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Capítulo 6. Assembleia

Ele pegou o celular e ligou para Charles, não estava com paciência para se comunicar naquele aparelho.

— Alô, Thom. É como eu te disse, o contrato acabou junto com o casamento.

— Eles já comunicaram aos associados?

— Ainda não, creio que o CEO está tentando negociar com a ex-esposa.

— Certo, vamos esperar, mas se houver algum movimento na bolsa de valores sobre a venda das ações dela, compre todas.

— Sim, manteremos os planos. Boa noite e até amanhã.

— Até…

Desligaram e Thomas estava esperançoso, apesar de querer a ONE, também queria a Peixoto por seus produtos de excelente qualidade. Seu investimento em design de modas deu muito certo e prosperaria com a parceria. 

Agora, poderia dormir em paz. 

Dois dias depois 

A entrada de Renata no prédio da Empresa Peixoto, causou um frisson nos funcionários que já sabiam da ruptura das empresas e do casal. Nunca a tinham visto tão imponente e bela. Trajava um conjunto de pantalonas com blazer, brancos e uma blusa azul bebe por baixo. Seus cabelos, longos, caíam sobre suas costas, deixando-a mais feminina.

O toque-toque do seu salto era inconfundível. Geralmente, usava scarpins, que eram mais confortáveis para o trabalho, mas hoje, queria estar mais alta e imponente para o que ia fazer. Todos admiraram sua postura elegante e a cumprimentaram, sem impedir a sua passagem. 

Esperava pelo elevador, quando Marcela chegou para acompanhá-la. 

— Bom dia, Sra. Peixoto.

— Agora é Srta. Soares, já lhe falei. Conheço o caminho, Marcela, você não precisava ter o trabalho de vir me receber. 

— Desculpe, Srta. Soares. É uma honra e um prazer recebê-la.

Renata manteve a postura, mas por dentro, gargalhava, pois era a primeira vez que Marcela a tratava com tanta cerimônia. Será que eles perceberam que estão quase indo à falência?  Pensou.

Ela sempre foi pontual, mas hoje, resolveu atrasar 3 minutos para encontrar todos na expectativa, ao entrar na sala. O primeiro a encará-la foi Donald e logo em seguida, viu os rostos sérios dos acionistas e em seguida os quatro últimos associados dela na Oni, sorridentes. 

Por fim, viu quem ela menos esperava, o grande empresário Thomas Prentiss. Aproximou-se da cadeira na ponta oposta de Donald e ao sentar-se ouviu a voz dele cheia de irritação: 

— Está atrasada!

— Estou dentro do permitido para um atraso, tem alguma outra acusação para tentar me diminuir ou podemos começar?

— Não me provoque, Renata!

— Ou o quê?

Fechando os punhos sobre a mesa e rangendo os dentes, Donald achou melhor desistir daquele embate e iniciar logo a reunião. Seu intento não era discutir com ela, mas sim, a cooperação dela nos novos contratos que assinou. Não daria o braço a torcer por ter errado ao não levá-la para assinar os contratos e muito menos, por ter levado sua secretária no lugar dela. 

— Vamos começar, aqui estão presentes os acionistas e diretores da empresa, assim como os novos associados, para que você nos explique as suas decisões.

Renata contemplou a todos e por fim olhou para os quatro associados com quem ela tinha assinado contrato uns dias antes e passou-lhes a oportunidade: 

— Creio que seja melhor que vocês quatro comecem, assim poderão sair primeiro.

Os quatro concordaram e o primeiro falou: 

— Estamos aqui para cancelar o nosso contrato de parceria. — o primeiro a falar foi bem direto. 

— Cancelar, mas por quê? Vocês não têm receio da multa que terão que pagar? — perguntou Donald, cheio de razão.

O segundo tomou a palavra:

— Estamos cancelando o contrato porque quando o assinamos, o senhor havia incluído a Empresa One como participante, porém, soubemos que não existe mais contrato entre as duas empresas e como a senhora Renata Soares não assinou os contratos, constitui um estelionato.

O terceiro continuou, como se tivessem combinado o que cada um iria dizer. 

— Nós queríamos muito ter a One como nossa parceira, mas ela sempre esteve atrelada a Empresa Peixoto, por isso assinamos o contrato. Agora que vocês não têm mais vínculo, não precisamos mais da Empresa Peixoto e vamos processá-lo.

O quarto empresário concluiu:

— É por isso que já acionamos o nosso advogado e estamos exigindo que vocês paguem a multa contratual, caso isso não aconteça, o caso será denunciado à polícia.

Cada um entregou a sua pasta para Marcela, que as levou para Donald. O primeiro empresário a falar, novamente se dirigiu a todos: 

— Dito isto, pedimos licença para nos retirarmos. Daqui em diante, serão nossos advogados a se comunicarem com vocês, com licença.

Os quatro se retiraram e um por vez, foi cumprimentar Renata e apertou-lhe a mão. Renata sorriu para os quatro e viu-os partir, só então encarou Donald que estava vermelho de fúria e com certeza, deveria estar pensando no quanto teria que pagar de multa. 

— O que foi, Donald? Está passando mal? Marcela, sirva água para ele. — mandou Renata, como se fosse a verdadeira CEO.

— Pode parar, Renata. Vamos continuar, os associados querem uma explicação de você. — grunhiu Donald.

— Pois não, o que querem saber? 

— Por quê a senhora desfez o contrato da One com a nossa empresa sem comunicação prévia? 

Pensou Renata:

Então é por este caminho que eles querem seguir? Querem botar a culpa em mim por quebra de contrato, mas estão redondamente enganados, se pensam que sou uma irresponsável como o CEO desta empresa.

— Em primeiro lugar, o contrato tinha prazo de validade e se não viram, foi negligência da parte de vocês, mesmo assim, eu enviei um e-mail para a firma de advogados, comunicando que o contrato estava encerrando e eu não tinha intenção de renovar.

Ela pediu a Marcela para que ligasse a smart TV e com o celular, postou a cópia do e-mail que enviou e a resposta da empresa confirmando o recebimento. 

Thomas ficou inquieto, pois também esperava usar esse argumento para mantê-la vinculada a empresa Peixoto, mas pelo jeito, o idiota foi o CEO, que não prestou atenção e não deu o devido valor a sua esposa. Não podia culpá-lo, pois também a subestimou.

— Senhora Peixoto… — começou Thomas a falar.

— Senhorita Soares, por favor. — corrigiu ela.

— Senhorita Soares, não existe a possibilidade de uma nova parceria com a empresa Peixoto?

Renata não entendeu o porquê dele querer saber. Será que ele também assinou um contrato?

— Qual o seu interesse, Sr. Prentiss?

— Acho que a Srta. está misturando a vida pessoal com os negócios. Afinal, era vantajoso o contrato entre as duas empresas, a One cresceu em parceria com a Peixoto. — A postura do empresário era firme e fria, mostrando que tinha total convicção do que falava.

— Não sei o que o senhor faz aqui e nem qual o seu direito de me questionar, mas vou lhe responder: sempre foi o contrário, sempre foi a One que alavancou a Peixoto e não o inverso.

Thomas sentiu que ela não cederia e olhou para Donald, esperando uma atitude da parte dele.

— O Sr. Prentiss tem interesse em nossa Empresa, mas quer as duas, não uma só. Você não estaria disposta a renegociar o contrato? — perguntou Donald.

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