Com sentimentos de angústia, Violet apenas cede, dando um passo para trás.
Ela recua, sabendo que não deveria ter tocado em Tyler.
O rapaz suspira, destravando as mãos.
—Você pode me fazer companhia hoje a tarde? Por que está aqui?
Seus passos em direção ao corredor faz Violet o seguir pelo mesmo caminho, lado a lado.
—Preciso entregar uma boa matéria para o jornal da escola e... Bom, eu não tenho nada. A Cass me deixou na mão e foi pra casa ficar com a família e fazer sei lá o quê. —Confessa, tentando manter o bom humor diante de um Tyler esquisito.
Ela percebe que era verdade o que todos falavam: ele era uma pessoa muito atraente, bonita, popular. No entanto, era tão estranho quanto.
—Bom, você pode assistir as aulas comigo e vê se consegue alguma coisa. O que acha?
A companhia dele. Violet, que estava se interessando emocionalmente por Tyler, agora tinha a promessa de ficar na companhia dele.
Para alguém solitário e desajustado como a jovem Jacobs, ter a oportunidade de ficar ao lado de alguém, por quem está nutrindo sentimentos é sua própria loteria. Se ela souber do que ele é capaz, tentará escapar com todas as suas forças. Porém, ao contrário disso, ela está caminhando lentamente na direção do inferno e ainda não desconfia.
A tarde passa rápido. Violet não percebe as horas transcorrerem. Está ocupada demais registrando a maneira como Tyler interage com os demais alunos. Sua popularidade, sua frieza, seu poder. Ela se encanta tão facilmente que se ele lhe disser mentiras nítidas, ela acredita.
Ao final das aulas, ainda sem assuntos para o jornal, Violet se senta nos degraus da entrada e expira, desacreditada. Ela sorrir, lembrando-se da reação de Cass, mais cedo.
Aquela, com certeza, não seria a sua carreira na vida.
—Sozinha, por quê?
Tyler põe a mão sobre a cabeça dela e bagunça seus cabelos.
O que há de errado com você? Não posso lhe tocar, mas pode brincar com meus cabelos quando bem entende?
Ela se frustra em seus pensamentos, mas não os externa.
—Não consegui nada. —Desabafa. De ombros caídos, segura a pasta transparente sobre os joelhos dobrados e mantém os olhos distantes, olhando para o horizonte de alunos uniformizados.
—Talvez eu tenha algo pra você, mas vai ter que me prometer que vai ocutar a fonte! —Arqueia as sobrancelhas, tentando pensar em mais coisas.
Suas palavras encorajadoras alcançam a ambição de Violet. A garota vira a cabeça para Tyler, pronta para ouvir tudo e anotar.
—A líder de torcida é lésbica e está saindo com a filha da professora de educação física.
Ali estava uma matéria impactante. Um segredo digno de sussurros pelos corredores. A garantia de uma semana bem sucedida.
Tyler se cala, analisando a expressão no rosto da garota, e torce para que suas palavras tenham soado da maneira correta.
—Como você soube disso?
—Uma das animadoras de torcida dormiu comigo na semana passada e dedurou a amiga para mim.
A expressão ambiciosa na face de Violet, muda.
Então ele não gosta do toque humano, mas dormiu com uma animadora de torcida?
Aquelas palavras reverberaram pela mente da jovem Jacobs durante alguns segundos.
O problema dele sou eu?
Seus pensamentos são cruéis e lhe deixam insegura.
Sem falar mais nada, Violet agarra a pasta com firmeza e estica as pernas, se levantando aos poucos. Tyler se pergunta internamente se há algo de errado com ela, mas não tem coragem de perguntar diretamente para a mesma.
Aquela situação não o ajuda.
E ele sabe, exatamente, como aliviar a sensação de estresse: matando.
Ao ver as costas de Violet se afastando para longe, o garoto se levanta com uma ruga na testa. Ele não entende como havia deixado a garota irritada.
O porquê de ela ter deixado-o falando sozinho, era um enigma.
Tyler não vai atrás de Violet, mas sabe que precisa se livrar daquela sensação.
Ele precisa de sua própria terapia.
Ignorando a voz de seus amigos que o chamam com constância, Tyler caminha apressadamente na direção se sua SW4 branca e adentra, acelerando com imprudência no meio do pátio. Uma nuvem de fumaça branca cobre os pneus enquanto o carro rodopeia, ameaçando atropelar alguns alunos.
Ele não se importa.
Muda a rota do veículo e sai.
Violet o observa indo embora. Ela ainda se culpa, internamente, por ser o problema que faz ele não querer seu toque. Ele a deixa confusa e a faz sentir coisas.
Ela o quer, apesar de pensar que o mesmo a rejeita. Ela quer aquele garoto que lhe tocou no sofá da sala. Ela quer aquele sussurro em seu ouvido outra vez.
O que ela não sabe, é que ele está se controlando para não machucá-la. Ele está se contendo para não fazê-la sangrar, como fez com todas as outras.
