Tudo está fora de controle na minha vida profissional desde que Lucy foi embora. Parece que ela jogou uma praga que pegou, afinal apareceu algumas candidatas a vaga e contratamos uma que está longe de ser perfeita. Já até perdi as esperanças de encontrar uma que realmente trabalhe como eu gosto.
Mais uma vez chego na empresa e Kátia, a nova secretária, não compareceu, o que foi o suficiente para me dar dor de cabeça e ligar para Eduardo. — Eduardo, não é possível que ficarei novamente sem secretária. Que falta de sorte é essa? Explica. — Calma, Célio, a senhorita Kátia teve um contratempo e daqui a pouco estará aqui na empresa. Ela já me ligou justificando a sua ausência. — Eduardo, e quanto a minha assistente? Preciso urgentemente de uma. Você mais do que ninguém sabe que preciso de uma assistente. — Estou cuidando disso. Nervoso, é assim que estou, afinal o estresse começou cedo. O celular começa a tocar e sou informado de que nossas empresas irão concorrer ao prêmio de melhor indústria, uma notícia maravilhosa para me fazer sorrir, pois há muito tempo trabalho para chegar aonde cheguei. Mais tarde vou sair para comemorar, estou precisando. Começo analisando vários documentos jogados sobre a minha mesa, tudo desorganizado. Eduardo disse que já anunciou a vaga de assistente e Kátia enfim chega para me auxiliar. É lógico que quero saber o motivo da sua ausência, mas o telefone toca bem na hora, interrompendo o que ia perguntar. — Alô, quem fala? — Oi, Célio, é Suze, a sua acompanhante de luxo. Irá precisar de mim, hoje, meu amor? — Irei, sim, mas não precisa ligar para confirmar nada. Pago pelos seus serviços somente e para completar não sou o seu amor. — Desligo a ligação na cara dela. Era só o que me faltava! Uma vadia querendo a minha atenção, sendo que pago por uma noite até mais do que elas valem. Como prometi, à noite saio para comemorar com a minha acompanhante que faz loucuras com o meu corpo, deixando-me saciado, mas não satisfeito. Reviro a mulher do avesso, faço tudo o que quero com ela, mas quando saio do quarto do hotel, a solidão me acompanha e o vazio em meu peito continua presente. Ao chegar à minha mansão, olho para o porta-retratos com a foto dos meus pais e me lembro do que os olhos do meu pai brilhavam ao olhar e falar da minha mãe. Subo para o quarto, preparo um banho e tento relaxar na água morna, enquanto bebo uma dose de whisky. Saio da banheira, deito-me na minha cama, mas o sono não vem. Saí em busca de prazer e relaxamento, mas voltei pior, mais vazio do que estava. Sinto-me sempre assim quando saio das minhas aventuras. *** Enfim, Eduardo avisa que fará a entrevista com as candidatas à vaga de assistente e espero que ele acerte dessa vez. Chego mais cedo do que o habitual, olho a hora no relógio e nada da senhorita Kátia aparecer. Entro na minha sala e vou para o computador. Como tenho acesso às câmeras, assim que Kátia chegar, terei uma conversa particular com ela. Assim que a vejo chegar e se sentar na sua cadeira, ligo imediatamente para ela, pedindo que compareça à minha sala. Quando ela entra, vejo um certo medo estampado em seu semblante. — Senhor Célio, posso explicar o motivo de não ter chegado cedo. — Seja breve e me conte a verdade de preferência. Quando você não chega atrasada, você falta. — É meu, meu! — O nervosismo está bem evidente em sua voz. — Termine a frase — falo mais alto. — Meu filho está doente, por isso, falto ou chego atrasada. — Está demitida! Quero alguém comprometido a trabalhar nessa empresa, que não se deve misturar vida pessoal com profissional. Por favor, vá ao RH. — Falo grosso e ela sai aos prantos. Detesto quem mente para mim! Na minha empresa tem regras e essas devem ser cumpridas. Através das câmeras vejo uma moça conversando com a senhorita Kátia. Ela tem um corpo esbelto, cabelos cor de mel, pele clara e estatura mediana. Vejo que a mulher abraça e consola minha ex-secretária. — Afinal, quem é ela? — Pergunto-me. Percebo que Eduardo chega e fica perto dela, em seguida a conduz em direção à minha sala. Quando ouço batidas à porta, desligo rapidamente as câmeras. — Pode entrar — falo sentado na minha cadeira confortável para observar a garota que Eduardo contratou. Ele abre a porta e a garota entra. Eu a observo de cima a baixo e ela não se intimida, olhando em meus olhos. Faço o mesmo. — Célio, essa é a senhorita Luna, sua nova assistente. — Eduardo olha para mim. — Prazer, sou Luna. — Ela estende a mão. Toda mulher fica nervosa quando está perto de mim, mas essa Luna não. Ela é diferente, tem algo que não consigo decifrar em seu