Renê
Cheguei em casa como sempre com o dia amanhecendo. Percebi de imediato a silhueta feminina deitada no sofá, me aproximei da Celine que dormia tranquilamente enquanto os primeiros raios suaves da luz da manhã se filtravam através das cortinas da sala, criando um ambiente acolhedor. Não resisti, aproveitei que ela dormia profundamente para fazer uma análise detalhada do seu corpo.
Senti um certo nervosismo, e mesmo com medo de acordá-la me agachei próximo ao sofá e comecei a observar os traços delicados do seu rosto tão angelical, os lábios levemente entreabertos. O vestido de alças finas destacava seus seios que com certeza devem caber na palma da minha mão. Fiquei ali parado como um bobo olhando as suas belas coxas e as lindas curvas do seu corpo. A visão dela tão próxima e ao mesmo tempo tão distante esquentou meu corpo. Um desejo primitivo à flor da pele. Sentimentos que há muito tempo eu não sentia por uma mulher. A sensação de atração era palpável, não me contive e tirei uma mecha de cabelo que estava sobre seu rosto. Observei seus cabelos espalhados de forma harmoniosa pelo sofá. Eu comecei a me sentir dividido. Uma mistura de carinho, desejo e possessividade. Tive que me conter para não beijar seus lábios tão convidativos. Passei a mão nos meus cabelos por diversas vezes. Minha vontade era sair dali, fugir para o meu quarto imediatamente. Me trancar, me esconder, e tentar deletar da minha mente o que eu estava sentindo. Mas não é possível fugir de sentimentos.Não posso negar que tudo nela me atrai. Eu não poderia simplesmente dar as costas e ir para o meu quarto. Por impulso resolvi pegá-la em meus braços e levá-la para sua cama. Foda-se o que ela iria achar se acordasse. Sentir o calor do seu corpo contra o meu e o seu cheiro doce, atiçou ainda mais o meu desejo. Uma tortura maravilhosa. Senti que Celine começou a despertar em meus braços antes que eu pudesse colocá-la na cama. Em seus olhos percebi um brilho diferente, ela estremeceu em meus braços assim que percebeu nosso contato. Seus lindos olhos castanhos me fitaram com uma certa surpresa e confusão. Sua mão espalmada em meu peito, me explorou por alguns minutos sobre a camisa que eu vestia. Mantivemos nossos olhares fixos um no outro por alguns segundos. A química entre nós é inegável. Meio que saindo de um transe, antes que eu a colocasse completamente na cama, ela se afastou de mim, como se a proximidade dos nossos corpos fosse um incômodo ou algo muito errado, o que me causou um certo desagrado. Ela se sentou sobre as pernas na cama, e mesmo apenas sob a luz da luminária era perceptível que ficou ruborizada. Seu olhar vagando por diversos pontos do quarto.
- Me desculpe, Renê, acabei sem querer dormindo no sofá. - Ajeitou os cabelos e colocou uma mecha atrás da orelha.
- Não é nada demais Celine! Você só está cansada, tem trabalhado muito. Minha casa agora é sua casa também. Quero que você se sinta bem e confortável aqui. - Meu tom foi de sinceridade. Sei que ela tem trabalhado muito e realmente quero que ela seja feliz aqui.
- Muito obrigada por tudo Renê. - Gosto da forma que ela fala meu nome.
- Você não tem que me agradecer Celine. Eu que devo te agradecer pela forma carinhosa que cuida de mim. Acho que eu sentia falta disso e nem percebia. Sua presença aqui me faz muito bem. Gosto muito dos bilhetes que deixa para mim. Um sorriso se formou em seus lindos lábios.
- Que bom que gostou dos bilhetes, foi a única forma que encontrei de nos comunicarmos depois que você chega do trabalho - Fez uma pausa.
- Posso te dizer algo, Renê? - Sua pergunta me deixou ansioso.
- Claro que sim. - Me sentei num canto da cama.
- Você ficou muito bonito, gostei do seu corte de cabelo Que bom que fez a barba também. Você trabalha muito mas não deve deixar de se cuidar.
- Obrigado Celine fico feliz que tenha gostado.
Gostei de saber que se preocupa comigo. Não me contive e fiquei observando a bela mulher sentada na cama. Um silêncio entre nós pairou pelo ar, como se por um instante nada mais existisse, apenas nós dois sem pressa, sentados ali. Achei melhor me afastar antes que eu não resistisse e a fizesse minha. Passei as mãos pelos meus cabelos e me levantei.
