Assim que os policiais viram que eu estava bem, depois de passar sete dias no hospital sob a vigilância da polícia, fiquei presa por um mês inteiro, mas finalmente fui levada para depor na delegacia. Provavelmente ficarei presa por mais tempo, por mais que Mitch tenha sido um canalha comigo nada muda o fato de que o matei.Eu matei um homem.Nunca em sã consciência passaria algo assim em minha cabeça, eu não era assim, eu fui transformada nisso. Tudo o que passei me transformou nisso, não consigo sentir remorso por ter matado um homem, não é qualquer homem, é um desgraçado que quase acabou com a minha vida, um lixo, tenho a certeza que ele não vai fazer falta nenhuma para o mundo.Minha memória está voltando aos poucos, a polícia permitiu que eu ficasse no hospital até estar no mínimo 89% recuperada, para que nada atrapalhasse o caso. E David? Ele esteve sempre do meu lado, mesmo quando eu vivia jogando coisas neles e o maltratando.Depois de tudo o que me aconteceu, eu só consigo s
Geralmente o dia do nosso aniversário é sinônimo de alegria e festa. Depois de 19 anos de comemoração o meu vigésimo ano na terra não tem graça nenhuma. Já que amanhã será a tão aguardada data do meu casamento depois desse tempo todo. Nem mesmo a minha cama consegue me manter quieta de tanto me revirar de um lado para o outro, com uma vontade enorme de colocar fim na ansiedade que me consome.Aos olhos dos outros é suposto eu estar imensamente eufórica, mas não. Estou dividida entre o medo daquilo que me espera e o "prazer" de vir a me casar com o homem da minha vida, pelo menos era isso que eu achava desde os meus 12 anos. Porém, descobri que ele é um autêntico babaca e o amor acabou.Infelizmente, o nosso casamento foi planejado antes mesmo de nós nascermos. Meu pai é um homem bastante medieval, daqueles que ainda tem na cabeça que os pais é que devem escolher os maridos das suas filhas e que as mulheres devem ser submissas aos maridos.Parece que estar em 2017 não difere em nada no
Minha cerimônia de casamento, está aberta para as pessoas mais importantes da alta sociedade, pessoas que nunca vi antes na minha vida. Todo o casamento está sendo realizado em minha casa, chamaram uma juíza para dar seguimento as normas legais. Faz tempo que não vejo meu noivo e quando o via algumas vezes, seu rosto andava sempre sério, parecia nem ter alma naquele corpo.— Seja feliz meu amor – mamãe beija minha bochecha carinhosamente, e acaricia meu rosto — Lembra de tudo o que lhe ensinei, e não terás muito a sofrer em seu casamento – sinto uma vontade de chorar me rasgando por dentro, porém engulo o choro porque sei que mesmo que chorasse eu me casaria.— Tudo bem mãe. Meu pai me deu todo o tipo de sermão, basicamente tudo o que eu não podia fazer na frente dos seus convidados da alta sociedade e maioritariamente pertencentes ao Líbano. Não demora muito para a hora da cerimônia chegar. Meu pai segura meu braço como se fosse o melhor pai do mundo e vamos em direção ao quintal
Estamos andando a uma hora e meia, David não para de reclamar, porém eu estou adorando sentir a natureza. Estou me sentindo livre de um jeito que nunca me senti.Esse lugar é muito lindo. A casa onde estamos é no meio da floresta, um lugar que com certeza pertence ao Líbano ou a família do David, mas isso não me impede de aproveitar a paz que esse lugar está me proporcionando.Minha barriga ronca me trazendo a lembrança de que saímos de casa sem comer alguma coisa.O barulho da minha barriga é tão alto que David para no meio do caminho e me encara com as mãos na cintura.— O que foi? – questiono sem entender seu olhar sobre mim.— Se lembrou de trazer alguma coisa para comer?Faço que não com a cabeça, ele revira os olhos e vejo sua expressão mudar de irritado, para mais irritado ainda.— Vamos voltar para casa – diz parecendo aborrecido — Lembrou da caminhada, mas não lembrou que a gente não come nada desde ontem?Verdade, mas eu estava tão empolgada que me esqueci disso.— Tem um ri
