Após contratar uma assistente, perco a secretária e após conhecer Luna, a nova assistente, fiquei desconfiado com tanta segurança que ela transmitiu. Olho ao meu redor, olhando para a bagunça que minha mesa se encontra. Trabalho é o que não falta aqui. Começo a separar o que ela fará amanhã, afinal seu teste será pesado.
Peço um café preto e amargo, e bebo apressado. O telefone toca a toda hora problemas, reuniões e compromissos... Laerte está vivendo sua aventura com o seu amor à primeira vista, já eu estou afundado em problemas. Estou me sentindo extremamente cansado! Largo todo o trabalho sobre a mesa, afinal não dou conta de todo esse trabalho sozinho. No caminho para casa, resolvo jantar sozinho, mas Eduardo liga perguntando onde estou e vem ao meu encontro. — Boa noite, Célio, que cara é essa? — A mesma de sempre! — respondo. — Pensei que estava feliz, contratamos a sua assistente. — Não crio expectativas, principalmente, em mulheres. Quem me garante que ela aguentará toda a responsabilidade de trabalhar comigo? — Veremos. Estou apostando todas as minhas fichas nela. Pedimos uma bebida e logo o nosso jantar chega. Conversamos sobre o tempo que não tínhamos tantas responsabilidades, jogávamos futebol às vezes e b**e a saudade, afinal hoje só vivemos para aumentar os números e fazer nossas empresas crescerem. Após me despedir dele, vou encarar a minha solidão na imensidão da minha casa. Aprendi a conviver sozinho e dentro do meu quarto o silêncio é tão profundo que chega a me deixar angustiado. Desato o nó da gravata, retiro o restante da roupa e tento relaxar na banheira. Assim que termino meu banho o cansaço me vence e acabo dormindo. *** Acordo me espreguiçando, pensando ainda ser cedo, mas quando olho para o relógio à minha frente, que marca 9 da manhã, esfrego os olhos para ter certeza que não estou sonhando ainda. Não acredito que dormi demais! Pulo da cama e vou diretamente para o banheiro. Nunca cheguei no trabalho atrasado! Logo hoje que tenho uma reunião importantíssima ainda na parte da manhã e é o primeiro dia da tal da Luna. Me visto rapidamente e desço as escadas correndo. Ainda bem que o motorista já está me esperando. — Por favor, acelere. Quero chegar o mais rápido possível. O motorista obedece, sem dizer uma palavra. Não entendi o motivo de ter dormido tanto! O dia hoje parece estar virado de cabeça para baixo e tenho até a impressão de que o elevador está mais lento hoje, só para me tirar do sério. Quando chego no meu andar, vejo que a assistente não está presente. Respiro fundo tentando me controlar e sigo para a minha sala. Assim que abro a porta e entro, vejo que tudo está arrumado sobre a mesa, inclusive o tablet, onde se encontra a minha agenda. Ando a passos largos até a sala de reuniões e quando abro a porta, vejo que não tem ninguém à minha espera. Uma raiva começa a me consumir. Hoje é a primeira vez que falho como CEO desta empresa. Ouço o som de passos e quando olho para trás a tal da Luna entra acompanhada dos empresários. — Como assim? — Falo baixo e olho para Luna, com o mundo desabando sobre a minha cabeça. — Aqui está o senhor Célio Valença, senhor Miqueias — ela fala gentilmente. — Bom dia. Agora, sim, podemos dar início a nossa reunião. Quero parabenizá-lo, Célio, pela empresa maravilhosa. A senhorita Luna nos recebeu e nos levou para visitar a empresa. — Bom dia, fico feliz em tê-los aqui — falo sem graça. A garota mal chegou e já me salvou. — Vamos dar início a nossa reunião, fiquem à vontade. Logo nos sentamos ao redor da mesa e começamos a debater alguns tópicos. Luna sai e volta com o copeiro trazendo café. Tudo o que eu queria neste momento. Depois desse atraso