"Eu estava irrevogavelmente apaixonada por ele e seus demônios." Kellan chegou como uma bala perdida estraçalhando tudo à sua volta. Inexplicavelmente, dois mundos completamente diferentes se chocam, e Vega não estava preparada para a tempestade que era Kellan Dorian. Com olhos cinzentos magnetizantes e um charme inegável, poderia ser facilmente confundido com um anjo. Mas estava longe de ser considerado um. A verdade é que Kellan chamava atenção. E não é apenas por ter um rostinho milimetricamente esculpido, pose inabalável e caráter duvidoso, mas sim porque carrega em seu corpo marcado por arte negra uma alma torturada pelo passado. Passado esse que volta todas as noites para o assombrar. A dor presente em suas íris cinzas atraía Vega mais do que ela gostaria, e apesar de sentir cada célula do seu corpo gritar em verdadeiro alerta de perigo, era difícil ignorar o sentimento visceral crescendo em seu peito toda vez que o olhava. Por mais que Kellan tentasse, não conseguia mais ficar longe de Vega. Ele a queria. Queria como um viciado em droga, talvez ela fosse a sua droga, por que, assim que pós os olhos nela; soube que deveria ser sua, custe o que custar. "Ela era o caos. A cura e o veneno. O céu e o inferno. A ruína da minha vida e a condenação dos meus pecados."
Ler maisCecílie MAS QUE MERDA… Penso ao chegar no endereço que Camila tinha me passado. O bairro tinha algumas casas velhas e outras já estavam caindo aos pedaços. O lugar parecia uma cidade fantasma, era assustador. Como elas tiveram coragem de vir até aqui? Agora não dava mais para voltar atrás, eu seria rápida. Será que Camila tinha me passado o endereço errado? No momento em que me faço essa pergunta, avisto luzes coloridas piscando no fim da rua. Algumas árvores atrapalhavam minha visão e escondia a casa muito bem, se não tivessem essas luzes eu nunca teria encontrado. Mas porque alguém faria uma festa aqui?Continuo andando com o carro e estaciono há alguns metros de distância da casa. A última coisa que eu queria era chamar atenção, foi uma ideia idiota vir até aqui, mas eu não deixaria minhas amigas nesse lugar.Olho com atenção para casa e parecia muito com cenário de filme de terror, só que com pessoas bêbadas e drogadas. Eu olhava ao redor e só conseguia ver pessoas inconscientes
Cecílie — Não, não, isso está horrible! O que eu fiz para merecer isso, mon Dieu — Lucien coloca a mão na testa parecendo desesperado. — Sylvie, mon cher, eu quero mais emoção nisso, seja lá o que você estiver fazendo. Cecílie, s'il te plaît — Lucien pede que eu tome o lugar de Sylvie. — Pode começar. Eu estava nervosa, mas sabia tudo de côr. Essa era uma das minhas peças favoritas, que conta o mito de Orfeu e Eurídice, que morre picada por um cobra e seu amado resolve buscá-la no Hades. O deus Hades permite que Orfeu leve Eurídice, com a condição que não olhasse para trás, mas a sua devoção a Eurídice era tamanha que ele não resiste e olha para ver se sua amada o seguia, assim ele acaba perdendo Eurídice para sempre. Era uma história de tragédia e perda, mas não deixava de ser linda. No final, sua alma encontra com Eurídice no campo dos Abençoados. Começo com os primeiros passos e dou tudo de mim nesse ensaio, eu queria mostrar para Lucien que eu era completamente capaz de fazer
