Célio me viu com Eduardo e se isolou no escritório. Ele quase não me chamou para nada e imagino que talvez não tenha conseguido fechar a negociação ficando triste ou até mesmo estressado. Feliz ele não é. Mesmo ele me maltratando tanto sem razão, não consigo ter ódio dele. Não preciso tocá-lo nem viver sob o mesmo teto que ele para saber que é um homem vazio. Olho para o relógio e já está na hora de ir embora. Vou ao seu escritório e bato levemente à porta. Quando entro, ele está de costas olhando para os carros lá embaixo. — Senhor Célio, já estou indo. Ainda precisará de mim? — Pode ir — ele fala sem ao menos me olhar. Fico preocupada com ele. Será que está se sentindo bem? Vou embora com a cabeça cheia de interrogação, a vinda daquela mulher aqui, se eles dois tem um caso. Durante o caminho para casa, lembro-me dela, Ivana. Ela, sim, é uma mulher com classe e tem o homem que quiser aos seus pés. Talvez os dois tenham brigado, pois Célio estava muito distante. Chegando em
Não consegui tomar o meu café da manhã, pois estava apressado para chegar no trabalho e quando cheguei me deparei mais uma vez com a cena de Eduardo conversando com Luna e Ivana. Aí foi demais para mim. Será que vai ser sempre assim, esses dois de paquerinha? Nem me ver o Eduardo veio e me pergunto se ele ainda trabalha para mim, porque não parece! Entro diretamente no meu escritório e Ivana me acompanha. — O que está acontecendo entre os dois, Ivana? — pergunto, furioso. — Nada de mais, só conversa entre amigos. — Ela se senta. — Estava marcando com Eduardo para sairmos juntos mais tarde, como nos velhos tempos. — Não irei a lugar nenhum — falo nervoso, ficando em pé, virando as costas para ela. — Nem mesmo se a Luna for conosco? — Ivana pergunta sorrindo. Viro-me rapidamente para ela, passando a mão no cabelo. — É sério? A Luna irá? Se você estiver brincando comigo, irei cortar suas regalias. — Ela vai, sim, e está solteira, não gosta de boate. Na verdade, ela nunca f
Após Eduardo sair do escritório do Célio, olho preocupada para a porta fechada, pois sei que aconteceu algo bem pesado entre os dois. — Cuide do Célio que irei conversar com Eduardo. — Ivana sai atrás do Eduardo. Fico me perguntando como irei entrar naquele escritório, sem ele brigar comigo. Célio é muito reservado. Respiro fundo e quando entro, fico horrorizada com o que vejo, Célio está machucado e todos seus pertences estão no chão. O que de fato aconteceu para chegarem às vias de fato? Cuido dele com toda a dedicação, enquanto ele me olha de um jeito diferente. Seu olhar não é o mesmo. Percebo que depois da discussão, ele está diferente e não contesto nada. Desmarco todos os seus compromissos, como ele mandou, e providencio um chá calmante. Notei que ele está muito inquieto e nervoso.Após ele tomar o chá, saio do escritório e cruzo com a Ivana. — Acalmou o Célio, Luna? — Acho que sim. Ele está bem machucado, a mão ferida, mas já fiz um curativo. — Ele não ficou nervoso? Ai
Ivana invade o meu escritório balançando a cabeça em negativa e já imagino que terei que ouvir verdades. — Célio, o que você fez? Eduardo me contou tudo e como aconteceu. Não sabia que você era tão possessivo assim. Você vai acabar perdendo o seu melhor amigo! Luna não olha para Eduardo com amor, ali é só amizade, porque ele a trata bem. Vai pedir desculpas a ele — ela ordena. — Não irei, Ivana, já está decidido. Olha o que ele fez. — Mostro os machucados. — Foi você quem começou, como sempre, um mimado e vítima. Já vou avisando, vai perder todos ao seu redor com esse seu ego, inclusive eu. Mas você estava merecendo isso, só assim você vai pensar melhor nas suas atitudes. — Por mim, tanto faz ter você aqui. Não acredito que estou te pagando para ouvir esculacho de você que é uma santa. E esse jantar que você nos convidou, Eduardo vai? — Lógico que não vai, mas Luna sim. Vou dizer a ela que você irá buscá- la. Esse seu jeito de homem bravo não me assusta. Quer ou não quer Luna
