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Capítulo 3. Tentativa de Reconciliação

Marcela ficou chocada ao saber disso, não imaginou que Donald fosse tão irresponsável a ponto de não perceber que o contrato com a firma da esposa estava terminando e deixou que ela soubesse do caso deles e pedisse o divórcio, separando as firmas. 

— O prejuízo será tremendo e se ela souber desses contratos, pode procurar as empresas parceiras e fornecer parceria independente dos Peixotos. — concluiu o advogado.

O telefone tocou e era Donald chamando o advogado. Marcela acompanhou o Dr. Pedreira, que era um senhor de meia idade muito experiente e conhecido no meio empresarial. Entraram no escritório e o advogado pessoal já tinha saído.

— Bom dia, Donald. — o advogado era bem antigo na empresa, da época do pai de Donald e por isso tinha intimidade para tratá-lo pelo primeiro nome. 

— Na verdade, não está sendo um bom dia. Renata pediu o divórcio e eu dei. Quero saber como ficam os nossos negócios. 

— Não ficam. O contrato com a empresa dela expirou ontem e ela já manifestou o desejo de não renovar.

— Inferno! Essa mulher quer me deixar maluco? Quer se vingar usando a empresa?

O advogado riu, pela sua maturidade entendia que o errado era o CEO e não sua esposa. Ele foi avisado e não tomou providência, estava se garantindo no amor eterno que achou que ela sentia por ele. 

— No momento, você deve se ater aos novos contratos que foram assinados sem a presença dela.

— Como assim? Quando eles foram assinados, o contrato com a empresa dela ainda valia. Acaso ela pode ser contrária a eles?

— Sim, já que não há nenhuma assinatura dela concordando com o apoio de sua firma. Inclusive, ela é a vice-presidente e acionista da empresa, deveria ter assinado concordando.

Donald passou as mãos nos cabelos, nervoso e quase trombou com Marcela, só então percebendo a presença dela na sala. Arregalou os olhos ao ver a expressão fria em sua face, disse muitas coisas que não eram para ela escutar.

— Creio que o senhor deveria conversar com ela, senhor. — sugeriu a secretária.

— Farei isso, quando chegar em casa. Ela não podia usar a empresa para se vingar.

— Desculpe dizer, Donald, mas ela avisou sobre o término do contrato com a One, antes dos últimos contratos de parceria serem assinados e eu lhe enviei vários e-mails avisando.

Marcela pegou seu tablet e abriu a caixa de e-mail da presidência e identificou os avisos que o advogado enviou e direcionou para uma pasta especial, prevenindo-se, caso ele quisesse usar de alguma artimanha para prejudicá-la.

Nesse momento, ele sentiu a falta de Charles, a quem dispensou só para ter Marcela por perto.

Renata queria ser uma mosquinha para estar dentro do escritório de Donald, assistindo a reação dele ao seu pedido de divórcio e a não cooperação com a empresa. 

— Ele assinou o divórcio, o Dr. Munhoz disse que ele reclamou muito, mas chegou a conclusão de que não seria bom uma briga na justiça que causaria problemas para a empresa. — disse a advogada, doutora Cláudia Meireles, sentada na cadeira em frente à mesa de Renata.

— Ele ainda não deve estar sabendo que nosso contrato expirou ontem e não vou renovar. Entrei no site da empresa e vi que ele assinou quatro contratos sem a minha presença.

— Se ele não sabe, ficará furioso quando descobrir. Provavelmente, assinou os contratos contando com você.

— Ele estava tomando posse de tudo e pensou que eu não veria ou que me manteria como a esposa boba, que nunca vai contra o marido. 

— Já despachei o processo e falei com o juiz sobre o seu caso, hoje mesmo deve ser homologado.

— Excelente! Vamos almoçar e comemorar a minha liberdade. 

De repente, ela caiu em si de que o sonho do casamento perfeito estava desfeito e ficou séria. Parou por um instante, analisando os últimos três anos e percebeu que foi um grande engano, estavam só brincando de casinha. Ainda bem que não engravidou, ou teriam mais um problema para resolver, e filho não era um objeto, no final, quem sofreria era o inocente.

As duas saíram juntas e foram para o restaurante que mais gostavam. Era uma churrascaria e podiam comer à vontade. Estavam alegres, conversando sobre a faculdade e seus projetos.

Um homem elegante e bonito, ouviu a risada melodiosa das duas e reconheceu Renata. Chamou o garçom e mandou servir a garrafa de champanhe mais cara do estoque para as duas. Estava cheio de si, pois finalmente, elaborou um plano e tiraria dela tudo o que queria.

O garçom se aproximou com a garrafa enrolada em um guardanapo, pousada dentro de um balde de gelo e procedeu como um bom sommelier que tinha orgulho do que iria servir.

— Com os cumprimentos do cavalheiro ali adiante. — anunciou o garçom.

Renata olhou para a mesa onde estava o presenteador e ele acenou para ela, ela deu um meio sorriso e olhando para o garçom, excusou-se: 

— Agradeça ao cavalheiro, mas infelizmente, não podemos aceitar, voltaremos para o trabalho assim que terminarmos nosso almoço.

— Sim, diga-lhe que gostamos, mas não convém bebermos, agora. — concordou Cláudia.

O garçom entristeceu-se, perderia uma boa comissão na venda daquele produto tão caro, mas aceitou e voltou para a mesa do cavaleiro: 

— Elas agradeceram, mas terão que voltar ao trabalho e não podem beber.

— Guarde a garrafa e quando elas terminarem, dê uma para cada uma, devidamente embrulhada para presente. 

O sorriso do garçom foi de orelha a orelha, ganharia em dobro com a decisão do cavaleiro. 

— Sim, senhor.

Thomas olhou para elas, novamente, e sorriu, com um leve movimento de cabeça. Elas corresponderam e voltaram a sua refeição.

— Este não é o Presidente da Nixor?

— Sim e também o homem mais difícil de se lidar que já conheci. Arrogante e machista. Eu admiro muito dele me oferecer champanhe, deve ter algum plano por trás.

— Ah, sua danadinha! Quer dizer que você o conhece e nunca me contou sobre isso? 

Cláudia estava entusiasmada ao receber a atenção do homem. Mas com a declaração de Renata, percebeu que a atenção dele estava focada na amiga. 

— Não o conheço, realmente. Há dois anos eu consegui uma entrevista com ele para apresentar meu trabalho e tentar uma parceria, mas ele nem quis ver minha proposta, me julgou pela aparência e me dispensou. Depois nos encontramos em outras situações e ele foi um cafajeste.

Cláudia deu uma sonora gargalhada, lembrando-se de como sua amiga se vestia no início da carreira, completamente diferente da imagem que transparecia agora. Tornaram-se duas mulheres de sucesso e impunham respeito, sem precisar disfarces para manterem os assediadores à distância.

— Nós crescemos, não é mesmo? Será que ele te reconheceu ou só se agradou da aparência?

— Cláudia, Cláudia, o que se passa nessa sua cabeça? Eu ainda nem desfrutei da minha liberdade, não quero outra encrenca em minha vida, ainda mais desse naipe.

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