Capítulo 02

Minha cerimônia de casamento, está aberta para as pessoas mais importantes da alta sociedade, pessoas que nunca vi antes na minha vida. Todo o casamento está sendo realizado em minha casa, chamaram uma juíza para dar seguimento as normas legais.

Faz tempo que não vejo meu noivo e quando o via algumas vezes, seu rosto andava sempre sério, parecia nem ter alma naquele corpo.

— Seja feliz meu amor – mamãe beija minha bochecha carinhosamente, e acaricia meu rosto — Lembra de tudo o que lhe ensinei, e não terás muito a sofrer em seu casamento – sinto uma vontade de chorar me rasgando por dentro, porém engulo o choro porque sei que mesmo que chorasse eu me casaria.

— Tudo bem mãe.

Meu pai me deu todo o tipo de sermão, basicamente tudo o que eu não podia fazer na frente dos seus convidados da alta sociedade e maioritariamente pertencentes ao Líbano.

Não demora muito para a hora da cerimônia chegar. Meu pai segura meu braço como se fosse o melhor pai do mundo e vamos em direção ao quintal assim que a música soa. Uma música leve e gostosa de se escutar, por um momento o som daquela melodia calma e suave me acalmou.

Olho tudo em volta e não deixo de me emocionar, porque tudo está muito lindo, eu estou muito linda. A decoração é toda feita nas cores branca e amarela, há margaridas espalhadas por todo recinto onde decorria a cerimônia e do outro lado, propriamente o lado esquerdo do quintal, tem mesas, cadeiras, flores, tudo combinando com a decoração.

Eu estou parecendo uma princesa, meu vestido branco tem uma calda longa, pedras de diamantes em volta das mangas que cobrem até a metade do meu ombro e braço, meu cabelo está preso no alto da minha cabeça, há uma tiara linda em volta do meu cabelo, uso brincos de diamantes pequenos por conta do colar fino em meu pescoço que também é envolto de diamantes.

Se esse casamento fosse por minha livre vontade, eu estaria muito feliz já que casar é o sonho de quase metade das mulheres do planeta, só para não dizer todas. Muita gente acha que para uma mulher ser realizada na vida está precisa se casar, não compartilho da mesma opinião. Posso muito bem ser feliz com ou sem um homem do meu lado. Se tiver um, tudo bem, se não, tudo bem também.

Quem dera se tivesse nascido com o poder de decidir isso.

A mãe do meu marido é a única pessoa que demonstrou carinho por mim, diferente de toda a sua família, me pediu para não contrariar ele porque não sabe o que poderá acontecer. Se ela que é mãe dele estava me dizendo aquilo, nem imagino o que pode vir acontecer comigo.

Assim que chegamos ao altar, pude ver totalmente o rosto dele. Ele é um homem bonito, cabelos pretos encaracolados que caem por seu rosto, de olhos azui, seu corpo é esbelto e magro, tem o rosto de um anjo. Já ouvi coisas muito más acerca de David, maior parte das pessoas do Líbano o temem por ele não ter coração. É isso que muitas vezes ouço em festas e algumas reuniões de mulheres do Líbano, que deixei de frequentar depois de perceber que lá só ensinam como tratar o marido, que devemos ser obedientes, ser obediente e tantos outros absurdos que me fizeram deixar de frequentar aquele lugar desde quando tinha apenas 14 anos.

Não sei o motivo de chamarem David de "sem coração". Nunca quiseram me dizer, os que não sabem especulam, mas o que sabem se negam a dizer alguma coisa.

Encaro David percebendo que está do mesmo jeito que o vi pela última vez, ou ainda mais lindo. Em nenhum momento ele cruza seu olhar no meu, se mantém sério como se nem estivesse vendo que estou na sua frente.

A juíza começa a falar pouco tempo depois do meu pai me entregar ao David. E tudo corre como meu pai quer.

O momento em que tive que beijar ele é bem constrangedor para mim, seus lábios são frios como seus olhos olhando para o nada, sinto medo pelo que me espera vendo a frieza que há nele.

Tive que passar a festa toda sorrindo para todos. Apesar de não ser fácil fingir alegria onde não existe, infelizmente tive que agir desta maneira para evitar represálias.

Finjo ser a noiva mais feliz, sorrio para os convidados, danço e converso com as pessoas como se tivesse tomado um litro de simpatia...que nem existe na verdade.

Quando até meu corpo reclama por estar de pé, olho para o lado vendo Edward e caminho na sua direção.

