Celine e Renê encontrando o amor
Celine e Renê encontrando o amor
Por: Karoline de Souza
Há dois anos atrás...

Celine

   O que era para ser um período de felicidades e realizações em minha vida, se tornou um verdadeiro pesadelo. Sou filha do Álvaro Castelli, um dos maiores produtores de algodão do centro-oeste. Suas fazendas somam cerca de 260 mil hectares, sem contar com o milho e a soja, além de várias empresas em ramos diferentes que meu pai é investidor ou sócio. Nasci numa família privilegiada, sempre tive as melhores roupas, estudei nos melhores colégios, cursos de idiomas, viagens internacionais, tudo sempre com luxo e conforto. Mas todo o dinheiro no mundo nunca foi capaz de ocupar o vazio no meu coração pela ausência da minha mãe após sua morte prematura. 

    Fui para São Paulo onde estudei em uma faculdade de alto padrão e me formei no curso de arquitetura e urbanismo. A promessa era que após formada retornaria para Goiânia, minha cidade natal, para exercer minha profissão. Mas tudo desmoronou quando eu retornei. Para bem da verdade os sinais sempre estiveram claros que não era isso que meu pai queria para mim. Pela sua forma de falar era nítido que seus planos eram outros, mas eu não quis acreditar até ver todo o desenrolar.

    Se não fosse pela minha tia Alda, irmã do meu pai que ajudou a me criar, a essa altura eu estaria casada com o fazendeiro Geraldo Mattos, um homem viúvo de 65 anos com dois filhos adultos, e com pretensões políticas. Meu pai em aliança com ele, viu em mim uma oportunidade de ouro para me unir a ele em matrimônio fortalecendo suas alianças.

    A cada dia que passava a pressão sobre mim estava se tornando insuportável, eu já não via saída. Meu pai percebendo que cortar mesada ou me deixar sem cartões não surtia efeito, decidiu interferir para que eu não conseguisse arrumar nenhum tipo de trabalho, por fim me proibiu de sair de casa, mesmo com meus 24 anos.

  Apesar das nossas condições financeiras nunca fui deslumbrada. Gostava de me envolver nos afazeres da casa e as férias que passava na fazenda da minha avó eram sempre os momentos mais felizes da minha vida. Aprendi com ela a cozinhar diversos pratos e costurar algumas roupas. Minha tia Alda é extremanete importante em minha vida, ela sempre foi como uma segunda mãe, sempre bateu de frente com meu pai para me proteger. Meu pai desde o falecimento da minha mãe quando eu tinha 8 anos, mudou completamente. Se tornou um homem frio sempre focado em ganhar cada vez mais dinheiro. Por várias vezes ele nos apresentava algumas namoradas, mas não durava muito tempo. Tentei justificar por muito tempo que o seu comportamento era no fundo saudades da minha mãe, achava mais fácil pensar assim.

    Meu irmão Pablo, dois anos mais novo do que eu, sempre foi um inconsequente, vivendo alheio a tudo. Sua preocupação se resume a baladas e mulheres, nunca levou os estudos a sério, mesmo sendo cobrado já que seu lugar na empresa está garantido. Enquanto meu primo Victor, filho da minha tia Alda, vive como uma sombra do meu pai. Ele é cinco anos mais velho do que eu, muito ambicioso e astuto, um perfeito puxa-saco que se empenha ao máximo para no futuro substituir meu pai nos negócios, pois sabe que meu irmão não é um obstáculo para ele. Mesmo sendo diretor financeiro sei que não está satisfeito. Nem meu primo ou meu irmão intercederam ao meu favor. Supliquei para que o Victor tirasse aquela ideia absurda da cabeça do meu pai, mas ele não quis me ajudar.

  Tudo chegou ao limite quando meu pai organizou um jantar para me aproximar do meu “futuro marido”. O velho me olhava com muita lascívia e não disfarçava suas intenções que não era das melhores. As coisas estavam acontecendo fora do meu controle, datas estavam sendo marcadas. Minha tia intercedeu por mim, tentou falar com meu pai por diversas vezes, mas de nada adiantou. Mesmo relutante ela concordou que eu deveria fugir de casa, mas sua intenção era que eu saísse de viagem para o exterior, o que não iria adiantar, pois meu pai descobriria com facilidade. Ela então me deu uma boa quantia em dinheiro vivo e um celular simples que era cadastrado em nome de terceiros. Naquela madrugada saí com uma bolsa com poucas roupas. Deixei todas as minhas coisas para trás. Roupas, bolsas, sapatos, tudo em sua maioria de grife, joias e muito mais. Nada daquilo fazia sentido para mim, minha liberdade não tem preço.

   Por essa tenho certeza que meu pai não esperava. Que eu furasse a bolha e fugisse daquela redoma de luxo. Driblei a segurança e consegui escapar do condomínio em que morávamos e de táxi fui até o centro da cidade, de lá peguei um ônibus indo até a rodoviária. Caminhei até o primeiro guichê e comprei uma passagem para o primeiro destino que me veio à mente, Brasília. Fiquei com medo por ser uma cidade próxima, mas tudo que eu precisava naquele momento era partir o quanto antes. Decidi a partir daquele momento que eu viveria de uma forma totalmente diferente, que sairia totalmente do radar do meu pai.

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