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Capítulo 3 - Culpada sem culpa

Eu senti um impulso, foi como um susto. Ergui o corpo para frente me fazendo acordar imediatamente. Era aquele famoso susto que nos dizem  que estamos crescendo, mas de uma forma mais intensa, eram como espasmos. Ergui meu corpo passando as mãos sobre meus cabelos soltos. Demorei um pouco pra raciocinar, pra entender onde  estava. Aos poucos flashes e memórias começaram surgir, e foi devastador lembrar o que tinha acontecido. Minha primeira reação foi levantar da cama com um pulo, mesmo ficando tonta e caindo logo em seguida. Não conseguia e não podia acreditar no que tinha acontecido, não conseguia aceitar que fui testemunha ocular da morte da minha patroa, eu não posso negar, estou com medo.

 Uma enfermeira abriu a porta e quando percebeu meu estado ela veio correndo em minha direção logo que me viu sentada tentando erguer meu corpo que parecia pesado e fraco.

 — O que aconteceu? A senhorita está bem?— Ela questionou segurando-me passando meus braços por seu pescoço. Meu estômago doeu, minha barriga estava tão vazia que eu sentia a pele praticamente grudada nos ossos. Forcei a mente e os sentidos a tentar saber qual horário do dia e qual dia era. Vi um calendário próximo a cama do hospital. Tentei entender como eu havia parado lá, eu não tinha memórias após ocorrido já que acabei apagando totalmente após sentir Lúcio me pressionar contra a parede. Meu corpo estremeceu ao recordar daquele detalhe.

 — Vou chamar o médico rapidamente para que ele faça um checkup seu e diga quanto tempo vai precisar ficar em observação. Já posso adiantar que segundo o que ele falou você está com a saúde muito fraca, precisa de nutrição e também está anêmica.

 Agradeci quando ela saiu minutos depois, após comentar sobre minha saúde que tava uma droga. Aproveitei a oportunidade para devorar a fruta que estava na bandeja próximo a cama. Comi a maçã com tanta força e determinação que não foi um minuto para ela ter sido engolida. Vi uns biscoitos logo ao lado, os engoli de uma vez. Meu estômago doía a cada pedaço que descia, mas forcei meu corpo a aceitar pelo menos isso nesse momento. já que não tinha ideia de quanto tempo estava sem me alimentar.

 Depois de ter me recuperado um pouco e me sentir um pouco melhor, segui direção a porta não esquecendo de olhar aos arredores e constatar que não via ninguém. Afinal, de quem eu fugia? Nem isso eu saberia responder. Meus pensamentos me guiaram ao Caleb. Respirei pesado ao lembrar-me do meu filho.

 Meu Deus! Meu filho, quanto tempo ele estava sozinho com a vó? Meu Deus!

 Passei a correr pelo corredor sem nem saber para onde ir, enquanto virava o corpo seguindo o corredor para o lado esquerdo meu corpo chocou com algo rígido, o que me fez cair ao chão.

 — Hum!— Soltei um grunhido, enquanto rastejava tentando me fortalecer para voltar a estar de pé novamente. Ergui as mãos sentindo um líquido quente por meus dedos. Pra melhorar a situação tinha cortado a testa de alguma forma. Estava com a visão um pouco turva, mas consegui aos poucos focar nos meus dedos, vendo sangue sobre eles.

 — Droga!— Resmunguei cambaleando.

 — O que acha que está fazendo?— Uma voz grave me tirou do meu momento constrangedor rastejante pelo chão. — Onde pensa que está indo?— Senti meu corpo ser levantado com uma facilidade impressionante. Quando meus olhos focaram a frente eu reconheci quem era. Lúcio!

 Droga!

 As coisas se tornariam bem pior com certeza. Meus braços começaram doer, pois Lúcio permanecia com suas mãos segurando-os. Aparentemente ele não tinha noção da força que usava com aquilo.