— Não sei se te dou os parabéns ou te desejo boa sorte – Edward diz me abraçando.

— Obrigada pela força, não sei o que faria sem você – falo com ironia.

— Se eu pudesse te salvaria, mas sabe que não posso fazer nada.

Ele tem razão.

Só é considerado do Líbano aquele que tiver sangue do Líbano ou que case com alguém do Líbano. Minha mãe só pertence ao Líbano por ser casada com o meu pai, os meus avós, pais da minha mãe, não pertenciam ao Líbano. A mãe de Edward não casou com ninguém do Líbano, por isso Edward sempre esteve fora disso.

— Sei. Promete que vai me visitar sempre?

— Se o seu marido permitir, eu prometo que acampo direito na sua casa.

Ficamos conversando por pouco tempo, até que meu querido marido, que até agora não trocou uma palavra comigo, além do "Sim, eu aceito" veio ter comigo.

— Vamos sair daqui a pouco – coloca a mão na minha cintura — Está pronta?

— Sim... claro – minha voz sai trêmula indicando que não estou pronta.

Ele não disse nada.

Nos despedimos das pessoas e vamos em direção ao carro.

Algum tempo depois chegamos em uma casa que fica no meio do nada, a única coisa que sei é que demoramos umas duas horas para chegar e durante a viagem me senti bem desconfortável com ele me encarando.

Sinto o pânico tomar conta de mim, fico cada vez com mais medo, não tenho controle dos movimentos do meu corpo, prova disso é que não consigo parar de tremer.

— Enfim sós – disse segundos depois de entrarmos no quarto.

Meu Deus, o que eu faço?

— Não precisa ter medo – disse calmo.

— Eu...não...con...eu sou...

— Você é virgem, eu sei – termina — Não teria casado comigo se não fosse virgem.

Do que tenho tanto medo?

Ele é um sem coração Akira – ouço minha mente responder, logo sinto o pânico me dominar completamente.

Ele não se aproxima muito de mim, mante uma distância considerável, uma que não me deixa mais desconfortável do que já estou.

— Vamos com calma... – falo sentindo o nervosismo tomar conta de mim.

Ele se aproxima de mim e me vira para ele, passa suas mãos por meu rosto e quando penso que ele vai me beijar, ele se afasta.

— Eu não vou fazer nada que não queira... – tira o paletó e j**a na cama — Quer fazer alguma coisa? Ver um filme?

Abre a porta do quarto e sai. Fico alguns instantes parada, tentando perceber o que aconteceu. Minha respiração está quase saindo pela boca.

— Você vem Akira? – aparece novamente na porta do quarto, me fazendo tomar um pequeno susto.

Pela primeira vez meu nome é pronunciado pela sua boca.

— C...claro – Respondo sem graça e o sigo para sala sem entender ainda nada do que aconteceu.

Chego na sala que também é muito linda e espaçosa, tem um sofá enorme, uma TV enorme e a decoração é ainda mais linda em azul do céu e branco.

David se senta em um dos sofás, eu fico em pé ainda não acreditando que ele está preferindo ver um filme, do que transar na nossa lua de mel.

Não que isso esteja me incomodando, longe de mim, é até bom para mim.

O que me espanta, é que os homens do Líbano não são assim, eles são brutos, sem coração e sem alma nenhuma.

— Porque está me olhando assim? – pergunta ele depois de colocar o filme, jogar a gravata em algum lugar da sala e se jogar no sofá.

— Não sei...era suposto...você sabe... – respondo envergonhada. Ele se levanta e anda até mim.

— Você está preparada para transar comigo? É isso o que quer? Hoje? Agora?

Não.

Ele está sendo gentil comigo? Eu sempre achei que ele fosse um monstro igual ao pai dele e ao avô dele, que são os líderes máximos do Líbano. Como assim agora ele quer minha permissão para transar comigo?

Ele continua mesmo depois de não obter nenhuma resposta minha.

— Olha Akira, eu não sou tudo isso o que você tem ouvido falar, talvez até seja um pouco. Mas eu não sou tão canalha a ponto de te obrigar a algo que não quer, vamos deixar as coisas acontecerem naturalmente tá? - Me olha profundamente com seus olhos azuis brilhando.

— Tá... – limito a responder.

Nos sentamos no sofá e vemos um filme de ação e comédia. Ainda insisto para ver um filme de romance, mas David recusa alegando que acabaria dormindo logo no começo  do filme. Brindamos pelo nosso casamento, rimos, comemos um monte de besteiras e acabamos um pouco bêbados... Bem, na verdade fui eu que depois da terceira taça de champagne já estava bem tonta, até porque nunca antes tinha bebido.

