Renê O tribunal estava repleto e a tensão pairava no ar. Eu estava sentado em um dos bancos reservados, com meus olhos fixados na Emily. Ela mantinha a cabeça baixa. Os cabelos escondiam seu rosto como se quisesse desaparecer do olhar do júri. Seu semblante era impassível, uma máscara de indiferença que desafiava a gravidade das acusações que pesavam sobre ela. Ao lado na mesa de acusação, Vincent parecia concentrado, analisando cada detalhe da situação, junto ao advogado do pai da Celine. As palavras do juiz ecoavam na sala, e o clima se tornava cada vez mais pesado, à medida que os detalhes da tentativa de homicídio eram expostos. A tentativa de atropelar Celine e a facada que quase custou a vida do Álvaro gerava murmúrios entre os presentes. Ainda assim, Emily permanecia inabalável sem demonstrar qualquer traço de arrependimento e emoção. Meu sogro estava sentado próximo a mim, acompanhado de Isadora. Seu olhar era fixo em Emily. Assim como eu, ele também aguardava com ansiedade
Dora Depois de tantas emoções após Victor retirar da minha mão os testes de gravidez, nos deitamos na cama enquanto fazíamos planos para o nosso bebê. Os olhos do Victor brilhavam de animação, jamais imaginei vê-lo tão feliz com a notícia de que seria pai, ele estava ansioso para contar a todos. Nos arrumamos e descemos as escadas com animação. Quando nos sentamos à mesa para o café da manhã, Alda de imediato percebeu nosso entusiasmo e algo diferente em nós dois. Nós trocamos olhares e decidimos dar a notícia que eu estava grávida.– Mãe, Pablo, temos algo muito especial para contar a vocês. Victor disse.– Me falem logo que já estou curiosa. Minha mãe olhou para nós, seu tom era brincalhão.– A Dora acabou de descobrir que está grávida.– Oh, meu Deus! Isso é maravilhoso! Parabéns, meus amores. Ela se levantou rapidamente abraçando nós dois.– Acabei de confirmar com três testes de farmácia.– Quero ver o Victor trocando fraldas! Pablo sorriu para nós. – Parabéns, a vocês que ess
Celine Minha tia Alda estava eufórica quando me ligou para contar que Dora estava grávida de uma menina. Disse que ao invés de um neto teria dois, um netinho e uma netinha. Fiquei feliz pela Dora, imaginei a emoção que ela sentiu quando descobriu o sexo do bebê. Para mim foi um dos momentos únicos em minha vida. Renê após o julgamento da Emily se sentiu mais leve e eu também. Ele e Richard estavam empenhados em abrir uma clínica juntos. Me sentei com certa dificuldade ao lado da Luiza enquanto observava os homens conversarem animadamente na beira da piscina. O calor do dia se fazia presente, mas a brisa leve tornava o ambiente agradável. – É tão bonito ver como você está radiante, Celine. Já pensou em como será ser mãe? Ela acariciava a minha barriga e sorria.– Obrigada, Luísa. Eu tenho pensado muito sobre isso. E você e o Richard, já tem planos para ter filhos?– Eu adoraria, mas quero me formar primeiro. Luísa me respondeu com um brilho nos olhos. – Quero ter a minha profissão
Celine No centro cirúrgico, a atmosfera era carregada de expectativa. Eu estava deitada na mesa com meu rosto marcado pela dor das contrações que me atravessavam com força. Eu respirava fundo tentando me concentrar, enquanto Renê ao meu lado, segurava a minha mão com firmeza, transmitindo apoio e amor. Após momentos de esforço e muita dor, eu finalmente ouvi o chorinho suave do meu filho. Uma forte emoção me invadiu como uma onda e lágrimas de alegria escorreram pelo meu rosto. Renê emocionado começou a chorar ao ver nosso bebê. Lucas foi cuidadosamente preparado e colocado sobre o meu peito, um instante que pareceu mágico. Quando olhei para o rostinho do meu pequeno, meu coração se encheu de amor e um sorriso se formou em meu rosto.– Eu te amo meu amor! Nosso filho é lindo! Sorriu para mim e para o nosso filho, beijando meus cabelos. Sorri de volta para ele apreciando o rostinho do meu filho.Senti que o calor do meu corpo acalmou meu bebê, que se aconchegou em meu colo, como se j
