01. Planos futuros - Parte 1

Antes

Tasya

— Seu pai continua sendo um babaca? — pergunta minha colega após ver o homem trôpego saindo de perto de mim. Não bastasse o inferno que é estar na mesma casa que ele, não tenho alívio nem mesmo no meu trabalho.

— Trabalho como uma cachorra e ele continua criando mais dívidas que no final acabam no meu nome — respondo e ela b**e em meu ombro, sentindo pena de mim por ter que viver com um sujeito como ele.

Mas, considerando o quanto tenho que gastar durante o mês só para pagar a todos os agiotas a quem deve, não tenho como me mudar para um lugar onde não vá me encontrar nunca mais.

— Você vai conseguir sair dessa — fala, mas é apenas uma esperança perdida por bons longos anos.

Já estou quase nos vinte e quatro, mas desde os quinze venho vivendo para pagar tudo que criou de rombos com o seu vício alcoólico e em jogos de azar.

— Pense que pelo menos a casa vai ser sua quando terminar de pagar e que, se o expulsar, não terá ninguém te criticando.

— Duvido que esse seja um ponto tão positivo assim — digo. Deixo escapar sabendo que ela está apenas tentando fazer com que a minha vida não pareça tão fodida, mas é assim que as coisas são. Tenho perspectivas de que o meu futuro pode ser bom, mas não enquanto o tiver me puxando para o chão com os seus problemas.

Se eu conseguisse dinheiro o bastante para ir embora...

Se não precisasse olhar para trás a cada vez que saio do trabalho...

Minha vida poderia ser muito mais honrada.

Ele se jogou na merda e me arrastou com ele.

— Por enquanto, vamos pensar em quantas mesas temos que limpar hoje — discorre por ver que uma mãe e seus dois filhos passam um perrengue para manter as coisas organizadas e menos sujas.

Um dos meninos é uma fofura, pois se esforça para manter o hambúrguer inteiro ao apertar para dar uma mordida, mas o que consegue é o molho escorrendo por entre seus dedos.

— Somos duas mulheres precisando de todo o dinheiro que der.

Claro, não poderia dizer que ela não tem problemas, mas estou no fundo do poço enquanto alguém continua cavando para baixo para que eu continue caindo sem parar, sem chance de me agarrar às paredes para conseguir me reerguer.

— Para de olhar para eles como uma babona, faz meu útero coçar — reclama, me dá um tapa no traseiro e se afasta para atender um casal que entra na lanchonete.

Puxo o ar agradecendo por conseguir o trabalho em uma boa franquia de alimentos fast food, quando estou incapacitada de melhorar minhas habilidades acadêmicas.

— Mande o seu namorado coçar se está precisando — replico e ela começa a rir. — Pego os dois ali. — Aponto para os dois homens entrando ao procurarem por uma mesa onde sentar e me adianto em sua direção.

“Que não sejam babacas”, é o que peço mentalmente a cada passo que dou para mais perto, pois já perdi as contas de quantas vezes passei por problemas devido a clientes que podem vir aqui e pedir mais do que a comida. Acreditam que estou no menu somente porque tenho que lhes mostrar um sorriso bonito.

Malditas regras da empresa, sem elas poderia correr de algumas implicações causadas por isso, mas dizem que ninguém quer comprar de alguém que mostra uma expressão azeda, por esse motivo me obrigo a colocar uma máscara doce para atender cada um deles.

Mas quando será o fim desse túnel obscuro na minha vida?

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