olhar... Aperto a sua mão macia. — Eu me chamo Célio Valença e espero que você esteja à altura da assistente que tanto preciso. Creio que Eduardo já te deixou a par de algumas regras da empresa e uma delas é contratar mulheres que sejam livres para poder viajar e que não confundam vida pessoal com profissional. — O senhor Eduardo me explicou como funciona tudo — ela fala calmamente. — Muito bem, amanhã você começa. Falo e ela sai e Eduardo me olha. Ainda estou tentando digerir essa garota que ele me arrumou como assistente. Vou testá-la de todas as formas possíveis. — O gato comeu a sua língua, Célio? Não disse se gostou da garota ou não gostou! Cara, achei o perfil dela legal, tem paciência, é atenta, meiga e cuidadosa. Ela é tudo o que você precisa, o pacote completo. — Fiquei desconfiado com essa tal de Luna. A paciência e o modo como fala me deixou incomodado. Vou encher ela de trabalho, pois é só o que tem aqui e aí, sim, poderei falar algo a respeito dela. — Era o que me faltava, Célio! Se você não gostar da garota e não quiser contratá-la eu desisto de você. Ele sai e fico sozinho com uma agenda toda desorganizada. Tudo está de cabeça para baixo, mas fiquei curioso para ver se a tal Luna dará conta de tudo mesmo.Depois que recebi a ligação do senhor Eduardo fui estudar sobre a empresa que irei para a entrevista, um verdadeiro império conduzido por dois irmãos. Procuro uma roupa adequada para a entrevista, afinal não é qualquer empresa e tenho que estar bem-vestida. Mas tenho que ter foco, não posso parecer insegura. Segurança é o segredo para conquistar qualquer vaga. — Elisa, meu amor, amanhã será um grande dia. É tudo ou nada para mim ou, aliás, nós. Porque esse emprego será o caminho para conseguir de uma vez por todas a sua guarda. Ela balbucia uns sons e alguém b**e à porta. Quando abro, vejo que é a tia Luísa trazendo o jantar. Ela sempre faz o que pode por mim. Não esquecerei jamais o que ela faz por mim e por Elisa, sem pedir nada em troca. — Minha filha, parece estar contente? — Sim, estou. Amanhã irei a uma entrevista de emprego e se eu for contratada, as chances de ganhar a guarda da Elisa são maiores. É uma grande empresa, de renome e ganharei melhor. — Vai dar tudo c
Após contratar uma assistente, perco a secretária e após conhecer Luna, a nova assistente, fiquei desconfiado com tanta segurança que ela transmitiu. Olho ao meu redor, olhando para a bagunça que minha mesa se encontra. Trabalho é o que não falta aqui. Começo a separar o que ela fará amanhã, afinal seu teste será pesado. Peço um café preto e amargo, e bebo apressado. O telefone toca a toda hora problemas, reuniões e compromissos... Laerte está vivendo sua aventura com o seu amor à primeira vista, já eu estou afundado em problemas. Estou me sentindo extremamente cansado! Largo todo o trabalho sobre a mesa, afinal não dou conta de todo esse trabalho sozinho. No caminho para casa, resolvo jantar sozinho, mas Eduardo liga perguntando onde estou e vem ao meu encontro. — Boa noite, Célio, que cara é essa? — A mesma de sempre! — respondo. — Pensei que estava feliz, contratamos a sua assistente. — Não crio expectativas, principalmente, em mulheres. Quem me garante que ela aguen
Após sair da entrevista um tanto quanto perturbada, fui encarar meu próximo desafio que era pedir demissão do meu antigo emprego. Não foi fácil sair e me despedir de todos assim de hora para outra, mas era necessário e urgente, afinal era a vida de uma criança que estava em jogo e não poderia mais pensar apenas em mim. Todos do escritório ficaram surpresos e curiosos para saber onde seria o meu novo trabalho, mas deixei o suspense no ar e fui embora o mais rápido possível para contar a novidade para a minha tia Luísa que já estava me esperando. — Luna, ainda bem que chegou, filha! Enquanto almoçamos, conte como foi a entrevista. — Tia Luísa fala e dei um abraço nela, que retribuiu. — Está desanimada. Não vai dizer que te maltrataram nessa entrevista de emprego. — Deu tudo certo, inclusive já começo amanhã. Vou passar por um período de experiência. Tive que mentir dizendo que não tenho filhos, o dono exige alguém que não os tenha. Inclusive, presenciei uma demissão por causa di