- Bom… então… é melhor eu ir… Boa noite Celine! - Sai meio relutante
Ela me deu boa noite, mas era como se esperasse algo de mim. Me virei e sai do quarto apressadamente, rumo ao banheiro, tentando evitar que ela visse meu estado de excitação. Eu precisava urgentemente de um banho gelado para aliviar meu desejo. Enquanto eu subia as escadas para o meu quarto, questionei comigo mesmo se eu não estava indo longe demais.
Na manhã de sábado…
Acordei tarde como sempre, me recordando do encontro com Celine deitada sobre o sofá, o calor do seu corpo e as reações dos nossos corpos. Sei que ela não é indiferente a mim. Desci as escadas e senti o perfume das flores pela sala que estava ornamentada com dois belos vasos. Tudo tão diferente de algum tempo atrás quando essa casa estava tão morta e sem vida. Adentrei a cozinha e me servi de uma boa caneca do café que Celine havia preparado. Voltei para a sala e a vista fora da janela me fez parar de tomar meu café.
“O que ele pensa que está fazendo?” Murmurei para mim mesmo cruzando meus braços enquanto observava o desenrolar da cena. O vento suave balançava os cabelos de Celine, enquanto ela recebia de Sérgio um botão de rosa que o mesmo acabava de lhe entregar. Me senti novamente ameaçado com a troca de olhares entre os dois. Por um impulso do momento, saí abruptamente da casa decidido a interromper essa interação que em nada me agradava. Caminhei em direção ao jardim, minha mente fervilhando de ciúmes e insegurança. Ao me aproximar tentei colocar um sorriso no rosto, mas a tensão nos meu ombros era palpável.- Oi Sérgio! Como está indo o trabalho no jardim? - Minha voz soou mais ríspida do que eu pretendia, e Celine virou-se de surpresa.- Oi Renê! já estou terminando aqui. Estava mostrando para Celine como cuidar das plantas. - Ele respondeu com um brilho nos olhos cheio de gentilezas, o que me fez ferver ainda mais por dentro.- Ótimo! Espero que você não esteja se distraindo demais. - D
Acordei um pouco mais tarde aproveitando que hoje é domingo e estou de folga. Me sentei com uma caneca de café próxima a grande janela de vidro do meu quarto apreciando a vista do jardim. Realmente o Sérgio faz um trabalho incrível com as plantas. Meus pensamentos voltaram para o Renê. A lembrança da forma que ele se aproximou e o seu olhar faminto sobre mim, sempre me deixando agitada. A atração que sinto é forte ,não sei o que fazer e nem como devo me comportar na presença dele, que está desaparecido desde ontem a noite. Escuto o som de leves batidas na porta do meu quarto, meu coração já começa a bater forte. Permaneci sentada e pedi que ele entrasse. Foi uma opção me manter sentada para disfarçar o meu nervosismo.- Bom dia Celine! Atrapalho? - Percebi que ele estava meio sem jeito mas com seu olhar avaliativo de sempre.- Claro que não Renê, precisa de algo? - Respondi tentando disfarçar a excitação que a sua presença me causa. - Vim te fazer um convite. Gostaria que você vie
Celine Comecei a me arrumar animadamente. Optei por um vestido floral mais curto, com um leve decote nas costas. Fiz uma maquiagem leve, soltei meus cabelos e coloquei uma sandália baixa. Como já era de se esperar, Renê me esperava na sala. Ele é um homem de porte muito bonito, seus cabelos castanhos claros quase loiros fazem um belo conjunto com seus olhos verdes. Vestia uma camisa casual branca e uma calça jeans clara que realçou bem seu corpo, e como sempre passava as mãos pelos cabelos, um gesto involuntário mas muito sexy. Entramos em seu carro, um grande SUV preto. Conversamos sobre vários assuntos quando ele me perguntou sobre os meus desenhos e se eu havia feito algum tipo de curso. Contei que desde criança sempre tive talento, mas não revelei minha formação profissional. Com certeza ele não engoliria o fato da minha formação em arquitetura numa faculdade renomada, e trabalhando como empregada. Isso levantaria vários questionamentos, eu teria que revelar a verdade. Ele d
- Vou sim meu amigo, mas vou levar uma acompanhante, tudo bem pra você?- Falei encarando Celine que me olhava de forma apreensiva.- Que mudança cara! Uma acompanhante? Posso saber quem é? Aliás, é quem estou pensando? Achei que teria que te buscar amarrado na sua casa. Riu debochado.- Muito engraçadinho e curioso também! Nos vemos então, até mais tarde.Dito isso desliguei o telefone, enquanto Celine me olhava de forma apreensiva.- Você pode me deixar no shopping aqui próximo Renê? - sua voz era quase um sussurro.- Claro que não Celine! Quero que você vá comigo. - Meu tom de voz era baixo mas firme.- Não acho que seja uma boa ideia Renê, até pouco mais de um mês atrás eu era empregada naquela casa, e de repente eu chegar assim com você não me parece adequado. - A tensão em minha voz era palpável.- Ficarei muito feliz se você vier comigo, e quanto a Bárbara fique tranquila que ela não fará nada com você. Conheço ela há muitos anos e sei como colocá-la em seu lugar, ela não vai se
