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Capítulo 7. Tentativa

Todos estavam na espectativa pela resposta dela.

— Ao contrário do que afirmou o senhor Prentiss, eu não estou confundindo a minha vida pessoal com os negócios. Já há tempos eu havia planejado me retirar e ampliar a minha empresa.  Atrelada a empresa Peixoto, ficava limitada aos contratos assinados com seus parceiros. Separados, posso atender a qualquer um que me procurar com uma proposta válida.

— Então, você fez tudo de caso pensado? Usou o meu deslize para ter vantagem na sua saída?

— Não distorça as coisas, Donald. Eu não preciso que você me dê motivos para querer separar as empresas. Negócios são negócios. Quando assinei o contrato, já previa que minha empresa faria sucesso, ao contrário de você que sempre foi um desleixado com os negócios.

Os diretores associados sabiam bem do que Renata estava falando. Se não fosse ela ao lado de Donald, aquela empresa já teria afundado há muito tempo. Balançaram a cabeça afirmativamente, concordando com ela e Donald não sabia mais como argumentar. 

Marcela ainda estava presente, mais próxima da saída e procurando não ser notada. Ficou abismada ao ver que Renata tinha todos os recursos e razão para fazer o que fez e principalmente, competência para gerenciar qualquer negócio. 

— “ Como fui idiota…” — pensou a amante arrependida, já de olho no não vo acionista Prentiss.

Foi então que Thomas Prentiss tomou a frente e, levantando-se, foi até o local onde Donald estava sentado, apresentando-lhe uma pasta com  documentos. Donald ao ver do que se tratava, arregalou os olhos, empalideceu e erguendo a cabeça, fitou abismado o homem imponente. 

— O que você quer dizer com isso? 

— Exatamente o que está escrito aí, comprei a maioria das ações e agora sou o novo presidente da empresa, peço que se retire do meu lugar.

— Como assim? Eu ainda tenho as minhas ações e os acionistas que estão aqui, com certeza, me apoiam. Não tem como você ser o acionista majoritário, principalmente, sem haver uma votação?

— Eu comprei todas as ações dos acionistas minoritários que estão aqui representados pelo advogado e também acionista, Dr. Edward. Também tenho o apoio dos acionistas aqui presentes como diretores da empresa, que não aguentam mais os seus desmandos.

Donald levantou-se irado e confrontou Thomas.

— Não pode ser…a não ser que Renata tenha vendido as ações dela para você.

Todos olharam para Renata e ela perguntou: 

— Então, foi você quem comprou as ações? Sendo assim, como já prestei os esclarecimentos, não tenho mais o que fazer aqui. Não faço mais parte desta empresa, não tenho mais vínculo algum, seja com a empresa, seja com o ex CEO, e nem com você, por isso, estou me retirando.

Levantando-se, caminhou em direção à porta, mas o novo CEO a chamou: 

— Espere, Srta. Soares, vamos conversar sobre uma nova parceria. 

— Já deixei bem claro que não tenho interesse em me associar a você 

Com essa resposta ela partiu e deixou todos atônitos, principalmente Thomas, que parecia estar tendo um déjà vu.

Lembrava-se muito bem quando ela foi à sua empresa oferecer seus serviços e ele, julgando-a pela aparência, dispensou-a sem sequer pensar em dar-lhe uma chance. Agora, estava profundamente arrependido, primeiro porque ela era a número 1 em propaganda e marketing do estado e segundo, porque era a mulher mais linda e intrépida que já conheceu.

Renata foi direto para o seu escritório e chamou sua advogada e amiga, Cláudia, que ao entrar no escritório, foi logo perguntando: 

— Então, como foi? Donald criou encrenca?

— Foi como eu já imaginava que seria, a surpresa ficou por conta de Thomas Prentiss que foi quem comprou as minhas ações e as de outros acionistas minoritários, assumiu o posto de presidente e tentou de todas as maneiras continuar com a nossa parceria.

— Você sabe que ele vai vir com tudo atrás da gente, não é?

— Sim, foi por isso que pedi que você fizesse aquele contrato à parte com os novos clientes, pois eu tenho certeza que ele vai usar métodos escusos para conseguir que eu trabalhe para ele. 

— Sim, eu sei e estão todos trancados dentro do cofre, com cópias autenticadas no cofre do banco. 

Renata riu, divertida com a prevenção da advogada, que estava super certa. Ser prevenida era muito necessário no ramo de negócios em que viviam. 

Dois dias se passaram e aconteceu o que ela supunha, os quatro clientes lhe ligaram dizendo que estavam sendo pressionados pelo Grupo Nixor e podiam ir à falência se não vendessem suas empresas para ele.

— Acalme-se, Sr. Geofrei. Faça o seguinte, marque uma reunião com os outros e com o senhor Prentiss, me avise a data e a hora e eu estarei lá. 

— Muito obrigada, Srta. Soares.

— No ramo empresarial, precisamos usar de todas as estratégias e ser prevenidos. Nos veremos assim que for marcada a reunião.

Renata não perdeu tempo, foi para sua sala de programação e abriu as pastas de cada cliente, imprimiu os propósitos de cada campanha, para fixar um em cada quadro. O seu sucesso vinha de um planejamento minucioso com fotos, frases de impacto e listas de vantagens.

Com a moda de usar Inteligência Artificial para tudo, utilizar métodos antigos, tidos como antiquados, trazia para o negócio, sentimentos que a IA não tinha. Amava as ferramentas da Internet para elaborar seus projetos de propaganda, mas o que dava credibilidade e atingia o público alvo, era o trabalho que fazia fora do computador.

Trabalhou por dois dias inteiros, bateu seu recorde em criar esboços para as campanhas, mas seria importante para apresentar na reunião. Avisaram a data e o local da reunião e seria dali a poucas horas.

Preparou o pendrive com as campanhas e saiu da sala, chegando ao seu escritório. A secretária percebendo seu retorno foi avisar, correndo.

— O Sr. Prentiss está aqui esperando para falar com você.

— Falou que eu estava ocupada, para ele marcar hora?

— Sim, mas ele disse que era importante e iria esperar.

— Estranho… temos uma reunião em duas horas, embora ele não saiba. — pensou um instante e a curiosidade falou mais alto — Deixe-o entrar.

Thomas entrou no escritório, apreciando a decoração clássica em madeira de lei. Caberia uns quatro dele em seu escritório amplo e aberto, devido às paredes, portas e janelas transparentes.

— Gostou, Sr. Prentiss?

— Sim, mas não imaginei que você gostasse de antiguidades. Uma mulher que trabalha com o mais moderno em tecnologia, geralmente transpira modernidade.

Renata reparou que a aura do homem enchia o ambiente e o modo como observava tudo e se movia com intimidade, parecia estar bem à vontade. Não  podia negar que ele era muito atraente.

— O que o trás aqui, Sr. Prentiss?

— Só Thomas, por favor. Eu vim tentar, novamente, fazer você mudar de ideia e renovar o contrato.

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