No entanto, por que ela seria tão diferente? O que Violet tem que faz Tyler querer poupá-la?
...
A rota de Tyler é ambiciosa. Com um quite de emergência, o rapaz acelera ferozmente rodovia a fora, rumo à cidade dos mortos: o cemitério. Ele estaciona nas proximidades, mas observa por um longo tempo.
A noite cai.
As pessoas se trancam em suas casas e o cemitério fecha.
O jovem desconhecido está saindo. Ele mexe na mochila, guardando o celular.
Tyler desce do carro. Está com um canivete. Ele se aproxima do pneu traseiro esquerdo e o fura, deixando esvaziar aos poucos.
A rua está deserta. É uma localidade afastada das residências. Tem um parque, mas só funciona durante o dia.
É o local perfeito.
O rapaz morreria em casa.
Tyler retira o canivete do pneu e o guarda no bolso da calça, finalmente se apresentando ao rapaz. Dessa vez, ele não pretende tomar água. Ele pretende tomar sangue.
—Oi! Você é o substituto do padre, não é?
—Sim... Eu vi você pela manhã. —O rapaz olha para os lados, sentindo o frio na espinha.
—Eu estou com um problema no carro, você pode me ajudar a trocar o estepe?
A luz do poste brilha sobre os bancos de madeira, em frente ao jardim da pequena capela. O jovem desconhecido analisa as necessidades de Tyler, e, apegando-se às crenças religiosas, oferta seu bom coração em uma ação humana.Ele pisca duas vezes, sentindo o frio congelante de uma noite sombria.—Tudo bem, vamos lá.A brisa gelada empaledece a face do garoto. Ele espreme os lábios, sorrindo de maneira amigável para o seu assassino. Ele não sabe. Não suspeita de nada.Tyler range os dentes silenciosamente, guiando o rapaz até o carro. Antes de atravessar a rua, ele olha de um lado para o outro, em busca de testemunhas.Está perfeito.Não há ninguém, quando até mesmo os gatos já foram em boa hora.Por que pregar em uma área tão afastada? Por que fazer as pessoas se deslocarem tanto para ouvir a reflexão de outra pessoa, baseada em um livro completamente alterado pelo homem? Você queria que eu viesse...Tyler não precisa de uma motivação para matar, mas seus questionamentos o diverte dura
Uma nova manhã cai sobre Manhattan, na promessa de melhorar os caminhos de uns, e, piorar a tragetória de outros. Tyler está dormindo tranquilamente em sua cama. Abraça o travesseiro europeu, apoiando a cabeça em plumas de ganço. É como reinar sobre ossos.A empregada adentra ao quarto obedecendo as ordens do senhor Tonny. Ela mexe nas cortinas e deixa a luz do sol entrar através das janelas. Está com os cabelos presos. São seis horas da manhã, mas há brilho em seu rosto.Ela está cansada.Tyler suspira, despertando de seus sonhos obscuros. Ergue a cabeça lentamente, ainda embriagado pelo sono, e avista a humilde empregada tentando acordá-lo sem lhe incomodar.—Você... Não precisa fazer isso toda vez. —Ele boceja, sentando-se sobre a cama gigantesca. —Faça um barulho, jogue meu braço pra longe, chame o meu nome... Qualquer coisa que torne o seu trabalho mais fácil. Eu sou só um vagabundo que dorme demais. —Ele brinca, arrancando risadas naquele rosto cansado pelo trabalho árduo.O ra
O dia amanhece dos dois lados da cidade. No noticiário a mesma notícia: um coroinha desapareceu no fim da tarde do dia anterior e as buscas se intensificam nas proximidades. Afinal de contas, o que havia acontecido ao jovem de pele parda e cabelos negros? Apenas uma pessoa guarda esse segredo: Tyler Monron.No colégio, rodeado pelos amigos, Tyler desfruta de toda a atenção excessiva enquanto olha fixamente para alguém a distância. Sorrindo pelas piadas sexuais proferidas dos adolescentes que ele despreza, o jovem analisa os movimentos da estudante como um cão.Na mesa a diante está Violet, a estudante que rouba os olhares de um Tyler ambicioso. Se evita tocá-la para protegê-la de si mesmo, então por que está olhando constantemente para ela ao ponto de chamar a atenção de seus amigos?—Se olhar mais um pouco vai acabar babando, cara! —Diz um deles, tocando o ombro do jovem alto. —Vamos lá, Tyler! Ela é uma nerdezinha. Aposto que só quer se divertir, hã!—Cala a boca... —Ele abaixa a c
