Tasya
— Você pode parar e me ouvir por um segundo? — Gostaria de o odiar tanto quanto eu quero, mas aqui estou eu, parando para escutar o que tem a dizer, mesmo que não devesse. Não percebe que o que criou entre nós não pode continuar existindo?
— Egor, creio que já deixei claro que não, não posso, você também não quer o que tenho — digo e segura em meu braço, me mantém próximo a ele. Não aperta, apenas quer ter alguma segurança quanto a me ter no lugar onde poderei ouvir tudo que diz. — Porque está insistindo tanto nisso, nós transamos algumas vezes e você ficou todo emocionado.
— Temos transado por vários meses, Tasya e eu acredito que você não saiu, por aí procurando outra pessoa com quem foder, assim como eu não pude. — Rio, de verdade, pois me parece inocente demais proferindo palavras como essa, mas são as máscaras mais grossas que escondem os piores monstros, sei bem disso.
E pode ser que ele não seja um deles, na verdade, as chances são muito baixas, mas não quero me arriscar de novo. Já tentei me aproximar de alguém uma vez - quando era mais jovem, muito mais sonhadora e antes do inferno me alcançar, e o que sobrou para mim além de mais cacos a serem juntados com ódio em mente?
Além disso, está acostumado a ficar com todas as mulheres que caibam em sua cama, como de repente criou consciência e quer ter um relacionamento? Essa mudança não me desce, fora que não o vejo como alguém que pode suportar todos os detalhes que cabem em minha vida.
Não posso pensar somente em mim, tenho que levar em consideração o que pode afetar a minha irmã. Não posso deixar que mais uma vez um homem se torne a nossa ruína. Ela pode não entender o que aconteceu comigo enquanto estava sendo uma escrava sexual quando era um bebê, mas se algo de ruim ocorrer agora terá o seu coração ferido também.
— Não sei quem tem falado para você sobre a minha vida sexual, mas está claramente errado. — Minto, sou boa nisso, foi assim que ganhei mais visibilidade entre as outras agentes, por minhas habilidades de atuação que fariam qualquer um cair na conversa que inventasse para o ludibriar. Egor não é diferente deles.
— Não, você não fez — diz com muita convicção. — E mesmo que tivesse, sei que nenhum deles faria com você o que fiz.
Seu nome deveria ser ego e não algo semelhante. Contudo, não é normal se vangloriar daquilo que sabe fazer bem? E está certo quanto as suas habilidades na cama.
— Também não importa o que mais disse, porque sei que serei o último pau a entrar na sua boceta por todos os anos que vierem — fala.
— Você enlouqueceu — arrazoo, puxo o meu braço. — Se esqueça do que fizemos. Não temos motivos para continuar nos envolvendo. Achei que um playboy como você daria conta de sexo casual, mas vejo que me enganei.
— Pode ter sido casual para você e eu entendo, mas estava apenas preparando o terreno para o que viria — anuncia o início de um plano com muitas chances de dar merda.
Deve ter um problema com todos os Sokolov. Não é possível que eles não consigam entender uma única sentença que é dita repetidamente.
— Escolhi você para ser a minha esposa Tasya, não vê? — Questiona.
— Que escolha de merda — replico com ele bufando como um touro desgovernado virando as costas para evitar que eu veja a sua expressão furiosa, mas as costas tensas, os ombros rígidos são provas do que está sentindo de modo muito claro. — Ouvi o que tinha a me dizer, vai parar de me incomodar, certo?
— Você pode continuar repetindo que a minha escolha é ruim se quiser — me diz e se volta de novo para mim, com os olhos brilhando com a sua raiva por notar que não sou minimamente fácil de dobrar. — Mesmo se for uma merda de verdade, é você que escolhi.
Levo uma mão a testa me perguntando onde tenho que chutar para que ele vá embora. Sem que haja volta, porém, estou em uma canoa furada no momento, já que tenho que ajudar a minha parceira a ficar tranquila quanto a segurança dos seus filhos.
O que me obriga a vir na mansão dos Sokolov diariamente e se não fosse impossível diria que Egor está me rastreando, pois somente isso explicaria como sempre chega exatamente nos momentos em que estou.
Gostaria de matar Aleksandra por me colocar nessa enrascada, mas fui eu que nadei em direção a ela quando comecei a aceitar os seus flertes durante as suas idas a Paradise.
Se eu não tivesse deixado que criasse asas, não teríamos ido para cama em todas às vezes que nos encontramos. Poderíamos apenas continuar nessa troca de conversas e só, mas deixei que ele me fodesse em outros sentidos também.
Odeio quando Aleksandra fala sobre as implicações correrem na sua direção muito mais rápido do que qualquer velocista e me dá ainda mais raiva o fato de estar certa. Como diabos algumas noites de sexo deram a ele a garantia de que seria uma boa esposa? Seu pau consegue o controlar tanto assim?
— Não quero te atrapalhar porque sei que tem muito trabalho a fazer, mas não pense que eu não estarei aqui, apenas esperando o meu momento — profere com confiança.
