Marcela ficou chocada ao saber disso, não imaginou que Donald fosse tão irresponsável a ponto de não perceber que o contrato com a firma da esposa estava terminando e deixou que ela soubesse do caso deles e pedisse o divórcio, separando as firmas.
— O prejuízo será tremendo e se ela souber desses contratos, pode procurar as empresas parceiras e fornecer parceria independente dos Peixotos. — concluiu o advogado. O telefone tocou e era Donald chamando o advogado. Marcela acompanhou o Dr. Pedreira, que era um senhor de meia idade muito experiente e conhecido no meio empresarial. Entraram no escritório e o advogado pessoal já tinha saído. — Bom dia, Donald. — o advogado era bem antigo na empresa, da época do pai de Donald e por isso tinha intimidade para tratá-lo pelo primeiro nome. — Na verdade, não está sendo um bom dia. Renata pediu o divórcio e eu dei. Quero saber como ficam os nossos negócios. — Não ficam. O contrato com a empresa dela expirou ontem e ela já manifestou o desejo de não renovar. — Inferno! Essa mulher quer me deixar maluco? Quer se vingar usando a empresa? O advogado riu, pela sua maturidade entendia que o errado era o CEO e não sua esposa. Ele foi avisado e não tomou providência, estava se garantindo no amor eterno que achou que ela sentia por ele. — No momento, você deve se ater aos novos contratos que foram assinados sem a presença dela. — Como assim? Quando eles foram assinados, o contrato com a empresa dela ainda valia. Acaso ela pode ser contrária a eles? — Sim, já que não há nenhuma assinatura dela concordando com o apoio de sua firma. Inclusive, ela é a vice-presidente e acionista da empresa, deveria ter assinado concordando. Donald passou as mãos nos cabelos, nervoso e quase trombou com Marcela, só então percebendo a presença dela na sala. Arregalou os olhos ao ver a expressão fria em sua face, disse muitas coisas que não eram para ela escutar. — Creio que o senhor deveria conversar com ela, senhor. — sugeriu a secretária. — Farei isso, quando chegar em casa. Ela não podia usar a empresa para se vingar. — Desculpe dizer, Donald, mas ela avisou sobre o término do contrato com a One, antes dos últimos contratos de parceria serem assinados e eu lhe enviei vários e-mails avisando. Marcela pegou seu tablet e abriu a caixa de e-mail da presidência e identificou os avisos que o advogado enviou e direcionou para uma pasta especial, prevenindo-se, caso ele quisesse usar de alguma artimanha para prejudicá-la. Nesse momento, ele sentiu a falta de Charles, a quem dispensou só para ter Marcela por perto. Renata queria ser uma mosquinha para estar dentro do escritório de Donald, assistindo a reação dele ao seu pedido de divórcio e a não cooperação com a empresa. — Ele assinou o divórcio, o Dr. Munhoz disse que ele reclamou muito, mas chegou a conclusão de que não seria bom uma briga na justiça que causaria problemas para a empresa. — disse a advogada, doutora Cláudia Meireles, sentada na cadeira em frente à mesa de Renata. — Ele ainda não deve estar sabendo que nosso contrato expirou ontem e não vou renovar. Entrei no site da empresa e vi que ele assinou quatro contratos sem a minha presença. — Se ele não sabe, ficará furioso quando descobrir. Provavelmente, assinou os contratos contando com você. — Ele estava tomando posse de tudo e pensou que eu não veria ou que me manteria como a esposa boba, que nunca vai contra o marido. — Já despachei o processo e falei com o juiz sobre o seu caso, hoje mesmo deve ser homologado. — Excelente! Vamos almoçar e comemorar a minha liberdade. De repente, ela caiu em si de que o sonho do casamento perfeito estava desfeito e ficou séria. Parou por um