3. CÉLIO

Tudo está fora de controle na minha vida profissional desde que Lucy foi embora. Parece que ela jogou uma praga que pegou, afinal apareceu algumas candidatas a vaga e contratamos uma que está longe de ser perfeita. Já até perdi as esperanças de encontrar uma que realmente trabalhe como eu gosto.

Mais uma vez chego na empresa e Kátia, a nova secretária, não compareceu, o que foi o suficiente para me dar dor de cabeça e ligar para Eduardo.

— Eduardo, não é possível que ficarei novamente sem secretária. Que falta de sorte é essa? Explica.

— Calma, Célio, a senhorita Kátia teve um contratempo e daqui a pouco estará aqui na empresa. Ela já me ligou justificando a sua ausência.

— Eduardo, e quanto a minha assistente? Preciso urgentemente de uma. Você mais do que ninguém sabe que preciso de uma assistente.

— Estou cuidando disso.

Nervoso, é assim que estou, afinal o estresse começou cedo. O celular começa a tocar e sou informado de que nossas empresas irão concorrer ao prêmio de melhor indústria, uma notícia maravilhosa para me fazer sorrir, pois há muito tempo trabalho para chegar aonde cheguei.

Mais tarde vou sair para comemorar, estou precisando. Começo analisando vários documentos jogados sobre a minha mesa, tudo desorganizado.

Eduardo disse que já anunciou a vaga de assistente e Kátia enfim chega para me auxiliar. É lógico que quero saber o motivo da sua ausência, mas o telefone toca bem na hora, interrompendo o que ia perguntar.

— Alô, quem fala?

— Oi, Célio, é Suze, a sua acompanhante de luxo. Irá precisar de mim, hoje, meu amor?

— Irei, sim, mas não precisa ligar para confirmar nada. Pago pelos seus serviços somente e para completar não sou o seu amor. — Desligo a ligação na cara dela.

Era só o que me faltava! Uma vadia querendo a minha atenção, sendo que pago por uma noite até mais do que elas valem.

Como prometi, à noite saio para comemorar com a minha acompanhante que faz loucuras com o meu corpo, deixando-me saciado, mas não satisfeito. Reviro a mulher do avesso, faço tudo o que quero com ela, mas quando saio do quarto do hotel, a solidão me acompanha e o vazio em meu peito continua presente.

Ao chegar à minha mansão, olho para o porta-retratos com a foto dos meus pais e me lembro do que os olhos do meu pai brilhavam ao olhar e falar da minha mãe. Subo para o quarto, preparo um banho e tento relaxar na água morna, enquanto bebo uma dose de whisky.

Saio da banheira, deito-me na minha cama, mas o sono não vem. Saí em busca de prazer e relaxamento, mas voltei pior, mais vazio do que estava.

Sinto-me sempre assim quando saio das minhas aventuras.

***

Enfim, Eduardo avisa que fará a entrevista com as candidatas à vaga de assistente e espero que ele acerte dessa vez.

Chego mais cedo do que o habitual, olho a hora no relógio e nada da senhorita Kátia aparecer. Entro na minha sala e vou para o computador.

Como tenho acesso às câmeras, assim que Kátia chegar, terei uma conversa particular com ela. Assim que a vejo chegar e se sentar na sua cadeira, ligo imediatamente para ela, pedindo que compareça à minha sala.

Quando ela entra, vejo um certo medo estampado em seu semblante.

— Senhor Célio, posso explicar o motivo de não ter chegado cedo.

— Seja breve e me conte a verdade de preferência. Quando você não chega atrasada, você falta.

— É meu, meu! — O nervosismo está bem evidente em sua voz.

— Termine a frase — falo mais alto.

— Meu filho está doente, por isso, falto ou chego atrasada.

— Está demitida! Quero alguém comprometido a trabalhar nessa empresa, que não se deve misturar vida pessoal com profissional. Por favor, vá ao RH. — Falo grosso e ela sai aos prantos.

Detesto quem mente para mim! Na minha empresa tem regras e essas devem ser cumpridas.

Através das câmeras vejo uma moça conversando com a senhorita Kátia. Ela tem um corpo esbelto, cabelos cor de mel, pele clara e estatura mediana. Vejo que a mulher abraça e consola minha ex-secretária.

— Afinal, quem é ela? — Pergunto-me.

Percebo que Eduardo chega e fica perto dela, em seguida a conduz em direção à minha sala. Quando ouço batidas à porta, desligo rapidamente as câmeras.

— Pode entrar — falo sentado na minha cadeira confortável para observar a garota que Eduardo contratou.

Ele abre a porta e a garota entra.

Eu a observo de cima a baixo e ela não se intimida, olhando em meus olhos. Faço o mesmo.

— Célio, essa é a senhorita Luna, sua nova assistente. — Eduardo olha para mim.

— Prazer, sou Luna. — Ela estende a mão.

Toda mulher fica nervosa quando está perto de mim, mas essa Luna não. Ela é diferente, tem algo que não consigo decifrar em seu olhar... Aperto a sua mão macia.

— Eu me chamo Célio Valença e espero que você esteja à altura da assistente que tanto preciso. Creio que Eduardo já te deixou a par de algumas regras da empresa e uma delas é contratar mulheres que sejam livres para poder viajar e que não confundam vida pessoal com profissional.

— O senhor Eduardo me explicou como funciona tudo — ela fala calmamente.

— Muito bem, amanhã você começa. Falo e ela sai e Eduardo me olha.

Ainda estou tentando digerir essa garota que ele me arrumou como assistente.

Vou testá-la de todas as formas possíveis.

— O gato comeu a sua língua, Célio? Não disse se gostou da garota ou não gostou! Cara, achei o perfil dela legal, tem paciência, é atenta, meiga e cuidadosa. Ela é tudo o que você precisa, o pacote completo.

— Fiquei desconfiado com essa tal de Luna. A paciência e o modo como fala me deixou incomodado. Vou encher ela de trabalho, pois é só o que tem aqui e aí, sim, poderei falar algo a respeito dela.

— Era o que me faltava, Célio! Se você não gostar da garota e não quiser contratá-la eu desisto de você.

Ele sai e fico sozinho com uma agenda toda desorganizada.

Tudo está de cabeça para baixo, mas fiquei curioso para ver se a tal Luna dará conta de tudo mesmo.

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