Vicent
Estou em pé, esfregando uma mão à outra enquanto aguardo ansioso pela chegada de minha amada. Observo tudo à minha volta e ainda não consigo acreditar que tudo isso esteja acontecendo comigo. Eu tenho um pai que me ama, se preocupa e me ajudar a ser um bom homem e a tomar boas decisões, tenho uma mãe linda e bondosa que me protege com ternura e me instrui ao caminho da luz, tenho irmãs, tenho uma doce avó, tenho companheiros como Sir Filipe e sua família... e como se não bastasse tanta coisa boa, tenho a Lívia... eu sei que a tenho porque nesse exato momento ela está caminhando lentamente em minha direção... tão linda que eu não me aguento e lágrimas começam a descer de meus olhos...
Lívia usa o cabelo preso em cima da cabeça, deixando uma pequena porção de cachos caindo para
VicentQuase todas as minhas lembranças são animadas, quando não é para bem, é para mal.E aqui estou eu, fugindo à cavalo do estabelecimento que acabei de assaltar, e com um sorriso no rosto por ter conseguido uma boa quantidade.Eu não sou herói, apesar de bravo e corajoso, sou um vilão. Talvez se sua vida tivesse sido diferente, quem sabe eu não poderia ter sido um cavaleiro real?Mas eu não reclamo, eu gosto da minha vida como ela é.- Oshi, e desde quando eu preciso dessa quantidade toda? Peguei por vocês, quero lhes ver bem. - entrego a quantia toda para os meus pais.- Isso será o suficiente para irmos embora. - Nardina, minha mãe.- Não posso esperar para retornar à Kahabe, lá sim iremos viver bem. - meu pai parece sonhar acordado, provavelmente sonhando com riquezas e mais riquezas.Ambos, meu pai e minha mãe, são loiros, Nardina é uma senh
LíviaPassei dois dias sufocada em lágrimas e falta de ar. Um desespero louco que me faz sentir vontade de sair correndo. Se isso continuar eu sou capaz de me suicidar. Eu juro. Mas, não. Eu preciso sair desse lugar que me atormenta por anos. Preciso sair. Vou sair.Fiquei o dia todo pensando em uma forma de fugir daqui, e cheguei em uma conclusão, no dia da feira para arrecadações, isso. E para a minha sorte, faltam apenas três dias.Sinto muito meu pai e minha mãe, mas, terei de lhes provar que eu consigo muito bem sobreviver ao mundo fora desses muros.Não posso mais ficar aqui, morrerei de desgosto. Estou muito frustrada em saber que fiquei anos esperando pelo dia de sair dessa prisão, e quando esse dia chega eu descubro que terei de ficar mais um ano. Esse um ano irá me parecer uma década!– Essa sua expressão está me assustando. –Raquel diz em minha frente.Minha a
LíviaEstou me segurando pois estou em pé. O homem que provavelmente está roubando a carroça está se divertindo com o que está fazendo. Não consigo vê-lo com clareza pois os raios do sol estão muito fortes.Olho para trás e percebo que tem alguns homens correndo atrás de nós, imagino que seja à mando das irmãs, para o meu resgate, mas, eles estão à pé, então não irão nos alcançar.- Senhor?! - Chamo-o mas ele parece não me ouvir. - Senhor?!Aff. Ele precisa deixar que eu me sente, se eu continuar desse jeito eu irei me desequilibrar e cair.- PEGUEM O LADRÃO! - Consigo ouvir um dos homens que está nos perseguindo, e todas as pessoas que estão na estrada começam a nos olhar e gritar alguma coisa.Eu começo e me sentir amedrontada. Isso não estava nos planos, e se der tudo errado?Conforme vamos avançando, tudo vai se distanci
