2. LUNA

A vida é muito linda!

Olho para o berço ao lado da minha cama e vejo a razão da minha vida. É por ela que crio forças para trabalhar naquele escritório de contabilidade, afinal mesmo não ganhando muito é de lá que vem o meu sustento.

Desde a morte do meu irmão e da sua esposa, faço o possível e o impossível para cuidar deste bebê que Deus confiou a mim. A verdade é que quanto mais cuido dela, mais me sinto a sua mãe.

Sei que sou sua tia, mas o que sinto por Elisa, é um amor que não se mede.

Acaricio os seus cabelinhos macios e alguém b**e à porta.

Pela hora, deve ser a tia Luísa.

É assim que a chamo desde que veio me ajudar com a pequena Elisa.

— Bom dia, Luna. Elisa dormiu bem?

— Sim, dormiu a noite inteira. Tia, viverei mil e uma vidas e nunca pagarei o que você faz por mim e essa bebê.

— Amo você, minha querida. Eu te conheço desde que nasceu e tenho certeza de que sua mãe está orgulhosa da mulher responsável que se tornou. Agora se apresse, pois precisa trabalhar.

Corro para o banheiro a fim de me arrumar para encarar mais um dia, despeço-me das duas e espero o ônibus que estará lotado devido ao horário.

Ao chegar no trabalho, coloco meus óculos de grau e começo o trabalho. Desempenho todo o meu trabalho com maestria e responsabilidade, e com o passar dos dias recebo uma notícia nada boa em relação à bebê Elisa.

Mesmo sendo a parente mais próxima, já que minha cunhada fugiu de casa para se casar com meu irmão, não tendo mais contato com a mãe, continuo lutando para ter a sua guarda. Entre visitas e mais visitas da assistente social, faço todo o esforço para cumprir as benditas regras que exigem, que é ganhar bem, ter um bom emprego e morar num bom lugar.

Mas não desistirei facilmente dela e irei conseguir um trabalho melhor para ganhar mil vezes mais, dando um bom futuro a ela.

Desde então, a minha vida tem sido somente procurar um novo emprego.

Vejo que surgiu uma vaga de assistente do doutor Célio Valença, diretor-executivo de uma das maiores indústrias de soja e milho. Leio mais sobre a vaga, que eles necessitam com urgência de uma assistente, preencho os dados e envio meu currículo, pedindo aos céus para que o telefone toque com uma ligação positiva.

Volto para a casa, mas antes passo na casa da tia para contar que surgiu uma vaga de emprego e que rezasse por mim.

Para ter Elisa só para mim, preciso urgente garantir esse emprego.

***

Acordo pedindo uma luz no fim do túnel.

Após me trocar e deixar Eliza com a tia, sigo para o escritório.

No caminho, vejo um casal de namorados. Lembro que nunca tive um namorado sequer, sou virgem, mas não me envergonho disso. Eu me amo do jeito que sou. Me dediquei somente a trabalhar, estudar, até que veio a minha Elisa e desde então não tenho olhos para mais ninguém.

— Olá, senhorita Luna, pensei que já estivesse ido embora desse escritório louco — Tony, meu amigo, que voltou de férias hoje, diz ao se aproximar.

Ainda bem que ele voltou para me trazer alegria.

— Não fui ainda, mas enviei meu currículo para outra empresa.

— Eu irei pedir demissão, consegui um emprego melhor, minha amiga. Sabe que preciso me casar com a Raquel, são muitos sonhos a serem alcançados.

— Sei bem como é, meu amigo. Você merece toda a felicidade desse mundo. Sabe que torço muito por vocês.

***

No horário do almoço, meu telefone começa a tocar e é um número desconhecido que atendo imediatamente.

— Alô — falo com a voz trêmula.

— Senhorita Luna, aqui é o Eduardo da Sol indústrias. Estou ligando para informar que a sua entrevista para a vaga de assistente será amanhã às nove. Tem disponibilidade?

Fico muda, sem acreditar no que acabei de ouvir.

— Senhorita? Está tudo bem? Posso confirmar a sua presença?

— Sim, claro — respondo trêmula.

Sorrio para o céu em forma de agradecimento, afinal essa é a luz que pedi a Deus em oração.

Tenho que conseguir esse emprego, mas, por enquanto, só irei contar para a minha tia.

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