Depois do café, precisei voltar para casa, pois, eu ainda tinha que ir trabalhar.Deixei Ane com Judith no apartamento antes de sair com Rangel.Ane protestou um pouco, como sempre fazia quando queria que eu ficasse mais tempo, mas Judith logo a distraiu com um quebra-cabeça, deixando-a entertida.Confesso que meu coração apertava cada vez que eu precisava deixá-la, mas, por ela, eu enfrentaria qualquer coisa.Assim que saimos do prédio, ameacei pedir um táxi, mas Rangel segurou minha mão e me olhou nos olhos mantendo-se bem perto—Vamos para o mesmo lugar. Você não está pensando que vou te deixar solta ppor aí, não é mesmo? - perguntou ele com humor, mantendo seus olhos em mim. —Vem, eu te levo!Entrei no carro ao lado de Rangel aceitando a carona, mas confesso que foi entediante, já que nos mantivemos calados até chegarmos no nosso destino.Ao chegarmos na empresa, o ambiente me causou uma sensação de frieza que parecia refletir a personalidade de quem o comandava.De repente, os fu
Rangel se sentou em uma das cadeiras com a naturalidade de quem não se importava com formalidades. Ele me observava enquanto eu tentava organizar os papéis na mesa, ainda tentando ignorar o tumulto que Augusto havia deixado em mim. —Sabe... - começou Rangel, rompendo o silêncio com seu tom leve e zombeteiro. —Faz tempo que eu não vejo o Augusto tão frio assim com alguém. Normalmente, ele só faz isso com quem realmente importa pra ele. Ergui os olhos para ele, franzindo a testa. —Você é ridículo, Rangel. Por favor, are de colocar coisas na minha cabeça! - Pedi voltando a organizar os papéis sobre a minha mesa, me sentando em seguida. De repente a voz dele continuou. —Ou talvez ele só esteja tentando entender por que você ainda o afeta tanto. - respondeu ele, inclinando-se na cadeira e me olhando com aquele sorriso cheio de segundas intenções. —Você está inventando coisas! Rangel não se intimidou. Ele se levantou devagar e antes que eu pudesse perceber, estava ao meu lado. Suas m
O salão estava deslumbrante. Cada detalhe exalava luxo, desde os lustres de cristal que refletiam as luzes como estrelas, até as mesas decoradas com flores e velas cintilantes. Tudo parecia um cenário perfeito de filme, mas a tensão no ar era palpável — ou talvez fosse coisa da minha cabeça. Respirei fundo e entrei de braço dado com Rangel, sentindo olhares confusos sore nós. Também pudera, aquele lugar que eu estava ocupando era almejado por muitas que estavam ali presentes. Eu definitivamente seria odiada! Tentei ignorar e respirei fundo, vendo Rangel se virar para me olhar. —Está pronta? - Questionou ele, como se estivesse me levando para guerra. E antes que déssemos um passo, Rangel se abaixou para cochichar. —Você está muito elegante com essa roupa! O vestido preto e justo ao meu corpo que eu estava usando, havia sido escolhido por ele mesmo. - Rangel e seu fanatismo por moda! Rangel havia acertado no look, já que muitos olhavam para mim, deixando na cara que eu estava des
A sacada estava iluminada apenas pela luz fraca da lua e pelas lanternas decorativas que davam ao espaço uma atmosfera acolhedora. O ar fresco da noite era um alívio bem-vindo depois do calor sufocante do salão. Peguei uma taça de vinho e fui para lá, esperando que o silêncio me ajudasse a organizar os pensamentos. - Augusto ainda conseguia fazer uma bagunça dentro de mim. Encostei-me na grade, olhando para o horizonte, enquanto respirava fundo tentando manter minha cabeça no lugar. As luzes da cidade brilhavam como estrelas e a minha mente não focava exatamente nelas, pois estava a quilômetros dali. O peso de tudo que eu vinha carregando parecia mais intenso agora. Eu estava tão absorta que não percebi a aproximação de Rangel até ouvi-lo atrás de mim. —Achei que te encontraria aqui! - Disse ele com a voz séria, sem o habitual tom brincalhão. Virei lentamente para encará-lo, e ele parecia... diferente. Não era o Rangel provocador de sempre. Havia algo mais genuíno no olhar