VicentEu realmente não havia percebido que a carroça estava ocupada, também, como eu iria imaginar que havia alguém escondido na parte de trás?E ainda mais uma jovem moça ingênua, com o cabelo preso na nuca, pele branca e pálida, a imagem perfeita de uma inocente.Ter uma jovem moça me seguindo durante uma fuga, literalmente não estava nos meus planos.Principalmente se ela for uma tagarela.– Você está carregando ouro e joias nesse saco, não estou certa? Quando você o balança eu posso ouvir o som das peças se encostando umas nas outras. – Se essa moça não parar de tagarelar, seremos capturados antes do anoitecer. – Você já pensou em não ser um ladrão? Sei lá, poderia ser um bravo cavaleiro real, imagina só?! Você seria admirado e seria inspiração...– O que ouve com a primeira regra? – Pergunto sem me virar para trás.– Podemos parar e descansar? Não
LíviaEntro no estabelecimento sob olhares curiosos de estranhos.– Por favor, alteza. – Vicent diz enquanto me espera passar pela porta.Vicent parece querer me torturar com essa estupidez em me chamar de alteza, mau sabe ele que realmente sou.Eu apenas quis dizer para ele ser mais agradável comigo, pois ele é muito rude, mas ele insiste em ser irônico em me chamar de alteza. Arg.– Pare de bobagens. – Sorrio sem graça, pois uma mulher ouviu ele me chamar de alteza.Não quero chamar a atenção de ninguém. Não posso deixar ninguém saber que eu realmente sou a princesa.Eu não queria passar a noite aqui, eu deveria já estar chegando em Luzem, os guardas provavelmente já estão lá e logo meu pai vai pôr toda a cavaleria atrás de mim. Mas o que está feito já está feito. Quis o destino que eu me encontrasse com o senhor Vicent, o destino ou a minha estupidez,
Lívia Já que estamos aqui eu poderia aproveitar e descansar, já que estamos aqui e não lá fora indo pra casa.– Descanse. – Ele pode ouvir pensamentos, é isso?Espero que não.– Eu não conseguiria me deitar com um desconhecido tão próximo de mim.– Pare de dizer asneiras, já somos próximos, e se eu fosse lhe fazer alguma coisa eu já teria feito, tranquilize-se, você não me atrai em nada. – Se levanta da cadeira e começa a observar para fora da cortina da janela, sondando.– Está preocupado com algo senhor Vicent? – Pergunto tentando ignorar o fato de que o primeiro homem lindo que eu encontro em toda a minha vida não se sente atraído por mim.Ótimo. Eu nunca iria querer nada com um ladrão. Um criminoso. Um libertino.– Não interessa à você, doce Lívia, apenas descanse e deixe todo o mais para mim, pode ser? – Como ele ou
Vicent– Estamos à procura de um criminoso alto e branco de aproximadamente trinta anos, ele roubou o santo mosteiro e sequestrou uma das irmãs, se alguém aqui o está escondendo, será julgado como cúmplice de roubo e sequestro. – O guarda superior diz em tom sério e acusador.– Aqui não tem ninguém com essa característica, somos todos homens de bem e não iríamos apoiar tamanho crime. – Digo fingindo indignação.– Sim, aqui não há nenhum ladrão. – Lúcio afirma.Os guardas entram ainda mais e começam a vasculhar por tudo.Eu nunca fui tão perseguido dessa forma, talvez Kahabe seja mais intolerante com ladrões. Deve ser por isso que o reino é próspero.– Iremos pernoitar em sua vila, nos acolham em nome do rei Garth, amanhã iremos retomar as buscas pelo criminoso, a irmã que ele sequestrou está correndo enorme perigo, el
Sessenta e nove dias depois...TrentoAproximadamente vinte e seis anos se passaram. Longos e infindáveis vinte e seis anos.– Querido!? – Me sobressalto com a voz calma de Diane. – Está perdido em pensamentos novamente?Eu sobrevivi. Posso dizer com todas as letras que a vida não é fácil. Poderia ter sido mais fácil, mas dificilmente é.– Sim. – Sussurro sem muita atenção.Estou há vinte e seis anos procurando, procurando e procurando. Não perco as esperanças, preciso encontrar o meu filho. Algo me diz que ele está próximo. Não posso desistir de encontrar ele.– Suas filhas estão lhe aguardando para o passeio que prometestes à elas. – Diane beija as minhas mãos e então se retira, deixando-me com meus pensamentos em minha poltrona do gabinete.Ela é uma boa esposa, uma b