Sessenta e nove dias depois...
Trento
Aproximadamente vinte e seis anos se passaram. Longos e infindáveis vinte e seis anos.
– Querido!? – Me sobressalto com a voz calma de Diane. – Está perdido em pensamentos novamente?
Eu sobrevivi. Posso dizer com todas as letras que a vida não é fácil. Poderia ter sido mais fácil, mas dificilmente é.
– Sim. – Sussurro sem muita atenção.
Estou há vinte e seis anos procurando, procurando e procurando. Não perco as esperanças, preciso encontrar o meu filho. Algo me diz que ele está próximo. Não posso desistir de encontrar ele.
– Suas filhas estão lhe aguardando para o passeio que prometestes à elas. – Diane beija as minhas mãos e então se retira, deixando-me com meus pensamentos em minha poltrona do gabinete.
Ela é uma boa esposa, uma b
Aproximadamente vinte dias depois...VicentConfesso que eu nunca estive em um calabouço tão bem guardado, essa é nova pra mim, geralmente eles me jogam em uma masmorra qualquer de fuga fácil. Kahabe é mesmo um país diferente, com leis mais severas. Espero não ser decapitado. Estou sentado em um canto escuro, o mais retirado possível dos ferros que me cercam, e se eu quiser ficar em pé não terei espaço o suficiente para que eu fique de corpo bem esticado, aqui é muito baixo. Não tomo banho desde há muito tempo, estou fedendo, essa situa&ccedi
Vicent– Eu não quero atrapalhar os seus planos, posso lhe falar depois que você já tiver feito o que seja que tiver que fazer aqui nesse buraco. – Digo assim que saio de dentro da cela.O rei só só fica me olhando. É, eu estou horrível.– Vicent, demonstre mais modos ao se dirigir ao grandioso rei de Marlenout! – Tobias diz entredentes.– Rei de Marlenout? Pensei que estivéssemos em Kahabe... Eu estou a tanto tempo nesse lugar asqueroso que perdi a noção de tudo, perdão, majestade. – Me reverencio sentindo-me confuso.– Pare com isso. – O rei me diz com um olhar estranho.Ele parece estar sentindo algum tipo de dor.Este ligar aqui em baixo faz isso com as pessoas.– Está se sentindo bem, majestade? – Tobias pergunta visivelmente preocupado.– Eu garanto que quando o senhor ver o tesouro, t
Trento– Rei, digo, majestade, ao longo da minha caminhada eu encontrei um magnífico tesouro! Digno da sua grandiosidade, lhe trará muita glória e honra, poderá expandir muito mais a sua soberania por todos os outros reinos do mundo. – Interessante. – Se vossa majestade perdoar os meus crimes que eu confesso, roubei, lembrando que eu não sequestrei a jovem irmã, ela fugiu por livre e espontânea vontade, mas, se vossa majestade perdoar os meus crimes, eu lhe asseguro que será muito bem recompensado com o maior tesouro já visto pela humanidade. – Muito interessante a forma como ele tenta me enrolar para que o eu o tire daqui.Ele é inteligente.– Tire-no daí, ande! Estou com muita pressa! Tire-no dessa cela imunda! – Afinal, não sei o que esse homem está esperando.– Isso, majestade, o senhor está fazendo a coisa certa. – Meu coração está dilacerado.
