Terapia efetiva

A luz do poste brilha sobre os bancos de madeira, em frente ao jardim da pequena capela. O jovem desconhecido analisa as necessidades de Tyler, e, apegando-se às crenças religiosas, oferta seu bom coração em uma ação humana.

Ele pisca duas vezes, sentindo o frio congelante de uma noite sombria.

—Tudo bem, vamos lá.

A brisa gelada empaledece a face do garoto. Ele espreme os lábios, sorrindo de maneira amigável para o seu assassino. Ele não sabe. Não suspeita de nada.

Tyler range os dentes silenciosamente, guiando o rapaz até o carro. Antes de atravessar a rua, ele olha de um lado para o outro, em busca de testemunhas.

Está perfeito.

Não há ninguém, quando até mesmo os gatos já foram em boa hora.

Por que pregar em uma área tão afastada? Por que fazer as pessoas se deslocarem tanto para ouvir a reflexão de outra pessoa, baseada em um livro completamente alterado pelo homem? Você queria que eu viesse...

Tyler não precisa de uma motivação para matar, mas seus questionamentos o diverte durante a caminhada até o carro.

—Santo Deus... —Balbucia o jovem desconhecido, espremendo as luvas grossas que retira das mãos. —O seu pneu está muito baixo, você passou por alguma área de pedras ou coisa assim?

O rosto do rapaz bonito se espreme minimamente, rasgando o sorriso de pré-satisfação. Ele sabe que vai funcionar. Ele está certo disso.

O jovem garoto puxa o pano das calças como pinças e flexiona os joelhos diante do pneu murcho. Analisa com precisão, embora a pouca luz seja um problema, enquanto Tyler dá a volta no carro, abrindo o porta-malas.

Ele se curva diante do buraco preto, no fundo falso daquele porta-malas, e puxa uma tesoura de jardinagem. A mão de Tyler pende, segurando o objeto de ferro afiado. O brilho da lua sobre o metal é refletido nos olhos azulados do rapaz vazio. 

Ele analisa os ombros do jovem religioso ali, abaixado diante do pneu comentando sobre os possíveis danos que aquilo causaria ao material de borracha, mas é ignorado.

Tyler está obcecado demais em vê-lo sangrar. Ele quer sentir o cheiro de cobre outra vez.

Ele quer ouvir as súplicas, os gritos. Ele quer dominá-lo.

Então, Tyler inspira fundo e prende a respiração. Erguendo o braço acima da cabeça, ele segura a grande tesoura de jardinagem com as duas mãos e sua ira cai sobre o jovem religioso. O impulso que seus braços dão, com o objeto cortante, sobre a nuca do jovem garoto é tão grande que o faz cair desacordado com um corte atrás da cabeça.

Sem gritos.

Tyler verifica se o garoto está respirando, notificando-se de que ele esteja vivo.

Ele está.

O rapaz bonito j**a a tesoura para dentro do fundo falso da SW4 e, em seguida, abaixa-se ao lado do jovem que acabou de desmaiar, o carregando pelos braços até o porta-malas. 

Mais uma vez, Tyler olha para os lados em busca de testemunhas. Não há ninguém. Não há câmeras aparentes. Ele, então, fecha o porta-malas e dá a volta no carro. Troca o pneu sozinho e entra, seguindo para o local final.

...

Depois de dirigir por mais de uma hora, ele adentra à uma área florestal e o luxuoso carro branco some em meio às árvores longas e cheias. A noite escura cai como um manto pelo caminho, e Tyler precisa manter os faróis baixos para não atrair olhares indesejados.

Apesar de estar deserto, nunca se sabe quem pode encontrar.

Ao chegar à uma casa abandonada, no meio da floresta, o rapaz desce do carro e desliga os faróis. Busca por uma lanterna no porta-luvas e segue na direção da mala. Lá está o jovem garoto prestes a acordar. Tyler o puxa para fora do carro e o arrasta pelos braços até dentro do cazebre abandonado. A madeira apodrecida ameaça despencar com a próxima chuva, mas ele não se incomoda.

Aquela não é sua moradia.

Ele vai até o carro e busca por cordas, lâminas e a preciosa tesoura de ferro. Retornando para dentro do cazebre, ele encontra o garoto acordando lentamente. Suas queixas de dores na cabeça o faz levar a mão até a nuca, por impulso. No ato, o garoto analisa o líquido viscoso entre seus dedos e o espreme.

Não era gel.

Tyler adentra ao cazebre e eles se encaram. O garoto analisa os pertences que Tyler está soltando ao lado dos pés, e conclui: aquele líquido não era gel. Era o seu sangue.

Rapidamente, o cheiro de cobre lhe invade as narinas suavemente. Não é suficiente para lhe deixar tonto, mas é o bastante para que seu estômago reclame.

—Ei, o... O que você tá fazendo?

Tyler o observa, parado. Ereto. Ele segura a lanterna em uma mão e as cordas na outra, após soltar a tesoura ao lado dos pés. O canivete roça contra o cós de sua calça e a pele de seu abdômen. Ele sente a agonia subindo pelas pernas e se agarrando em seu esqueleto.

Era a hora.

O jovem garoto está deitado no chão. Seus olhos se fixam naquele par de coturnos pretos caminhando lentamente em sua direção. A corda é arrastada pelo chão e se estende. As passadas firmes fazem um som isolado, mas aumentam a sua ansiedade.

Tyler se abaixa ao lado do garoto jovem e puxa o canivete do cós da calça. Desfaz os nós da corda e trança os braços e pernas do garoto, lentamente. Analisando como a corda se esfrega pela pele parda do garoto, Tyler chega a ficar excitado. 

Sua boca saliva instantaneamente.

Com o jovem amarrado, ele segura o cabo do canivete com firmeza, deslizando pela pele do pescoço.

—Por favor... E-Eu faço o que quiser. Por favor...

—Sssshhhi...

O jovem se cala.

Tyler se senta ao lado dele e desliza os dedos entre os cabelos negros e macios do jovem. 

Ele olha atento, analisando o primeiro lugar para perfurar. Está se deliciando nos suspiros densos que veem daquele garoto, soprando suas angústias.

—Se a vida fez você cruzar o meu caminho, garoto, tenha certeza de que você errou com alguém... —Ele suspira. —Muito bem. Agora, vamos começar a terapia.

—N-Não! Não, por favooor!

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