— Ah, jovem dourado! Tu quase alcançaste, nesse ponto, um entendimento da nossa missão nesse planeta — explanou o velho púrpura que ouvira pacientemente meu relato por dias — mas faltou-lhe. É uma pena que Wyrmygn nunca tenha me ouvido e que tenha negado por toda a vida minhas visões, mensagens enviadas a mim pelos espíritos superiores. É uma pena, pois tudo poderia ser diferente! Contudo, os espíritos superiores também nos ensinam que uma folha não cai antes nem depois da hora. Tudo acontece quando deve acontecer e com motivos para acontecer e nada é por acaso. 
F. G. CARDDRACO SAGAO DESPERTAR4ª EdiçãoCuritibaEdição do Autor2020DRACO SAGA: O DESPERTAR por F. G. CARDTodos os direitos reservados. Esta obra, em parte ou por inteiro, não pode ser utilizada, reproduzida ou distribuída sob quaisquer meios existentes ou que virão a existir sem prévia concessão do autor.Preparo de originais: Fábio GuoloRevisão: Valéria do Valle, Gabriela Coiradas, Fabiano Guolo.Capa e diagramação: Leandro BitencourtImpressão e acabamento: AmazonDados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)----------------------
—Ah! Que sono formidável! Há séculos eu não dormia tão bem — falei comigo mesmo ao acordar naquele dia ainda zonzo pelo recém-despertar.Sentia em minha barriga, o friozinho dos belos amontoados de metais e pedras preciosos que formavam meu leito. Abri um dos olhos para contemplar a penumbra do salão e percebi alguns tímidos raios de sol que entravam pelas estreitas fendas superiores de minha residência rochosa: minguados fachos de luz que jamais seriamsuficientes para iluminar minha sombria, fria, úmid
Alcei voo e parti ao encontro do meu grande amigo e venerável Mestre, o anciãoWyrmygn. Com duas horas de vooalto e tranquilo cheguei ao Velho Vale. Do alto tive a nítida impressão que várias coisas mudaram lá em baixo em relação à última vez que eu fizera aquele percurso. Não dei muita atenção a essa impressão, pois o prazer de retornar àquele lugar mágico, em cada uma das incontáveis vezes em que lá estive, era indescritível.Ah! O velho e grandioso vale! Nosso eterno santuário. Mesmo à noite conseguia vislumb
—Conquistar seria até um prazer comum conosco, se os hábitos deles não fossem tão fúteis. Tentam conquistar tudo que lhes é possível. Demarcam terras e se declararem donos delas. Nessas terras cultivam plantações de todos os tamanhos e tipos de vegetais, criam animais domesticáveis, constroem várias tocas de pedra, argila e madeira de todos os tipos e tamanhos. Às terras usadas para cultivo e criação de animais, alguns chamam de fazendas, outros de feudos. Pouco importa a diferença. Às terras onde constroem o maior número de tocas, chamam de cidades ou vilas dependendo do tamanho da aglomeração. Algumas construções são usadas para comercializar o que é produzido nas fazendas, outras s
—Ah,Dryfr, embora ainda haja muito que devas saber, diga-me, o que te aflige tanto para vires aqui abruptamenteno meio da noite? — questionou parecendo cansado.—Como já sabes, venho por causa desses seres humanos. O que não sabes é que ao acordar deparei-me com eles rondando as terras próximas a minha casa. Algumas dúzias montando cavalos e dirigindo-se para a minha montanha. Como deves supor, fiquei surpreso ao deparar-me com seres até então
Eu voava alto quando me aproximei do acampamento. A lua cheia, iluminava a noite estrelada. Voei mais vagarosa e suavementepara evitar ruídos com o bater de minhas asas. Planei em círculos por um tempo e, de cima, eu via as fogueiras ainda ardentes no acampamento e as tendas, umas escuras, outras com tímidas fontes de luz dentro. Algumas nuvens encobriram parcialmente a lua e eu sobrevoei de muito alto em uma parte limpa do céu. Nossa visão privilegiada me permitiu verassentinelas de guarda. Dez delas espalhadas, descrevendo um esboço de pentagrama e em cada ponta, duas juntas. Eu esperava acordar refeito, mas o que me fez despertar foi a mais profunda dor física que um Draco pode suportar. Abri os olhos, mas só vi luzes claras e coloridas que ofuscavam minha visão. Via tudo embaçado, via vultos. Sentia o calor do líquido viscoso que fluía em abundância do meu corpo. Percebi manchas vermelhas por onde meu sanguevazava em pontos onde minhas escamas foram arrancadas com violência, minha pele perfurada, minhas garras serradas, algumas arrancadas; minha cauda amputada e meus chifres e espinhos decepados a machadadas; meus dentes quebrados a marretadas. Tudo contribuía para aumentar a dor, o desespero e incapacitar meu corpo. Mas, acima de tudo, uma dor maior habitava minha alma: a faltado mana. Eu não sei como, mas em minha residência rochosa n&atil6 - AGONIA
Acordei em um sobressalto ficando de pé e ofegante como nunca. Passaram alguns dias e, ao contrário daquele pesadelo quepareceu-memuito real, recobrara minhas energias mágicas por completo. Lembrei saudoso de meu amado e falecido irmãoDrwfr. É provável que a dor sentida por ele fora equivalente ao que presenciei em meu pesadelo, de acordo com as descrições do Mestre.Resolvi afastar tais pensamentos e depois do ritual de acordar, espreguiçar, subir ao cume da montanha, certificar-me da segurança e fazer o desjejum, rumei para o Velho Vale uma vez mais. Ao lá chegar, fiz as