O gêmeo perfeito

“Eu tenho que estar um passo à frente dela

Eu não estou pronto

Coisinha doida chamada amor” – Queen.

*Donna*

Eu segurei com firmeza a pequena jarra da cafeteira antes de estendê-la sobre a xícara de Sebastian.

Minhas mãos tremiam. Mas era sempre assim quando estava com ele. Ainda mais se tratando de um dia pós espancamentos, com os nervos a flor da pele.

Ele segurou a minha mão quando terminei de encher sua xícara. Mesmo com as mãos trêmulas e suadas, eu tive que controlar cada instinto que me mandava fugir. Afinal de contas, para onde eu fugiria? Não só na sua casa, mas no próprio condado ele era o poder.

Eu abandonei qualquer chance de ir embora quando aceitei largar tudo e ir morar com Sebastian. Quem me culparia afinal? Eu acreditei fielmente que se tratava apenas meu homem querendo cuidar de mim. Foi oque ele disse. Foi oque ele pediu. Que eu confiasse, acreditasse.

Doce ilusão.

As mãos grandes de Sebastian acariciavam de leve meus lábios cortados.

Com a pitada de dor, eu me afastei, não de forma bruta, foi apenas um movimento repentino. E nos surpreendeu.

— Você sabe que eu não gosto quando faz isso. — Ele parecia realmente chateado.

— M-me...me desculpe.

Meu sussurro sai baixo, eu sempre falava baixo.

— Olha oque me fez fazer. — Ele trincou os dentes irritadiço.

— Eu sinto muito...não farei mais isso.

Eu tinha vontade de vomitar toda vez que tinha que tinha que me desculpar por algo que não merecia desculpas. O único culpado sempre fora ele. Das surras, das humilhações, dos estupros.

— Agora terei que trabalhar com a antiga camisa.

Sebastian sinaliza com os dedos para a camisa azul claro onde estava pendurado a identificação de xerife. — É melhor prestar atenção, não quero ter que punir você novamente, por falta de atenção sua.

Ele se levantou, colando os lábios aos meus. Colocou sua arma no coldre e se levantou.

Esse era um dos momentos do dia que eu mais apreciava. Eu finalmente poderia respirar. Embora ainda ficasse tensa. Sabia que Sebastian amava o trabalho tanto quando abusar de mim.

Eu prendi os meus cabelos encaracolados escuros em um coque.

Andando lentamente por causa das contusões de menos de 12 horas atrás, subi as escadas olhando as fotos que se estendiam na parede da mesma. Havia uma foto do nosso casamento. Havia sido algo muito simples. Os meus pais já estavam mortos e eu não tinha amigos. Da família de Sebastian estava presente apenas o pai, o xerife anterior.

O restante da família não pode comparecer, na verdade eu teve a impressão que não quiseram estar presentes. Sebastian e seu pai Henry eram extremamente controladores e narcisista.

As surras começaram quatro meses depois do sim. Não houve qualquer motivo aparente. Um dia eu havia me inscrito em uma vaga para caixa de supermercado local, passei maquiagem, pintei as unhas, coloquei o lenço em preferido em meus cabelos volumosos.

Sebastian afirmou que eu estava me arrumando para alguém, para ser desejada e reparada. Então ele esmurrou seu rosto a primeira vez.

Eu estava certa que iria embora, jamais passaria pelo o que minha mãe passou. Mas ele chorou, e prometeu que não faria mais...e eu...eu acreditei.

Depois de limpar minimamente todo andar de cima, desci, fazendo meu bom e fodido papel de limpar o andar de baixo. Conectando o iPod no som, balancei meus quadris ao som de Crazy Little Thing Called Love.

Esse era um dos meus únicos momentos de lazer, com a exceção de quando a jovem Megan aparecia . Eram momentos que eu não tinha medo

Eu ia algumas vezes ao mercado, comprar algo para preparar as refeições e era outro momento que eu também gostava. Poder ver a rua, ver pessoas.

Não se passam segundos até que a companhia soe, cortando o som. Indo até a porta, eu observo pelo olho mágico. E percebo que há um homem de costas. Eu não deveria abrir a porta e também deveria evitar falar com homens. Especialmente quando estivesse sozinha em casa.

Mas não havia como ignorá-lo, já que ela ainda estava plantado lá, e a música que saia de dentro da casa, deixava claro que havia alguém lá. Eu abri uma brecha da porta.

— O-olá… — A minha voz sai fraca, e eu tento torná-la firme quando falo de novo. — Olá.

Quando o homem se vira, eu tenho certeza que estou vendo uma miragem. Minha respiração falha um pouco e eu tenho que colocar a mão no peito para me conter.

— Posso falar com Sebastian? — O homem tira o chapéu de militar e segura da frente do corpo. — Ah, me desculpe. Que grosseria a minha. Me chamo Stephen.

Eu realmente devo estar estupefata, porque o homem me olha com uma expressão de humor, quando seus lábios se curvam em um sorriso tenro.

— Sou Donna. — Digo baixo, Saindo do transe envergonhada por tal reação.

— Donna. — Ele coca a ponte do nariz. — Me desculpe aparecer assim, eu passei na delegacia e deixei um recado para meu gêmeo bastardo.

Eu o olho por entre os cílios negros, e percebo que embora Sebastian e seu irmão sejam quase idênticos Stephen é lindo em proporções absurdas. Uma barba amena cobre seu rosto. Ele tem um rosto quadrado, sobrancelhas grossas e escuras, lábios marcados e cheios, bochechas proeminentes. Isso tudo faz realmente um belo conjunto. O homem é lindo.

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