instante, analisando os últimos três anos e percebeu que foi um grande engano, estavam só brincando de casinha. Ainda bem que não engravidou, ou teriam mais um problema para resolver, e filho não era um objeto, no final, quem sofreria era o inocente. As duas saíram juntas e foram para o restaurante que mais gostavam. Era uma churrascaria e podiam comer à vontade. Estavam alegres, conversando sobre a faculdade e seus projetos. Um homem elegante e bonito, ouviu a risada melodiosa das duas e reconheceu Renata. Chamou o garçom e mandou servir a garrafa de champanhe mais cara do estoque para as duas. Estava cheio de si, pois finalmente, elaborou um plano e tiraria dela tudo o que queria. O garçom se aproximou com a garrafa enrolada em um guardanapo, pousada dentro de um balde de gelo e procedeu como um bom sommelier que tinha orgulho do que iria servir. — Com os cumprimentos do cavalheiro ali adiante. — anunciou o garçom. Renata olhou para a mesa onde estava o presenteador e ele acenou para ela, ela deu um meio sorriso e olhando para o garçom, excusou-se: — Agradeça ao cavalheiro, mas infelizmente, não podemos aceitar, voltaremos para o trabalho assim que terminarmos nosso almoço. — Sim, diga-lhe que gostamos, mas não convém bebermos, agora. — concordou Cláudia. O garçom entristeceu-se, perderia uma boa comissão na venda daquele produto tão caro, mas aceitou e voltou para a mesa do cavaleiro: — Elas agradeceram, mas terão que voltar ao trabalho e não podem beber. — Guarde a garrafa e quando elas terminarem, dê uma para cada uma, devidamente embrulhada para presente. O sorriso do garçom foi de orelha a orelha, ganharia em dobro com a decisão do cavaleiro. — Sim, senhor. Thomas olhou para elas, novamente, e sorriu, com um leve movimento de cabeça. Elas corresponderam e voltaram a sua refeição. — Este não é o Presidente da Nixor? — Sim e também o homem mais difícil de se lidar que já conheci. Arrogante e machista. Eu admiro muito dele me oferecer champanhe, deve ter algum plano por trás. — Ah, sua danadinha! Quer dizer que você o conhece e nunca me contou sobre isso? Cláudia estava entusiasmada ao receber a atenção do homem. Mas com a declaração de Renata, percebeu que a atenção dele estava focada na amiga. — Não o conheço, realmente. Há dois anos eu consegui uma entrevista com ele para apresentar meu trabalho e tentar uma parceria, mas ele nem quis ver minha proposta, me julgou pela aparência e me dispensou. Depois nos encontramos em outras situações e ele foi um cafajeste. Cláudia deu uma sonora gargalhada, lembrando-se de como sua amiga se vestia no início da carreira, completamente diferente da imagem que transparecia agora. Tornaram-se duas mulheres de sucesso e impunham respeito, sem precisar disfarces para manterem os assediadores à distância. — Nós crescemos, não é mesmo? Será que ele te reconheceu ou só se agradou da aparência? — Cláudia, Cláudia, o que se passa nessa sua cabeça? Eu ainda nem desfrutei da minha liberdade, não quero outra encrenca em minha vida, ainda mais desse naipe.O celular de Renata tocou e ela viu que era do escritório de Donald. Atendeu, imaginando sobre o que ele queria falar. — Alô.— Senhora Peixoto, aqui é Marcela. O senhor Peixoto deseja conversar com a senhora, pode vir ao escritório?— Eu tenho uma agenda cheia, Marcela. Se Donald quiser falar comigo, que venha ao meu escritório e sou Senhorita Soares, agora.— Mas, senhora, é assunto de trabalho, contratos vantajosos para a senhora.— Claro. Estou terminando de almoçar, então, só transmita o meu recado. Adeus, Marcela.Renata desligou, deixando Marcela surpresa.— O que ela disse, Marcela? — perguntou Donald, que não teve coragem de ligar para a esposa.— Ela disse que está ocupada e mandou você ir até ela.Ele socou a mesa com o punho fechado e xingou a mulher.— Quem ela pensa que é, aquela bruxa. Eu fiz um favor ao me casar com ela, aquela vaca feia e deselegante. O que seria daquela 'firminha' dela, se não fossemos nós?Marcela observava o CEO descontrolado e não o reconheceu. N
