro que assine, ou ela irá requerer o divórcio litigioso e isso pode levar muito tempo, o que será prejudicial para você e a empresa. 

— Mas era só um casinho, eu não queria me separar dela. Ela sempre foi uma excelente esposa e é ótima nos negócios. Como ficará a empresa se nos divorciarmos?

A secretária que entrou naquele instante, ficou indignada e pensou:

“ Como ele pensou que ela era só um casinho? Está me tratando como um mero objeto de prazer? Ah, isso não vai ficar assim. “

Pensando assim, retirou-se da sala e deixou que o advogado se entendesse com o CEO, foi até o escritório do advogado da empresa e pediu esclarecimentos sobre o contrato com a One propaganda e marketing.

— Bom dia, senhorita Marcela. Infelizmente o contrato expirou ontem e a One já enviou um e-mail dizendo que não irá renová-lo, enviei tudo para o CEO.

— Eita, que o negócio é sério, Dr. Pedreira. Chegaram a falar com ela? 

— Sim, mas ela foi irredutível. Disse que quer expandir sua firma e precisa de todo o seu tempo e dedicação para isso.

— Pura desculpa. Como ficarão os últimos contratos que assinamos? Estão todos vinculados com a One.

— Infelizmente, o CEO Donald não me ouviu quando o avisei, e a Da. Renata não assinou os últimos contratos que ele fechou. Não existe o comprometimento da One, só inclui no contrato a parceria que, infelizmente, terminou.

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