Após a reunião, tentei me concentrar no trabalho, respondi e-mails e notei que a minha mesa estava bem arrumada, a agenda organizada. Olhei meus compromissos um a um, atendi alguns telefones, fiz algumas ligações e o investimento de hoje foi xeque-mate. Mas as palavras do Eduardo voltavam à mente. “Para que tanto estresse se contratei um anjo para te salvar? Devemos bater palmas para Luna, pois se não fosse por ela, você perderia milhões.” A verdade é que se não fosse pela Luna, eu estaria ferrado. Sei que deveria agradecê-la, mas sou orgulhoso demais para me rebaixar a uma assistente que mal chegou. Saí para almoçar, sem falar com ninguém, e quando cheguei ao restaurante encontrei uma antiga amiga, Ivana, que veio rebolando em minha direção com o seu salto alto, assim que me viu. — Como vai, Célio? Qual é o segredo para tanta beleza? Está um gato como sempre — ela falou no meu ouvido pensando que ainda me causava arrepios. — Estou muito bem! Você também está maravilhosa, me
Após sair da empresa, faço o mesmo trajeto de antes, só que agora pela noite e chego em casa muito cansada. Entro na cozinha e vejo um recado deixado pela minha tia avisando que saiu com Elisa. Aproveito o momento para ir ao banheiro e tomar um belo banho. Ao sair me olho no espelho e meu semblante cansado diz o quanto foi duro o meu dia. Pergunto a mim mesmo se conseguirei permanecer trabalhando naquele local, pois já vi o quanto o doutor Célio é difícil e bipolar. Mas me lembro do salário e planos não me faltam para esse dinheiro, como me mudar para uma casa maior. Ouço baterem à porta e já imaginando que seja a minha flor que chegou. — É você, tia? Pode entrar. — Sim, minha filha. Olha, Elisa, sua mãe já está em casa. Como foi no trabalho? — Estou aprendendo bastante, é difícil, mas me saí muito bem. Tia, quando receber o meu primeiro salário, quero alugar uma casa maior, num bairro melhor... Talvez, assim eu consiga logo a guarda da Elisa. — Filha, você sabe que a avó da
Ficar sozinho é a melhor coisa, mas o único amigo que tenho do meu lado só vem à minha casa para me tirar a paciência. Já não bastava o tanto de problemas que tenho, ele veio insinuar que estou interessado na Luna. Era só o que me faltava! Mulheres, como ela, parecem ser inocentes, despertando assim a nossa atenção, mas nada que seja paixão. Luna, então, não tem nada a ver comigo. No fim, tirei da cabeça a mentira que Eduardo inventou e fui tentar dormir. Na manhã seguinte, levantei-me mais cedo do que o habitual e fui diretamente para a empresa antes de todos. Entrei na minha sala de descanso, que fica em um anexo no meu escritório e só eu tenho acesso a ela. Quer dizer, o rapaz da limpeza também tem. Após pegar uns documentos para analisar, percebi que Luna entrou no meu escritório e está organizando a minha mesa enquanto cantarola, parecendo estar muito feliz. Sai devagar do quarto e fiquei observando a sua dedicação. Vi quando ela deu passos para trás, observando se estav
Se Célio não fosse tão perfeccionista até com o seu cabelo, diria que ele está me testando, pois é trabalho por cima de trabalho e isso está me deixando quase sem tempo de cuidar da minha filha. Mas a gratificação é maravilhosa e não posso dizer não a ele. Por isso, quando fui convidada por Célio para trabalhar na sua casa logo a noite, foi algo que eu não esperava, mas fingi naturalidade em tudo, imaginando mil e uma coisas. Porém, ao chegar à sua casa foi um sonho ao ver o jardim perfeito. Acompanhei o senhor Célio que deve ser bipolar. Ele nunca sorri e muito menos sei decifrar o que está sentindo. Meu chefe foi entrando na imensidão da casa luxuosa, até entrarmos no escritório que é bem maior do que o da empresa. Ele saiu me deixando sozinha, enquanto olhava o porta-retratos, que com certeza, se tratava de sua família. Confesso que tenho muita vontade de saber um pouco da sua vida, mas ele tem um bloqueio que me impede de ao menos perguntar se está se sentindo bem. Trab
Estava me arrumando no quarto, quando Ilda, minha empregada, bateu na porta. Quando abri, ela veio me perguntar se Carlos, o meu motorista, poderia buscar Luna. Confirmei que sim, pois não tinha escolha. Eu a tinha convidado, por isso me restava esperar o que ela iria aprontar, já que percebi a sua simplicidade. Ela definitivamente não era uma mulher da sociedade. Vesti o meu smoking, deixei meu cabelo bem alinhado, escolhi o relógio mais valioso que tinha e coloquei no braço. Em seguida, me perfumei e quando desci tomei uma dose de uísque com gelo. Passaram-se alguns minutos até que finalmente Carlos chegou e fui até o carro. Ele abriu a porta do carro para mim, sentei-me do lado de Luna que olhei ela rápido de cima a baixo. Luna estava linda com o vestido decotado, que revelava demais os seus seios, mas não queria que ela percebesse que estava a admirando. Ela me desejou uma boa noite, mas não respondi, já que não poderia criar laços de amizade. Por mais que Luna pensasse o pio