Violet não analisa a situação como deveria. Ela sequer se importa.Durante a manhã, Tyler e Violet assistem suas aulas normalmente. Ela se mantém atenta à matéria, finalizando-a para que Cassandra leve ao jornal e publique. O sinal toca.Violet se mantém hipervigilante, temendo perder o rapaz de vista. Ainda próximo à porta da sala de aula, ele logo é rodeado por seus muitos amigos enquanto a adolescente guarda seus livros no armário de esquina, olhando através da brecha. Uma garota se esfrega em Tyler e acaricia seus cabelos curtos. Violet percebe que ele parece sorrir satisfeito jogando a cabeça para trás, mas logo tira sua mão que vai de encontro ao pescoço dele, livrando o toque.Vigiando escondida, a garota inocente fecha a porta e se vira de costas, caminhando rumo às portas de entrada do colégio. Os corredores logo são tomados por alunos, mas Violet está caminhando sozinha com os braços cruzados. Os tufos de cabelo castanho chicoteiam sobre suas costas, lhe tornando um pouco m
Após conversar com o rapaz, Tyler olha para Violet, por cima dos ombros, e flexiona os dedos para chamá-la. A garota se junta á ele e os dois atravessam o lago através de uma pequena e singela ponte de madeira.—Você costuma trazer os seus amigos aqui? —Ela pergunta, movendo os braços para retirar o casaco. O sol é forte e aquece o tecido, fazendo-a querer se livrar dele.Tyler caminha tranquilamente de cabeça erguida, acostumado com tudo o que está a sua volta. Nada lhe é novidade. Nada lhe cai com amedrontamento.—Não. Quero dizer... Mais ou menos. Quando quero cavalgar com eles ou quando tem festa... Eu os chamo. Mas, nada corriqueiro, sabe?! —Ele vira a cabeça para ela e lhe lança um sorriso mínimo, voltando a encarar o caminho a sua frente.Aceitando suas palavras, Violet junta as pontas do casaco em frente ao tronco e cruza os braços, deixando-o pendurado sobre eles.Ela o segue até alcançarem a entrada de uma residência que nutre o bege como religião. Violet analisa os móveis e
Nem mesmo para Tyler as intenções de Violet ficam visíveis naquele momento. Ela quer salvá-lo, mas ainda não sabe disso.Motivada pelo discurso de Tyler, ela esquece suas palavras anteriores sobre planejar um acidente para a governanta, e se interessa um pouco mais pela história do rapaz.—Por que você tem problemas com o seu pai? Seu ato deixa Tyler um pouco mais confortável.Ela quer saber.Ela quer participar. Ele planeja as palavras certas em silêncio, até poder externá-las tranquilamente.—Bom... O meu pai me culpa pela morte da minha mãe há muito tempo. Eu não tive culpa de ela ter sido atacada dentro do meu quarto, e você consegue imaginar o quanto é ruim voltar para o mesmo quarto onde a sua mãe morreu em uma poça de sangue?Violet recua. Seus passos param á caminho do rapaz e ela sente o corpo congelar.A família Monron tem um segredo sombrio.Tyler sabe que está lhe deixando amedrontada, mas também descobriu que ela se interessa por ele de maneira emotiva. Ele sabe como jo
O almoço aparenta ser bem sucedido. Tyler conversa tranquilamente sobre as coisas que ainda pode mostrar para Violet, mas algo sai de seu controle: Tonny Monron, seu pai.Tyler está terminando de experimentar um doce alemão quando o Audi cinza estaciona antes da ponte de madeira. Violet olha para Tyler, sem entender o que aquilo significa, mas se mantém tranquila comendo do mesmo doce que o rapaz loiro.Tyler resmunga, passando a colher entre os dentes:—O que o meu pai tá fazendo aqui...?Tonny abre a porta do carro e desce, encarando Tyler por cima do teto do carro. Bate a porta com insatisfação e avança os passos em direção aos dois. Seu semblante é sereno e intrigante, ele está furioso com algo. No entanto, ao se aproximar do casal de adolescentes, ele retira os óculos escuros dos olhos e encara Violet.—Boa tarde, mocinha. —Exibindo um sorriso de meia boca, ele estende a mão, cumprimentando a jovem de aparência simples. —O-Oi, senhor Monron. Boa tarde. Eu me chamo Violet Jacobs.
A reação de Violet é genuína. Por saber o que é solidão, ela sente a necessidade em proteger Tyler ao vê-lo vulnerável e abandonado pelo próprio pai. Há empatia verdadeira pelos motivos errados.Antes que seu pai retorne, Tyler se antecipa para ficar sozinho com a jovem Jacobs outra vez.—Senhorita Jacobs, posso levar você de volta à cidade? É que eu preciso muito de... Um pouco de remédio e parar numa farmácia não vai me fazer mal algum. —Diz ele, saindo do abraço lentamente.Violet não hesita, afinal de contas, ela está preocupada demais para lidar com seu egoísmo agora.Ela suspira, sentindo o abraço de Tyler se tornar frouxo e morno. Ele deve estar se lembrando, outra vez, que eu não posso tocá-lo... Ela pensa, vacilando o olhar pelos cantos do cenário ranchoso.É a confirmação: está na hora de ir.Ela percebe o ombro alto passar ao lado de sua cabeça e então o segue fielmente, na promessa doce de ser querida por Tyler. Eles caminham lado a lado para fora da casa e mantém o ritm