Eu tenho dito, escrito e repetido, ao longo desses últimos anos, que todo cronista precisa ser abençoado, iluminado e ter empatia. Sim, para se transformar num bom cronista e para conseguir cativar e tornar o seu público admirador e fiel. E me explico melhor: abençoado, porque a magia da criatividade que surge é como se fosse a proteção divina caindo sobre Ele – naquele instante – para que desperte a inspiração, daí por que acontece a bênção; por outro lado, há que ser iluminado, pois à luz da palavra que o inspira ocorre sua criação literária, como se fossem clarões – tais quais relâmpagos de um trovão – ou seja, descargas repentinas de ideias que surgem e que, na mesma ve
O novíssimo Mercedes Benz “Onze Onze” – ano 1966, em alta velocidade, se aproximava do longo e sinuoso declive que se avistava logo à frente, enquanto seu motorista, assoviando alegremente, acompanhava num ritmo perfeito “As três cuiabanas” na voz de Tião Carreiro e Pardinho, uma de suas preferidas (e com razão...), que tocava em seu rádio na confortável cabine do veículo. Ele estava no auge da felicidade, pois acabara de descarregar uma carga completa de feijão, e conseguira uma outra de retorno, açúcar, por um ótimo preço. Além disso tudo, passara as últimas horas na cidade com uma bela e insaciável cuiabana. Que morena! Que mulher! Ela quase o fizera perder o negócio e o fôlego – de tanto tesão – não fosse seu senso de responsabilidade
A casa é espaçosa, aconchegante e muito ensolarada. Fica numa esquina, pega a luz do Sol durante todo o dia e, nas noites de lua cheia, enquanto seu brilho e esplendor enluarado explodem e iluminam o chão do quintal, onde existe uma frondosa mangueira, como estrelas brilham intermitentes! Esse mágico e envolvente cenário encanta a todos que ali estão nestes momentos de beleza e plenitude da Natureza. Há uma varanda na entrada da frente e outra na entrada da garagem, nos fundos, onde se localiza a mangueira. Plantas e flores de diferentes tipos e nuances ornamentam um dos lados do quintal – o maior – e os fundos da casa, enfeitando e dando um alegre colorido àquela gostosa e agradável residência.Todo esse ambiente é proppício à visita diária de dezenas de pássaros de todos os tipos e das variadas mais variadas espécies: sabiás, bem-te-vis, pica-pau
O carro percorria os quilômetros que separam Campo Grande de Rio Brilhante, no Mato Grosso do Sul, a uma velocidade média de 80 km/hora, ou seja, não corria muito, considerando que o motorista e sua equipe estavam passando viagem. Não havia pressa. Não, de maneira alguma. Eles tinham todo o tempo do mundo. Enquanto ela repousava, levemente e com todo carinho, sua mão esquerda sobre a direita dele ao volante, conversavam felizes e amorosamente. Ao mesmo tempo em que se ouvia uma música alegre que vinha do som do veículo.Era uma agradável e fresca tarde do outono sul-mato-grosensse. Pelas janelas abertas, tanto pelo motorista quanto pela passageira, entra uma brisa suave outonal, que batia no rosto de ambos, e, principalmente no da mulher – uma bela mulher morena na casa dos sessenta anos – esvoaçando seus cabelos pretos enquanto deixava à mostra um par de olhos vivos e cheios
Caríssimos leitores, não se preocupem nem se assustem, não! E nem fiquem arredios ao meu texto por conta do título. Por favor, não. Não é nada sério sobre doenças ou problemas de saúde, visto que essa temática não faz meu gênero e só constitui meu cotidiano se para um causo que traga humor, leveza e otimismo. Além do mais, considerando essa pandemia porque estamos passando, eu não gostaria de enfatizar o tema. Deem-me crédito e leiam o que vem a seguir.Na verdade, trata-se de um causo muito hilário (segundo contorno-me uma grande amiga enquanto ria sem parar e sem pudor) que aconteceu em agosto de 2017, em uma clínica de São João Del Rei – a Cidade dos Sinos.No dia de agosto daquele ano, a sala de espera da tal clínica era abarrotada de pacientes que se submeteriam a um procedimento cirúrgi
O valor de uma cervejinha...Após uma semana produtiva, em que compus nada menos que três poemas, resolvi sair no fim de uma agradável tarde de quinta-feira, de setembro de 2017, para arejar, caminhar um pouco, ver, ouvir e observar as pessoas, apreciar as igrejas, ver as lojas, olhar os bares, "namorar" com os olhos como mulheres... enfim, viver o barulho e o movimento da vida e até, quem sabe, tomar uma cervejinha, ou melhor, saborear com saber e sabor a vida enquanto o mundo vive...Depois de caminhar a esmo, satisfazendo o prazer dos sentidos e sentindo prazer nos sentidos, parei e adentrei
.Meus caros leitores, hoje vem apresentar um tema fascinante: o amor, a paixão e o tesão que envolve, ou melhor, que envolvia os casais nos anos 60 e 70 do século passado.Ou tempo? Ou ano de 1.968 – boom dois Anos Rebeldes.Ou lugar? Uma pacata e longínqua cidadezinha lá para as bandas do Centro Oeste – no interior deste imenso e fantástico Brasil.Os personagens? Um casal tremendamente apaixonado.Vocês são protagonistas? O namorado e sua namorada – Jovem adolescente dois.Como os personagens e eu faz parte da mesma geração, deixo, nesta minha crônica, sensações, impressões e pontos de vista baseados na percepção pessoal da realidade da época!Todo homem e toda mulher da nossa geração – que foram saudáveis e cheios de vida – sabe que nos idos anos 60
A primeira vara da infância e da juventudeLembro-me como se fosse hoje: éramos quatro filhos; eu, o caçula; acima de mim havia três: um irmão, depois minha irmã e então o mais velho de todos.Eu era um traquinas. Um autêntico moleque! Aprontava todas e, por isso, claro, levava surras homéricas, tanto de minha mãe quanto de meu pai (estas as piores, mais dolorosas e que muitas vezes deixavam cicatrizes), mesmo assim eu era um reincidente contumaz. Estava no DNA... Logo, apanhava com frequência.Pois bem, num belo dia, e hoje já não me recordo se era de manhã ou de tarde, após brincar até a exaustão no quintal com meu irmão mais velho, voltei para casa e fui atrás de mamãe, pois sentia fome. Chamei por ela e nada. Silêncio na casa. Então subi correndo a escada, pulando os degraus até seu quart
A Figura na Janela Lá estava ela: mais uma vez debruçada à janela... um olhar absorto, de quem vaga como quem divaga ao léu, para a comprida rua que caminha para além do horizonte...até se encontrar com o céu. Não, não se trata simplesmente de estar à toa na janela de sua casa. Não! É algo maior, para além do acaso... mais profundo, portanto. É a própria espera no afã de seus sonhos ocultos na magia daquela cena perfeita – como a pintura em que Salvador Dali retrata sua irmã – Ana Maria, perscrutando o mar ao fundo: A Figura na Janela. Perfeitas as duas imagens. Uma, aqui, em minha imaginação, em busca do real; a outra, acolá, na tela e na estética de um gênio da pintura surreal, mas ambas as mulheres