Devia ser proibido dizer esse tipo de coisas em momentos como esse. O faz parecer louco. Eu sou ainda pior por não correr assim que tive a chance. Estou ficando cada vez mais e esse pode ser o meu grande erro no final das contas.
— Não tem medo de que eu descubra meios de destruir a sua honra? — Pergunto. Seria muito fácil criar uma conversa, colocar as pessoas no meio dela e dar um jeito de justificá-la.
Simplesmente conseguiria muitas imagens das vezes que nos encontramos e não é difícil fazer com que pareçam outra coisa.
— Acha que honra importa nesses momentos? — Inquire. Se falasse com outra pessoa, certamente perguntaria que tipo de merda ela está imaginando para colocar as suas palavras desse modo. — Quer destruir a minha honra? Ótimo, espero que não ligue para ter um marido com a imagem toda cagada.
— Tem que ir a um médico ver a porra da sua cabeça — profiro.
Deus, isso é mesmo uma armadilha?
— Não ouve nada do que digo, apenas diz que tenho que escutar o que fala e eu não tenho ideia de se é você falando ou a vontade de me foder de novo. Sinceramente nem sei se essas coisas existem separadamente tamanha a loucura que mostra — digo com toda a injúria correndo por minha garganta caminho a fora.
Me sinto como uma idiota por continuar no mesmo lugar depois de vê-lo sorrir. Como ele consegue depois de tudo dito? Não consegue mesmo pensar por outro lado.
— Quer dizer que pensa em mim, certo? Eu fico feliz — fala como se isso devesse ser um elogio, porém, em todas as vezes que penso nele, é para imaginar modos de como me livrar do seu cadáver caso não resista à ideia de matá-lo quando me enlouquece desse jeito. — Se quer ver se me importo em perder a minha honra caçando, você pode aguardar, terei o prazer de mostrar a você.
Odeio que não tenha sido aquela a sair para ir o mais distante possível dele quando simplesmente vira as costas e vai embora após encher a minha cabeça com as suas merdas.
Se isto não é um motivo válido para eu arrancar todo o seu couro, não sei mais o que pode ser. Honra? Como diabos a sua honra entra na sua equação doida de me tornar a sua esposa? Não vê a merda onde estamos? Nadar para fora dela não é simples como pode imaginar.
Deus, preciso encher a cara antes que o exploda.
AntesTasya— Seu pai continua sendo um babaca? — pergunta minha colega após ver o homem trôpego saindo de perto de mim. Não bastasse o inferno que é estar na mesma casa que ele, não tenho alívio nem mesmo no meu trabalho.— Trabalho como uma cachorra e ele continua criando mais dívidas que no final acabam no meu nome — respondo e ela bate em meu ombro, sentindo pena de mim por ter que viver com um sujeito como ele.Mas, considerando o quanto tenho que gastar durante o mês só para pagar a todos os agiotas a quem deve, não tenho como me mudar para um lugar onde não vá me encontrar nunca mais.— Você vai conseguir sair dessa — fala, mas é apenas uma esperança perdida por bons longos anos.Já estou quase nos vinte e quatro, mas desde os quinze venho vivendo para pagar tudo que criou de rombos com o seu vício alcoólico e em jogos de azar.— Pense que pelo menos a casa vai ser sua quando terminar de pagar e que, se o expulsar, não terá ninguém te criticando.— Duvido que esse seja um ponto
TasyaEmpurro a porta estranhando o fato dela estar entre aberta. Tenho certeza de que a deixei fechada. Além disso, meu pai certamente está em algum bar qualquer enchendo a cara com o dinheiro que conseguiu com o seu trabalho ontem.É tudo que ele pode fazer quando ninguém confiaria em uma pessoa como ele em um serviço melhor. Faz bicos aqui e ali que não pagam muito, mas são os únicos trabalhos que pode fazer, ainda que feda como um gambá bêbado.— Pai, você está em casa? — berro, esperando que, se não for ele, que o indivíduo que arrombou a casa dê o seu jeito de correr antes que eu entre.Olho para os cantos, mas não há literalmente nada. Os poucos móveis de valor, meu pai fez questão de vender na intenção de conseguir algum dinheiro.Se conseguiu, eu não vi a cor do dinheiro. Tudo que como tem que ser comprado no dia e, com o passar dos anos, aprendi que não poderia deixar o dinheiro em casa, pois ele a reviraria até encontrar, depois o gastaria sem pensar em como me mato diariam
Tasya— Uau, sempre fico com medo quando você me diz essas coisas — fala, agarrando o seu avental com mais força.Se diz que está com medo, o que devo sentir quando sou a pessoa devendo dinheiro a eles? É bem claro que é com o que se importam e só, mas e se deixarem de pensar como empreendedores e me foderem?— Enquanto eu estiver pagando-os, eles não podem me ferrar — digo e ela concorda, mas não é simples assim.Não estamos falando de uma dívida em um banco. Estou falando de agiotas que não se importam com a vida alheia, apenas querem dinheiro.Se um dia acordarem com o rabo coçando, podem apenas desistir de receber por parcelas e me obrigar a pagar tudo que devo de uma vez, sendo que não acredito que quitaria o que devo nem mesmo vendendo alguns órgãos, isso é quão fodida eu estou.— Você não falou com alguém dentro da lei ou sei lá? Não deveria ser responsável por todas as merdas que o seu pai faz — profere, mas parece não perceber que eu já tentei correr para todos os lados e de