Foi bom conhecer o Célio fora da empresa, sem terno e gravata, um homem normal. Durante o jantar, nós nos soltamos um pouco e confesso que adoraria ser amiga dele. Ainda tenho que conhecê-lo mais a fundo e Ivana com o seu jeito de menina sapeca nos aproximou demais, ele me chamou até para dançar. Espero não estar vendo coisas, mas o olhar dele diz que já queria se aproximar de mim, mesmo antes dela juntar as nossas mãos para dançar. Quando os nossos corpos se aproximaram pude sentir o calor do corpo dele e sentir o seu coração bater mais forte. Célio foi o único homem que chegou assim perto de mim. Senti que ele cheirava o meu cabelo e que existe um sentimento a mais. Mesmo não sabendo qual é a sua intenção, fiquei em alerta e quando terminou a música que dançávamos, tratei logo de inventar uma desculpa e fugir dos seus braços. Ainda conversamos mais um pouco e ele me contou sobre a sua família e o quanto amava o irmão, mas não demonstrava. A verdade é que esse jantar servi
Me sinto muito bem ao lado da Luna, que tem uma leveza, que me faz querer ficar perto dela. Na volta do jantar, ao parar na frente da sua casa, tenho que respirar fundo e me controlar para não a assustar. Acho que ela percebeu que a quero. Ao me despedir sinto algo ruim, pois queria mesmo era ficar com Luna. No caminho para casa, a solidão me acompanha e fico a imaginar como será o meu dia de folga, longe da presença dela. Tenho que admitir que o trabalho se tornou ainda mais prazeroso ao lado da Luna. Lembro das palavras dela, pedindo para demonstrar o quanto amo o meu irmão e mesmo sendo tarde mando uma mensagem para ele, fazendo exatamente isso. *** Acordo descansado, pois pela primeira vez dormir maravilhosamente bem. Olho a hora no relógio e já são quase uma hora da tarde. Penso em ir à casa da Luna, mas me contenho. Preciso ir devagar. Ligo para Ivana para ter notícias, já que me deixou sozinho com a Luna e sumiu. — Alô, Ivana, onde está? — Num hotel, dormindo, coisa
Após terminar a reunião apressadamente, vou ao encontro do Eduardo e ao chegar no restaurante ele já me espera. Assim que me vê, ele acena para mim e vou ao seu encontro. — Luna, o que tanto quer conversar comigo, com tanta urgência? Laerte me ligou, pedindo que eu te ajudasse. — Preciso que você seja o meu advogado, pela guarda da minha sobrinha, aliás, minha filha. — Agora fiquei confuso, Luna. Você cria uma sobrinha e omitiu a informação que é mãe? — Não tive outra alternativa. Sei que o Célio naquele momento queria alguém para trabalhar sem filhos. O advogado que cuidava do meu caso vai embora e a avó da menina apareceu para disputar a guarda comigo — desabafo o que tá instalado na minha garganta, chorando bastante. — Luna irei te ajudar. Farei o impossível para você ganhar logo essa guarda. — A avó da Elisa é muito rica, a filha fugiu de casa com o meu irmão e desse amor nasceu a minha pequena, mas um acidente tirou a vida dos dois... — Não consigo terminar a história.
Tentei me afastar da Luna, mas foi impossível. Quando não estava olhando- a pelas câmeras, mandava Carlos segui-la e saber com quem ela andava. Soube por ele, que Eduardo e ela se encontraram algumas vezes. Aquele safado deve estar tendo um caso com a Luna e a tal Liara, pois Ivana descobriu que essa moça sempre está na companhia dele também. Mesmo assim me mantive distante, só falava com Luna o necessário, inclusive sobre a viagem que ela disse não de novo, para a minha decepção, mas fingi não me importar. Fui para a fazenda do Laerte acompanhado de Escobar, que não esconde a felicidade de estar casando a sua única filha. Assim que o carro para, desço e olho para o lugar que há muito tempo não pisava, mais precisamente após a morte da minha mãe. Tiro o chapéu para Laerte que cuidou de tudo com perfeição. Vejo que Nico e tia Lurdes estão à nossa espera, e quando me aproximo ela me abraça tão carinhosamente, matando a saudade. — Não está faltando alguém? Vanessa disse que uma