Ele não aguentou mais e antes que cometesse uma loucura, resolveu se retirar. Levantou-se, mas antes de sair, ainda ameaçou:— Nosso casamento acabou, mas você ainda terá que cumprir os contratos em vigor que contém sua participação e não se esqueça que é acionista e vice-presidente da Empresa.Ela sorriu, não adiantava ele ameaçar, ela se preveniu por todos os lados. Ele errou feio ao não incluir sua assinatura nos contratos.— Se tiver a minha assinatura…Ele finalmente saiu e Cláudia pode ceder a vontade de rir e dar sua opinião sobre o assunto.— Para, Cláudia! Vai te dar dor na barriga. — repreendeu-a Renata.Aos poucos, Claudia foi se acalmando e falou:— Desculpe, mas me contive tanto que, agora que liberei, não consegui parar.— Tão divertido, assim?— Sim, vê-lo tão furioso e você tão calma, foi hilário. Se pensarmos que, nos últimos três anos você foi a perfeita esposa, dócil e meiga, foi uma mudança muito drástica.— Talvez eu não devesse me esforçar para ser o que não era
Ele pegou o celular e ligou para Charles, não estava com paciência para se comunicar naquele aparelho.— Alô, Thom. É como eu te disse, o contrato acabou junto com o casamento.— Eles já comunicaram aos associados?— Ainda não, creio que o CEO está tentando negociar com a ex-esposa.— Certo, vamos esperar, mas se houver algum movimento na bolsa de valores sobre a venda das ações dela, compre todas.— Sim, manteremos os planos. Boa noite e até amanhã.— Até…Desligaram e Thomas estava esperançoso, apesar de querer a ONE, também queria a Peixoto por seus produtos de excelente qualidade. Seu investimento em design de modas deu muito certo e prosperaria com a parceria. Agora, poderia dormir em paz. Dois dias depois A entrada de Renata no prédio da Empresa Peixoto, causou um frisson nos funcionários que já sabiam da ruptura das empresas e do casal. Nunca a tinham visto tão imponente e bela. Trajava um conjunto de pantalonas com blazer, brancos e uma blusa azul bebe por baixo. Seus cabel
Todos estavam na espectativa pela resposta dela.— Ao contrário do que afirmou o senhor Prentiss, eu não estou confundindo a minha vida pessoal com os negócios. Já há tempos eu havia planejado me retirar e ampliar a minha empresa. Atrelada a empresa Peixoto, ficava limitada aos contratos assinados com seus parceiros. Separados, posso atender a qualquer um que me procurar com uma proposta válida.— Então, você fez tudo de caso pensado? Usou o meu deslize para ter vantagem na sua saída?— Não distorça as coisas, Donald. Eu não preciso que você me dê motivos para querer separar as empresas. Negócios são negócios. Quando assinei o contrato, já previa que minha empresa faria sucesso, ao contrário de você que sempre foi um desleixado com os negócios.Os diretores associados sabiam bem do que Renata estava falando. Se não fosse ela ao lado de Donald, aquela empresa já teria afundado há muito tempo. Balançaram a cabeça afirmativamente, concordando com ela e Donald não sabia mais como argumen
