Duas vezes, meus caríssimos e persistentes leitores. Isso mesmo, foram duas surpreendentes e, por que não dizer, assustadoras vezes: uma em 2011, quando eu morava em Campo Grande / MS, minha terra natal; a outra, num domingo do abençoado dezembro de 2018, em São João Del Rei / MG.
Fiquei dias e dias sem escrever. Todo escritor ou poeta tem seus terríveis momentos de vazio, de ausência total de qualquer inspiração. Dá um branco na imaginação... e a criatividade some! Daí vem a angústia, vem a frustração, vem o medo de não escrever mais, de compor sequer o verso de um poema ou uma frase de uma crônica... é um martírio. É sofrimento profundo, minha gente.
&nb
Ensaio em prosa e versoPassagens, primeiro momentoHá dias em minha vida em que eu necessito de “silêncio”. Então, caso eu não me deixe ouvir nesses dias, é porque eu silencio ouvindo – silenciosamente quieto, sem nenhum som – apenas ouço minhas melodias internas e posso, então, delas criar minhas poesias...Há dias em que eu preciso de “leitura”, portanto, se eu não parar de ler nesse meio tempo, é porque simplesmente os meus olhos se encontram mergulhados “ceg
O chinelo voou e passou a milímetros de seu rosto! Ouviu-se um tremendo plaft quando o objeto voador se chocou com o a televisão que se encontrava em cima de um aparador feito do mais valioso e raro jacarandá baiano. Pasmem! Não quebrou a tela do belíssimo aparelho. E o chinelo – peça caríssima em fino couro na cor preta, um finíssimo Scarpazi – ficou lá, no chão, jazendo silenciosamente quieto como se quisesse dizer alguma coisa em protesto, mas nem força tinha para tal. Enquanto isso, silêncio total na sala. Podia-se ouvir o sobrevoo de um mosquito ou de um pernilongo, daqueles que dão aquelas terríveis e dolorosas picadas, imperceptivelmente. A filha, o filho, os netos? Ah, todos silenciaram e mudos permaneceram uma eternidade depois daquele intempestivo e surpreendente plaft. Esperavam uma reação do alvo do raivoso pássaro de couro – sua mãe e vó – para então se manifestarem. &n
A cada dia eu me apaixono mais e mais por essa gente brasileira. Esse povo comum que – como costumo escrever em minhas crônicas – me encanta, me dá aulas de como viver com sabedoria e que tem sido um manancial de inspiração para mim. Lembro-me perfeitamente, que num domingo de outubro, do abençoado ano de 2017, costumeiramente, fui fazer minha caminhada matinal; ao descer minha rua, antes, portanto, do percurso do exercício, passei no mercado municipal, perto de casa, para comprar frutas uma vez que ele fecha mais cedo e eu precisava de mamão e laranja; ao entrar na banca onde costumo comprar, escolhi as frutas, entreguei à dona para pesar e, após explicar a ela que ia caminhar até perto de uma ponte no final da avenida, onde costumam ir os atletas do asfalto, pergunte
Em 2018 escrevi e publiquei a Crônica – Rezá, chorá e trabaiá. Uma leitora, de Cuiabá – MT – leu e se manifestou a respeito, me instigando e inspirando a escrever esta, digamos, continuação daquela. Abaixo transcrevo ipsis litteris seu comentário.“Olá, Edson! Que bonito! "Rezá, chorá e trabaiá" é parte da vida e da história das mulheres da minha família. Talvez a ordem, para elas, fosse um pouco diferente: Trabaiá, rezá e chorá". É que o trabalho e o desafio de dar conta da casa, dos filhos e da vida, sempre estava em primeiro lugar. Por causa disso, elas rezavam buscando forças. Por causa disso, choravam até dormir. De cansaço, de tristeza, de solidão por não encontrarem esperanças
Certo dia, há alguns anos passados no meio do esplêndido verde da nossa pujante natureza, nasceu um sabiá (sabiam que o Brasil é a terra deles?), mais precisamente em Mato Grosso do Sul. Pois bem, esse passarinho, assim que abriu os olhos, desgrudou as peninhas da asa de seu pequenino corpo, tentou voar e... caiu. Tentou de novo, tornou a cair. Mais uma vez quis voar e nada. Então, levantando-se... (“A maior gloria não é ficar de pé, mas levantar-se cada vez que cair.”), olhou para a mãe e quis saber por que não conseguia voar?Mamãe sabiá – de peito inchado - olhando com orgulho e ternura para seu pequeno rebento, diz:- Meu filho, calma, ainda não é o momento de você voar. Você tem uma sábia missão, sabia? Mas primeiro aprenderá a voar.E o recém-nascido sabiá, curioso – c
Quando eu era guri, em Campo Grande / MS, meu útero pátrio, eu queria ser matador de aluguel. Isso mesmo, gente: matador de aluguel! Não acreditam?! Verdade, sim, não se impressionem, nem se assustem, pois ao longo de minha caminhada nesta vida, até o presente, só matei insetos (baratas, ratos, aranhas), atropelei um gatinho na Avenida Ernesto Geisel, na cidade Morena (ele atravessou que nem um raio à minha frente), matei uma seriema na BR 262 a caminho de Três Lagoas (corria muito nas estradas), matei algumas pacas na fazenda de meu avô materno, e... muitos passarinhos com estilingue, quando criança. Já pedi perdão e já me perdoei por isso! Sinto muito, Natureza! Sinto muito, Mãe Terra! Me perdoem! Matador de aluguel! Quanto charme nessa proposta! Quanto mist
Avistei, a alguns metros à minha frente, a enorme, instigante e chamativa faixa escrita com esse ambíguo sentido acima; nela havia mais algumas frases. Ela atravessava a rua, amarrada em postes dos dois lados, bem na frente de uma barbearia que estava sendo inaugurada ali no bairro. Parei o carro, desci, peguei do celular e, inicialmente, filmei; depois tirei algumas fotos da fachada da Barbearia bem como de outros ângulos da faixa, pois, como já escrevi, havia nela mais Fatos Linguísticos bastante úteis para eu trabalhar em minhas aulas de Língua Portuguesa no cursinho e nas aulas de concursos públicos. Era o ano de 2004. Estávamos no início de uma agradável Primavera, e eu, ali, naquele momento, aproveitava o tempo l
Em 2010, morava eu em Campo Grande / MS – meu útero pátrio – e lá trabalhava num dos melhores cursinhos preparatórios de vestibulares e para o Enem, quando a diretoria nos indicou, a mim e a alguns colegas para irmos a São Gabriel do Oeste que dista uns 140 quilômetros da cidade Morena – nossa capital – para dar Aula de Véspera.Essa era uma prática comum do Curso onde trabalhávamos e, duas vezes ao ano, viajávamos para cidades no entorno de Campo Grande para esse trabalho, que era extremamente prazeroso!Pois bem, não lembro por que exatamente, mas sei que não viajei com meus colegas e acabei indo sozinho numa sexta-feira à tarde.A estrada que liga Campo Grande a São Gabriel do Oeste – * BR 163 – é esplêndida: um imenso e infinito platô, povoado de savanas de ambos os lados, entremeada por extensa