que quase me fez infartar, começamos a degustar o nosso café que está delicioso. Luna presta atenção a tudo o que falamos e faz algumas anotações. — Luna, minha querida, obrigado por toda recepção. Fechamos um grande negócio, Célio Valença. Luna é a luz deste lugar. — Ele beija a mão da garota. — Obrigada, senhor Miqueias. — LUNA fala. Como ela consegue sorrir com tanta facilidade? Quando ficamos a sós, ela me olha. — Me acompanhe, senhorita Luna — falo sério. Ela me acompanha e entramos no meu escritório, em silêncio. — Por que não me ligou, Luna? Chegou hoje, está em experiência ainda e já acha que pode ir passear pela empresa como se fosse uma pessoa importante aqui? Saiba que se eu não chegasse a tempo, iria perder esse grande contrato — falo alto e bravo. — Eu liguei, mas o seu celular está desligado. Olho para o celular e está realmente desligado. — Droga! — O senhor Miqueias iria embora e na minha cabeça surgiu a ideia de levá- lo para conhecer toda a empresa, a história de como tudo começou. Eles ficaram mais confiantes em saber da seriedade da empresa e nem mesmo perguntaram o porquê do seu atraso. — ela fala com toda a calma do mundo. Vejo medo em seus olhos, por ter me exaltado. — Quero todos os documentos organizados, a minha agenda impecável, e mais uma vez digo: detesto desorganização. Já que não foi contratada uma nova secretária ainda, a partir de agora você fará o trabalho. Agora, saia da minha frente. — Senhor Célio, a sua agenda eu já organizei, com licença. — Ela sai apressadamente sem olhar para trás. Me sento na minha cadeira confortável, observando os próximos compromissos e constato que a agenda realmente está bem organizada. Tenho que ligar para Laerte em relação a esse evento, afinal ele tem que estar presente. Ligo para o meu irmão e faço o convite mesmo sabendo que ele odeia vir para a cidade. Assim que desligo a ligação, alguém b**e à porta e entra. Tinha que ser o Eduardo. — Notícias correm que o nosso CEO perdeu a hora hoje. — Hahaha, muito engraçado, Eduardo. O que quer? Me infernizar é isso, com certeza. — Para que tanto estresse se contratei um anjo para te salvar? Devemos bater palmas para Luna, pois se não fosse por ela, você perderia milhões. — Não vou bater palmas para ninguém. Ela só está querendo impressionar para se garantir no emprego. Ouça bem, Eduardo, não como na mão de colaborador, são eles que comem na minha. — Cuidado com a língua, Célio. Mas o que de fato aconteceu que chegou tarde? — Dormi que nem uma criança, leve. Nunca tinha perdido o horário, mas hoje aconteceu e a partir de hoje todo o trabalho da antiga secretária, Luna irá fazer. — Você só pode estar louco! Isso não é certo, é muito trabalho para uma pessoa só fazer. Mas faça como quiser. Depois que nenhuma mulher aceitar trabalhar com você, irá se arrepender. — Ele sai virando as costas para mim. Abro os acessos das câmeras e vejo que Luna está atendendo ao telefone com inúmeros documentos nas mãos. Eduardo tem razão, ela foi rápida e me salvou, mas terá que passar por mais desafios e aí, sim, iremos ver se ela passará pelo teste.Após sair da entrevista um tanto quanto perturbada, fui encarar meu próximo desafio que era pedir demissão do meu antigo emprego. Não foi fácil sair e me despedir de todos assim de hora para outra, mas era necessário e urgente, afinal era a vida de uma criança que estava em jogo e não poderia mais pensar apenas em mim. Todos do escritório ficaram surpresos e curiosos para saber onde seria o meu novo trabalho, mas deixei o suspense no ar e fui embora o mais rápido possível para contar a novidade para a minha tia Luísa que já estava me esperando. — Luna, ainda bem que chegou, filha! Enquanto almoçamos, conte como foi a entrevista. — Tia Luísa fala e dei um abraço nela, que retribuiu. — Está desanimada. Não vai dizer que te maltrataram nessa entrevista de emprego. — Deu tudo certo, inclusive já começo amanhã. Vou passar por um período de experiência. Tive que mentir dizendo que não tenho filhos, o dono exige alguém que não os tenha. Inclusive, presenciei uma demissão por causa di