 — Você é doida? Sua cabeça está desmanchando em sangue. — Eu queria dizer... "Meu braço tá doendo" ou "Afrouxa a mão um pouco, vai quebrar meus braços". Mas estranhamente Lúcio era muito predominante, eu não conseguia nem falar perto dele. Era uma sensação assustadora. Ele passava a sensação de poder e força que amedrontaria qualquer um.

 Suspirei sentindo a cabeça latejar novamente. Eu estava preocupada com meu filho, era o pensamento principal na cabeça.

 — Pode me soltar? Está me machucando. — Falei.

 É eu falei!

 Tive um esforço para a frase sair, e principalmente depois quando vi seus olhos fixos sobre mim como se visse algo sobrenatural à frente. Aparentemente até ele assustou-se ao ouvir minha voz. Lúcio me soltou, e por um segundo eu pensei que seria melhor ele ter segurado, minhas pernas não tinham tanta força o que me fez tombar sobre o chão. Ele tentou impedir mas foi tarde de mais, já estava no chão. Me esforcei até ficar de pé.

 Vi ele me encarar de olhos estreitos aparentemente perguntando algo, mas eu mesma não queria nem saber. Dei as costas para ele seguindo meu caminho até ser puxada pelo meu casaco. Vi ele interceptar a minha frente.

 — Você não vai a lugar algum, você não sabe o que aconteceu? Minha mãe está morta. — Lúcio passou a falar de dentes serrados e visivelmente com ódio. Eu entendia a parte dele. Parei a tentativa de sair ao lembrar de dona Cecília. Suspirei sentindo o meu coração se apertar imediatamente.

 — Olha Senhor Lúcio eu...— Pausei controlando a respiração que começara acelerar.— Eu sinto muito, a Cecília foi uma das mulheres mais importantes da minha vida eu ainda não consigo entender eu...— Limpei o rosto.— Eu não consigo acreditar.

 Lúcio pareceu tremer um pouco, ele virava o rosto direção contrário tentando não deixar que eu visse o que ele estava sentindo. Era notório, ele tinha uma fachada de inabalável. Talvez fosse daqueles homens que nunca seriam capazes de chorar na frente de uma mulher. Mas seus olhos fixos e intensamente pretos me encararam novamente e ele passou a aproximar de mim. Senti-me um vira-lata na rua com medo de tudo e todos. Eu não sei talvez eu estivesse esperando um tapa de alguém. A dona Cecília estava morta, eu acho que ele me culparia por algo, eu sentia. E seu olhar entregava isso, ele parecia com raiva, ódio.

 Ele parecia controlar-se, seu corpo estava em posição de ataque, mas ao mesmo tempo de controle. Ele assustaria qualquer um com aquela forma rígida de tomar a minha frente. Eu não poderia ser a única a achar isso. Recuei para trás aos poucos sentindo ele me acompanhar a cada passo dado para trás. Parei bruscamente quando senti uma parede por detrás me fazendo voltar com um impulso.

 — Espera!— Usei as mãos com as palmas abertas o impedindo de prosseguir. — Não é o que vo... — Parei bruscamente engolindo ar seco ao perceber que o chamaria de você. — Não é o que o senhor está pensando, não é nada disso. Acredite nem eu mesma que estava lá não sei como aquilo veio a acontecer.

 Lúcio cruzou os braços de forma determinada sem parar em nenhum momento de me encarar. Eu já estava me sentindo incomodada. Eu só queria voltar pra casa, eu queria vê meu filho queria vê minha vó.

 — Eu sei que pode parecer estranho, mas eu não fiz nada que machucasse a senhora Cecília, ela era como uma mãe pra mim, nunca senti raiva dela em nenhum momento desses quase seis anos em que estive com ela.

 Lúcio me observou com muita atenção mesmo parecendo controlar seu corpo, ele estava prestes a dizer algo mais, e isso me assustava, o que ele tinha a dizer?

 Continua…

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