TasyaCaminho em passos apressados, agarro a minha mochila com força mantendo o spray de pimenta pronto para atingir qualquer um que entre em meu trajeto. O som de passos atrás de mim faz com que eu continue andando apressadamente.Tenho certeza de que está me seguindo. Já fiz diversas mudanças em meu percurso, mesmo assim seus passos continuam a soar em minhas costas.Passei pelas principais ruas e pontos de ônibus, porém, permaneceu me seguindo. Se isto não é uma prova de que sou o seu alvo, devo estar enlouquecendo de vez.O frio adentrando por minha luva gela todo o meu corpo junto ao som de seus passos. É como um ritmo macabro para que eu tenha cada vez mais medo me corroendo.Se eu parar em qualquer lugar agora deve ser ainda pior.Ficará mais tarde e haverá ainda menos transeuntes no caminho que preciso fazer para chegar em casa. Vendo minha respiração congelar no ar, adianto-me o máximo que minhas pernas conseguem sem que comece a correr de verdade. Você consegue Tasya. Só mai
TasyaAbro meus olhos, sentindo que meu corpo está completamente dolorido. Pareço ter levado uma grande surra enquanto dormia. Tudo que me lembro é que estava indo para o trabalho na companhia da minha colega, mas em certo momento alguma coisa aconteceu e eu me vi indo em direção ao chão. Estava bebendo um refrigerante e o que houve?— Oh, está acordando — me diz o sujeito e, com os olhos arregalados, vejo com desprazer que Yaroslyv segura em minha coxa com força pelo modo como os seus dedos entram em minha carne para pressioná-la, mas não sinto o seu toque como deveria.Assusto-me com a possibilidade de não poder mover minhas pernas.Todo meu cérebro começa a entrar em pânico com a probabilidade quando ele é a pessoa estando aqui do meu lado. Forço minha mente, mentalizo os músculos, querendo saber se estou mesmo paralisada ou se é o medo me impedindo.— Sabia que a sua expressão seria incrível, mas não precisa se preocupar, não fiz nada com você. Quando eu entrar em você, quero que
TasyaQuando adentro na sala, me assusto no momento em que vejo um bebê em um cesto enrolado de uma forma estranha com uma fralda que não está mais branca como fora um dia.— Se adiante, vadia — manda Yaroslyv, efetuando um sinal para que o sujeito nos deixe a sós. — Faz alguns dias que não te vejo, mas você continua muito bonita.— O que quer de mim agora? — pergunto, sentindo os meus ossos tremerem quando os seus olhos me encaram, agarrando a minha alma em suas mãos. A possui desde o dia em que me comprou do meu pai. Pode fazer o que bem entender, no momento em que desejar.— Você sabe que eu não costumo ter coração mole, mas o seu pai apareceu aqui de repente e eu… — Sinto o meu lábio tremer de raiva instantaneamente, junto aos punhos se fechando com força. — Ei, não chore, se chorar, é ela quem vai sofrer — diz, apontando para o bebê silencioso. — Como disse, seu pai veio aqui e aparentemente alguém foi burra de engravidar dele.— O quê? — Não consigo conter o questionamento. O qu
TasyaCom a chegada de Jasmine, passei a ouvir uma centena de comentários diferentes.“Não acredito que ela esteja cuidando de uma criança aqui.”Sim, claro que tenho que cuidar dela aqui, aonde mais eu poderia ir quando eles têm a minha vida em suas mãos? Nunca estive procurando por brigas para evitar que me visassem e agora que a tenho, tento ser ainda mais invisível.“Como um pai pode vender as duas filhas?” Se questionam, e eu também gostaria de saber que tipo de homem tem um caráter tão podre para não se importar de fazer uma coisa tão fodida duas vezes.Não cogitou a possibilidade de não me entregarem a menina? Porque Yaroslyv podia tê-la usado para uma coisa completamente diferente se não tivesse concluído que ela poderia ser uma algema mais pesada em meus pulsos.N&at
TasyaEla procura por algo que espero que não encontre, imagino que o melhor seja apenas sair daqui antes que tudo se complique, porque até mesmo eu posso ser acusada de estar em conluio com seu plano insano.Já sou massacrada pela quantidade de clientes que recebo, se esse tipo de fofoca se espalhar acabarei sendo enterrada viva para sufocar até que a morte me alcance enquanto sofro por saber que o bebê em meus braços pode ter um futuro ainda pior.— Entendo por que guarda suas lágrimas, porque tem suportado tudo sem deixar que eles vejam o quão quebrada está por dentro, compreendo de verdade — explicita. Me sinto como uma pessoa sendo ludibriada pelos seus olhos bonitos, dado que experimento as suas palavras como se fossem reais demais para não acreditar no que me diz. — Mas é a única que pode criar o caminho para longe do que te sufoca.