Passaram-se algumas semanas desde que eu e David nos casamos, desde aquele dia que não vejo mais ninguém ou voltamos a colocar os pés na cidade. David disse para mim que é uma regra que temos que cumprir, não me falou do porque termos que seguir essa regra absurda, mas não questionei até porque está sendo maravilhoso ficar aqui com ele. Embora ele tenha que sair algumas vezes, para onde não me diz.Estou deitada na cama quando ouço o barulho da porta sendo aberta, corro para baixo e vou recebê-lo. Uma das regras que eu tenho que cumprir é de sempre receber o meu marido quando chegar em casa.Pelo menos essa vou cumprir, até porque a melhor parte de quando ele saí, é quando ele volta.— Boa noite – dá um beijo em minha bochecha — Como foi seu dia?— Boa noite. Um tédio sem você, e o seu?— Cansativo – tira o casaco e o coloca em cima do sofá — Estou morrendo de fome.— Vamos jantar então? — Queria jantar você primeiro – diz me arrancando um sorriso envergonhado, minhas bochechas ar
Eu gostaria tanto que tudo fosse diferente, que tivesse tendo um filho por vontade própria, mas não, estou tendo um filho porque terceiros querem isso.Isso não entra na minha cabeça. Olho para o teste a minha frente com o coração na mão, eu já sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde, mas preferia que fosse mais tarde, muito tarde. É o quinto que faço e todos dizem a mesma coisa.Estou grávida! Saio do banheiro, levando todos os testes para David que me espera no quarto, acredito que tão ansioso quanto eu estava quando fiz o primeiro e o segundo teste.— E então? – Pergunta eufórico. Não respondo, somente entrego os testes para ele. — Achei que isso nunca aconteceria – sorri satisfeito — Ainda bem que engravidou logo. Não estava aguentando mais meu pai e nem meu avô com essa história de herdeiro o tempo todo – me abraça por longos segundos e deposita um beijo em minha testa — Obrigada – sussurra.Quero estar feliz como ele, mas não consigo.É só isso o que interessa par
Como uma criança é morta para agradar seres que nem sequer existem?Onde que está o sentido de humanidade dessas pessoas? Como as pessoas têm coragem de tirar a vida de um ser que nem sequer conheceu o mundo? Um ser que merece viver tanto quanto qualquer outra pessoa?— Sim querida. É algo que acontece há muitos anos, não foi sempre assim, mas por motivo de força maior tiveram que adotar essa regra no Líbano.— Pare de falar como se isso fosse algo normal, porque não é! — Levantei da cama irritada. — Eu não vou aceitar isso do mesmo jeito que você aceitou, nenhum motivo de força maior é desculpa para tamanhas barbaridades. — Vê como fala com a sua mãe Akira! — Meu pai entrou no quarto. — Há regras no Líbano que estão muito acima de qualquer desejo nosso e mesmo que isso seja cruel, é assim que deve ser. — Completou cruzando os braços. Edward nos olhava com cara de perdido, não sabia em que momento intervir. — Não há nada que possamos fazer. — disse minha mãe.Sempre pensei que ela
— Anda Akira!— Não aguento mais. — Me joguei na grama totalmente ofegante.— Deixa de ser preguiçosa.— Já nem sei se isso é uma casa ou um quartel general, que mal eu fiz para você? Porque me odeia tanto?— O doutor disse que precisa fazer exercícios.— Não me interessa o que o imbecil desse doutor falou. David me fez acordar seis horas da manhã, seis horas da manhã, já disse seis horas da manhã? Ainda mais para ficar correndo pelo quintal feito louco, sem esquecer que estou grávida e tenho uma barriga que me impossibilita até de fazer tudo.— Para de fazer drama porque você nem está correndo, a gente está andando.— Me deixa quieta aqui.— Você precisa fazer pequenos exercícios para não ter complicações no parto. — Se jogou do meu lado. — Eu tinha que trabalhar, mas estou aqui com você.— Vá trabalhar, eu não pedi para ficar me vigiando.— Não estou te vigiando, estou te protegendo de você mesma. — Como vai chamar ele? — Mudei de assunto para ver se ele parava de me obrigar a faz