Senti um alívio quando Renê se desvencilhou dela. Seu olhar para ela não era nada amistoso. Se aproximou de nós com um sorriso no rosto, coisa rara de se ver. Ele fica ainda mais lindo quando sorri, é uma pena que o faz tão pouco.- Como vai dona Nice? - Inquiriu enquanto se abraçavam de forma carinhosa, percebi que ele tem muito carinho por ela.- Eu estou bem meu menino, vejo que a Celine está cuidando muito bem de você! Está ainda mais bonito, cortou o cabelo, fez a barba. Consigo ver um brilho diferente em seus olhos, é assim que eu gosto vê-lo meu filho, Acariciou uma das suas bochechas como se ele fosse um menininho.- Vejo que a presença da Celine tem te feito muito bem! - meu rosto queimou de vergonha.- Tem sim dona Nice.Seu olhar encontrou o meu de uma forma intensa, tentei desviar o assunto para os pratos que estavam dispostos na mesa.Fomos interrompidos pelo Sr. Richard que começou a se servir da comida disposta na mesa. Agradeci a Deus por aquela interrupção, eu já não
Fui surpreendido um tempo depois quando Celine se aproximou de mim com um prato bem preparado, me disse que havia observado que eu não havia me alimentado desde a minha chegada. Meus amigos não perderam tempo em comentar como estou sendo mimado por ela fazendo piadinhas como sempre, mas no fundo sei que eles desejam a minha felicidade. A postura de Celine sentada em uma mesa próxima a piscina enquanto comia paella e tomava uma taça de vinho branco não passou despercebida por mim e pelos homens que me acompanhavam. Sua postura elegante e a forma que conduzia os talheres e a taça a faz se destacar, mesmo com toda sua simplicidade, Celine tem um ar sofisticado que me intriga, se eu a conhecesse nesse momento diria que é filha de alguém muito importante. Passado um certo tempo, decidi ir até a cozinha atrás de Celine, já estava ficando tarde e o seu sumiço me causou uma certa preocupação. Adentrei a cozinha e encontrei dona Nice, que me avisou que Celine tinha ido até o banheiro, me
Renê Vários absurdos saiam da boca da Emily enquanto ela gritava de forma descontrolada insultos e ofensas contra a Celine ultrapassando todos os limites. Celine no auge do desespero e indignação, desferiu um tapa na cara de Emily. A atmosfera era tensa e carregada. Alguns funcionários formavam uma pequena plateia mas ninguém interveio. Após o tapa, Emily tocou o rosto com uma expressão de incredulidade e fúria, respirando pesadamente e de imediato avançou para cima da Celine. Minha reação de imediato e com um instinto de proteção foi puxar Celine pela cintura, colocando-a atrás do meu corpo para protegê-la de uma ataque iminente da Emily. Tomado por um sentimento de fúria, coloquei Emily no lugar dela, que ao perceber que eu não deixaria barato, mudou a sua postura autoritária e começou a chorar descontroladamente como se fosse a vítima. Era perceptível no rosto da Celine, uma onda de emoções. Lágrimas desciam pelo seu rosto como se tentasse apagar através delas a humilhaçã
- É claro que eu sei disso Celine. Eu nunca em momento algum pensei em nada negativo de você! Muito pelo contrário, só tenho coisas positivas ao seu respeito. E eu quero deixar claro que eu e a Emily nunca tivemos nada. A única coisa que aconteceu entre eu e ela, foi uma única vez. Não passamos dos beijos em uma resenha num bar com os colegas do hospital, eu estava bêbado, não teve significado nenhum para mim e não passou disso. Aquele dia que eu estive no jantar com ela na casa do Richard, foi por pura forçação de barra da Bárbara que a convidou.Celine O dia que havia começado com tanto brilho e alegria, transformou-se como uma cena trágica e melancólica após toda aquela situação horrível que eu passei com a tal Emily. Me sentia péssima e muito envergonhada. O que todos naquela casa pensariam de mim? E o que o Renê pensaria de mim?Me senti tão angustiada que só queria chorar e chorar mesmo com tanto carinho e amparo da dona Nice. O Renê durante o percurso de volta para casa se d