As munições de um psicopata

Com um olhar profundo sobre Violet, Tyler só consegue pensar em uma coisa: Uma profunda vontade de mostrá-la como ele era de verdade. 

—Bom, fica decidido! Tyler, querido, você toma café da manhã com a gente. —Vivien o convida novamente, reafirmando sua preferência. —Bom, eu vou terminar de preparar as coisas. Violet, minha filha, faça companhia para o seu amigo. Eu não demoro.

Com a saída de sua mãe, Violet sente a pressão de ficar sozinha com Tyler. Ela solta seu braço, percebendo que ficou tempo demais agarrando aquele local.

—M-Me desculpe...

—Tudo bem. —Ele sorrir, se ajeitando. —Eu não sei se acertei na manteiga, viu...

—Ah, para! Nem era pra ter trazido. 

Ela troca alguns passos curtos pelo sofá e escorrega a mochila de seu ombro sobre o assento. 

Sentado ao lado dela, Tyler passa uma perna por cima da outra e estica um braço por cima do encosto. O seu corpo falava, embora seus lábios não dissessem o que ele queria. 

Violet junta as mãos sobre as pernas e desvia o olhar, fugindo da sensação de estar gostando dos sinais de Tyler. Ela não queria ser aquela que iria ser vista como mais um troféu na lista do inconsequente Monron.

Quebrando o silêncio, Tyler suspira.

—Eu ouvi dizer que você e sua amiga foram ontem pra tentarem conseguir uma matéria pro jornal da escola, é verdade? 

Ele a deixa nervosa.

Aquela pergunta faz Violet engolir a própria ansiedade, que é substituída por adrenalina. Se ela expirrasse, cuspiria os próprios nervos.

—É-É. A Cass trabalha no jornal, mas... Eu só queria me divertir mesmo. Me desculpa. —Ela brinca com os dedos, mordiscando os lábios enquanto mantém distância visual do garoto ao lado.

Tyler se aproxima. 

Toca suas madeixas, afastando-as da face, e as desliza lentamente para parte de trás da orelha.

Violet sente um arrepio deslizar pela sua pele como um banho.

O toque dele é gentil. É suave. É acolhedor.

Sua presença parece inofensiva. Seu olhar não fere. E mesmo estando tão próximo dela, no mesmo sofá, ele não avança.

—Eu vi você ontem. Sabia? —Sussurra, se aproximando do rosto dela. —Gostei do seu vestido. Gostei de tudo em você... 

Ela sorrir, espremendo os lábios. Sua tentativa falha de se conter está caindo aos poucos, revelando suas intenções. Ela sente o coração acelerar, mas permanece olhando para as próprias mãos quentes.

Ele a percebe. Consegue sentir que está sendo aceito.

Tyler se curva para o lado, alcançando a pele quente do rosto de Violet, e lhe deixa um beijo levemente demorado. 

Os passos que veem do corredor faz os dois se distanciarem, permanecendo no mesmo sofá.

—Espero não ter demorado. Vamos? Eu não sei vocês, mas estou morrendo de fome! —Animada, Vivien retorna para chamá-los, sem perceber nada diferente.

Tyler se levanta, passando os olhos por Violet. A garota está se deixando levar. 

Ela quer.

Porém, infelizmente para Violet, está navegando por águas nebulosas.

O problema de uma pessoa receber pouco amor é que ela não sabe como é. E fica fácil ser enganada. Ver coisa onde não existe. Não perceber a maldade verdadeira por baixo de uma máscara colada com cola de papel.

...

Durante aquele café da manhã, Tyler se saiu exatamente como Vivien esperava. Um cavaleiro.

Encantador, digno de confiança, alguém à quem ela poderia confiar sua filha.

—Tyler, querido, espero que apareça por mais vezes. E... Muito obrigada por ter devolvido o celular da Violet. —Agradece, se despedindo do rapaz. —Está convidado para nos visitar mais vezes, viu?

Ele sorrir, olhando brevemente para o chão. Estende a mão na direção de Vivien e a olha diretamente.

—Foi um prazer, senhora Jacobs. A sua filha é tão encantadora quanto a senhora. Agora sei de onde vem a genética.

Elogiar alguém que está o tempo todo sozinho, é perigoso. É dar munição para ser preferido. E Tyler Monron sabe exatamente como fazer isso. Suas manipulações são calculadas para longo prazo. Ele não quer o desenvolvimento disso. Ele quer o resultado.

Saindo em direção ao carro, Tyler ouve a porta se fechando aos poucos e se vira. Ele para, olhando para a janela do andar de cima. Lá está ela, olhando para ele e acenando. 

Violet não sabe, mas ele vai mastigá-la e cuspí-la se ela continuar agindo assim.

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