O mundo parecia congelar naquele momento. O toque de Rangel era suave, sua proximidade inegável, mas meu coração estava em outro lugar, preso em memórias e sentimentos que eu ainda não tinha conseguido enterrar. Quando seus lábios quase tocaram os meus, virei o rosto no último instante, me afastando ligeiramente dele. Senti a respiração de Rangel contra minha pele, e isso foi suficiente para me tirar completamente do momento. — Rangel, não! - Murmurei, dando um passo para trás, me sentindo completamente perdida —Eu... não posso! Ele parou, claramente frustrado, mas não insistiu. Seus olhos estavam fixos nos meus, um misto de dor e determinação. — Por quê, Luiza? Por que você continua se agarrando a alguém que não merece seu amor? -Perguntou ele com sua voz mais firme. Eu respirei fundo, tentando organizar os pensamentos, mas as palavras saíram antes que eu pudesse filtrá-las: —Porque ele é o pai da minha filha, Rangel. E, mesmo depois de tudo, ele ainda é... tudo o que meu co
Eu permaneci onde estava, presa entre a parede fria e o calor que emanava de Augusto. Minha respiração estava acelerada, e o tumulto no meu peito só aumentava. As palavras dele ainda ecoavam na minha mente como uma ordem que eu não conseguia obedecer. —Sim senhor... - Respondi fazendo menção de sair. Por um segundo, achei que ele fosse me deixar ir. Mas então, antes que eu desse o primeiro passo, seu braço se moveu rapidamente, segurando o meu com firmeza. —Não tão rápido, Luiza. — Sua voz soou baixa, quase um rosnado. Ele se aproximou ainda mais, ficou tão próximo que eu podia sentir sua respiração quente contra minha pele. —Não fuja de novo. Não dessa vez. Meu coração disparou, e a proximidade dele estava me desestabilizando. Eu não sabia o que era mais forte: o medo do que ele poderia dizer ou o desejo que ainda queimava entre nós, mesmo com tudo que havia acontecido. —Fugir? — Rebati, tentando me soltar, mas sua mão não afrouxou. —Você acha que sabe de tudo, Augusto, mas não f
O dia amanheceu e como sempre, minha mente estava a mil. Não tinha dormido quase nada na noite anterior, revivendo cada palavra, cada gesto de Augusto. Ainda assim, forcei a seguir uma rotina onde eu sabia que me deixaria pior do que o estado em que eu me encontrava. A empresa era o único lugar onde eu podia me esconder atrás de uma máscara, fingindo que estava no controle, mas na verdade, lá também era o lugar onde eu sabia que e destruiria, todas as vezes em que eu esbarrasse com Augusto pelos corredores. Entrei no prédio da Eisner Holding, ajustando o blazer enquanto caminhava em direção ao elevador. Minhas mãos estavam ligeiramente trêmulas, mas eu me convenci de que ninguém perceberia. A porta do elevador se abriu, e eu entrei sem prestar muita atenção. Mas então, quando virei o rosto, o vi. Augusto estava ali, encostado na parede do fundo, com aquele olhar intenso que parecia atravessar qualquer armadura que eu tentasse erguer. Antes que eu pudesse reagir, Stella entrou lo
Eu não sabia o que estava acontecendo, mas meu corpo já estava respondendo sem que eu pudesse evitar. A tensão entre nós aumentava a cada palavra, a cada gesto. Ele estava me provocando, mas eu também estava provocando de volta, num jogo de olhares e toques que eu não tinha intenção de terminar. Augusto estava ali, tão perto de mim, de forma tão intensa, que eu podia sentir o calor de seu corpo contra o meu. Quando ele me puxou pela barra da saia, a ação foi tão repentina que me fez perder o equilíbrio por um segundo. O peito dele estava colado ao meu, e a única coisa que eu conseguia fazer era olhar em seus olhos, tentando entender o que ele queria de mim, o que ele estava tentando fazer comigo. —Você realmente não voltou por minha causa? - Perguntou ele com um sorriso irônico nos lábios, mas seus olhos estavam furiosos. Ele me olhava como se estivesse prestes a explodir de raiva e desejo ao mesmo tempo. Eu podia sentir a sua respiração quente no meu rosto e sabia que estava a pont