Celine O que era para ser um período de felicidades e realizações em minha vida, se tornou um verdadeiro pesadelo. Sou filha do Álvaro Castelli, um dos maiores produtores de algodão do centro-oeste. Suas fazendas somam cerca de 260 mil hectares, sem contar com o milho e a soja, além de várias empresas em ramos diferentes que meu pai é investidor ou sócio. Nasci numa família privilegiada, sempre tive as melhores roupas, estudei nos melhores colégios, cursos de idiomas, viagens internacionais, tudo sempre com luxo e conforto. Mas todo o dinheiro no mundo nunca foi capaz de ocupar o vazio no meu coração pela ausência da minha mãe após sua morte prematura. Fui para São Paulo onde estudei em uma faculdade de alto padrão e me formei no curso de arquitetura e urbanismo. A promessa era que após formada retornaria para Goiânia, minha cidade natal, para exercer minha profissão. Mas tudo desmoronou quando eu retornei. Para bem da verdade os sinais sempre estiveram claros que não era isso
Celine Não tem sido dias fáceis, estou andando de um lado para o outro sem saber o que fazer, ou melhor para onde eu vou quando sair dessa casa. Há uns dois meses que trabalho aqui como doméstica, mas sei que minha estadia aqui será curta, pois a minha patroa não está nada satisfeita comigo. Não com o meu trabalho, mas por ciúmes do marido. Mal sabe ela que a outra empregada que trabalha aqui e ela julga ser de “confiança” por estar aqui há mais de 3 anos, vive de amassos com o marido dela dentro da dispensa. Já percebi que os outros funcionários sabem mas fazem vista grossa, ninguém tem coragem de contar, a nossa patroa é bem megera. Dona Nice a cozinheira, uma senhora de idade, que me lembra minha vozinha, tenta me acalmar todos os dias, mas estou sentindo que de hoje eu não passo. Minhas economias e o dinheiro que ganhei da minha tia, foram roubadas com alguns objetos de valor que eu tinha na pensão do Manolo. Além disso, eu tinha que lidar com um vizinho bem inconveniente
Renê Às vezes tenho a sensação de que estou vivendo no automático. Os dias para mim são sempre iguais. Só tenho me dedicado ao trabalho, o pouco tempo que fico em casa estou dormindo. Desde o falecimento da minha esposa há dois anos atrás, tenho usado o trabalho como rota de fuga. Morando há um ano e meio em uma nova casa em um outro bairro de alto padrão em Brasília, tenho a sensação de não estar no meu lar. Mas as lembranças da Scarlett estavam me matando aos poucos na minha antiga casa. Foi melhor ter me mudado de lá. Não tive coragem de vender a casa. Optei por colocá-la em uma imobiliária para alugar. Desde então também não tive coragem de voltar à minha antiga casa. Minha esposa era uma mulher jovem de 27 anos, mas um acidente de trânsito ceifou sua vida, não tivemos a oportunidade de construir a nossa família, depois de 4 anos juntos, somando namoro, noivado e casamento. Éramos muito diferentes, mas nos dávamos bem. Nossas famílias eram amigas desde sempre, algo que mu
Celine Estou aqui sentada em um banco de uma praça próximo ao endereço do meu novo emprego. Fiz um lanche rápido e estou no aguardo do horário para ir até a casa em que vou trabalhar. Dona Nice me explicou que meu novo chefe é médico, e que pediu que eu fosse até lá no período da tarde. Não deu tempo dela me dar mais detalhes sobre ele, pois dona Bárbara interrompeu nossa conversa na cozinha, acertou meu tempo de trabalho e mal pude despedir da dona Nice. Sou muito grata a dona Nice que me salvou mais uma vez. Tô sentindo um frio na barriga de ansiedade, mas tenho fé que tudo vai dar certo. Me sinto envergonhada de chegar assim do nada na casa de uma pessoa de mala e cuia como dizem na minha terra. Caminho por ruas arborizadas de um lindo condomínio de alto padrão, vejo os jardins e uma casa mais bonita do que a outra. Chego em frente a uma linda casa branca com janelas grandes. Um lindo jardim muito bem cuidado por sinal, parei em frente a grande porta e confirmo que já são 1