LíviaMeu pai custou acreditar que eu não fui sequestrada. E quando eu finalmente consegui convencê-lo, ele quase morreu de um ataque cardíaco que deu nele.Desde que os soldados nos encontrou, à mim e ao Vicent, estou me sentindo culpada.Por minha causa ele foi pego, por mim causa ele morreu...Meu coração sangra muito pela morte de Vicent. Meu pai é muito cruel.Me lembro claramente, da conversa que eu tive com ele, em prantos:"– Eu o enforquei! Você nunca mais verá aquele criminoso em sua vida, pois ele colocou em risco a sua reputação! Sabe o que poderia ter lhe acontecido?– Mas pai! Ele não fez nada comigo! Ele era um homem gentil e cavalheiro! O mau modo dele foi consequência de uma vida miserável! Você não pode estar falando sério! Você não o matou!– Está chorando por quê minha filha? E depois desses lamentos todos você vem me dizer que e
TrentoConfesso que no fundo eu fiquei aliviado. O danado sabe se cuidar. Mas é de suma importância que eu o recupere. Ele precisa estar ao meu lado e ser o meu filho.Vim até o gabinete de Garth atrás de notícias.– Garth, alguma novidade sobre o meu filho?– Não, lamento Trento, mas garanto que será encontrado, ele não conseguirá escapar de meus homens.– Ele está confuso, ele não sabe que...– Ele é um homem perigoso, capaz de maldades extremas, sinto muito, mas você não deve simplesmente confiar nele... Ele nos roubou! Depois de você o tratar com tanta relevância!– Não se esqueça que ele esteve preso aqui por meses! Ele provavelmente quis revidar, sabemos o que a revolta pode levar o ser humano a fazer.– Entendo que ele é seu filho, mas, ele é um criminoso, roubou a sua coroa, isso é imperdoável! Roubou minhas taças raríssimas! Sin
Trento– Será feito como vossa majestade ordenou.– Ótimo, amanhã ao amanhecer voltaremos à Marlenout.Uma parte do meu coração está tranquila, recuperei meu filho. Eu não iria me perdoar se eu o deixasse ir de novo, e sem conhecer suas verdadeiras origens. Não. Isso não poderia acontecer. Estou realmente tranquilo por tê-lo recuperado.Optei por não dizer nada à ele aqui em Kahabe, contarei toda a história do nascimento dele ao lado da sepultura de Hadassa, assim sinto que não estarei sozinho.Por enquanto, enquanto estamos em Kahabe, meu filho ficará sob vigilância, em um espaçoso e confortável quarto. Ainda não o vi depois que ele fugiu, e estou adiando este momento.O que deverei dizer?Nunca me senti dessa forma, isso é novo pra mim, em plenos cinquenta e três anos de idade. Eu que já vivi e suportei tantas coisas, agora me encontro sem palavras. O que ma
Vicent- Provavelmente você será escravizado, é raro, mas acontece. - Um dos soldados do rei de Marlenout me respondeu assim que fui enfiado dentro de um navio sofisticado.Sinto um nó se fazer dentro de minha garganta.Todos os caminhos que eu trilhei, cada decisão que eu tomei, todas elas me trouxeram aqui. E se for esse o meu fim, aceitarei.Vou procurar aproveitar a viagem, já que estou sendo muito bem tratado.Estou em um quarto pequeno, mas muito bem organizado e limpo, eu diria que é digno da nobreza, claro se fosse maior.Acabaram de me servir um banquete muito apetitoso. Se eu soubesse que ser pego seria tão bom assim, eu não teria corrido tanto.Depois de satisfazer a minha fome eu me encaminho até a porta e tento abrir.Está aberta. Estico minha cabeça para fora e surpreendente não vejo nenhum soldado.
VicentEstou olhando curioso pela janela da magnífica carruagem que me leva ao lado do rei, ainda não entendo o que eu estou fazendo aqui. Uma bela cidade. Campos verdes e extensos, as construções são luxuosas, até as mais simples possuem um certo luxo.- Gosta do que vê? - O rei pergunta visivelmente tentando puxar assunto.Vejo que terei problemas, esse olhar dele é muito constrangedor.- Uma bela cidade. - Confesso sem encará-lo.- Espero muito que você goste daqui, assim como eu gosto. - Diz com uma voz melancólica.É, terei sérios problemas.O rei é um homem bonito, se eu fosse uma mulher certamente eu o acharia interessante, pois tem uma aparência digna de um deus, tem muito ouro e, nossa, ele é rei. Mas, não! Ele está me estranhando muito.Eu sei que eu sou exageradamente belo, minha sensualidad