Prólogo. Borboleta fugitiva - Parte 2

Atualmente

Egor

O quarto de brinquedos está em um estado controlado de caos. Bonecas espalhadas no chão, carrinhos estacionados de qualquer jeito em uma pista de corrida improvisada, e risadas infantis enchendo o ambiente.

Todo mundo quer contribuir com algo, então há muito aqui.

Estou encostado no batente da porta, observando-a no meio da confusão.

Ela está sentada no tapete felpudo, a pequena irmã dela aninhada em seu colo enquanto um dos meus sobrinhos insiste para que ela veja seu "voador incrível" — um avião de brinquedo que ele lança no ar com toda a força de seus braços minúsculos.

— Uau! Esse foi alto! — ela exclama, sua voz cheia de entusiasmo.

O garoto sorri, orgulhoso, e corre para pegar o avião.

O jeito como ela lida com as crianças me prende. É uma faceta dela que eu não vi antes, no meio de toda bagunça. Ela é tão diferente da mulher que sempre parece pronta para me afastar, me matar... Aqui, Tasya é suave, paciente, quase maternal. É impossível não se impressionar.

Ela levanta os olhos e me vê ali, parado.

— Vai ficar só olhando ou vai ajudar?

Não acredito que fiquei como babá das crianças enquanto o meu irmão está em lua de mel.

— Estou avaliando sua performance — respondo, cruzando os braços com um sorriso preguiçoso.

— É mesmo? E o que achou até agora? — Tasya está pronta para zombar de mim.

— Melhor do que esperava — admito, entrando no quarto e me abaixando para pegar um dos carrinhos. — Mas ainda tem espaço para melhorias.

Minhas palavras são uma mentira descarada, sou o único que precisa melhorar a sua performance quando se trata de cuidar de crianças. Ela tem muitos anos de prática. Tenho sorte de Jasmine gostar de mim.

— Você tem muita coragem para criticar enquanto não faz nada.

— Ei, eu fui recrutado para garantir que ninguém se machuque. E, até agora, todos estão inteiros. Então, tecnicamente, estou fazendo minha parte.

— Se acha que isso é suficiente, você claramente não entende nada de crianças — zomba. Não está irritada de verdade comigo.

Antes que eu possa retrucar, meu sobrinho se aproxima, puxando minha mão.

— Você pode montar o castelo comigo?

Foi incrível descobrir que meu irmão tinha um filho tão crescido.

Ele é tão inteligente.

— Claro — respondo, pegando as peças espalhadas pelo chão. Enquanto monto o castelo, sinto o olhar dela sobre mim, e quando levanto os olhos, vejo um sorriso sutil nos lábios dela.

— Que foi? — pergunto, desconfiado.

— Nada, só é engraçado ver você nesse pape — fala, com sua zombaria explicita.

— Qual papel?

— O de babá — pontua.

— Ah, é? E você acha que eu não levo jeito? — Devo dizer que isso é causado por minhas próprias implicâncias contra ela?

— Eu acho que você está se saindo melhor do que eu esperava — ela admite, sua voz carregada de uma provocação suave.

— Então estamos quites, porque você também me surpreendeu.

— Com o quê? — indaga com curiosidade.

— Com isso — digo, gesticulando para o quarto, as crianças, ela. — Você é... boa com eles. Nunca pensei que veria esse lado seu, Taysa. Sabe, a primeira vez que nos vimos foi em um lugar...

Paro de falar, dado que o olhar que me lança avisa-me de que serei engolido.

— Todo mundo tem suas surpresas — responde Tasya, mas há um leve rubor em suas bochechas que me faz sorrir.

Antes que eu possa aprofundar o assunto, a irmã dela começa a bocejar, sinalizando que o dia cheio está começando a cobrar seu preço.

— Hora de dormir? — pergunto, me levantando.

— Sim, mas boa sorte convencendo todos eles disso — arrazoa com um suspiro.

— Desafio aceito — afianço, sorrindo.

E enquanto organizamos o caos, trocando provocações e risadas, não consigo deixar de pensar que, por mais complicada que ela seja, momentos como esse fazem valer cada esforço. Assim como sei que eles também são os únicos em que me deixa ficar tão perto dela.

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