Após a reunião, tentei me concentrar no trabalho, respondi e-mails e notei que a minha mesa estava bem arrumada, a agenda organizada. Olhei meus compromissos um a um, atendi alguns telefones, fiz algumas ligações e o investimento de hoje foi xeque-mate. Mas as palavras do Eduardo voltavam à mente. “Para que tanto estresse se contratei um anjo para te salvar? Devemos bater palmas para Luna, pois se não fosse por ela, você perderia milhões.” A verdade é que se não fosse pela Luna, eu estaria ferrado. Sei que deveria agradecê-la, mas sou orgulhoso demais para me rebaixar a uma assistente que mal chegou. Saí para almoçar, sem falar com ninguém, e quando cheguei ao restaurante encontrei uma antiga amiga, Ivana, que veio rebolando em minha direção com o seu salto alto, assim que me viu. — Como vai, Célio? Qual é o segredo para tanta beleza? Está um gato como sempre — ela falou no meu ouvido pensando que ainda me causava arrepios. — Estou muito bem! Você também está maravilhosa, me
Após sair da empresa, faço o mesmo trajeto de antes, só que agora pela noite e chego em casa muito cansada. Entro na cozinha e vejo um recado deixado pela minha tia avisando que saiu com Elisa. Aproveito o momento para ir ao banheiro e tomar um belo banho. Ao sair me olho no espelho e meu semblante cansado diz o quanto foi duro o meu dia. Pergunto a mim mesmo se conseguirei permanecer trabalhando naquele local, pois já vi o quanto o doutor Célio é difícil e bipolar. Mas me lembro do salário e planos não me faltam para esse dinheiro, como me mudar para uma casa maior. Ouço baterem à porta e já imaginando que seja a minha flor que chegou. — É você, tia? Pode entrar. — Sim, minha filha. Olha, Elisa, sua mãe já está em casa. Como foi no trabalho? — Estou aprendendo bastante, é difícil, mas me saí muito bem. Tia, quando receber o meu primeiro salário, quero alugar uma casa maior, num bairro melhor... Talvez, assim eu consiga logo a guarda da Elisa. — Filha, você sabe que a avó da
Ficar sozinho é a melhor coisa, mas o único amigo que tenho do meu lado só vem à minha casa para me tirar a paciência. Já não bastava o tanto de problemas que tenho, ele veio insinuar que estou interessado na Luna. Era só o que me faltava! Mulheres, como ela, parecem ser inocentes, despertando assim a nossa atenção, mas nada que seja paixão. Luna, então, não tem nada a ver comigo. No fim, tirei da cabeça a mentira que Eduardo inventou e fui tentar dormir. Na manhã seguinte, levantei-me mais cedo do que o habitual e fui diretamente para a empresa antes de todos. Entrei na minha sala de descanso, que fica em um anexo no meu escritório e só eu tenho acesso a ela. Quer dizer, o rapaz da limpeza também tem. Após pegar uns documentos para analisar, percebi que Luna entrou no meu escritório e está organizando a minha mesa enquanto cantarola, parecendo estar muito feliz. Sai devagar do quarto e fiquei observando a sua dedicação. Vi quando ela deu passos para trás, observando se estav
