Contrato de honra - Série Família Sokolov - Livro 2
Contrato de honra - Série Família Sokolov - Livro 2
Por: L. S. Santos
Prólogo. Borboleta fugitiva - Parte 1

Antes

Egor

O silêncio entre nós é um daqueles confortáveis, o tipo que só se encontra entre irmãos. Estou sentado em uma cadeira, uma cerveja na mão, enquanto ele mexe em algo na cozinha. A TV está ligada, mas nenhum de nós presta atenção no que está passando.

— Você tá estranho, sabia? — Nikolai comenta de repente, sem me olhar.

— Obrigado, sempre bom ouvir isso — resmungo, tomando um gole da cerveja.

— Não, sério. — Ele aparece no batente da cozinha, com uma sobrancelha arqueada. —Desde quando você, o homem que praticamente faz fila de mulheres no telefone, está... quieto? — Essa não parece uma questão vinda de lugar nenhum.

— Estou cansado — digo, levantando os ombros em um gesto despreocupado.

— Cansado? Você? — Ele ri alto, como se a ideia fosse absurda. — Quem é você e o que fez com meu irmão?

— Não começa, Nik.

Ele cruza os braços, apoiando-se na parede. O sorriso brincalhão ainda está lá, mas há algo mais nos olhos dele: curiosidade. Como se ele estivesse tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que eu nem sabia ter criado.

— Isso tem a ver com alguém? — ele pergunta finalmente, o tom cuidadoso, mas cheio de intenção.

Não respondo de imediato, minha mente voltando à lembrança dela. Sua risada, que sempre parece um pouco sarcástica. O jeito que ela inclina a cabeça quando me olha, como se estivesse avaliando cada palavra que eu digo. E o modo como ela sempre, sempre, parece escapar antes que eu consiga segurá-la.

— Não é ninguém — minto, mas minha voz não soa convincente nem para mim.

— Ahá! — Nikolai exclama, vindo para o sofá e se jogando ao meu lado. — Eu sabia. Quem é ela?

— Não é nada disso, Nik — insisto, mas ele está se divertindo demais para ouvir.

— Você tá caidinho por alguém — ele me provoca, cutucando meu ombro.

— Não estou.

— Você está!

Respiro fundo, tentando afastar a irritação crescente. Nikolai sempre teve o talento de me tirar do sério, mas ele não está errado. O problema é que admitir isso em voz alta faz parecer... mais real.

— Ela é um pouco diferente — acabo confessando, a contragosto.

— Diferente como?

— Como uma m*****a borboleta.

Nikolai franze a testa, claramente não esperando essa resposta.

— Uma borboleta? — ele repete, como se o conceito fosse completamente alienígena.

Não acredito que estou falando de um caso de uma noite para o meu irmão.

— É isso mesmo — digo, sentindo a frustração crescer enquanto as palavras saem. — Ela aparece, fica por um momento e vai embora antes que eu consiga segurá-la. Não importa o que eu faça, ela sempre escapa.

— Você está falando de uma mulher ou de um inseto?

— De uma mulher, idiota — retruco, mas há um toque de humor na minha voz agora. — Ela... É complicada. Nós... tivemos algumas noites juntos, mas ela sempre encontra uma desculpa para evitar qualquer coisa que vá além disso. É como se ela estivesse determinada a não me deixar chegar perto de verdade.

Nikolai me olha por um longo momento, o sorriso desaparecendo enquanto ele percebe a seriedade na minha voz.

— E por que você ainda está atrás dela?

Essa é a pergunta que eu tenho me feito. Porque, com todo o esforço que estou colocando nisso, seria mais fácil simplesmente desistir. Mas algo dentro de mim se recusa a fazer isso.

— Porque eu preciso dela — admito, a verdade finalmente escapando. — Não sei por quê, mas preciso. É como se algo nela me puxasse, algo que eu não consigo ignorar.

— Você está ferrado — Nikolai comenta, mas há um leve sorriso no canto da boca dele.

— Não precisa me lembrar — resmungo, passando a mão pelo rosto.

— Você tem certeza de que ela vale todo esse esforço?

— Sim.

A resposta sai antes que eu possa sequer pensar nela, e Nikolai balança a cabeça, como se estivesse lidando com alguém completamente sem salvação. Talvez parte dele me entenda.

— Então acho que você vai ter que continuar caçando essa borboleta — ele diz finalmente, dando um tapa no meu ombro. — Boa sorte, irmão. Você vai precisar.

— Obrigado pela confiança — respondo, minha voz carregada de sarcasmo.

Mas, por mais que a frustração ainda esteja ali, há também algo mais: determinação. Porque, por mais difícil que ela seja, eu sei que não vou parar até tê-la em minhas mãos.

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