Em 2010, morava eu em Campo Grande / MS – meu útero pátrio – e lá trabalhava num dos melhores cursinhos preparatórios de vestibulares e para o Enem, quando a diretoria nos indicou, a mim e a alguns colegas para irmos a São Gabriel do Oeste que dista uns 140 quilômetros da cidade Morena – nossa capital – para dar Aula de Véspera.
Essa era uma prática comum do Curso onde trabalhávamos e, duas vezes ao ano, viajávamos para cidades no entorno de Campo Grande para esse trabalho, que era extremamente prazeroso!
Pois bem, não lembro por que exatamente, mas sei que não viajei com meus colegas e acabei indo sozinho numa sexta-feira à tarde.
A estrada que liga Campo Grande a São Gabriel do Oeste – * BR 163 – é esplêndida: um imenso e infinito platô, povoado de savanas de ambos os lados, entremeada por extensa
Eu amo música. Ouço o dia todo, todo dia. Ela preenche meu Espírito e me leva a viajar e, nesse percurso repleto de emoção, me inspiro e como o ar que respiro, eu burilo a palavra – este ente abstrato e repleto de nuances que exerce um poder tão forte em mim que, diariamente, soa e ressoa em meu coração como uma doce melodia que repete, repete e, repetindo-se em relances sem parar, aquilo tudo se transforma em poesia... Recentemente, assistindo ao vídeo de Toby Keith e Clint Eastwood, na instigante música – Don’t let the old man in – “Não deixe o velho entrar”, comecei a refletir sobre a mensagem contida naquela canção, daí por que nasceu em mim esta inspiração a cada respirar...&nbs
A garotinha parecia um anjo. Cabelos loirinhos cacheados, de tão claros que eram, lembravam aqueles anjinhos barrocos dourados... linda! Extremamente charmosa, tinha um sorriso encantador estacionado para sempre em seu rosto em cujas bochechas se viam sardas e mais sardas. Ela se deixava balançar no gostoso balanço, ao sabor do vento como se, na cauda de uma águia, nas nuvens estivesse. Enquanto isso, o menino - que de longe, ali no parque a observava extasiado – não despregava os olhos e os sentidos daquele anjo de candura. E ficou assim talvez uma hora, quem sabe umas quatro, porque a menina não saiu daquele balanço a tarde toda. Inda mais quando ela percebeu estar sendo apreciada e sendo objeto de admiração. Daí despertou em seu âmago – ainda que fosse uma criança – a essência da natureza feminina: a arte d
Olhar fixo, orelhas em pé na posição de escuta, cabeça imóvel e cauda reta. Assim permanecia o belíssimo Perdigueiro no meio das savanas que se espraiavam pela extensa planície. Alerta, mantinha-se estático quando seu extraordinário olfato captou o cheiro da caça trazido pelo vento sul e lhe aguçou os sentidos, deixando seus pelos eriçados! Essa reação só veio atestar a fama desse cão ser um caçador nato, o que faz parte da cultura, da história, do folclore e da arte de nossa gente. Então, de repente houve a revoada e duas enormes perdizes saíram num voo desembestado em diagonal ao céu e na mesma direção! Nesse momento, o caçador – um senhor alto, esbelto, vestido a caráter &n
Seus passos eram macios e leves como os de uma pantera, tal a suavidade com que tocava o chão da calçada, enquanto suas ancas ondulavam ora à direita ora à esquerda e naquele balanço sensual e instigante, suas nádegas dançavam de um lado para o outro, realçando as sensuais e bem-feitas formas sob um colante vestido de linho branco, extremamente elegante, o que mostrava mais ainda a exuberância de suas sensacionais e estonteantes curvas. Era uma bela mulher! Morena, olhos castanhos claros, olhar que enxergava longe, a tudo observando, ao mesmo tempo em que a tudo parecia alheia, dada sua altaneira indiferença ao lugar, às pessoas e às coisas por onde caminhava – seu nariz estava sempre empinado. Tinha altura média (talvez uns 1,70 metros), cabelos negros e ondulados, que, ao toque da suave brisa vespertina de um outono me
Como se fosse uma tela de Monet... A senhora, sentada confortavelmente na ponta do imenso sofá, segura em seu colo o netinho caçula, largo sorriso de felicidade estampado no rosto, rodeada por uma dezena de outros netos – meninos e meninas – dos 4 aos 12 anos, amontoados à maneira típica das crianças sadias, todos sorrindo na mais pura alegria; os meninos, uns de bermudas, outros de calção; as meninas, umas de saia curta, outras de short, todos aprontam uma algazarra sem fim naquela gostosa e emblemática tarde de inverno mato-grossense. Tudo isso no aconch
À medida que ela narrava a história e descrevia o novo apartamento, sua respiração ofegava, sua fala trôpega arfava entre suspiros e respiros de saudades, enquanto seu peito buscava sofregamente o ar como fosse o último alento para seu coração ainda dolorido... e, assim, aquela bela e ainda jovem mulher nos colocava a par de sua recente vida de divorciada e de sua ainda quentinha separação. Era dezembro, próximo ao Natal, na pequena cidadezinha do Centro Oeste brasileiro. Acabara de entrar o verão, forte e quente o bastante para ninguém reclamar mais do inverno que ficara há meses para trás. A família e os amigos, em torno de uma redonda, imensa e sortida mesa de bebidas e guloseimas, reunidos pelo amor e para o amor que os alimenta, ouviam aten
Eu tenho dito, escrito e repetido, ao longo desses últimos anos, que todo cronista precisa ser abençoado, iluminado e ter empatia. Sim, para se transformar num bom cronista e para conseguir cativar e tornar o seu público admirador e fiel. E me explico melhor: abençoado, porque a magia da criatividade que surge é como se fosse a proteção divina caindo sobre Ele – naquele instante – para que desperte a inspiração, daí por que acontece a bênção; por outro lado, há que ser iluminado, pois à luz da palavra que o inspira ocorre sua criação literária, como se fossem clarões – tais quais relâmpagos de um trovão – ou seja, descargas repentinas de ideias que surgem e que, na mesma ve
O novíssimo Mercedes Benz “Onze Onze” – ano 1966, em alta velocidade, se aproximava do longo e sinuoso declive que se avistava logo à frente, enquanto seu motorista, assoviando alegremente, acompanhava num ritmo perfeito “As três cuiabanas” na voz de Tião Carreiro e Pardinho, uma de suas preferidas (e com razão...), que tocava em seu rádio na confortável cabine do veículo. Ele estava no auge da felicidade, pois acabara de descarregar uma carga completa de feijão, e conseguira uma outra de retorno, açúcar, por um ótimo preço. Além disso tudo, passara as últimas horas na cidade com uma bela e insaciável cuiabana. Que morena! Que mulher! Ela quase o fizera perder o negócio e o fôlego – de tanto tesão – não fosse seu senso de responsabilidade