4. LUNA

Depois que recebi a ligação do senhor Eduardo fui estudar sobre a empresa que irei para a entrevista, um verdadeiro império conduzido por dois irmãos. Procuro uma roupa adequada para a entrevista, afinal não é qualquer empresa e tenho que estar bem-vestida.

Mas tenho que ter foco, não posso parecer insegura. Segurança é o segredo para conquistar qualquer vaga.

— Elisa, meu amor, amanhã será um grande dia. É tudo ou nada para mim ou, aliás, nós. Porque esse emprego será o caminho para conseguir de uma vez por todas a sua guarda.

Ela balbucia uns sons e alguém b**e à porta. Quando abro, vejo que é a tia Luísa trazendo o jantar. Ela sempre faz o que pode por mim.

Não esquecerei jamais o que ela faz por mim e por Elisa, sem pedir nada em troca.

— Minha filha, parece estar contente?

— Sim, estou. Amanhã irei a uma entrevista de emprego e se eu for contratada, as chances de ganhar a guarda da Elisa são maiores. É uma grande empresa, de renome e ganharei melhor.

— Vai dar tudo certo, você irá conseguir, então ninguém, além de você, poderá ficar do lado dessa criança.

Nos despedimos e vou jantar, após colocar minha pequena Elisa para dormir. Deitada na cama, peço em oração pelo amanhã, até que adormeço.

***

Acordo o mais cedo possível, organizo mais ou menos a casa, preparo o leite da bebê, e vou me vestir. Olho-me no espelho e até que estou apresentável, afinal o menos é mais.

Após deixar Elisa na casa da tia Luísa me apresso, pois não posso me atrasar.

Ao chegar na frente do gigantesco prédio, olho ao meu redor de tão boba que estou.

Quando entro, vou diretamente na recepção.

— Bom dia, posso ajudá-la em algo? — A recepcionista me olha e sorri.

— Sim, vim para uma entrevista de emprego.

— Ah, é com o senhor Eduardo. Por favor, siga para o elevador no sétimo andar. Ah e boa sorte, vai precisar!

— Obrigada — falo sem graça, pois não sei ao certo se o desejo de boa sorte foi um aviso.

Quando entro no elevador, observo que cheguei na hora certa. Outra recepcionista me recebe, pedindo que eu aguarde um pouco.

Vejo um homem alto entrar apressadamente em uma sala e em seguida sou chamada. Sinto meu coração bater acelerado, como se fosse pular pela boca. Respiro fundo e vou até a sala.

Bato à porta e ele autoriza minha entrada.

— Você é Luna Marins?

— Sim, sou a Luna.

— Sou o Eduardo, pode se sentar e vamos começar. Me sento e olho para ele.

— Analisei seu currículo, é o perfil que procuramos. Mas para trabalhar com Célio Valença precisarei fazer umas perguntas. Ele é muito exigente e uma dessas exigências é saber se você tem filhos.

Fico sem entender nada ou entendo tudo, quem tem filhos jamais conquistará essa vaga de emprego. Penso em Elisa. Nunca gostei de mentir, mas hoje será necessário pela guarda da minha sobrinha.

— Senhorita, está tudo bem? Pode responder?

— Não tenho filhos — minto. — Entendo agora, o boa sorte de uma das secretárias daqui.

— Luna, buscamos para esse cargo uma pessoa com o seu currículo, mas que seja paciente, educada, atenciosa e bem atenta para não cometer erros. O salário é dos melhores, pois pagamos até mais do que é para ser. Você está contratada.

Sei que tem algo errado nessa história.

Eles necessitam de alguém para trabalhar em uma empresa desse porte e não contrata mulheres com filhos?

Isso é um absurdo.

— É, obrigada.

— E senhorita Luna, me acompanhe, que vou apresentar a sua parceira de trabalho e lá aprenderá como funciona tudo.

Acompanho o homem e seguimos para o próximo andar. O elevador se abre e encontramos a secretária em prantos. Fico sem entender nada e pergunto o que ela estava passando.

— O que aconteceu, moça? Por que chora assim?

— Fui despedida por ser mãe, por faltar um dia porque meu filho está doente

— ela fala chorando bastante.

Olho para o tal do Eduardo que dá de ombros, dou um abraço nela e ele me chama para entrar na bendita sala do Célio Valença.

Admito que estou horrorizada com tudo que estou presenciando aqui. Mas ao estar frente a frente com o meu novo chefe, só tenho uma certeza, que a minha vida não será fácil aqui.

O que faz um homem tão lindo ser tão ruim de coração e de alma?

Seus olhos claros não têm brilho e sim inquietação, não há paz neles. Seu cabelo castanho-escuro altamente arrumado, rosto e corpo perfeito.

Qualquer mulher se apaixonaria pela sua beleza, mas o seu jeito frio de ser esconde o que há de mais belo numa pessoa, que é o sorriso.

A preocupação do senhor Célio é saber se sei as normas da empresa e em nenhum momento me perguntaram se iria dar contas das funções no escritório, mas darei conta de tudo por aqui.

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