Cecílie DESÇO AS ESCADAS COM certa pressa, com a bolsa no ombro esquerdo e o celular na mão. Meu dia começou bem, eu estava atrasada e me sentia muito cansada ainda. Na cozinha, pego uma torrada e coloco na boca, mastigando e engolindo mais rápido do que eu gostaria. Eu não gostava de chegar atrasada nos meus compromissos, mas hoje eu passei um pouco do horário; não sei o que deu em mim, talvez tenha sido ontem, a peça exigiu muito de mim. — Querida, coma devagar, você pode se engasgar. Está atrasada? — indaga mamãe, passando geleia na torrada. Ela estava bem calma para quem está atrasada também. — Um pouco — digo de boca cheia. — O que aconteceu? Você nunca se atrasa. E não coma de boca cheia, é mal educado. — não sei se está me repreendendo ou preocupada. — Desculpa — digo ainda com a boca cheia e ela revira os olhos. — A senhora também está atrasada. — afirmo. — Os chefes nunca estão atrasados, querida. — papai entra na sala vestindo um terno preto, com o cabelo molhado e co
Naquele mesmo dia. 06:00a.m. Kellan A MULHER QUE AGORA NÃO me recordo o nome estava nua, dormindo ao meu lado. Ela era extremamente deliciosa, isso eu tinha que admitir. Observo seu belo corpo com uma cintura acentuada, peitos fartos e uma bela bunda redonda. Dou mais uma tragada no cigarro e jogo pela janela, sentindo meu corpo relaxar quase que de imediato, torno a expulsar a fumaça tóxica dos meus pulmões, sentindo-me grogue e visivelmente mais calmo. Meu outro vício que, acredite ou não, eu odiava profundamente, mas é a segunda coisa no mundo que me acalma quando não estou correndo como um louco em cima de uma moto. Observo como a garota dorme tranquilamente e solto o ar pesadamente, com uma inveja palpável. Decido que está na hora de vazar daqui. Posso ser um grande filho da puta por sair dessa maneira, disso eu não tinha dúvidas, mas não consigo me importar menos. Eu já estava familiarizado com o gosto ruim que ficava na boca quando tudo terminava, quando a luxúria dava lu
França, 2024. Dias atuais. Cecílie EU ESTAVA COMPLETAMENTE fora de mim. Lufadas de ar saiam dos meus pulmões como brasa, rápidas e precisas, eu sabia a hora exata de inspirar e respirar. Existia apenas eu, flutuando com minhas sapatilhas pelo palco do teatro ao som de black swan instrumental. Consigo sentir a atmosfera quente, no ato IV, giro sete vezes e me jogo em direção ao chão, com movimentos dolorosamente lentos. Fechou meus olhos embriagada com a sensação. O mundo tem cerca de oito bilhões de pessoas e cada pessoa tem seu vício em particular, o meu era o poder que eu exercia em cima do palco. Eu era intocável. Tudo que me faz sentir mal, desaparece quando estou dançando. O balé se tornou minha válvula de escape. E está tudo bem, cada um se mata à sua maneira. A música estava chegando no clímax. Eu completava meus últimos movimentos, bem mais suaves dessa vez, completamente satisfeita comigo mesma por ter dado um show, e muito orgulhosa. Raphael me pega em seu colo e me j*
Filadélfia, 2012. Doze anos atrás. Kellan ESTOU CAINDO INERTE E NÃO tinha onde me segurar. Estava em um letífero conflito entre mim e meus pensamentos, que agora se encontravam completamente bagunçados. Minha visão começava a ficar turva, porém eu conseguia enxergar claramente quem estava caído à minha frente, com sangue escorrendo por sua blusa e manchando o piso de madeira desgastado da nossa antiga casa velha. Eu não queria acreditar. Olhando para o corpo pálido do meu padrasto no chão da sala eu começava a entrar em um desespero silencioso. Não posso entrar em pânico agora, não quero acordar minha irmãzinha que dorme no quarto ao lado, mas mamãe não colaborava. Mamãe se encontrava jogada em cima dele, aos prantos. Uma certa raiva crescia dentro de mim ao vê-la chorar por esse imbecil. Ah, minha querida mãe, eu não queria dizer que a entendia, pois não conseguia de forma alguma. Alguém que sofreu abusos na mão de outra pessoa deveria odiá-la profundamente, mas o que mamãe dizi