— São nossos problemas, são nossos.— Eu o encarei pelo espelho vendo que ele parecia aparentemente surpreso.— A partir do momento que aceitei você eu aceitei todos os riscos, eu não quero fazer parte de momentos de sua vida, eu quero compartilhar tudo, não posso deixar que resolva tudo sozinho ou se preocupe sozinho.— Passei as mãos por seu braço passando a vira-lo em minha direção.— Eu amo você e quero estar do seu lado, não estou dizendo que não confio, mas que me importo tanto a ponto de não suportar vê-lo carregar tanto peso sozinho, eu não que...— Fui interrompida rapidamente.Lúcio calou-me com um beijo inesperado, foi completamente brusco, mas maravilhoso. Não podia negar isso. Ele segurou meu corpo completamente necessitado, era como se ele precisasse daquilo. Quando o beijo acabou eu permaneci o encarando por minutos demorado, era um momento mágico sempre que aquilo acontecia.Deslizei os dedos por seu rosto enquanto ele fazia o mesmo. Seus olhos foram muito rápidos, ele perc
— Lúcio? Já dormiu?— Levantei levemente a cabeça, ele abriu os olhos intensamente preto e aquilo poderia ser assustador se fosse outra pessoa.— Seus olhos são hipnotizantes.— Comentei de forma aleatória vendo que ele sorriu.— Isso tudo é insônia?— Ele perguntou ao se mexer sobre a cama ficando frente a frente comigo.— Estou sendo sincera, seu olhar ele poderia ser assustador se fosse outra pessoa, mas como é você acaba sendo hipnotizante.Lúcio sorriu formando as covinhas na região perto da boca.— Você está apaixonada é isso?— Ele sorriu, senti sua mão rodear minha cintura rapidamente e logo em seguida um beijo sobre a testa.— Mas isso é claro como água.— Respondi ao tocar seu rosto novamente.— Já que estamos sem sono preciso te contar uma coisa.— Ele disse enquanto manteve os olhos fixos aos meus novamente.— O Lawrence vai ficar na casa por um tempo.— Ele concluiu.— Que? Sério?— Questionei confusa.Mas ao pensar um pouco no assunto percebi que fazia muito sentido, afinal o que
O despertador tocou. Era hora de levantar. Eram 6 horas da manhã, era realmente a hora de acordar. Acordar para mais um dia que me aguardava. Saí da cama num pulo. Era uma rotina puxada, de fato. Deixar tudo pronto para que minha avó não tivesse tanto trabalho. Afinal, ela já dava um duro em cuidar do Caleb por mim. Falando no Caleb, aquele pimpolho tinha que acordar para ir à escola. Enquanto preparava o café da manhã e boa parte do almoço para ajudar minha avó, percebi a figura do Caleb na soleira da porta da cozinha. — Bom dia, mãe. — Caleb falou, abafando a boca com um bocejo logo em seguida. — Bom dia, meu amor! — Me aproximei dele bagunçando seus cabelos loiros. — Corre pra o banho, senão vai se atrasar, hein! Ele me abraçou rapidamente e seguiu para o banheiro, que não ficava tão distante. Na verdade, nossa casa era, tecnicamente, uma "caixa de fosforo". Dois quartos muito pequenos. Mal cabia a cama e o nosso guarda-roupas, que por sinal, estava balançando. Eu preciso dar
Embora Marie estivesse todos os dias na casa da avó na parte da tarde, ele pouco vinha busca-la, a não ser seu motorista, Teodoro. Talvez fosse azar de Cecília. Ela tinha outro filho, o Carlos. Esse que não era visto, mesmo. Ele era afamosa "ovelha negra" da casa dos ricos e renomados Martins. Carlos vivia aos luxos, em viagens exuberantes e lugares luxuosos. Pobre Cecília. Já a vi ter discussões sérias com Carlos pelo telefone. Carlos superara Lúcio, com toda certeza. Após deixar a mesa pronta para o café da manhã, esperei que dona Cecília viesse tomar café, mas não a encontrei. Alguns minutos mais tarde, ouvi à voz de Cecília vindo do lado da lavanderia. Ela estava conversando com Jorge sobre uma lista de compras a serem feitas no Supermercado do Messias. Ele tinha um supermercado no condomínio o qual dona Cecília morava. Senti-me um pouco tonta. Estava faminta, mas eu tinha que me acostumar àquilo. Voltei à cozinha para beber uma xícara de café. Encontrando Cecília, fiz isso o m