David não é de falar muito, mas a nossa noite foi muito agradável. Jamais imaginei que a nossa lua de mel seria assim.

No dia seguinte acordo sentindo minha cabeça doer como nunca antes. Olho em volta e só de ter os olhos abertos sinto como se a luz solar que entra pela janela da sala estivesse queimando meus olhos.

Minha cabeça está apoiada no peitoral de David, ele ainda dorme tranquilo de baixo do meu corpo como se o mundo estivesse na maior paz.

David parece um anjo dormindo, pelo que conheci até agora David é um anjo mesmo. Porque pelo contrário, a essa hora ele já teria feito comigo o que quisesse, com ou sem a minha aprovação.

— David... – chamo seu nome num sussurro, para que ele tirasse suas mãos que estão envolvidas em minha cintura — David me solta! – falo um pouco mais alto depois de tantas tentativas para que ele me soltasse sem sucesso.

Ele se mexe levemente de baixo de mim e o aperto do seu braço afrouxa em minha cintura.

— Porque mulher acorda gritando?  – pergunta com sua voz grave, mas de algum modo leve e suave.

— Você quase me esmagou – reclamo me sentando, alongo meus braços e ajeito o meu pescoço – me lembre de nunca mais dormir nesse sofá.

— Meu Deus, Akira! – diz como se estivesse admirado ou assustado com alguma coisa. Fico em alerta imediatamente.

— O que foi? Tem algum bicho atrás de mim? – o pânico toma conta do meu rosto. Quero começar a correr e a gritar, mas não faço porque David sorri.

— Fique calma, só estou admirado com a sua beleza. Ontem olhei muito pouco para você, a luz do sol está fazendo seu rosto reluzir, Akira você é linda!

Suspiro aliviada dando um pequeno sorriso e me sentindo envergonhada por tudo o que ele disse.

— Obrigada – sorrio — Tu és igualmente lindo.

— Eu sei, fui agraciado com a beleza exuberante da minha mãe e a elegância do meu pai – diz orgulhoso fazendo eu revirar os olhos.

— Seu pai é um escroto isso sim, lindo e escroto também  – percebo o que digo  colocando a mão na boca imediatamente. Espero ele me repreender, mas ao invés disso ele ri alto.

— Eu sou filho único de Anthony Baker, acha que nunca notei isso? Eu mais do que qualquer outra pessoa sei o quanto meu pai é escroto. Ele é escroto e não feio, então é só olhar para mim e verá que fui bem avantajado, tanto na beleza como no corpo.

Ouvir ele falando do pai dele daquela maneira me fez gargalhar e me sentir muito bem por não ser a única a achar tudo aquilo dele. Suas palavras me confortaram mais do que um abraço, eu podia beijar ele agora.

— Eu te daria um beijo agora – falo — pena que ainda não escovou os dentes.

— Odeia tanto assim meu pai?

— Ele fez eu ficar nua na frente dele, então sou do time que não morre de amores por ele.

— Sabe que é uma regra...

— Regra idiota, nem tem lógica isso.

Um silêncio se fez por alguns segundos.

— A gente bebeu demais – muda de assunto se sentando – minha cabeça está doendo.

Olho em volta vendo cinco garrafas de champanhe vazias no chão, uma de vodka vazia e outra ainda ao meio.

Sério que bebi até vodka?

— Eu também, a gente bebeu a garrafa de vodka inteira. Mas o que quer fazer hoje?

— Dormir – se j**a no sofá novamente — Estou sentindo que minha alma está fora do corpo.

— Claro que não David, a gente está no meio da natureza – fico em pé — Tem muitas coisas para a gente fazer aqui.

— Ah não, eu não vou. Podemos assistir um filme abraçados, cozinhar alguma coisa, qualquer coisa menos sair de casa.

— É a nossa lua de mel! – falo como se fosse óbvio.

— E dai? – franze o cenho de forma engraçada, olho para David com uma cara de gatinha morrendo. Isso sempre funciona com o Edward espero que funcione com David também — O que foi? Está com dor de barriga?

— David!

— Tudo bem – suspira derrotado — O que quer fazer?

Dou um pulo de alegria fazendo David revirar os olhos.

— Primeiro vamos tomar um banho, tirar esse cheiro de bêbados que temos e colocar uma roupa para fazer caminhada

— Caminhada? Está falando sério?

— Sim – respondo já andando em direção ao quarto — Levanta a bunda desse sofá querido.

...

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