Ela sorriu, considerando-o inacreditável. Ele falou com tanta displicência, como se não fosse exatamente o que queria falar ou soubesse que a resposta seria a mesma, mas não ligasse. Então, o que fazia ali?— Você sabe que não vou voltar atrás, então, o que realmente quer?— Quero que faça a propaganda da Nixor. Na verdade, gostaria que fosse a diretora do departamento de propaganda e marketing. O que me diz? — Que não…simples assim.— Não entendo, é vingança por eu te rejeitar no passado?— Não seja arrogante, Thomas. Eu queria muito trabalhar com a Nixor no passado, pois tinha o foco voltado à Empresa Peixoto, mas mudei o foco. Hoje me interesso pelas oportunidades geradas pela internet. Não só a propaganda e a comunicação, mas principalmente a comunicação global que ela proporciona.— Perfeito, é exatamente com o que trabalho. O meu foco principal, que deu início aos meus negócios, é a ‘internet’, seja com todo o tipo de aparelhagem eletro eletrônica, seja nas comunicações. Com o
Retirou de dentro da pasta os envelopes com os respectivos contratos de cada empresa, declarando que caso mudassem de donos, o contrato seria automaticamente anulado. — O que é isso?— Eu também sei ser prevenida, senhor Prentiss. O senhor teve um grande trabalho para conseguir me prender, mas sugiro que desfaça tudo, não foi justo o que o senhor fez com esses cavaleiros a troco de nada. Com licença e dê-se por satisfeito por eu não lhe cobrar indenização.Ele ficou olhando para ela, estarrecido, completamente paralisado, nunca imaginou que a mulher fosse tão inteligente e criasse esse artifício. Ele, realmente, foi muito previsível.Ela estava sentada do outro lado da mesa e ele ficava próximo à porta e para sair, ela precisou passar por ele. No instante que passou, ele a segurou forte pelo pulso e puxou-a, fazendo-a cair em seu colo. Ela soltou um gritinho e tentou se levantar.— Me solta, o que você pensa que está fazendo?— Você pensa que isso é um jogo, que pode me fazer de palh
O som do salto batendo no chão, ecoava pelo corredor largo, comprido, luxuoso e vazio. Do elevador até a secretária do escritório do CEO, eram cerca de 30 metros e Renata achou bem longo. Marcou aquela entrevista meses atrás e estava ansiosa. O CEO da marca Nixor, era muito ocupado e difícil de encontrar, além de possuir uma agenda lotada. Se ela conseguisse sua atenção e até uma promessa, valeria a pena ter esperado tanto. Aproximou-se da recepcionista e apresentou-se:— Boa tarde, sou Renata Soares da One Propaganda e Marketing, tenho…— Sim, Senhora Soares, ele está com a agenda cheia, seja breve por favor e pode entrar. — disse a secretária, olhando para ela com indiferença, antes de Renata terminar de falar.Renata acenou e prosseguiu para a porta ampla, de vidro, que dava acesso ao escritório e de onde um homem de terno, aborrecido, saía. Entrou sem bater, não faria o empresário tão ocupado, perder tempo. Parou em frente a mesa, maior do que o normal e se apresentou.— Boa tard
Donald franziu as sobrancelhas e olhou de um para o outro, sem saber o que dizer e foi o próprio Thomas quem respondeu: — Estamos decidindo coisas importantes, senhora, não é coisa para mulheres.Se pudesse arregalar mais os olhos e a boca, ela teria arregalado, tal o espanto que teve com a fala machista do homem. Adicionou mais dois termos aos xingamentos que sempre fazia a ele em sua mente: machista e porco chauvinista.— Charles, chame os seguranças e tire esse homem daqui. — ordenou ela.— Nem pensar, Renata, sou eu quem estou fazendo negócio com ele, não se meta, ele está certo. Ela ficou paralisada com a atitude de Donald e olhou seriamente para ele, se perguntando se ele lembrou que todos os contratos feitos na empresa tinham que ter a assinatura dela. — Agora, senhora, retire-se para que os homens de negócio possam trabalhar. — ordenou Thomas.— Nem pensar… Muito subitamente, ela foi agarrada pelo homem, que a levou até a porta e a jogou do lado de fora, fechando a porta a