Eu senti um impulso, foi como um susto. Ergui o corpo para frente me fazendo acordar imediatamente. Era aquele famoso susto que nos dizem que estamos crescendo, mas de uma forma mais intensa, eram como espasmos. Ergui meu corpo passando as mãos sobre meus cabelos soltos. Demorei um pouco pra raciocinar, pra entender onde estava. Aos poucos flashes e memórias começaram surgir, e foi devastador lembrar o que tinha acontecido. Minha primeira reação foi levantar da cama com um pulo, mesmo ficando tonta e caindo logo em seguida. Não conseguia e não podia acreditar no que tinha acontecido, não conseguia aceitar que fui testemunha ocular da morte da minha patroa, eu não posso negar, estou com medo. Uma enfermeira abriu a porta e quando percebeu meu estado ela veio correndo em minha direção logo que me viu sentada tentando erguer meu corpo que parecia pesado e fraco. — O que aconteceu? A senhorita está bem?— Ela questionou segurando-me passando meus braços por seu pescoço. Meu estômago do
— Olha garota!— Ele voltou puxar meu braço direito. Seu telefone tocou. Vi ele fazer uma careta e resmungar soltando meu braço pra encarar o visor do chamador. — O que é?— Sua voz saiu grave e séria. Lúcio parecia totalmente sem humor algum. — Eu já disse que não Gabriela. Siga a sua vida e me deixe com os meus problemas, não era isso que você queria? Enquanto ele falava o que parecia ser com sua esposa ou ex-esposa , Eu não entendia ao pé da letra o estado atual dele e a mãe da Marie. Percebi o curto período em que ele deu atenção fixa ao que ouvia no telefone. Aproveitei a oportunidade para finalmente fugir daquela situação, mas Lúcio ao contrário do que eu pensei me puxou novamente pelo pulso me virando contra a parede novamente enquanto praticamente pedia em pensamento que a ligação finalizasse logo. Minhas costas doeram no exato momento em que senti ser presa contra a parede. — Hum!— Resmunguei. Usei a mão esquerda que estava livre para puxar os cabelos que estavam sobre meu
Os dias estavam passando de pressa, já se passara uma semana desde em que fui detida. Eu não tinha notícias de meu filho, muito menos de minha vó, também não tive condições de pagar se quer um advogado. Quanto mais o tempo passava pior se tornava a situação ao meu respeito. Por mais que insistisse que não sou culpada, que falasse por detalhes tudo que aconteceu naquele dia, parecia asneira aos ouvidos dos investigadores e promotores. Eu não imaginava que a situação ficaria tão desesperadora. Minha vó estaria angustiada com tudo aquilo, eu tinha certeza. Eu precisava pensar no que fazer no que falar. Mas era praticamente "ridículo" como o próprio investigador ácido me falara á uns dias atrás. — Isso está ridículo Samira, o tempo tá passando e quanto mais você insiste em negar menos tempo e chance você tem, veja bem... — Ele puxou a cadeira sentando a minha frente. — Você se safaria muito melhor se aceitasse as acusações, seria ré primária, ficha criminal linda e limpa, você conseguir
— Você está enganada, antes de acusar eu preciso de provas e antes de defender provas também. O que te faz achar que apenas palavras bastam quando os acontecimentos levam a outra direção? Se quiser ajuda você mesma precisa se ajudar. Comece raciocinando, o que de diferente aconteceu aquele dia, antes do trágico final. Isso já pode ser de ajuda.— O cara era bom de verdade, ele conseguiu me persuadir. De forma calma branda e inexpressiva ele conseguiu me vencer na batalha e raciocinar, que foi algo que eu não fiz durante essa semana inteira. Eu estava tão desesperada em dizer que era inocente que não tive nem ideia de raciocinar e tentar desvendar o que aconteceu, porque se Cecília foi envenenada, isso porque alguém fez isso, porque eu não tinha feito aquilo. Eu tinha que me concentrar no mistério, no diferente, no inesperado e não no óbvio que era a minha inocência. Embora as provas estivessem me incriminando eu precisava achar o elo frágil dessa investigação, ele me traria brecha qu