Se Célio não fosse tão perfeccionista até com o seu cabelo, diria que ele está me testando, pois é trabalho por cima de trabalho e isso está me deixando quase sem tempo de cuidar da minha filha. Mas a gratificação é maravilhosa e não posso dizer não a ele. Por isso, quando fui convidada por Célio para trabalhar na sua casa logo a noite, foi algo que eu não esperava, mas fingi naturalidade em tudo, imaginando mil e uma coisas. Porém, ao chegar à sua casa foi um sonho ao ver o jardim perfeito. Acompanhei o senhor Célio que deve ser bipolar. Ele nunca sorri e muito menos sei decifrar o que está sentindo. Meu chefe foi entrando na imensidão da casa luxuosa, até entrarmos no escritório que é bem maior do que o da empresa. Ele saiu me deixando sozinha, enquanto olhava o porta-retratos, que com certeza, se tratava de sua família. Confesso que tenho muita vontade de saber um pouco da sua vida, mas ele tem um bloqueio que me impede de ao menos perguntar se está se sentindo bem. Trab
Estava me arrumando no quarto, quando Ilda, minha empregada, bateu na porta. Quando abri, ela veio me perguntar se Carlos, o meu motorista, poderia buscar Luna. Confirmei que sim, pois não tinha escolha. Eu a tinha convidado, por isso me restava esperar o que ela iria aprontar, já que percebi a sua simplicidade. Ela definitivamente não era uma mulher da sociedade. Vesti o meu smoking, deixei meu cabelo bem alinhado, escolhi o relógio mais valioso que tinha e coloquei no braço. Em seguida, me perfumei e quando desci tomei uma dose de uísque com gelo. Passaram-se alguns minutos até que finalmente Carlos chegou e fui até o carro. Ele abriu a porta do carro para mim, sentei-me do lado de Luna que olhei ela rápido de cima a baixo. Luna estava linda com o vestido decotado, que revelava demais os seus seios, mas não queria que ela percebesse que estava a admirando. Ela me desejou uma boa noite, mas não respondi, já que não poderia criar laços de amizade. Por mais que Luna pensasse o pio
Célio estava completamente raivoso e não sei explicar o motivo de tanto ódio no seu coração. Depois da noite de hoje, percebi que ele não gosta de mim, e se arrependeu de ter me levado como sua acompanhante. Durante o caminho para casa, segurei o troféu que ele não quis saber e ainda dói as palavras que proferiu contra mim. As lágrimas descem e enxugo uma a uma. — Chegamos, senhorita! — Obrigada, Carlos. Tenha uma ótima noite. — Igualmente, senhorita. Desço do carro agradecendo, e ele vai embora quando entro na minha casa. Vou imediatamente ver a minha pequena Elisa que dorme como um anjo no seu quarto, já minha tia dorme na sua cama, ao lado do berço. Elas não sabem o inferno que estou passando, já que quero muito poupá-las de todo o sofrimento do mundo. Ao chegar no meu quarto, choro copiosamente sentada no chão, onde me permito derramar toda lágrima que segurei durante a festa. *** Acordo bem cedo com o barulho da Elisa, que já está acordada. Me levanto, vou até o s
Dormir foi quase impossível depois da noite de ontem, em que pensei em Luna. Além de ser minha secretária, sinto que ela quer se aproximar de mim, para talvez tentar entender o mundo estressado em que vivo. Mas o meu lado frio não deixa. Ao acordar vou para a academia da minha casa, onde extravaso toda a tensão que está sobre os meus ombros. Ao terminar, tomo um banho e visto a minha armadura. É assim que chamo o meu terno. Sigo para o trabalho e ao chegar, vejo Luna com o cabelo trançado e observo que ela é linda. Ao passar do seu lado exijo a sua presença no meu escritório e a primeira coisa que vejo é o troféu numa prateleira. Sorrio ao entrar no escritório devido ao olhar da Luna, que esperava que eu brigasse com ela. Mas não fiz isso. Luna é rápida e pensa em tudo. Falamos somente de trabalho, sobre a minha agenda e ainda tem um almoço de negócios para hoje, que penso em levá-la comigo, mesmo sabendo que não irei precisar dela, só mesmo pela companhia. Assim que ela sa